O reino das rosas. escrita por Lord JH


Capítulo 63
Recepção medonha.


Notas iniciais do capítulo

Amanda e Eleanor encontram Clara, a princesa misteriosa e assustada do reino do litoral.



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Já era anoitecer de outro dia quando Eleanor acordou zonza e sem saber ou se lembra de onde estava.

Deitada, nua e de barriga para cima na cama, estava Amanda, roncando bastante alto, enquanto uma linha de saliva brilhante escorria de sua boca.

Foi então que apenas depois de avistar Amanda deitada na cama, que Eleanor percebeu que estava deitada no chão, nua, e com duas garrafas de hidromel vazias ao seu lado.

O que aconteceu aqui? — Se perguntou Eleanor ao se levantar com um pouco de dor de cabeça e procurar por suas roupas que estavam jogadas em diferentes partes do quarto.

Então, depois de se vestir e perceber que o pássaro vermelho da felicidade piava alto, provavelmente de fome, Eleanor abriu a porta e foi até o estalajadeiro onde pediu por mais comida e sementes para o pequeno pássaro faminto.

Ao amanhecer, Eleanor finalmente acordou Amanda, que estava mais faminta do que nunca, e devorou os pedaços generosos de peixe como se fossem pequenas bolachinhas para enganar a fome.

Hoje nós vamos até o castelo branco, então peço para que tome um pouco de cuidado com as suas boas maneiras. — Pediu Eleanor educadamente enquanto observava a garota gordinha literalmente devorar a comida sem modos alguns.

Não se preocupe, princesa. Eu sei muito bem me portar na frente de uma princesa em seu castelo. — Respondeu Amanda antes de beber um longo gole de água e se molhar quase toda.

Percebo. — Ironizou Eleanor com sua voz fria de sempre. — Porém lhe aviso isso pois a princesa que visitaremos hoje não costuma receber muitas visitas.

Amanda então limpou a boca com a mão, arrotou bem alto, e depois falou — Eu ouvi falar que ela é louca.... Isso é verdade? — Perguntou a princesa dos trapos bastante curiosa.

Eu não sei. — Respondeu Eleanor friamente — Mas tenho um bom pressentimento que nós descobriremos hoje.

E então, depois de saírem da pousada e caminharem em direção até o grande penhasco por sobre o mar, Eleanor, Amanda e Feliz, finalmente avistaram o belo e enfeitado castelo branco.

Porém, apesar de bastante bonito, o castelo não aparentava estar bem cuidado, pois havia vegetação crescendo pelas paredes, e algumas das conchas decorativas estavam enfeitadas com algas tão velhas que estavam negras de podridão.

Não parece ser um lugar tão bonito assim. — Comentou Amanda ao avistar o castelo mais de perto.

Realmente não. Mas parece que é bem movimentado. Veja, tem pessoas falando com os cavaleiros na porta. — Falou Eleanor ao apontar para uma multidão que se aglomerava na porta do castelo.

O que será que eles querem? — Perguntou Amanda curiosa com aquela estranha aglomeração.

Talvez falar com a princesa, ou reclamar dos impostos. Vamos ver mais de perto. — Respondeu Eleanor ao se aproximar das várias pessoas.

Naquele momento a princesa fria escutou várias pessoas gritando valores altos enquanto os cavaleiros seguravam um pedaço enorme de peixe, que aparentemente era muito saboroso e valioso.

Olha, é um leilão de peixe? — Perguntou Amanda extremamente confusa. — Você não me avisou que a princesa daqui era uma peixeira. — Zombou Amanda ao dar uma risadinha bastante desdenhosa.

Eleanor, porém, apenas manteve o seu olhar frio e compenetrado de sempre, e ao se aproximar de um dos cavaleiros que apenas fazia a guarda do local, Eleanor falou — Sir, eu sou a condessa Eleanor do reino de gelo ao norte, e venho aqui em nome da rainha das rosas vermelhas me encontrar com vossa princesa. O senhor poderia por gentileza nos levar até a sua soberana?

De início o cavaleiro desconfiou bastante das palavras da garotinha nortenha, mas ao perceber o pequeno pássaro vermelho em seu ombro, lembrou que essa era uma marca registrada de provavelmente uma das garotas mais famosas do continente; então, ainda com um pouco de relutância, o desconfiado cavaleiro levou Eleanor, Feliz e Amanda até Clara, a princesa assustada do reino do litoral.

Princesa, essa garota diz ser a condessa Eleanor do reino de gelo ao norte, e diz que traz uma mensagem da rainha. — Pronuncio o leal cavaleiro ao apresentar as duas recém-chegadas a princesa Clara, que estava sentada em sua mesa real desfrutando de um magnifico e belo banquete de pratos de frutos do mar.

A princesa Clara então largou o vermelho caranguejo que mordiscava de volta ao prato, e ao olhar atentamente para as duas estranhas garotas, falou — Então vocês finalmente chegaram! Eu estava até preocupada, pensando que algo de ruim tivesse ocorrido.

Amanda e Eleanor ficaram bastante confusa com as palavras da princesa, e ao perceber que por sobre a mesa havia um enorme tridente com pontas afiadas, Eleanor perguntou — Então você já sabia que nós estávamos a caminho?

Clara apenas concordou com a cabeça, e ao pedir que as meninas se sentassem e dividissem a refeição com ela, a princesa assustada falou — Dois outros mensageiros chegaram aqui, muito antes de vocês. Um deles, um corvo com uma pinta vermelha na cabeça, veio até a mim e me falou que a rainha necessitaria de meus navios para uma viagem arriscada e bastante perigosa. Já o segundo, chegou a pouco tempo, e que apetite feroz ele tem. — Explicou Clara ao apanhar um pequeno camarão e devorá-lo em uma única mordida.

Com a sua pergunta agora respondida Eleanor então observara atentamente todos os detalhes que havia ignorado até aquele momento.

A princesa Clara, apesar de bastante bela e jovem, estava aparentemente bastante maltratada. Sua pela estava bastante cortada e marcada em várias partes do corpo, seu rosto e cotovelos estavam cobertos de pequenas feridas com cascas enegrecidas, seu cabelo estava bastante molhado com caspa e algo que parecia algas e mofo, e em sua bochecha esquerda havia algo que se assemelhavam a pequenas cracas marinhas de cor branca perola.

Amanda por outro lado, logo se esqueceu da aparência medonha e assustadora da princesa e rapidamente voltou a sua atenção ao banquete; dando atenção especial para os já conhecidos e saborosos filés de peixe gigante.

A gulodice de Amanda, logo chamou atenção de Clara, que começou a rir e gargalhar histericamente, como se fosse mesmo uma louca.

Clara: — Hahahahaha!

Achando aquela situação bastante estranha, Eleanor colocou Feliz com cuidado por sobre a mesa, e ao provar um pequeno camarão que estava por sobre um prato próximo, perguntou — Alguma coisa engraçada, princesa?

Clara que ainda estava rindo como uma louca, fez uma breve pausa para beber um pouco de água, e ao olhar para a princesa fria com um sorriso louco e assustador, respondeu — São apenas lembranças, minha querida convidada, lembranças de um passado bastante recente.

Amanda que ainda estava totalmente confusa com a risada alta e histérica da princesa, apenas olhou para Eleanor que não movera seu olhar gélido e estático do rosto pálido e até quase esverdeado da princesa do reino do litoral.

Então, ao oferecer um pouco de migalhas de pão que estavam por sobre a mesa ao pequeno pássaro vermelho da felicidade, a condessa Eleanor perguntou — É verdade que vossa senhoria guerreou contra o rei do mar?

Amanda ficou bastante apreensiva e nervosa com a pergunta bastante corajosa e ousada feita pela princesa fria, porém, a princesa Clara apenas riu mais uma vez, e ao empunhar o enorme tridente que estava por sobre a mesa, a princesa do litoral, respondeu — Nada disso, minha pequena princesa. Pelo contrário, eu me casei com ele.

E esse tridente foi um presente do seu marido para você? — Perguntou Eleanor ao olhar para a grande e magnifica arma que apesar de aparentar não ser pesado, tinha quase o dobro do tamanho da princesa Clara.

Sim! — Respondeu Clara ao lamber de maneira bastante estranha o cabo velho e dourado do tridente. — Essa é a herança do meu bravo e delicioso marido.

Amanda já estava bastante incomodada com toda aquela situação, mas Eleanor permanecia calma e fria como sempre, e ao provar um pequeno marisco de outro prato próximo, falou — Eu espero que saiba que a princesa das rosas vermelhas deseja ver e falar com o velho mago Hoffman quando chegar aqui. Ele se encontra no castelo?

Naquele momento a pergunta da princesa fria desencadeou outra crise de riso e gargalhada na princesa assustada, que de assustada agora não aparentava ter mais nada.

Hahahahaha.... Sim! Ele está aqui no castelo. Eu garanto que ela poderá vê-lo assim que ela chegar; porém, não garanto que ele poderá conversar muito! Hahahahaha....  — Respondeu e gargalhou a princesa uma vez mais.

Amanda que já estava bastante incomodada e tensa com toda aquela situação, resolveu mudar de assunto, e perguntou — Princesa, nós vimos muitas pessoas comprando pedaços de peixes bem grandes aqui na porta do castelo; é vossa senhoria que os pesca? Ou você os cria?

Porém, para a surpresa da garota gordinha, as risadas da princesa do litoral apenas aumentaram, e ela até deixou cair o tridente, alguns pratos e um copo cheio de vinho no chão, enquanto esperneava e gargalhava como uma louca.

Princesa? — Sussurrou Amanda bastante confusa com toda aquela situação.

Hahahahaha... — Gargalhava Clara — Sim, podemos dizer que sou eu quem os crio. Hahahaha!.... São deliciosos, não? — Perguntou Clara ao subir na mesa e engatinhar até o prato de filé de peixe.

Sim, princesa. São muito deliciosos.... Como se chama a espécie? — Perguntou Amanda tremendo bastante e quase se urinando de medo, enquanto Eleanor apenas degustava do banquete e bebia uma taça dourada cheia de vinho como quem estava no local mais calmo e pacifico do mundo.

Hahahahaha... — Gargalhou mais uma vez Clara, ao ficar de barriga para cima por sobre a mesa, agora com vários pratos, copos, tigelas e taças derrubados por sobre a pedra de mármore duro da mesa.

Hahahaha.... Digamos que de uma espécie especial chamada de “cabelo de alga”. É o peixe mais delicioso do mundo, não? — Indagou a princesa do mar, ao pegar um pedaço e devorá-lo com bastante voracidade.

Amanda não respondeu e apenas parou de fazer perguntas. Eleanor por outro lado, se levantou da cadeira, e falou — Princesa Clara, peço por um pouco de vossa hospitalidade enquanto esperamos pela chegada de nossa rainha e o resto da comitiva. Vossa senhoria poderia nos prover um lugar para dormirmos e descansarmos até o esperado momento?

Foi então, que devido a pergunta da bela condessa fria, que a princesa Clara finalmente parou de gargalhar, e ao chamar um de seus criados, ordenou que ele as levassem até o corredor de quartos de visita e lhe provessem tudo o que suas convidadas pedissem.

O obediente criado assim o fez, e ao deixar as convidadas bastante confortável em seus respectivos quartos, foi em busca de uma pequena porção de nozes para ajudar Amanda a apaziguar os seus nervos e a sua fome.

O que diabos aquela princesa tem? — Perguntou Amanda ao entrar de vez no quarto bastante confortável, porem um pouco empoeirado de Eleanor.

Eu não sei, talvez ela seja mesmo um pouco louca. — Respondeu Eleanor, sentada por sobre a cama enquanto observava o seu belo passarinho voar de um lado para o outro, dentro do quarto bastante espaçado.

Um pouco louca? Se aquilo é um “pouco” louca, eu não quero nem imaginar o que deve ser uma pessoa muito louca em seu reino! — Gritou Amanda totalmente inconformada com a calma extrema de Eleanor.

Fale baixo! Se quer saber uma coisa sobre loucos é que eles odeiam serem chamado de loucos. Você deseja passar a noite em uma masmorra?  — Replicou Eleanor ao mandar Amanda se controlar e se acalmar um pouco.

Naquele momento Amanda finalmente percebeu que Eleanor estava certa em manter a calma, e ao suspirar e relaxar um pouco, falou — Tudo bem, eu vou ficar calma como você diz, mas saiba que dormirei aqui com você até a rainha chegar. Eu é que não vou ficar sozinha a noite em um lugar como esse. — Explicou Amanda ao cruzar os braços e expor suas exigências.

Eleanor porem apenas se levantou, e ao ir até uma mesinha de madeira com uma jarra cheia de vinho doce e tinto, acompanhada de quatro velhas taças de prata organizadas por cima de uma bela bandeja de bronze, a condessa serviu o vinho em duas das taças e falou — Por mim tudo bem, contanto que você não ronque muito e não me jogue para fora da cama, você pode ficar. Agora venha aqui e beba vinho, isso vai te acalmar um pouco. — E desfrutaram da doce e saborosa bebida.

 


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Notas finais do capítulo

Continua...



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