Miles era leve o suficiente para que eu conseguisse erguer o garoto contra a parede sem fazer nenhum tipo de esforço. O garoto apertou mais as penas que envolviam minha cintura enquanto eu dava pequenos beijos em seu pescoço, aquilo realmente deixaria marcas.

O menor gemia baixinho e puxava meu cabelo um pouco forte de mais. Larguei o pescoço pálido e me foquei nos lábios grossos e rosados dele. Um beijo quente e agressivo foi selado quase instantaneamente. Enquanto a língua quente de Miles brincava com a minha, eu percorria as mãos pela coluna do garoto que volta e meia se arrepiava.

– Leo, me diga que não está tendo um sonho erótico comigo – A voz de Miles soou abafada.

Abri os olhos e me deparei com o moletom azul marinho que o garoto estava usando. Eu estava agarrado à cintura do menor com força, minhas mãos estavam suadas e uma ereção tímida doía no jeans.

– Não. – menti sem coragem de encarar o garoto.

– Estava sim, você gemeu meu nome umas três vezes. – Quase pude ver o sorriso dele. – Tudo bem, não precisa me largar.

Por algum motivo eu apertei ele com ainda mais força, escondendo meu rosto ainda mais.

– Eu fui bem?

– Não chegamos a tal ponto – resmunguei.

– Que azar. – Miles disse afagando meu cabelo.

Miles continuou assistindo algum filme qualquer e eu voltei a dormir por mais alguns minutos, dessa vez não houve nenhum sonho. Quando voltei a acordar o garoto continuava mexendo no meu cabelo e provavelmente estava vendo outro filme.

– Preciso de um banho – eu disse ficando de pé. – Pode pegar qualquer coisa da geladeira. Volto em um minuto.

– Posso ir junto? – Miles perguntou com cara de cachorro que cai da mudança.

– Dessa vez acho melhor não – respondi corando.

O remorso surgiu assim que eu abri o registro do chuveiro. Eu não precisava de um banho, eu precisava me aliviar, pior ainda, eu precisava me aliviar pensando no meu amigo que estava assistindo um filme qualquer no andar de baixo.

Quando terminei voltei para baixo e encontrei minha mãe e Miles conversando. No colo de Miles havia um filhote de gato que mais parecia uma bola de pelos.

– Oi, mãe – eu disse dando um beijo no rosto dela. – Quem é esse?

É constrangedor admitir que eu peguei o gato do colo de Miles com outras intenções. O que estava acontecendo comigo? E por que Miles estava me fazendo subir pelas paredes?

– Vegas – Miles respondeu. – Tipo Las Vegas, só que sem o Las.

Vegas era totalmente cinza com exceção dos olhos amarelados, que combinavam muito com os de Miles, o gato tinha até mesmo um certo olhar 43 igual ao do novo dono.

– Alguém deixou quatro gatinhos lá na clinica – Minha mãe explicou. – Não pude deixa-los lá. Então eu trouxe todos eles para casa, Miles topou ficar com um e obrigou Freya a ficar com outro. Você quer um?

– Claro – sorri entregando Vegas para Miles. – Tem alguma fêmea?

– A outra cinza e a preta, os outros gatinhos estão na lavanderia.

Chegando à lavanderia encontrei um cesto de palha com três animaizinhos dentro, como aquelas fotos de calendário. Os gatinhos se embolavam um por cima dos outros soltando pequenos miados. Sempre fui indeciso, mas quando aqueles olhos azuis da gata preta se encontraram com os meus, eu soube que ela seria minha.

Quase deixei o pequeno animalzinho cair quando o grito escandaloso de Freya invadiu o espaço.

– Que lindinhos – ela gritou. – Sai da frente, Leo. Eu vou ficar com os dois!

– Você gosta de animais? – Minha mãe perguntou.

– Eu tenho dois gatos, três cães, uma chinchila, um periquito e agora mais dois gatinhos – Freya disse pegando os animaizinhos. – Minha mãe é protetora dos animais.

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Convenci Miles a dormir na minha casa. Vegas e Fiona (o nome que Freya me obrigou a colocar na gata) brincavam freneticamente no chão enquanto Miles e eu jogávamos conversa fora deitados na cama. Querendo ou não eu gostava do Miles quando estava sozinho com ele.

– Scott não vai ligar? –Miles perguntou, agora que ele usava minhas roupas parecia ainda menor.

– Se importar com o que?

– O namorado dele vai dormir com outro cara. – O garoto debochou. - E você se sente atraído por esse cara.

– Não me sinto atraído por você – menti. – Ele não é meu namorado, e quem disse que você vai dormir na cama comigo?

– Não vou dormir com aqueles gatos – Miles sorriu. – Vou dormir com esse gato.

Miles agarrou minha cabeça com força me fazendo gargalhar. O menor se virou com uma velocidade incrível e se sentou no meu peito. Ele não era tão leve quanto no sonho.

– Fique longe do Scott – ele disse baixinho. – Esse garoto não é flor que se cheire.

– Como você sabe?

– Kyle não é o tipo de pessoa que libera sua raiva, geralmente ele guarda as coisas para si mesmo – Miles explicou. – E eu prefiro confiar no meu irmão do que naquele loiro aguado.

Minha mãe abriu a porta antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

– O que vocês estão fazendo? – Ela perguntou surpresa.

– Estou dando uma surra no Leo – Miles disse com tom superior. – Depois de todos esses anos ele ainda não sabe brincar de lutinha.

– Não se machuquem – Minha mãe sorriu. – A pizza chegou.

Fui até a cozinha e peguei uma das caixas de pizza pequena. Meus pais nunca se importaram muito com o lugar em que as refeições eram feitas ou se a família estava reunida. Então não havia problema nenhum eu comer no quarto com Miles.

Quando abri a porta me deparei com a cena mais fofa do mundo. O garoto brincava com os filhotes que pareciam estar dando uma surra nele. Vegas saltava e miava enquanto mordiscava o cabelo castanho de Miles que ria freneticamente.

Não pude me segurar.

Coloquei a caixa de pizza na mesa e fui até a cama. Coloquei Vegas e Fiona no chão e encarei o garoto por um segundo como se implorasse por ele.

Num momento quase instantâneo meus lábios selaram os dele. Miles permitiu a passagem da minha língua para sua boca. O menor passou as pernas ao redor do meu corpo fazendo com que eu me deitasse na cama.

Miles terminou o beijo dando uma mordida um pouco forte de mais no meu lábio inferior, pude sentir o gosto do sangue.

– O que foi isso? – Ele perguntou abrindo um sorriso.

– Desculpe é que eu não pude resistir.

Miles saiu da cama com um salto e pegou uma fatia da pizza.

– Ninguém consegue resistir – ele disse com ar superior. – Você não sabe quanto tempo eu esperei para você fazer uma coisa dessas.

Senti meu rosto corar.

– Continuamos depois? – perguntei tímido.

– Sim, depois que eu comer vou precisar tomar banho, sabe? – ele disse acariciando a cabeça de Vegas.