O reino das rosas. escrita por Lord JH
Notas iniciais do capítulo
Amanda e Eleanor finalmente chegam no reino do litoral.
O céu estava bastante limpo e o vento soprava fortemente contra o rosto gordo e rechonchudo da princesa dos trapos, enquanto Feliz, o pássaro vermelho da felicidade, sobrevoava a árida região como se o chão por sobre sua enorme sombra fosse um mar interminável de vida e morte sobre o calor escaldante do sol.
Isso é inimaginável! — Exclamou Amanda ao fechar os olhos e sentir o som do vento passar rapidamente por suas sensíveis orelhas.
Gostou? Eu sempre gosto de voar quando estou querendo pensar em algo. — Comentou Eleanor enquanto admirava a expressão de felicidade no rosto da garota gordinha.
Amanda apenas afirmou com a cabeça, e ao abrir os olhos novamente, perguntou — Você estava querendo pensar em algo agora?
Eleanor apenas ficou em silencio ao ouvir a pergunta de sua companheira de voo, e após perceber que aquela garota desconhecida era quase tão inteligente e atenta como Diana, a princesa fria respondeu — Sim.
Amanda então não fez mais nenhuma pergunta por um bom tempo, até que Eleanor avistou um pequeno vilarejo próximo a um poço e uma arvore de tâmaras.
Chegamos ao reino do litoral? — Perguntou Amanda confusa por não avistar nenhum mar nas proximidades.
Ainda não, mas estamos próximos. — Respondeu Eleanor com sua voz fria. — Estou com sede, então acho que podemos pegar um pouco de água naquele poço.
E que tal também comer alguma coisa no vilarejo? — Sugeriu Amanda sempre guiada por sua gula extrema.
Arriscado. — Respondeu Eleanor de imediato. — Eu sugiro que guarde seu apetite para algo mais saboroso no reino do litoral.
Hunf! — Bufou Amanda em desagrado. — Você conhece os pratos típicos do reino do litoral?
Eleanor que estava jogando o balde preso a uma corda dentro do poço, apenas respondeu — Peixes! Sempre ouvi que os peixes do reino do litoral eram os mais gostosos de todos.
Amanda então ficou mais feliz e motivada para guardar a sua fome até o seu ponto de destino, e ao perceber uma taverna próxima do vilarejo, falou — Espero que não estejamos longe.
Não estamos. — Respondeu Eleanor ao finalizar de beber água e oferecer um pouco para Amanda. — Apenas beba logo e suba no Feliz novamente e nós chegaremos lá antes do anoitecer.
Motivada pela promessa de comida, Amanda bebeu a água rapidamente, e ao subir no enorme pássaro vermelho, falou — Estou pronta para retomar a viagem, princesa.
Eleanor apenas concordou com a cabeça e ao montar em Feliz novamente, as duas garotas partiram em direção ao tão falado reino.
Já era próximo do anoitecer quando elas finalmente chegaram na vila próxima do castelo branco; um lugar bastante pitoresco e humilde se comparado com a cidade em volta do enorme porto de pedra do reino.
Nós vamos dormir aqui nessa vila hoje à noite, e assim que amanhecer vamos até o castelo branco falar com a princesa Clara e avisá-la que a rainha está a caminho. — Falou Eleanor ao descer de Feliz e ajudar Amanda ao fazer o mesmo.
Será que nós encontraremos alguma boa estalagem com comida gostosa por aqui? — Perguntou Amanda ao perceber a aparência pobre e malcuidada das casas da vila.
Talvez. — Respondeu Eleanor ao fazer Feliz retornar ao seu tamanho pequeno. — Mas se tem uma coisa que eu sei é que se queremos conhecer bem um reino devemos começar pelas partes mais pobres.
Amanda então parou de indagar e ao avistar um enorme, para não dizer gigantesco, pedaço de peixe por sobre um velho balcão de madeira, a princesa dos trapos falou — Olha só, pelo visto os peixes daqui além de serem deliciosos também são gigantes.
Eleanor apenas assentiu ao avistar o enorme pedaço de peixe, mas ao ver um homem cheio de cicatrizes se aproximar do pescado e começar a cortá-lo em várias postas com uma enorme machadinha, a princesa fria falou — Vamos Amanda, acho melhor encontramos uma pousada antes do anoitecer.
Amanda apenas concordou e depois de procurarem por alguns minutos, as garotas finalmente encontraram uma pousada mais limpinha onde elas poderiam passar a noite sem o risco de serem devoradas por ratos ao adormecer.
Sejam bem-vindas, doces garotas, tenho quartos limpos e peixe assado quentinho pronto para vocês, se aceitarem claro passar uma noite hospedadas aqui. — Falou um velho senhor de cabelo brancos e bigode longo e grosso.
Aceito o peixe e o quarto, e também vou querer água, pão e sementes de alpiste para o pássaro, se o senhor tiver, é claro. — Falou Eleanor ao jogar uma moeda de ouro para o velho estalajadeiro.
Mas é óbvio que sim, senhorita. — Respondeu o velho homem de imediato ao perceber que a moeda era de ouro verdadeiro. — Desejam mais alguma coisa?
Uma bacia e baldes de água para um banho e alguma coisa para beber. Você tem vinho? — Perguntou Amanda procurando alguma bebida doce para acompanhar o belo prato de peixe que seria servido quentinho.
Infelizmente não possuo vinho aqui, nobre senhorita, mas tenho um hidromel que é divino, garanto que as senhoritas vão adorar. — Falou o velho estalajadeiro ao pegar uma velha garrafa que estava guardada embaixo do balcão.
Parece bom, o que diz, princesa? — Perguntou Amanda ao olhar para Eleanor que apenas escutava os pedidos de Amanda em silêncio.
Por mim tudo bem; contanto que ele nos arrume um quarto com uma cama grande o suficiente para nós duas, você pode beber o que bem quiser. — Respondeu Eleanor com o seu tom frio de sempre.
De acordo com as exigências, as garotas foram levadas para o melhor quarto da pensão, onde Amanda pode admirar a enorme bandeja com alguns pedaços bastante generosos de filés de peixe cuja a garota não sabia de qual espécie se tratava.
Aqui está o peixe, o pão, a bebida, água para beber e as sementes, agora vou trazer a água do banho que vocês pediram. — Falou o velho estalajadeiro ao se retirar do confortável quarto deixando Amanda, Feliz e Eleanor de frente para um banquete extremamente atrativo e cheiroso.
Pelos deuses antigos, eu vou devorar esse peixe em velocidade recorde assim que trancarmos a porta do quarto com a cadeira. — Falou Amanda ao salivar enquanto sentia o cheiro prazeroso do filé de peixe assado em sua frente.
Cadeira? — Perguntou Eleanor confusa.
Sim, cadeira. — Respondeu Amanda ao dar uma mordida no enorme pedaço de pão preto que fora servido ao lado do peixe.
E por que precisamos trancar a porta do quarto com uma cadeira? — Perguntou Eleanor extremamente confusa com a ideia.
Porque são medidas de segurança. Coisas que aprendi com a princesa, digo, rainha. — Se corrigiu Amanda ao se referir a Wendy.
Ah, entendo. — Sussurrou Eleanor ao avistar o velho senhor entrando com dois baldes enormes de água e derramar o conteúdo dos balde dentro de uma enorme bacia de banho.
Deixarei mais dois baldes com água na porta, senhoritas; caso queiram mais alguma coisa é só me chamar. — Falou o velho estalajadeiro ao se retirar do quarto educadamente.
Então, ao perceber que o velho havia se afastado da porta, Amanda trancou a porta do quarto com a chave de dentro e colocou uma das quatro cadeiras de madeira que estavam dentro do quarto para reforçar a entrada.
Pronto! Agora é só comer. — Falou Amanda ao se virar e avançar em direção a comida que estava por sobre a mesa do quarto.
O peixe estava de fato delicioso, e enquanto Feliz se empanturrava de sementes e migalhas de pão, as garotas se banquetearam com o saboroso prato típico do reino.
Delicioso! Eu nunca comi peixe mais gostoso em toda a minha vida. — Exclamou Amanda ao lamber os dedos que ainda estavam lambuzados da essência do sabor do pescado.
Realmente é muito saboroso, vou recomendar que a rainha experimente quando chegar aqui. — Falou Eleanor ao beber um pouco da água trazida em uma jarra de cerâmica fina, provavelmente a única elegante que o estalajadeiro tinha em toda a sua coleção.
Esqueça a rainha, princesa, enquanto você está preocupada com ela, ela provavelmente está beijando a Jennifer nesse exato momento; agora que tal nós provarmos um pouco disso aqui? — Perguntou Amanda ao abrir a garrafa de hidromel e oferecer o primeiro gole a Eleanor.
Agradeço a gentileza, mas não gosto muito de hidromel. — Falou Eleanor com certa educação.
Ah, vamos lá princesa, só um pouco para adoçar a vida. Eu mesma nunca bebi hidromel antes, mas pretendo finalizar essa garrafa sozinha hoje se você não me acompanhar. — Replicou Amanda com um sorriso guloso no rosto.
Eleanor então olhou profundamente nos olhos azulados de Amanda e perguntou — Isso tudo é para esquecer que Wendy está com a garota que você acreditou que estava morta até agora?
A pergunta surgiu efeito imediato no psicológico da garota gordinha, que bufou bastante e enrubesceu de raiva, antes de responder — Sim, talvez seja. — E então Amanda bebeu o primeiro gole direto da garrafa.
Eleanor apenas observou como a garota estava vermelha e tentava de todas as maneiras se aliviar na doce bebida que lhe escorria pela boca e molhava o seu gordo pescoço suado enquanto a princesa esfarrapada bebia ferozmente.
Então, em um movimento rápido e surpresa, Eleanor tomou a garrafa da mão de Amanda, e ao encarar o olhar surpreso e assustado da garota gordinha, a princesa fria falou — Se a bebida ajuda a esquecer que a Jennifer e a Wendy estão juntas, talvez eu precise de um pouco também. — E bebeu um longo gole direto da boca da garrafa.
Amanda apenas gargalhou ao avistar a bela e refinada princesa fria beber o doce hidromel com tamanha voracidade como se fosse uma bêbada qualquer na rua.
Então, ao começar a incentivar e aplaudir o ato inadequado da princesa, Amanda sussurrou — Ei, fala algo que você nunca poderia contar para ninguém em toda a sua vida.
Eleanor que acabara de finalizar mais um gole, apenas limpou a boca com a manga do vestido, e falou — Não posso. Já fiz coisas impensadas demais por essa noite.
Que se dane o que vamos fazer essa noite! — Exclamou Amanda já meia bêbada. — Eu pretendo fazer dessa noite uma noite memorável! — E tomou a garrafa de hidromel da mão de Eleanor.
Então porque você não conta algo que nunca poderia dizer para ninguém? — Questionou Eleanor ainda mais sóbria do que Amanda. — Se você fizer primeiro, talvez eu faça o mesmo em seguida. — Completou com a sua voz fria de sempre.
Amanda apenas finalizou mais um gole e ao limpar os lábios de maneira bem exagerada, a garota gordinha respondeu — Certo, você quer ouvir alguma coisa secreta? Pois aqui vai uma; assim que eu for recompensada pela rainha pelos meus serviços, eu vou finalizar a construção da mansão de minha família, e com todo o ouro que eu receber, eu vou arrumar o mais belo garoto do mundo só para mim e vou fazer questão que a rainha e a Jennifer o vejam e morram de inveja porque ele será só meu, e apenas eu poderei beijá-lo, e apenas eu poderei amá-lo, e eu prometo que vou beijá-lo e amá-lo muito mais do que eu fiz com aquela traidora da Jennifer.
Eleanor estava bastante surpresa com a confissão da garota gordinha em sua frente, porém, como sempre, não deixou transparecer em seu rosto.
Então, ao tomar a garrafa da mão de Amanda novamente, e beber o ultimo gole que restara do hidromel da garrafa, Eleanor suspirou e falou — Se eu pudesse faria com Jennifer o mesmo que faço com Diana e Meg. Creio que a princesa das rosas vermelhas mereça um pouco de surpresa e traição em sua vida.
Amanda apenas gargalhou ao ouvir as palavras inesperadas da condessa e ao pegar a garrafa novamente e constatar que a mesma estava finalmente vazia, a garota gordinha falou — Nós devíamos ter guardado uma última gota para a rainha. Hahahaha...
Você acha que a rainha merece beber dessa iguaria? — Perguntou Eleanor com um sorriso sarcástico.
Hahahahaha... — Gargalhou Amanda. — A rainha não merece beber nem o que sobrar do meu penico! — E atirou a garrafa vazia no chão.
Eleanor finalmente abriu um sorriso verdadeiro, e ao se aproximar de Amanda sussurrou — Que tal mais uma garrafa?
Amanda sorriu largamente em resposta e ao colocar o braço por cima do ombro da princesa fria, propôs — Que tal mais duas garrafas?
E assim, em troca de uma moeda de prata, as garotas pediram mais duas garrafas de hidromel e mais uma porção de filé de peixe assado, que estava tão delicioso quanto o anterior.
Não demorou muito tempo e as garotas já estavam bastante bêbadas e satisfeitas, e enquanto Feliz dormia quietinho encima da cabeceira da cama, Amanda contava piadas suja e arrancava tímidas risadas da agora confusa e bêbada Eleanor, que sorria e se divertia como nunca antes em sua vida.
Ei princesa, eu duvido você falar “a princesa das rosas vermelhas é uma p* burra, ignorante e falsa” três vezes. — Desafiou Amanda com uma voz extremamente embolada e alterada.
Eleanor que estava mais receptiva a sugestões do que nunca, apenas sorriu e perguntou — O que eu ganho em troca se eu fizer o que você diz?
Amanda apenas gargalhou mais alto, e após beber mais um longo gole do doce hidromel, respondeu — Eu faço qualquer coisa que você mandar.
Eleanor então concordou e após suspirar profundamente falou — A princesa das rosas vermelhas é uma p* burra, ignorante e falsa.
Hahahaha... Mais uma vez e mais alto! — Incentivou Amanda extremamente alterada pela bebida.
A princesa das rosas vermelhas é uma p* burra, ignorante e falsa. — Repetiu Eleanor com um tom de voz um pouco mais alto do que na frase anterior.
Mais alto! — Gritou Amanda totalmente empolgada com aquela situação.
A maldita da princesa das rosas vermelhas é uma p* burra, ignorante, egoísta e falsa! — Gritou Eleanor ao perder o controle e jogar a garrafa ainda com um pouco de hidromel no chão.
Amanda chegou até a se assustar com o ato inesperado da garota que sempre fora calma e fria. Porém, após apanhar a garrafa caída que apenas havia rachado na lateral, a princesa dos trapos falou — Você é quem deveria estar com a coroa, e eu deveria estar com a Jennifer.
Não. — Sussurrou Eleanor embargada pela bebida — Sou eu quem deveria estar com a Jennifer. Você poderia ficar com a Wendy, eu não me importo.
Hahahaha.... — Gargalhou Amanda uma vez mais — O que você faria se a Jennifer estivesse nesse momento aqui na sua frente? — Perguntou Amanda com um sorriso sádico, psicótico e assustador no rosto.
Eu.... Eu apenas faria isso aqui. — E então a princesa fria beijou a garota gordinha como nunca ousara fazer antes em sua vida.
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Continua...