Pulsos Atados escrita por Anayra Pucket


Capítulo 12
Capítulo 11 - A Chegada Precedida da Surpresa - Richard




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Demorou apenas 10 minutos até ele chegar na residência.
Não foi nada difícil encontrá-la, pois de alguma forma, ela se destacava em meio às outras casas luxuosas do bairro. A única luz que iluminava as ruas eram as dos postes. Todas as casas estavam escuras, como se fosse um lugar completamente deserto.
A casa era realmente tombada para a esquerda, e era a única em que todas as luzes estavam acesas. Com vigor, ele desceu do carro, se encolhendo de novo com o frio da noite vazia. Ele aproximou-se do portão enferrujado, e hesitou ali. O que aconteceria quando ele pisasse seus pés naquela casa e se deparasse com ela?
Você sabe muito bem o que vai acontecer, arregão! - Seu subconsciente gritou em seus pensamentos.
Aghh, ele não deveria ter pensado nisso. Agora estava nervoso por conta de seus pensamentos impróprios. Não se deve pensar nesse tipo de coisa, só acontece naturalmente. – Seu subconsciente disse mais uma vez impedindo-o de tocar a campainha.
– Já chega! - Ele murmurou, apertando o botão da velha campainha que ficava no muro da frente da casa, próximo ao portão.
Seu coração estava na boca ao ouvir do interfone a voz baixa e rouca dela.
– Entre, está aberto.
Dessa vez sem se permitir pensar antes de agir, ele abriu o portão. Caminhou rapidamente vislumbrando o quintal enlamaçado. Logo chegou próximo à porta de mogno castanho. Abriu-a lentamente não acreditando no que via. Ao contrário do exterior daquela casa velha, o interior era completamente luxuoso e incrivelmente bem conservado. À frente do sofá de marfim branco ficava uma mesinha de vidro - que ele deduziu ser bem cara - com um castiçal dourado. O carpete vermelho se estendia pelo chão - era muito parecido com o do Deluzze's - e logo acima da mesa, um lustre pendia no teto creme da sala de estar. Uma televisão de tela plana ficava em uma cômoda encostada à parede leste da casa. Mais adiante, um balcão contornava a mesa de jantar de estar, impedindo-o de ver mais cômodos da casa. Ele ficou ali, ainda segurando a maçaneta da porta, paralisado e encantado com a beleza daquele lugar, até ouvir a voz feminina e sensual de Mariana.
– Finalmente você chegou!
Saindo de trás do balcão e das paredes que encobriam a cozinha, Mariana apareceu impecavelmente vestida em um vestido vermelho muito sexy.
Era ousado e marcava sua silhueta perfeitamente, como se tivesse sido desenhado e costurado exatamente para ela. Descia até abaixo de seus pés, formando uma leve ondulação na seda macia. As lantejoulas do vestido à luz do lustre faziam parecer que havia pequenos diamantes pregados sob a renda intrincada em padrões diversos que era costurada sob a seda. Seus seios estavam expostos pelo decote, e entre eles um colar pendia em seu pescoço com um pingente bem no meio deles.
A beleza dela o havia cegado totalmente. Nada mais importava naquele momento. Ele só queria tê-la em seus braços o quanto antes possível.
Incapaz de tirar seus olhos dos dela, ele gaguejou:
– Você está linda.
Ela sorriu satisfeita com o elogio e retribuiu seu olhar.
– Obrigada.
Eles permaneceram imóveis durante algum tempo, mas Mariana quebrou o silêncio fazendo um gesto para ele se sentar.
– Estou preparando um espaguete, comprei macarrão no caminho pra cá. Quer um pouco?
Richard a fitou confuso.
– Acabamos de jantar no Deluzze's. - Ele murmurou pausando entre as sílabas cortadas, sem conter seu desejo de beijá-la até o ar faltar em seus pulmões.
Ela esboçou um sorriso largo.
– Ah sim, você jantou! Eu comi um ou dois pedacinhos de frango. - Ela respondeu ironicamente.
Mariana não era muito sarcástica, pelo menos não que ele soubesse.
Ela estava um pouco mais extrovertida. A timidez de Mariana sempre foi sua principal característica. Ele se recordava ainda com muito carinho da primeira vez em que teve coragem de puxar assunto com ela. Na aula de Inglês, da quinta série, quando a professora escolheu que eles fariam dupla para fazer um trabalho. Ela não conversava muito. Balbuciava uma ou duas palavras, fazia-lhe algumas perguntas, ou respondia as perguntas dele... Desde aquela época ela não havia mudado muito. Mas hoje, ela estava muito "solta" com relação a tudo. Aquilo era bom, ele sabia disso, mas ainda havia aquela dúvida sobre aquela repentina mudança de personalidade. De nerd não tão nerd, para a extrovertida não tão extrovertida.
Tentando comprimir seus pensamentos e lembranças ele tentou arrancar mais palavras de sua boca.
– Não comeu por quê? - Ele perguntou forçando uma risada.
Ela mordeu o lábio inferior.
– Não me senti muito a vontade no meio daquelas pessoas.
Ele balançou a cabeça sarcasticamente.
– Você era uma das que mais conversavam, como não estava a vontade?
Ela hesitou em responder, olhando bem em seus olhos.
– Não estava à vontade com você me olhando daquele jeito o tempo todo, fisgando todos os meus movimentos. Não é legal esse olhar que você me lança o tempo todo. Ele me oprime e me intimida. - Ela desviou seus olhos dos dele e olhou para o chão, soando mais como ela mesma. Insegura e frágil.
Rá! Como assim? Eu intimidando Mariana Bittencout?– Seu subconsciente berrou em sua cabeça.
Ele piscou várias vezes tentando disfarçar sua surpresa.
– Eu intimido você, Mariana? - Ele olhou para ela, desejando que ela o olhasse profundamente também.
Ela o encarou de volta.
– Um pouco, mas nada que eu não possa suportar. - Seu riso sedutor o atraía cada vez mais.
Ele levantou uma de suas sobrancelhas e riu também.
Com rapidez ela se levantou do sofá e foi para traz do balcão. Ele ficou lá sentado, admirando suas costas nuas. O vestido era aberto nas costas e aquilo fez seu corpo se deliciar com um arrepio intenso na coluna.
Que droga! Ela sabia como provocá-lo.
Alguns minutos depois ela voltou com duas taças e uma garrafa de vinho. Ela acomodou-se no sofá de marfim mais uma vez, colocou as taças e a garrafa em cima da mesa de vidro e começou a servir.
Ela entregou uma taça para ele, antes de tomar seu primeiro gole.
Mariana inspirou o ar profundamente antes de se levantar de novo e exclamar:
– O macarrão merda! - Ela saiu correndo e voltou logo depois com um prato cheio de espaguete.
O cheiro do macarrão com pedaços de linguiça invadiu o ambiente. Ele apenas a observava saboreando o vinho fresco. Ela comia delicadamente ao seu lado, com seus bons modos impecáveis.
O silêncio amordaçou o lugar e Richard só a observava, aproveitando aquele momento que provavelmente seria o único em sua vida na qual ele poderia ter essa oportunidade. Era como um sonho se concretizando, mas ele tinha medo que aquilo acabasse. E uma parte dele sabia que Mariana não ia o querer da mesma intensidade que ele a queria.
Ele não queria só ter mais uma noite qualquer de prazer com ela. Ele queria algo realmente mais sério.
Algo que ele jamais poderia ter.


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