Capítulo Nove

Malibu – 8:23 a.m.

19 de outubro de 2011

 O dia amanheceu meio nublado em Malibu, mas isso não foi motivo para Patrick se ausentar do trabalho. Assim que Angela saiu ele seguiu seu caminho para o centro onde ficava seu escritório, mas antes ele se despediu de sua garotinha que tinha amanhecido gripada.

"Ei, Charly". Ele falou e entrou na sala onde estava a pequena e Teresa.  "Como está se sentindo, Princesa?"

"Minha garganta dói?" Disse ela baixinho.

"Ela vai ficar bem". Falou Teresa. "Você pode ir despreocupado, qualquer coisa ligamos para você".

"Obrigado, Teresa". Ele disse e sorriu. "Qualquer coisa ligue mesmo, eu não quero que você fique com medo de me interromper".

"Pode deixar".

"Ah, antes que eu esqueça. O Matthew vem hoje, ele quer brincar um pouco, essa semana a escola está passando por uma inspeção e ele tem esses dias livres".

"Oh, Matthew é aquele que apareceu aqui ontem?"

"Ele mesmo".

"É um garoto adorável".

"É sim, ele é filho do Ethan".

"Sério? Ele não parece muito com ele".

"Eu já comentei isso com ele". Sorriu Patrick. "Ele disse que teve sorte, o garoto parece com a mãe".

Teresa sorriu divertida e o encarou, os olhares congelaram como se mais nada existisse, mas não foi só isso, parecia que eles faziam isso há muito tempo, como se fosse a coisa mais natural e rotineira entre eles. E Patrick percebeu que estava se apaixonando por essa desconhecida.

"Papai". Chamou Charlotte acabando com todo o clima entre eles. "Você pode trazer aquela balinha de chocolate?"

"Humm, só se você prometer que não vai contar para mamãe".

"Pode deixar". Ela falou e se apertou mais no colo de Teresa.

"Ok, agora eu tenho que ir".

Dizendo isso Patrick saiu em direção a porta. Charlotte voltou sua atenção para o desenho na TV, mas Teresa continuou encarando a porta por onde ele tinha saído. E ela sentiu seu rosto abrir em um sorriso bobo e enfim se deixou levar, ela se permitiu assumir que tinha se apaixonado perdidamente por Patrick Jane.

...

Angela entrou na casa azul, era tão próxima do mar quanto a dela. Deixou a bolsa na mesinha da sala e foi em direção ao escritório.

"Por que você fez isso?" Perguntou ela revoltada.

"Fiz o quê?" Disse o homem paciente.

"Você a deixou viva. E agora ela está na minha casa, meu marido está encantado por ela, minha filha prefere ela a mim". Ela respirou fundo e apontou um dedo para ele. "A culpa é sua".

"Para falar a verdade a culpa é do seu marido". Disse ele debochado. "Eu a deixei lá para morrer assim como os outros e ninguém nunca tinha encontrado nada. Veja desse modo, Angie. Talvez seja o destino".

"Destino uma ova. Você foi imprudente".

"Você está muito nervosinha". Disse ele ficando sério e se levantando da cadeira. "Você vem aqui todo dia e trai seu marido comigo, abandona sua filha com as empregadas e ainda vem me dizer que a culpa é minha que a sua rival está conquistando eles? Ahh...Faça-me um favor e suma daqui".

"Se você tivesse feito seu trabalho direito isso não teria acontecido".

"Olha aqui Angela, você não é minha chefe, muito menos minha esposa para eu lhe dá satisfação. Façamos assim... volte para casa e seja a esposa e mãe exemplar e pare de encher meu saco".

O Homem voltou sua atenção novamente para os documentos que segurava quando ela entrou no escritório, vendo que ele tinha dado o fim na conversa ela saiu de lá batendo a porta.

...

Matthew apareceu pouco antes do almoço, ele estava com uma bermuda verde e uma camisa preta. Era um menino simpático ele brincou um pouco com Charlotte quando Teresa se retirou para o banho, assim que voltou encontrou a pequena adormecida e a colocou na cama. Voltando para a sala ela o encontrou olhando para os filmes.

"Quer assistir algum filme?" Perguntou ela se aproximando.

Ele deu um salto assustado e respirou fundo quando reconheceu que era ela.

"Oh, você me assustou". Disse ele rindo sem graça. "Pensei que fosse Angela".

"Desculpe, não foi minha intenção". Ela disse e sorriu. "Posso te chamar de Matt?"

"Claro, Patrick me chama assim. Eu gosto". Ele disse e pegou um filme. "Podemos ver esse aqui, que tal?"

Pegando o filme ela leu o título e o enredo. E olhou para ele intrigada.

"Você quer mesmo ver esse aqui? O exorcista? Ele é de terror, você sabe disso, num é?"

"Seu sim, meu amigo falou que era bom, e meu pai não quer assistir comigo. E isso é só um filme".

Bem... não era só um filme, quinze minutos depois que começou o pequeno Matthew escondeu o rosto na primeira almofada que encontrou, escondendo o risinho Teresa se aproximou dele e o abraçou. Ela falou que tiraria o filme, resistindo ele disse que conseguia ver tudo, só precisava evitar as partes feias. E assim fizeram, a cada cena assustadora Teresa o abraçava mais apertado e dizia quando podia olhar de novo. E foi assim que Patrick os encontrou assim que chegou, ele tinha um carinho especial por aquele garoto, o amor que sentia por ele não era apenas por ser filho de seu amigo, mas porque se identificava com a criança. Ele se aproximou do sofá e falou em voz alta:

"Nem esperaram por mim".

Sem esperar, tanto Matthew quanto Teresa gritaram assustados. E se abraçaram mais forte. Sem aguentar Patrick caiu na gargalhada, e recebeu o olhar fuzilador dos dois e ele percebeu que eram idênticos, mas mesmo assim ele não prestou muita atenção, sua barriga começou a doer e lágrimas caíram de seus olhos, tamanha eram as risadas.

"Patty, você não devia ter assustado a gente". Disse Matthew e levantou do sofá, Teresa fez o mesmo e sorriu maliciosa.

"Matt, pegue ele". Disse ela sussurrando.

"Vocês vão fazer o quê?" Perguntou ele agora preocupado. E sem esperar ele foi atingido por uma almofada e duas mãos delicadas tocaram suas costelas tirando mais uma gargalhada dele.

Conseguindo se soltar ele começou a correr para cozinha onde Beth estava com um bolo de chocolate nas mãos. Vendo que a bagunça seria lá ela correu para o forno e escondeu a sobremesa lá.

"Beth, socorro eles querem me matar de cócegas". Ele falou e se escondeu atrás dela.

"Saia daí, Patrick, você nos assustou". Ela disse enquanto tentava pegá-lo.  "Merecemos revanche".

"Eu não sabia que estavam tão assustados".

"Estávamos vendo um filme de terror é claro que iriamos nos assustar". E ela consegui pegá-lo pela gola da camisa e puxá-lo, mas foi forte demais e ele veio com tudo para cima dela e a prendeu contra a mesa, ela conseguiu engolir o gemido que ia escapar, mas o vermelho de sua face não. E por um momento eles ficaram ali, se olhando esperando quem tomaria a decisão de se afastar.

Por sorte o pequeno Matthew os tirou daquela miséria e começou a fazer cócegas em Patrick que virou suas mãos nela e em meio a gargalhadas Mandy entrou com Charlotte nos braços. Ela ainda estava sonolenta e parecia com febre, parando a brincadeira Matthew e Teresa sentaram nos bancos e começaram a tomar água,  a atividade os tinham cansado. Patrick foi até sua garotinha.

"Ei, baby. Você está bem?" Perguntou ele e colocou a mão na testa dela. Mas a tirou assim que sentiu a temperatura. "Mandy, você pode pegar o remédio dela no banheiro. Ela está ardendo em febre, traga o termômetro também, quero ter certeza".

Saindo da sala Mandy passou por Angela que tinha acabado de chegar em casa. Vendo todos na cozinha ela percebeu que havia acontecido alguma coisa. Todos estavam meio avermelhados, Charlotte por causa da febre, os outros pelas risadas.

"O que aconteceu aqui?"

"Nada demais, Angie. Só tivemos uma sessão de cócegas". Falou Patrick e sorriu divertido.

Mandy retornou com os remédios e foi ajudar Patrick. Percebendo que iria ser excluída Teresa puxou Matthew para sala, onde tiraram o filme e foram para varanda, o pequeno tinha levado um livro e eles foram ler. Pela janela Angela olhava toda a interação e ficou com raiva, aquela estranha tinha arruinado tudo o que tinha construído, e agora até o filho do vizinho estava encantado por ela. Ela sabia que precisava fazer alguma coisa, só não sabia o quê... ainda.

Patrick a chamou e ela voltou a atenção para sua família, agora ela tinha que correr contra o tempo. Tinha que reconquistar o marido e fazer a filha gostar dela.

...

Era início da noite quando Matthew disse que iria embora, mas assim que falou Patrick pode perceber preocupação se apossar do rosto de Teresa, ele sabia que era perigoso para o garoto ficar andando por ali, tinha segurança nas ruas, mas o melhor era não arriscar. Ligando para Ethan ele pediu que deixasse o pequeno dormir lá. Mesmo resistente no início ele deixou e por volta das 8 p.m. eles se reuniram na sala.

"Então... podemos assistir a algum filme". Sugeriu Patrick.

"Que tal um de um peixinho, eu o vi mais cedo". Falou Teresa.

"Ebaa... Procurando Nemo". Falou Charlotte que estava bem melhor.  "Podemos assistir, papai?"

"Como você sabia?" Perguntou Patrick.

"Como eu sabia o quê?"

"O filme favorito dela é Procurando Nemo".

"Eu não sabia". Sorriu ela "Eu vi a capa hoje mais cedo".

"Ok. Então vai ser Procurando Nemo". Falou Matthew e foi até o aparelho e colocou o filme. "Ei, Tess, você é a Dory".

"Quem?"

"É do filme, você vai entender". Sorriu Patrick e apontou para cabeça fazendo uma careta.

Os quatro estavam no sofá quando Angela chegou, e foi ela quem se sentiu uma intrusa ao presenciar a cena, os dois pequenos entre o casal. Eles riam e brincavam um com o outro. E ela ficou ainda mais incomodada, e antes de acabar com a festinha um plano se formou na cabeça dela. Ela saberia exatamente o que fazer para tirar Teresa de sua casa.

Continua...