Meus pés ecoavam no asfalto, o som era baixo e ritmado, o vento batia no meu rosto, e a lua era a única iluminação além dos postes da rua. Eu corria enquanto ouvia blink 182, o que totalmente acaba com o clima sereno da noite. No refrão de man overboard apertei o passo completamente agitada. Fechei os olhos por um tempo testando minha coordenação e capacidade física, e acabei trombando com tudo em alguém. Eu estava caindo pra trás até que o cara com quem eu trombei me puxou um pouco antes que minha bunda encostasse no chão.

Me levantei e dei uma risada nervosa.

–Desculpa...

Olhei pra ele, que sorria de canto e vi quem era.

–Tyler!

–Oi corredora, tudo bom? Precisa tomar mais cuidado não acha?

Eu ri

–É que eu estava de olhos fechados e...

–Que tipo de pessoa corre de olhos fechados?

Dei de ombros e ele riu

–Que sorte hein?

–O que?

–Me achar assim no meio da rua.

Revirei os olhos

–Se você diz...

Ele riu e deu uma piscadela

–Minha casa é...Bem, você sabe onde é, quer dar uma passada lá?

–Agora??

–Sim.

–Eu to toda suada!

Ele me olhou e tampou o nariz

–É, percebi...

Dei gargalhada e um tapa no ombro dele

–Mesmo suada eu sou cheirosa, ok?

Ele chegou mais perto de mim e me cheirou

–Uau, não é que é verdade?

Ri e dei uma piscadela

–Então, você quer ir?

–Francamente Tyler, não se chama uma garota pra ir na sua casa quando ela está no meio de uma corrida.

Ele franziu a testa.

–Você não está no meio de uma corrida.

Eu revirei os olhos e ri

–Tá, tá, vamos.

Fomos caminhando e chegando na casa dele dei de cara com uma velhinha muito meiga, que no caso era a mãe dele. Conversamos e vimos um filme, Forrest Gump.

–Eu não duvido que um dia te de a louca e você saia correndo sem parar por aí que nem o Gump.

Dei risada

–Pra falar a verdade, ia ser muito bom, só correr e correr...

Ele revirou os olhos

–Esses corredores...

Eu estava rindo até que meus olhos pousaram sobre o relógio em uma mesinha da sala. Bati a mão na testa.

–O que foi?

–Eu esqueci que eu ia sair com a Amanda e com o Trenton! E eu nem tomei banho!

Ele riu

–Que memória boa a sua hein....

–Cale a boca.-bufei

–Ei, nervosa, eu tenho um carro, eu te levo até sua casa você se arruma e pronto.

–Eles já devem ter ido sem mim...

–Então o que te resta é chorar, rapariga.

Ri do sotaque fajuto dele ao dizer rapariga fazendo biquinho.

–Então, o que vai ser?

Me esparramei no sofá dele, colocando os braços atrás da cabeça

–Hmmm, acho que... Nada

–Como assim?

–Vou simplesmente ficar aqui e dormir nua nesse sofá.

Ele ficou vermelho e eu chorei de rir.

–É brincadeira bobo, me leva pra casa.

–As ordens, chefe.

Quando estávamos chegando vi pela janela do carro do Tyler um menino de jaqueta preta parado em frente a minha casa.

–Quem é esse?- perguntou Tyler, indicando o menino com a cabeça.

–Acho que o menino do cangote.

O que diabos ele estava fazendo aqui, afinal?

–Que?- Tyler franziu a testa numa cara muito engraçada. Quando dei risada o menino de jaqueta preta se virou rapidamente e confirmei que era o menino do cangote, me despedi do Tyler e sai do carro.

O menino do cangote caminhou até mim e indicou com a cabeça o lugar onde o carro do Tyler estava, com as mãos nos bolsos da calça.

–Quem é esse daí?

Franzi a testa.

–Um ami...Por que quer saber?

Ele deu de ombros e sorriu de lado, me olhando intensamente.

–Curiosidade.

Revirei os olhos com a tentiva totalmente falha dele de me seduzir.

–Tente outra capitão.

–O que?- ele riu.

Mas ele tinha entendido, eu sabia. Fechei a cara e cruzei os braços sobre meu peito.

–E você? Que diabos está fazendo aqui?

–Vim ver como minha amiga estava.

–Tessa está bem.

Ele gargalhou.

–Muito engraçado, Ashton.

Eu sorri.

–Você riu, então...

Ele riu e olhou pro lado passando a mão pelos cabelos, mordi o lábio, ele era realmente bonito...Error! Error! Abortar pensamento, Ashton Rutherford. Bonito demais para ser bom.

–Vim ver como você estava, depois do lance com a sua mãe e etc.

Ergui uma sobrancelha.

–Sei...

Ele riu e olhou pra meu pescoço, que estava descoberto graças a meu rabo de cavalo. Que otário! Ele acha que não estou vendo?

Soltei o rabo na mesma hora.

Ele sorriu de canto.

–Bem, vejo que você tá bem, muito bem, aliás.

Revirei os olhos.

–Cai fora.

Ele sorriu e me virei para entrar em casa, ele puxou meu pulso e encostou a boca na minha orelha, e seu hálito quente enviou arrepios por todo meu corpo, logo em seguida sussurrou.

–Te vejo na faculdade, Ash.