Os dias se arrastaram lentamente, e querendo ou não Kyle era um ótimo substituto. Por mais que fosse só sexo o garoto não parecia se importar com isso, nós e Mikles (era assim que Freya chamava Mike e Miles) vivíamos saindo como casais e para minha decepção Miles não parecia ligar para o fato de eu não estar correndo atrás dele. Entre uma e outra saída com os garotos nós conhecemos Patrick, um garoto um ano mais velho que estudava gastronomia durante o dia e trabalhava em uma sex shop durante a noite.

Patrick diz que ama os dois trabalhos, principalmente por conseguir fazer quase todo tipo de comida em um formato bastante sexual. Ele é completamente divertido, e aparentemente não se dá muito bem com Mike, o que é um ponto bem positivo para o meu lado. Eu amo conversar com Patrick, ele compreende as pessoas, ele ouve qualquer um e não julga ninguém. Foi por gostar tanto de conversar com Patrick que eu acabei indo até a sex shop em que o garoto trabalhava.

O espaço era bastante grande e escuro, iluminado por algumas luzes fracas e várias lâmpadas vermelhas iluminavam as fantasias eróticas. Patrick estava lendo uma edição antiga de alguma revista pornô enquanto tomava o maior copo de suco de morango que eu já vi na vida.

– Procurando por prazer? – Ele perguntou se inclinando no balcão que ocupava o canto esquerdo da loja. A voz de Patrick era incrivelmente sexy e combinava perfeitamente com o ambiente.

– Eu já encontrei, ele está em você. – Sorri para o ruivo.

Patrick era alguns centímetros mais alto que eu, seu cabelo era tão vermelho quanto o enorme copo de suco que estava no balcão. Além de tudo seu corpo magro e musculoso era decorada por pequenas sardas.

– Está procurando algo em especial? – Ele perguntou fechando a revista. – Algumas fantasias acabaram de chegar, também temos várias companheiras novas para a Suckmy Dickman.

– Quem é essa? – Perguntei.

– A nossa mulher inflável de estimação. – Ele apontou para o canto direito da loja onde boneca inflável completamente vestida e usando uma peruca ruiva me encarava. – Também alugamos filmes, mas hoje em dia com esse negócio da internet ninguém mais assiste DVD.

Encarei o ambiente ao meu redor, eu nunca havia estado em alguma loja do tipo antes, e aquilo com toda certeza do mundo não era a coisa mais confortável do mundo. Todos aqueles brinquedos e olhos nas capas de filmes adultos me encaravam como se soubessem que eu queria tocar todos para descobrir como eles funcionavam.

– Acho que assistir DVD não é a coisa mais segura do mundo. – Falei.

– Por falar em segurança. – Patrick se abaixou atrás do balcão sem terminar de falar. – Olhe isso.

Ele jogou um pacote de camisinhas no balcão, parecia ser normal ao primeiro momento, então eu li a embalagem e percebi que eram camisinhas que brilhavam no escuro.

Patrick abriu o pacote e colocou uma camisinha em um dos pênis de borracha que descansavam na prateleira. Após terminar de colocar a camisinha o garoto pegou o brinquedo e empunhou como se fosse um sabre de luz.

– Miles vai adorar isso. – Ele disse. – Também temos mordaças sadomasoquistas para o Kyle. Mas acho que a mordaça ficaria melhor no Mike, talvez ele calasse aquela boca horrível, você já percebeu que o lado direito é maior que o esquerdo?

– Patrick, eu não vim comprar nada, eu só queria te chamar para beber alguma coisa depois do seu expediente. – Falei sorrindo. – Vou pegar os garotos daqui a pouco, vamos para uma boate aqui perto.

Antes que Patrick pudesse responder uma senhorinha atravessou a porta dos fundos da loja.

– Patrick, esse rapazinho está interessado no trabalho? – A mulher me olhou por completo.

– Não...

– Que trabalho? – Perguntei, me assustando comigo mesmo.

Quer dizer, eu sempre achei que eu só seria alguém responsável depois que eu ganhasse meu próprio dinheiro. Obviamente eu poderia trabalhar em uma farmácia ou loja de conveniências, mas uma Sex Shop? Cara, isso é completamente irado, quantos adolescentes de dezoito anos trabalham em um lugar desses? Tirando que eu poderia descobrir como cada brinquedo funciona ou qual é a textura de cada um deles.

– Leonard, seu pai é médico e sua mãe veterinária, acho que você não precisa desse emprego. – Patrick franziu o cenho.

– Falou o que mora em uma mansão. – Rebati.

– Eu trabalho aqui de birra. – Patrick disse depois olhou para a velinha. – Mercedes, eu amo a sua loja, mas eu poderia trabalhar em uma livraria ou em uma farmácia.

– Temos livros eróticos e Viagra aqui. – Ela disse revirando os olhos. – Você está interessado no emprego ou não?

– Tanto faz. – Eu disse por fim. – Eu não estou interessado no trabalho, bem, é claro que seria divertido trabalhar aqui com o Patrick e com a Suckmy Dickman, mas acho que essa é uma experiência para quando eu for para a faculdade. Quer dizer, eu estou morrendo de vontade de ligar todos os vibradores, e estou tentando não encarar aquele pênis azul porque ele é muito engraçado, acho que eu não tenho maturidade suficiente para isso.

Mercedes soltou uma gargalhada seca, provavelmente devido à idade já avançada.

– Você é um dos garotos mais engraçados que eu já vi. – Mercedes disse tossindo. – Fique uma semana para decidir se você quer ou não. Te vejo amanhã. Agora suma daqui e leve esse palito de fósforo.

***

– Você vai trabalhar aonde? – Minha mãe quase cuspiu todo o café da manhã.

– Em uma sex shop. – Falei terminando de comer a minha torrada. – É só por uma semana.

– Você quer um aumento na mesada? – Meu pai perguntou.

– Não, eu só quero viver as coisas, é como quando eu tinha dezesseis anos e fui em uma balada pela primeira vez, eu cheguei em casa duas horas da manhã e fiquei com sono pelo resto da semana, foi incrível, e hoje eu cheguei em casa seis horas, agora são nove e eu estou completamente ok. – Falei encarando os dois. – Eu sou a pessoa mais enjoada do mundo, eu vou trabalhar por uma semana e provavelmente vocês vão ter que me sustentar até eu escolher a minha carreira. Então não vejo problema em trabalhar na sex shop de uma adorável senhorinha.

– Você não podia trabalhar em outro lugar? – Meu pai perguntou.

– A oportunidade surgiu e eu aceitei. – Dei de ombros. – Foi assim que vocês me educaram.

– Ele está certo. – Minha mãe disse por fim. – Mas se você comprar qualquer brinquedo ou coisa parecida, não deixe jogado nas terças, já foi muito constrangedor quando a diarista achou o tubo de lubrificante, imagina se ela achar um...

– Ok. – interrompi minha mãe. – Mas ela acha que o lubrificante é de vocês.

– O que? – Meu pai piscou os olhos rapidamente.

– Eu falei que eu usei aquilo para tirar um anel do dedo. – Sorri para os dois. – Agora eu tenho que ir, beijos de luz.