Aguenta Coração! escrita por Gyane


Capítulo 50
Capítulo 50


Notas iniciais do capítulo

Capitulo chato e sem emoção, mas é necessario para o desenrolar da historia... ah e esse é o penultimo.



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—Você esta me deixando assustada. —A Bell reclamou depois dos primeiros quinze minutos do meu choro compulsivo. —Por Deus o que esta acontecendo? —Ela repetiu pela milésima vez.

—Ok. Você não vai falar? —Ela perguntou irritada. — Eu vou ligar para Amanda e descobrir o que aconteceu. —Ela me ameaçou.

—Não. —No mesmo instante eu tirei o travesseiro do meu rosto e olhei para Bell parada do lado da minha cama com as mãos na cintura. Eu não queria que ninguém soubesse da minha infelicidade, muito menos a Amanda e o Thiago.

—Então o que ela te disse?—Ela me pressionou.

—Nada. —Eu falei tentando controlar outra onda de choro.

—Fala de uma vez o que aconteceu. —ela pediu totalmente impaciente.

—O Thiago vai se casar. —Eu disse de uma vez, sentindo como se um buraco enorme se abrisse no peito.

—Casar. — A Bell mal conseguiu pronunciar aquelas palavras direito, o quarto foi preenchido por suas gargalhadas.

Eu olhei para ela abismada, como ela tinha coragem de rir de uma coisa dessas, será que ela não percebia o quando aquilo estava me destruindo? Será que ninguém via o quando o meu mundo havia perdido a cor? Era como se um lamina tivesse atravessado o meu peito.

—Da onde você tirou essa idéia absurda. —Ela disse se recuperando do seu ataque de riso.

—O próprio Thiago me falou. —Eu pude sentir um gosto amargo invadir minha boca.

O riso desapareceu instantaneamente de sua face, ela me olhou confusa e incrédula.

—Não entendi, — Ela disse desabando na minha cama. —Quando ele te disse isso?

—A menos de meia hora. —Eu disse me relembrando amargamente de cada palavra que ele usara, de sua expressão fria e dura.

—Não. —Ela disse balançando a cabeça. —Impossível...

—Porque ele mentiria para mim? —Porque a Bell queria alimentar esperança em mim? Eu era a pessoa naquele mundo que mais queria que aquela historia toda fosse impossível, só que não era.

—E se fosse verdade porque o Beto e o Pedro não comentaram? Porque ninguém nessa escola esta sabendo? —A Bell argumentou.

—O Beto sabe. —Eu revelei me lembrando que havia sido o Beto que forçara o Thiago me contar a verdade.

—Sabe? —A Bell franzia a sobrancelhas. Aquilo não era um bom sinal. —A Algo de errado nisso. —Ela disse depois de um longo momento de reflexão. —E a gente vai descobrir.

Porque ela não entendi que quando mais mexesse naquela historia mais eu sofreria?

—Não vamos não. —Eu neguei rapidamente, eu não queria me machucar mais, era apenas me mover para sentir algo dentro de mim quebrando, então eu ficaria ali, sem me mover, sem vida mais completamente livre da dor. —O Thiago pediu para que eu ficasse longe. —Eu estava decidida fazer exatamente o que ele me disse, pelo menos dessa vez.

—Esta dizendo que pretende ficar ai vendo o cara que você ama se casar com outra e não fazer nada? —A Bell perguntou revoltada. —Nada além de chora, é claro.

—Exatamente isso. —eu rebati. — Ele fez a escolha dele, e eu não vou interferir, será que você não percebe que ele a ama.

—Você acredita nisso Sarah? —A Bell perguntou debochadamente.

—Porque ele se casaria se não fosse esse o motivo. —Eu estava casada de me iludir, eu não ia deixar a esperança corroer meu coração, não dessa vez pelo menos. — Também não me importo, se é assim que ele quer que seja as coisas, é assim que vai ser.  —Eu disse me levantando e caminhando para a porta do banheiro. —Só mais alguma coisa, você não vai fazer nada, absolutamente nada a esse respeito, vai agir como se não soubesse de nada, entendeu?

Ela respirou resignada, como se não acreditasse nas minhas palavras, mas por fim concordou.

—Promete? —Eu exigi.

—Prometo.

***

O dia se arrastou lentamente para mim. O Beto não fez menção alguma de saber da minha conversa com o Thiago e eu o imitei.

A noite porém foi bem mais torturante, pesadelos perturbavam meus sono o tempo todo e em todos os sonhos o Thiago estava lá, jogando na minha cara a dolorida verdade. Então eu fiquei feliz quando a manhã chegou, era um dia ensolarado e o céu estava um azul perfeito, só que para mim tudo estava cinza e frio.

Eu não tomei café da manhã naquele dia, fui direto para sala de aula, estava ansiosa para poder ocupar minha cabeça com outra coisas, no entanto meus pensamentos mudaram de rumo, assim que o Thiago entrou na sala de aula parecendo extremamente casado, abatido.

Ele parou na minha frente, seus olhos verdes estavam hesitantes, como se ele quisesse me dizer algo mais, só que ao invés disso ele apenas desviou o olhar e caminhou até a ultima carteira da sala, como sempre fizera. O resto do tempo voou no mesmo ritmo de sempre: Agonizante.

—Eu não vi nenhuma aliança. —A Bell observou enquanto caminhávamos novamente para o refeitório.

—Eles ainda não noivaram. —Eu a lembrei cutucando, eu não queria criar expectativas que provavelmente nunca seriam alcançadas.

—O que vocês estão cochichando ai? —A Dora que vinha logo atrás de nós abraçada com o Pedro perguntou curiosamente.

—Se você estava ouvindo ou não nossa conversa. — A Bell provocou-a.

O Thiago estava sentado na mesa do refeitório rindo de algo idiota que o Beto provavelmente acabara de dizer, seu sorriso sumiu no instante em que seus olhos encontraram o meus.

—Oi. —Eu forcei minha voz sair sem muito sucesso.

—Tá economizando voz ruivinha. —O Beto perguntou zombando de mim.

Eu preferi ignorá-lo, de repente toda a minha fome havia desaparecido, eu olhei para minha comida, sentido meu estomago revirando. E novamente o buraco dentro de mim se abrir.

Eu suspirei profundamente tentando me concentrar na conversa na minha frente.

—Eu estou sentindo esse colégio tão desanimado. —A Dora reclamou abatida.

—Vocês estão sentindo falto de mim, isso sim. —O Thiago disse todo convencido, passando a maldita mãos pelos cabelos. Como se nada tivesse acontecido? Esse pensamento fez uma careta de dor aparecer no meu rosto.

—Porque minha namorada sentiria falta de você? —O Pedro protestou.

—Porque somos nós que tornamos a escola um terror. —O Beto deu aquele sorriso convencido, parecia que tudo estava voltando ao normal. Mas porque eu não conseguia sentir que fazia parte daquilo tudo. Devia ser porque eu estava vazia.

—Ah então podíamos fazer alguma coisa diferente nesse final de semana. —O Dora sugeriu.

—Ir ao Dance e Dance no sábado. —A Bell aprovou batendo palmas.

—Não. —O Beto e Thiago negaram no mesmo instante.

—Porque não? —A Bell perguntou curiosamente.

—Ora porque não. —O Beto negou meio sem jeito.

—O que vocês vão aprontar? —Eu podia ver a desconfiança brilhando nos olhos da Bell.

—Nada. —O Beto respondeu inocentemente.

—Ok. Se vocês dois não vão o Pedro nos leva. —A Dora disse confiante no seu namorado.

—E ai Pedro? —O Thiago perguntou sorrindo eu assistia tudo tentando imaginar o que estava acontecendo, mas o buraco dentro de mim parecia tão profundo que não havia como sair dali.

—Olha Dora é melhor deixar para outra ocasião. —O Pedro tentou se explicar, mas seus olhos estavam apavorados.

—O quê?—A Dora perguntou aos gritos. —Como assim? O que vocês vão fazer?

—Dora para com isso. —O Pedro perguntou vermelho ao reparar que já havia algumas cabeças na nossa direção.

—Você vai me deixar sozinha num sábado à noite, para andar com os seus amigos cafajeste e pede para eu parar com isso. —A Dora estava revoltada.

—Cafajeste, nós? —O Beto e o Thiago caíram na gargalhada, o Thiago não aprecia nem de longe estar sofrendo, isso me destruiu mais um pouco.

—Dora. —O Pedro parecia estar perdendo a paciência. —Eu só estou dizendo que não quero ir ao Dance e Dance sábado.

—Por quê? —Ela olhava furiosa para ele.

—Porque é noite dos meninos. — O Thiago disse entrando em socorro do Pedro. —Sós garotos.

— Mas o que vocês vão fazer? —A Bell perguntou curiosa.

—Se nós contarmos não seria a noite dos garotos. —O Beto disse como se fosse lógico.

Eu senti as lágrimas subiram até os meus olhos, o mundo parecia perfeitamente correto, enquanto eu mesma duvidava se minhas pernas sustentassem o peso do meu próprio corpo tudo dentro de mim estava vazio, e ninguém , nem mesmo o Thiago parecia se importar com isso.

Eu estiquei minhas mãos para pegar um guardanapo, para esconder minhas vergonhosas lágrimas no mesmo instante que o Thiago estendeu suas mãos, nossos dedos se tocaram, uma onda avassaladora de emoções me invadiu.

“Senhor o que era isso?” Eu retirei meus dedos como se tivesse levado um choque violento, eu achei que era uma boa definição para o que eu estava sentindo. Meus olhos aterrissaram no rosto do Thiago, que me olhava completamente espantado.

Impossível de suportar aquilo, eu me levantei apressadamente, na minha pressa eu derrubei a cadeira chamando a atenção de todos.

—Sarah. —O Thiago me chamou, mas eu não me virei para ele, eu não queria que ninguém visse as minhas únicas amigas naquele momento, minhas lágrimas.

—O que deu nela? —Eu escutei a Dora perguntar enquanto eu sai correndo do refeitório.

***

Fingir um resfriado foi a minha melhor desculpa para poder me isolar, e curtir minha dor sozinha,  eu mal conseguia pensar em estudar, muito menos em me divertir, então depois que eu saia da sala de aula eu corri para o meu quarto e me isolava, enquanto eu caia num choro compulsivo. Nem durante a noite a dor me deixava em paz, elas estava presente em mim, como se tivesse cravada dentro do meu peito. Pesadelos horríveis me faziam companhia, eu mal comia e dormia, tudo que eu conseguia fazer era chorar...

—Você não me parece doente? —O Beto disse no terceiro dia de minha “doença” quando eu tentava sair apressadamente da sala de aula. —Você esta mais abatida que o normal, mas não doente.

—Deve ser porque já estou melhorando. —Essa era a minha melhor desculpa.

—Claro. —Ele concordou parado na minha frente, enquanto a sala de aula se esvaziava lentamente. —É preciso mais do que isso para me enganar?—Ele disse dando um daqueles sorrisos convencido dele.

—Eu não sei do que você esta falando. —Eu disse tentando passar por ele, mas o Beto segurou minha mão firmemente.

—Eu não sei o que você disse ao Thiago, e nem porque disse, mas algo nessa historia não esta batendo e eu vou descobri. —Ele disse sério.

Eu olhei para ele sem entender o que realmente ele estava querendo dizer com aquilo tudo.

—Vamos Beto. —O Thiago entrou com tudo na sala parando bruscamente quando nos viu.

—Vamos. —O Beto concordou parecendo desconcertado. —A gente se fala depois Sarah. —O Beto disse saindo, aquilo me soou mais como uma ameaça.

O Thiago não o acompanhou quando ele saiu da sala de aula, e eu fiquei imaginado se teria mais uma batalha dolorosa na minha frente.

O Thiago hesitou um momento na minha frente, eu o vi ele abrir a boca para dizer algo, mas então ele desistiu saindo me deixando sozinha, novamente com a minha dor.

Eu fiquei um longo tempo ali, lutando inutilmente contra o estado de estupor que estava preste a me dominar, quando o meu celular começou a tocar, automaticamente eu atendi.

—Eu já estava imaginando se o Thiago não tinha me passado o numero errado. —A voz do outro lado me pareceu incoerente, eu não imaginei que meu telefone tivesse tocado por muito tempo.

—Quem esta falando? —Eu perguntei irritada.

—Sou eu Amanda, Sarah. —Ela de repente pareceu envergonhada.

Minha mão tremeu levemente, aquilo era mais do que eu provavelmente podia suportar.

—Como você esta Amanda. —Eu forcei meu cérebro a trabalhar, aquilo parecia ser o fim para mim.

—Bem. —Ela parecia aliviada. —Graças a você.

Eu fechei meus olhos e encostei minha cabeça na parede fria, rezando para que aquela conversa acabasse rápido.

—Por favor não me agradeça. —Minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia.

—Eu nem tenho como agradecer por tudo. Mas eu não liguei para isso. —Ela confessou de repente. —Eu liguei para pedir um favor.

Eu levantei minha sobrancelha estranhando o rumo daquela conversa, Amanda agi como se de repente fossemos as melhores amigas.

—Eu não sei se o Thiago comentou com você mais hoje é o meu noivado. —Eu senti como se alguém tivesse jogado uma bomba em cima de mim, o ar saiu violentamente de dentro dos meus pulmões me deixando atordoada.

—Eu gostaria que você estivesse aqui presente. — Eu levei alguns segundo para perceber que aquilo não fazia parte de uma brincadeira de mau gosto.

—Por favor, Sarah é importante para mim. —Ela implorou do outro lado da linha.

Será que ela pretendia esfregar na minha cara, que ela tinha vencido.

—Amanda... eu acho que não vai dar. —As palavras saiam apressadamente de meus lábios como se eu estivesse pronta para explodir, eu mal conseguia digerir a informação. De repente a atitude dos meninos, pareceu ter algum sentindo.

—Sarah, por favor. Eu sei que é difícil para você, mas o Thiago disse que você já superou, então eu não vejo problema algum. —Ela argumentou.

Meu mundo estava desmoronando, não havia motivos para ela ver problemas.

—Amanda.

—Eu já organizei tudo. —Ela estava decidida. — Vestido, carro, autorização da escola, sua presença é importante.

Para que? Eu não conseguia entender aonde Amanda queria chegar com aquela atitude, me destruir, pisotear em cima de mim, até não restar nada além de pó.

—Sarah o Thiago disse que não era legal eu pedi isso para você, só que você passou a ser muito importante para mim,  por favor não me negue isso.

—Tudo bem. —Eu disse de uma vez por todas sabendo que eu me arrependeria no instante seguinte, só que a mínima noção do nome do Thiago fazia todo meu corpo estremecer.


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