60 dias apaixonado escrita por Mayara de Souza


Capítulo 2
Capítulo 2




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“Última chamada para o vôo 147 com destino á São Paulo. Embarque imediato na plataforma B-14”. – a voz irritante de uma mulher ecoa por todos os auto-falantes do aeroporto, mais uma vez. Me levanto ainda sonolento e vou em direção a plataforma B-14."

Eu ainda não consigo acreditar que ele vai mesmo me mandar de volta para o Brasil. Desgraçado. Que grande merda! Já faz, se eu não me engano dez ou onze anos, desde que eu e meu pai deixamos São Paulo e viemos morar em Londres. Foi logo após a morte da minha mãe, depois de tudo, era complicado continuar morando lá, principalmente para ele. Eu voltei apenas duas ou três vezes nesses anos que se passaram. Em uma dessas ocasiões, foi no enterro do meu avô, Eduardo, o pai do meu pai. Ele era o meu melhor amigo, o meu herói, o único no mundo que eu tinha certeza que nunca me abandonaria... Até ele me abandonou. Perder ele foi como se eu tivesse perdido o meu chão e tudo o que eu acreditava virou fumaça. Meu pai nunca entendeu, nem aceitava o meu relacionamento com o meu avô. Eles sempre foram o oposto um do outro. Meu pai sempre deu mais valor em bens materiais, como dinheiro, carros, casas... Meu avô acreditava que o amor era o bem mais precioso. E eu também. Acreditava. Não acredito mais.

(...)

Depois de mais de 10 horas dentro desse avião. Finalmente. São Paulo. Brasil. Eu voltei!

Recebi uma mensagem do meu pai, dizendo que a Ana ou o Marcelo viriam me buscar no aeroporto, que eu deveria esperar. Eu provavelmente... Provavelmente não. Eu com certeza vou ficar na casa deles. Meu pai não fez nenhuma questão de me dar detalhes sobre essa minha volta para São Paulo. E eu também não perguntei.

Ana Cavalcanti era a melhor amiga da minha mãe e após a sua morte, foi a Ana quem sempre esteve ao meu lado. Enviando e-mails e mensagem que eu quase nunca respondia, ela também ligava constantemente e quando eu atendia inventava uma desculpa qualquer para desligar o quanto antes. Ela nunca desistiu de mim. E é por isso que eu a amo. Ela deve ter aproximadamente 38 anos agora, a mesma idade que minha mãe teria, caso ela ainda estivesse viva.

Ana é casada com Marcelo, um amigo do meu pai, porém eu não consigo identificar nenhuma semelhança entre os dois. Marcelo é um cara que tem dinheiro, muito dinheiro para ser sincero, assim como o meu pai, mas ele nunca deixou a família de lado para conseguir isso e sei que ele não faria de modo algum. Ele sempre foi um homem que eu admirei e meu avô dizia que ele era um ótimo exemplo para mim seguir. Bom, acho que eu não dei ouvidos a isso.

Olho no viso do celular e o relógio marca 17h47. Ou eles se esqueceram de mim ou o trânsito de São Paulo continua o mesmo. É claro que o trânsito de São Paulo continua o mesmo. Estou sentado em uma cadeira dura e desconfortável, ao lado de uma senhora que me faz perguntas indiscretas sempre que elas surgem em sua cabeça e eu faço o máximo para responder educadamente enquanto respondo a mensagens idiotas como...

Aonde você se meteu porra? Fazendo o que no Brasil? Seu pai ficou louco. Aprontou o que dessa vez? Vê se volta logo. Já estou com saudades da sua cama. Você já tem 20 anos, pode fazer o que quiser Enzo...

– Enzo? – ela olha na minha direção e sorri, como eu senti falta desse sorriso.

– Ana. – me levanto e ela se aproxima me dando um abraço apertado. Se tem algo de bom em voltar ao Brasil... Com toda certeza é reencontrá-la. – Como é bom ver você. – ela me solta e fica a alguns passos de mim.

– Você se tornou um homem Enzo. – ela me olha de cima a baixo, o que me deixa um pouco envergonhado. – Um homem muito bonito. – ela sorri do mesmo jeito que minha mãe faria, imagino eu.

– E você continua a mesma. Linda como sempre Ana. – digo enquanto seguro sua mão e a guio para dar uma volta e vejo quando ela cora.

– Mentiroso. – ela diz com um tom divertido.

– Você me ensinou que mentir é feio. – ela sorri orgulhosa.

– Seu avô ficaria tão orgulhoso de você, meu menino. – ela coloca uma das mãos sobre meu ombro.

– Eu acho que não. – olho para o chão e dou um longo suspiro.

– Querido, todos nos cometemos erros! – volto meu olhar para ela e vejo que seus olhos estão marejados e sei que ela vai chorar a qualquer momento. – Ninguém pode culpa-lo por isso.

– Acho que eu já cometi erros de mais... – sussurro.

– Vamos dar um jeito nisso. Eu prometo! – ela sorri.

– Cadê a Marina? – pergunto. Preciso mudar de assunto antes que algum de nós comece a chorar.

– No carro com a Isabella.

– Isabella? Vocês tiveram outra filha? – ela solta uma gargalhada.

– Hm... Quase isso querido. – arqueio uma das sobrancelhas.

– O que? É um segredo? – ela fica em silêncio por alguns segundos, pelo o que eu conheço dela tenho certeza que esta pensando no que responder.

– É complicado. Digamos que ela veio passar uma temporada aqui.

– Assim como eu? – ela sorri.

– Assim como você. – eu sorrio. – Ah! Me desculpe pelo atraso. – ela coloca a mão na testa. – Sabe como é o trânsito de São Paulo.

– Imaginei que fosse por isso... Não tem problema!

– Vamos? – ela pergunta.

– Claro. – sorri.

Seguimos em direção ao carro. Assim que cruzamos a saída do aeroporto, vejo duas garotas encostadas em um Hyundai, Santa Fé. Digamos que não era bem um dos meus carros preferido, mas era um carro que chamava atenção. Quando nos aproximamos uma loira me olha com curiosidade, é claro, ela continua a mesma sorridente de sempre. Marina. Ao lado dela, uma morena está distraída mexendo no celular e nem nota minha presença. Não querendo ser convencido nem nada, mais não notar a minha presença é quase que impossível. A garota é bonita. Isabella, se eu não me engano.

– Enzooooooooo! – Marina grita e corre na minha direção. Quase me deixa sem ar, quando se pendura no meu pescoço.

– Marina? – a afasto de mim, para conseguir ver ela melhor. Ela continua a mesma de sempre. Acho que só eu mudei e não foi para melhor. – Caralho! Como você cresceu.

– Meu Deus, você tá lindo Enzo. Juro que se minha mãe não estivesse aqui, eu te agarrava agora mesmo. – a expressão de espanto da Ana, faz com que Marina solte uma gargalhada e eu a acompanhei, chamando finalmente a atenção da morena que nos olhou com curiosidade.

– Marina! – Ana a repreendeu.

– É brincadeira mãe. – ela sorri e eu também.

– Senti sua falta. – Marina me abraça apertado.

– Eu também. – eu a aperto mais contra meu corpo.

– Ah, aquela é a Isabella. – ela se afasta com um sorriso no rosto e aponta para a morena que está encostada no carro. E um sorriso travesso se forma em meus lábios. Caralho! Que menina gostosa.

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– Porra. Ana, você não tinha me dito que ela era tão... – ela que até então estava com um óculos de sol cobrindo os olhos, os retira e olha fixamente na minha direção, segura os óculos nas mãos e sorri. Engulo em seco. Que olhos são esses garota? Quem é você?

– Isabella Figueiredo. – ela responde e por um minuto achei que ela conseguisse ler meus pensamentos. Eu vou levar essa garota pra minha cama. Espero mesmo que ela não consiga ler o que eu acabei de pensar...

– Enzo... Enzo Murat. – ela sorri. E eu me perco no seu sorriso. Caralho, eu preciso pegar essa menina.

Parece que essa viagem não vai ser assim tão ruim assim.

Eu nunca fui o tipo de cara que namora. Para falar a verdade, até hoje eu só tive uma namorada. Sasha Coppeny. Namoramos por três anos, mais ou menos. Só que sei lá, acho que eu cansei se de ser o garoto bonzinho. Aí você já imagina né? Nós terminamos, ela terminou. Também, eu peguei a melhor amiga dela. E depois a outra e a outra e a outra. Se eu não estiver errado, já dormi com pelo menos metade da universidade. Reza a lenda que eu sou o maior pegador de todos os tempos. E para ser sincero eu me orgulho disso. A maioria dessas garotas me odeia agora, mas isso realmente não faz diferença. Era só por uma noite, não me importo se no dia seguinte ela não quiser falar comigo, porque eu particularmente não tenho nada para dizer a elas. Teve uma garota uma vez, por quem eu meio que me apaixonei, Helena, pena que ela não acreditou. Quer dizer, ainda bem que ela não acreditou e o que quer que seja que eu senti por ela... Passou. Assim como centenas de outras garotas também passaram pela minha vida, pela minha cama, mas nunca pelo meu coração.

Eu não acho que ela seja diferente. E não dou uma semana pra ela estar loucamente apaixonada por mim.

Isabella Figueiredo! Você será a minha próxima conquista. E eu não vejo a hora de te ter na minha cama ou em que qualquer outro lugar que seja.


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Notas finais do capítulo

A Ana mandou que eu tomasse cuidado com ele. No começo eu não entendi muito bem o que ela quis dizer com todo aquele drama típico dela. Ela me contou sobre ele ser um conquistador e não levar a sério nenhuma garota. Resumindo, ele é um galinha. Não dei muita importância ao que ela me falou. Agora que estou frente a frente com ele, eu entendo.



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