Intransitividade escrita por AmanditaTC


Capítulo 8
You and Me


Notas iniciais do capítulo

O nome do capítulo vem desta música aqui http://letras.terra.com.br/lifehouse/95988/traducao.html You and Me, do Lifehouse.

Primeiro porque eu acho que a letra tem tudo a ver com a Mah e o Túlio, inclusive com os da vida real...rs...

E segundo pq eu escrevi ouvindo isso no último volume.

Fica a dica, vale ler ouvindo. Parece q fica até mais bonito!



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Os dias que se seguiram após a festa foram tomados pelas atividades da Colônia de Férias. Como Túlio havia prometido à Babi, achou melhor ser monitor no primeiro dia, logo pela manhã. Mas quando percebeu que Mariah seria monitora a semana inteira, ele acabou ficando os outros dias.

 

No fim da tarde, mesmo que estivessem exaustos, ainda arrumavam energia para voltar pra casa de bicicleta, esticando o caminho e conversando no trajeto. E na semana seguinte, quando a colônia de férias tinha acabado, eles mantiveram o programa.

 

Todo fim de tarde eles saíam juntos para pedalar. Invariavelmente, ela saía de casa por volta das 16h30min e eles se encontravam no caminho e decidiam qual rumo seguir. A trilha escolhida durava em média uma hora e no final, quando se despediam com um abraço, ignorando que ambos estavam suados, ficava no ar um clima de que mais cedo ou mais tarde, eles se beijariam novamente. Mas nada indicava que esse beijo aconteceria daquela maneira.

 

- Qual o trajeto de hoje? – Mariah perguntou, freando a bicicleta próximo à calçada da pracinha em que Túlio a esperava.

 

- Ah, eu pensei em ir até antiga estação. Você me disse que queria fazer fotos lá, lembra?

 

- Por isso você me convenceu a trazer a câmera! Ótima idéia! – ela tornou com um sorriso, ajeitando o rabo-de-cavalo.

 

Eles pedalaram direto uns 35 minutos antes de avistarem a estação. Era um lugar realmente bonito, uma antiga estação de trem, abandonada, há uns dois quilômetros da estrada principal, cercada por uma vegetação típica da região com direito a ipês amarelos que, naquela época do ano, estavam carregados de flores.

 

Mariah parou de pedalar e sem descer da bicicleta, alcançou a câmera na pequena mochila e tirou uma primeira foto pegando toda a paisagem. Depois, fez sinal para Túlio se aproximar e virando a câmera ao contrário, bateu uma foto dos dois.

 

Quando eles tomaram a descida rumo à estação, um vento forte começou a soprar e o céu que já estava escurecendo ficou ainda mais carregado de nuvens pesadas. A chuva forte não ia custar a cair.

 

- Vamos rápido! Pelo menos na estação a gente tem como esperar a chuva passar antes de ir embora ou de ligar para alguém nos buscar. – ela falou, tomando um impulso e descendo o mais rápido que conseguia.

 

Túlio vinha em seguida, mas a chuva os alcançou uns 300 metros antes de alcançarem abrigo. Mariah largou a bicicleta de qualquer jeito e subiu as escadas correndo, levando consigo apenas a pequena mochila que tinha seu celular, a câmera e uma toalha de mão.

 

O rapaz, no entanto, não conseguiu frear a tempo e a roda dianteira de sua bicicleta trombou num tronco de árvore, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio e caísse do veículo, esfolando o rosto numa pedra já suja de barro.

 

Levantou-se apressado e entrou na estação, avistando Mariah já limpando os respingos de barro nos braços e rosto com a toalha que ela umedecia na goteira da janela.

 

- Túlio! – ela exclamou, preocupada – Seu rosto, ta sangrando.

 

- Ah, eu caí. Mas não foi nada.

 

- Mesmo assim, me deixa dar uma olhada nisso.

 

Ela o puxou pela mão, fazendo com que ele se sentasse num dos bancos do lugar e molhou mais uma vez a toalha, torcendo-a de leve e se posicionou entre as pernas dele, fitando o machucado de maneira concentrada. Aos poucos, ela removia a sujeira de barro e suor em volta do esfolado.

 

Fazia tudo com uma delicadeza e uma calma que Túlio apenas encostou a cabeça na parede atrás de si e se permitiu fechar os olhos, sentindo o calor morno que desprendia da pele dela.

 

O machucado já estava limpo e Mariah deixou a toalha cair sobre a mochila e tocou o rosto do amigo com a ponta dos dedos. Túlio abriu os olhos e a encarou. Primeiro fitando os olhos castanhos, sempre expressivos, que agora pareciam mais escuros e brilhantes. Depois os lábios carnudos que esboçavam um sorriso calmo, de quem sabe exatamente o que está por acontecer.

 

E sem se dar tempo de pensar no que aquilo podia significar, ele a puxou pela cintura, roubando-lhe um beijo sedento, quente, repleto de urgência e paixão. Ela correspondeu, enlaçando os braços ao redor do pescoço dele e tombando a cabeça para o lado, dando margem a que ele deixasse seus lábios e marcasse seu pescoço com os dentes, deslizasse a língua até sua orelha e buscasse a pele de sua cintura sob a blusa molhada de chuva.

 

As unhas bem feitas e pintadas de esmalte escuro dela agora deixavam um rastro nas costas do rapaz, enquanto ela puxava sua camiseta. Quando se viu sem a peça de roupa, ele correu os dedos pelo zíper do colete que ela usava e a livrou dele, deixando-a apenas de top. O contato entre os corpos e o vento que entrava pelas janelas quebradas do velho prédio fazia com que a pele de ambos se arrepiasse.

 

Não havia nada confortável no local que servisse de apoio para o casal, mas eles não se importavam. A chuva caía cada vez mais forte e os trovões sacudiam as estruturas do lugar. E ainda assim, o único som que eles ouviam era da respiração agitada, dos corações disparados e dos gemidos discretos, mesclados de suspiros.

 

Pouco depois, livraram-se das últimas peças de roupa e num rompante de romantismo, Túlio ergueu Mariah ao colo, soltou-lhe os cabelos que até então continuavam presos, buscando em seguida o lugar que julgou mais limpo para deitá-la. Retirou com os dedos uma mecha de cabelo, ainda úmida, do rosto dela e a beijou.

 

As mãos agora deslizavam ao longo dos corpos, reconhecendo cada parte, decorando cada singularidade. Os olhos fechados ampliavam as sensações e quando Túlio se encaixou entre as pernas de Mariah, o mundo pareceu parar.

 

Ele abriu os olhos e a encarou, esperando algum sinal, mas ela apenas jogou a cabeça ainda mais para trás enquanto envolvia o quadril do rapaz com as pernas e o puxava, fazendo com que ele a invadisse certeiro.

 

Estremeceram. Arfaram. Acertaram o ritmo dos movimentos. Cada vez mais forte, mais fundo e com mais ânsia. A mulher, novamente de olhos fechados, movia o quadril enquanto mordiscava o ombro moreno do rapaz. Este, por sua vez, acariciava-lhe um dos seios com umas das mãos enquanto a outra desenhava pequenos círculos em sua coxa esquerda.

 

Eles não se atreviam a falar qualquer coisa. Era a falta de palavras, o diálogo exclusivo dos corpos e dos sons impossíveis de se reproduzirem por escrito, que tornava tudo tão mágico naquele instante.

 

Túlio fechou os olhos com mais força ainda, intensificando as investidas e sentindo o próprio corpo se perder num estremecimento característico. Instantes depois, Mariah apertou as pernas na cintura do rapaz, mordendo o lábio inferior e deixando um gemido alto escapar, também estremeceu sob o peso daquele corpo agora quente e ainda mais suado.

 

Abraçaram-se, ainda em silêncio, cada qual tentando sentir de quem era o coração mais acelerado. Túlio rolou de lado e puxou Mariah para cima de seu peito, abraçando-a e acariciando seus cabelos. Ficaram ali, naquela mesma posição, até que ela reclamou frio e eles se levantaram em busca de suas roupas espalhadas pela estação. A chuva ainda caía, mas agora as gostas eram mais finas e seria possível continuar pedalando.

 

Ela tornou a prender os cabelos, ajeitou a mochila e levantou a bicicleta que estivera caída do lado de fora do prédio. Ele também ajeitou seus pertences e antes que ela montasse à bicicleta, puxou-a pelo pulso fazendo com que ficassem frente a frente, a chuva fina enregelando a pele.

 

A morena apenas o encarou, sem qualquer expressão no rosto além da espera pelo que ele falaria. Mas em vez de falar, Túlio segurou o rosto macio com ambas as mãos, deu-lhe um beijo calmo e murmurou, a testa colada na dela, as gotas de chuva escorrendo dos cabelos para o rosto e pescoço:

 

- Isso não podia acontecer, Mah! Eu vou embora amanhã.

 

- Eu sei que você vai embora, Túlio. – ela respondeu, a mesma complacência de antes no olhar.

 

- Você não está me entendendo... É que depois disso, depois de hoje, vai ser ainda mais difícil não sentir a sua falta.

 

Ela balançou a cabeça e já se preparava, mais uma vez, para subir o morro que daria na estrada quando ele ajuntou, com ironia e divertimento:

 

- Esta é a primeira vez que eu vejo você fugir de um assunto, Mah.

 

- Eu não estou fugindo do assunto, seu bobo. Só quero evitar parecer patética corando feito uma adolescente ou deixando você saber que fez meu coração disparar ao ouvir o que disse sobre sentir minha falta.

 

E sem esperar resposta, ela finalmente rumou para a estrada e para casa, observando a luz da lua ultrapassar a barreira de algumas nuvens que ainda pairavam no céu noturno.

 


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Notas finais do capítulo

Bom, foi curtinho... mas acho que intenso o bastante pra agradar, né?

Ah, e pra não perder o costume, alimentem minha criatividade com reviews!!!!!!!!!



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