Capítulo Oito

Washington D.C. – 5:54 a.m.

20 de Outubro de 2011

Já era manhã da quinta-feira quando o caminhão do necrotério saiu da cena do crime escoltado por três carros da polícia local, assim evitando mais um possível roubo. Cho olhou ao redor do local, mas não tinha percebido nada diferente, era o mesmo parque de mais cedo, só que desta vez não tinha nada a ver com o assassino 3E’s, pois a vítima tinha sido torturada até a morte e não apresentava nenhum tipo de abuso sexual.

Frustrado Cho se aproximou de Van Pelt e Rigsby que anotavam alguma coisa em seus bloquinhos.

"Conseguiram alguma coisa com as testemunhas?"

"Não". Disse Van Pelt. "Ninguém viu nada".

"E o rapaz que encontrou o corpo não sabe quem o colocou aqui também".

"Então estamos em um beco sem saída?"

"Parece que sim". Disse Van Pelt pensativa.

"O que foi?" Perguntou Cho observando o comportamento de sua agente. "O que você encontrou?"

"Encontrar nada, mas... Eu queria saber o que ela viu na noite do outro crime. O porquê a tiraram do prédio e a torturaram?"

"Talvez queriam saber se ela contou alguma coisa para a gente". Falou Rigsby.

"Ok, podia ser isso, mas se o assassino 3E’s trabalha sozinho, por que ele precisou da ajuda de mais pessoas para recuperar o corpo e sequestrar uma testemunha?" Disse ela.

"Você tem razão. Se ele trabalha só, por que tanto esforço nesse último assassinato?" Falou Cho pensativo.

"Talvez ela tenha visto mais alguma coisa". Comentou Rigsby.

"Mas o quê?" Perguntou Van Pelt.

"Não sei".

"Ok, temos pouco tempo para resolver esse caso". Começou Cho. "Mas também temos pouco tempo para achar um dos três agentes".

"O que sugere que façamos agora, Chefe?"

"Só teremos mais coisas sobre o corpo depois que Lilly fizer a autopsia, então temos que nos dividir". Falou Cho e passou a mão no cabelo nervoso. "Van Pelt vá na casa de Haffner, tente descobrir tudo sobre o trabalho dele no FBI e sobre a seita que ele frequenta, a Visualize".

Ela afirmou e saiu em direção ao carro, ela anotava as informações no bloquinho.

"Rigsby, você fica responsável pelo Bertram, descubra o que levou ele a virar corrupto tendo uma patente tão alta". Ele disse. "E eu vou atrás de Kirkland, eu quero descobri alguma coisa sobre o irmão dele e essa seita em comum. Tem que ser algo muito importante para ele colocar em risco a segurança nacional".

"Ok, Chefe". Rigsby falou. "Ahh... de que horas é para nos encontrarmos com todas as informações?"

"Ás 10:30 a.m. Pode ser lá na cabana, assim podemos dormir um pouco".  Falou Cho. "Lilly disse que ás 2 p.m. os resultados já estarão disponíveis".

Com um leve aceno de cabeça Rigsby foi em direção ao carro onde Van Pelt digitava no laptop. Ele passou as últimas explicações e ambos voltaram para a FBI assim Van Pelt pegaria seu carro e começaria sua investigação.

...

Enquanto o resto do time procurava por outras evidências Lilly recebia uma visita, que não era bem vinda.

"O que você faz aqui?" Perguntou ela chateada.

"Você sabe, não podemos comprometer as experiências".

"Se você me dissesse que experiências são essa eu podia lhe ajudar mais".

"Você não pode se envolver".

"E por que não?"

"Eu estou me arriscando o suficiente vindo até você". Ele disse e passou a mão no rosto em um gesto nervoso. "Meu chefe cometeu esses erros e agora quer que eu dê um jeito. Eu só peço que oculte essa parte da autopsia".

"Mas ai é que está, John". Ela disse nervosa. "Essa é a única pista que temos, com isso podemos descobrir quem realmente é o assassino".

"Você não entende Lilly, isso é mais do que um simples assassinato". Ele disse num sussurro. "Há muito mais coisas envolvidas".

"Se isso é tão importante, por que vocês me envolveram? Por que falharam?"

"Eu não sei, ok? Eu só faço o que me foi mandado, e ainda bem que eu gosto de você senão já teriam te matado".

"Como assim? Eu não sei de nada".

"Sabe o suficiente para iniciar uma investigação". Ele disse sério. "Posso contar com você? Você terá que ocultar essa informação".

"Pode contar comigo sim". Ela disse derrotada. "As únicas coisas que saberão é que ela foi assassinada por estrangulamento depois que foi tortura".

"Ótimo, as outras informações serão entregue a mim, como das outras vezes".

"Ok".

Assim que ela se virou novamente para o corpo, ela ouviu a porta se fechar. Sabia que não poderia ter feito isso, era muito arriscado, ela poderia ser descoberta. Precisava falar com Cho, ele era de confiança e confiava nela e não seria justo engana-lo mais uma vez. Suspirando ela se empenho em fazer o seu trabalho e encontrar o máximo de provas possíveis, mesmo que isso colocasse sua vida em cheque.

...

Van Pelt chegou à casa de Haffner e a encontrou totalmente limpa. Limpa demais para fala a verdade, toda a casa cheirava a produtos de limpeza, como se ali estivesse ocorrido uma cena de crime e os forenses tivessem limpado.

Com cuidado ela procurou por cada cômodo atrás de informações, mas nada encontrou. Ela entrou no quarto, olhou em baixo da cama, atrás da cômoda, dentro do guarda roupa. Já estava desistindo quando algo lhe chamou a atenção, um fundo falso na parede do móvel. Van Pelt tocou com cuidado e forçou um pouco a madeira, mas ela não cedeu, tentou novamente e ela veio com tudo fazendo um barulho ensurdecedor no ambiente vazio.

"Jesus Cristo". Ela gritou e pulo quando a madeira caiu próximo ao pé dela.

Voltando sua atenção ao armário dele ela arfou surpresa, todo o local estava cheio de provas contra a Visualize. Sobre como ela influenciava seus seguidores e os iludiam para arrecadar dinheiro. E as provas mais marcantes eram de membros que saiam da seita, se ficassem quietos poderiam viver em paz, mas aquele que abria a boca era misteriosamente assassinado.

Mas tirando isso nada tinha ligação com corrupção ou algum envolvimento do FBI. Frustrada Van Pelt tirou fotos de todos os materiais e o embalou em algumas sacolas que encontrou na casa.

...

Cho chegou ao apartamento de Bob por volta das 8:15 a.m. e entrou sem chamar muita atenção. Ele encontrou a porta entreaberta e empunho a arma. Pé ante pé ele adentrou a sala, mas não encontrou nada. A sala tinha sido claramente a cena de um crime, móveis virados, quadros quebrados e uma marca escura no carpete, o que era provavelmente sangue.

Ele foi seguindo o caminho até a cozinha, mas nada estava fora do lugar. Ele então se dirigiu ao quarto, lá estava tudo em ordem aparentemente. Cho revistou todo o ambiente a procura de uma pista ou alguma coisa sobre o irmão dele. Mas não encontrou nada, apesar de o quadro está meio estranho, ele se aproximou e puxou, um cofre surgiu na frente dele.

Para a infelicidade de Cho o cofre estava trancado, era preciso saber a senha. Se saída ele tentou a primeira que lhe veio a mente, a data de nascimento que viu no arquivo de Bob: negativo. O dia que ele entrou na segurança nacional: negativo. Pensando mais um pouco Cho teve uma ideia, o ultimo dia que o irmão dele foi visto: Positivo. Sorrindo vitorioso Cho abriu o cofre e encontrou três dossiês.

O primeiro era sobre o irmão dele, desde a entrada dele na visualize até a suspeita que Red John o tinha recrutado. O segundo era um arquivo confidencial que relatava a experiência com os novos aviões do exército, o que criou confusão com os Ufologistas, mas só eles mesmo para pensar que existia vida fora da Terra. Mas o que mais lhe chamou atenção foi o último, ali estava toda uma investigação sobre o FBI: a corrupção, as fraudes, os encobrimentos. Suspirando e entendendo a preciosidade que estava em mãos Cho tratou de sair de lá.

...

Rigsby chegou na casa de Bertram logo depois que lanchou um belo cachorro quente. Ele estava apreensivo, já tinha conhecido Bertram quando estava nos bombeiros, mas apenas de vista, mas ouviu muitos rumores para saber o quanto perigoso era esse agente. Ele entrou na casa cautelosamente, mas nada estava fora do normal, era como se Bertram tivesse saído para um passeio e voltaria em breve. Mas algo lhe chamou a atenção, um copo de chá estava na mesinha e ainda estava quente e instintivamente ele pegou a arma e adentrou ainda mais o ambiente, cômodo por cômodo ele olhou, porém ele não encontrou nada. Suspirando derrotado ele saiu procurando por qualquer coisa que indicasse a corrupção de Bertram, mas era como procurar uma agulha no palheiro.

Ao chegar na cozinha algo entrou em sua visão... uma agenda preta escondida por trás do pote de arroz. Rigsby pegou a agenda e começou a folheá-la, mas nada ali fazia sentido, era tudo escrito em código e se estava toda em enigmas era por um motivo. Pegando uma sacola na mesa ele enrolou o objeto e se retirou da casa, sem perceber que havia mais uma pessoa o observando e sorrindo vitorioso.

...

Era por volta das 10:45 a.m. quando Cho chegou, Rigsby e Van Pelt já estavam na garagem há alguns minutos e já tinha compartilhado o que sabiam. Sem dizer nada Cho entrou na cabana e eles foram para a nova sala de comando, como carinhosamente eles apelidaram. Colocando todos os materiais na mesa central Cho enfim falou:

"O que encontraram?"

"Na casa de Haffner encontrei alguns arquivos sobre a Visualize, mas o ambiente estava limpo demais. Acho que o sequestraram lá". Começou Van Pelt.

"A casa de Bertram estava limpa, mas havia uma xícara de chá na mesa de centro, mas não havia ninguém por lá". Disse Rigsby.

"Uma xícara de chá?" Perguntou Cho apreensivo. "Tem certeza mesmo?"

"Claro, Chefe, era uma xícara de chá de hortelã pelo cheiro e ela estava quente, alguém estava na casa antes. Mas eu procurei e não encontrei ninguém, mas antes de sair encontrei uma agenda com anotações em códigos".

"Interessante, nas cenas de crime que envolvia Red John encontrávamos sempre uma xícara de chá. Como se ele tivesse acabado de sair de lá". Disse Cho e suspirou. "O que será que ele tem a ver com isso?"

"Peraí, Chefe. Você acha que Red John tem alguma coisa com isso?" Perguntou Van Pelt. "Então por que ele prendeu esses três? Ele podia simplesmente matar como fez das outras vezes".

"Mas é isso que me intriga. O que ele ganharia mantendo o corrupto livre?"  Refletiu Cho.

"Acesso. Até hoje Red John esteve sempre um passo a frente de qualquer um". Começou Rigsby. "Se ele deixasse o corrupto a solta, mesmo revelando toda a corrupção dentro do FBI ele tentaria fazer um acordo e sairia impune".

"Isso mesmo, Haffner estava investigando a Visualize, que deve ter alguma coisa ligada ao FBI e estava se aproximando demais". Disse Van Pelt animada agora. "Se ele sumisse com eles e nos desafiasse, ele saberia que tentaríamos salvar aquele que vale mais para ele".

"Ou seja, o corrupto". Falou Rigsby empolgado.

"Mas, pelo que eu vi, Haffner é o que sabe menos". Falou Cho. "Ainda não sabemos o que tem na agenda de Bertram, mas deve ser algo muito valioso. Bob é o mais informado, ele tinha relatórios em um cofre. Sobre a Visualize e o FBI".

"Então valeu a pena irmos lá". Disse Rigsby.

"Com certeza". Disse Cho satisfeito. "Agora precisamos descansar, depois do almoço Lilly vai ligar dizendo se acabou a autopsia. Agora podemos tomar o café da manhã e dormir um pouco".

"Ok, Chefe". Disse Van Pelt e foi em direção a cozinha.

Enquanto ia organizar os quartos Cho pegou o caderno e abriu. E sua surpresa foi grande quando identificou aquela caligrafia.

"Oh Meu Deus".

"Chefe, o que foi?" Perguntou Rigsby.

"Esse código era o que se usava no exército. Os únicos a usarem eram o pelotão 43, era o único modo de sobreviver em meio à guerra. Bertram foi um dos tenentes desse pelotão, assim que voltou ele entrou para o FBI".

"E o que tem ai?" Perguntou Van Pelt.

"Até agora só algumas informações sobre ligações telefônicas entre dois criminosos". Falou Cho intrigado. "Oh, eu lembro desse caso, foi o que fez ele subir dentro do FBI, eram informações confidenciais, ele passou alguns meses sem sair do lugar, só ouvindo. Até que um dia ele conseguiu captar algo e prendeu todo o cartel".

"Talvez seja por isso que ele guardou essa agenda só para lembrar desse caso importante, mas não entendo o código. Eu sei que era confidencial, mas utilizar de códigos do exército para isso?" Disse Rigsby pensativo.

"É porque ele encobria também seus faturamentos". Disse Cho sussurrando e apontado para o caderninho. "Ele anotou tudo que ganhava com trabalho extra, quem ele tiraria da prisão. Quem seria preso".

"Chefe, você sabe como desvendar?" Perguntou Van Pelt.

"Eu já fui do exército, me alistei com 17 anos. Mentir no formulário e participei do pelotão 43. Por isso sabia do código, mas quem treinava os novatos eram outros tenentes". Falou Cho. "Bertram não tinha contado direto, sempre estava em alguma cabana planejando os ataques".

"Tem como saber se ele tinha alguma coisa escrita sobre os subornos?" Questionou Rigsby.

Cho começou a passar folha por folha interessado nessa parte, seria muito bom se isso estivesse ali. Seria como entregar tudo numa bandeja de prata. Mas quão foi sua surpresa quando viu justamente isso, no final estava escrito cada um dos subornos. Infelizmente os nomes de quem subordinou não se encontrava lá, mas só isso era o suficiente. 

"Ok... Talvez ele não fosse tão esperto em escrever isso".

"Mas ele não tinha a intensão disso vir a público e o Rigsby disse que havia alguém na casa. E se procurava por isso também?"

"Mas Grace, se havia alguém na casa com certeza viu esse bloquinho, queriam que eu o achasse". Falou ele. "E se isso nos levar em outra direção?"

"Pelo menos temos uma pista. Estávamos na estaca zero". Falou Cho

Cho olhou novamente para o bloquinho e ficou pensativo por alguns minutos. Até que...

"Eu acho que sei onde o Bertram está".

Os três permaneceram em silêncio até que Van Pelt caiu na real e saiu à procura do casaco.

"Ei, vocês vêm?"

Continua...