Capítulo Seis

Washington D.C. – 9:56 p.m.

19 de outubro de 2011

Cinco minutos…

Enquanto o escuro reinava na sala, nenhum dos agentes ousou se mexer, apuraram os ouvidos e esperaram o ataque. Mas nada aconteceu.

Cinco minutos...

O suor frio escorria pelos rostos deles, que mantinha a guarda levantada e expressões de medo.

Cinco minutos...

Perceberam que o silêncio era opressor, mas necessário e com cuidado, enfim, pegaram suas armas.

Cinco minutos...

Durou cinco minutos até que a luz voltou. Cho olhou em volta como se esperando encontrar mais alguém, porém nada estava diferente. Rigsby mantinha a arma em punho e seu rosto estava concentrado e olhou ao redor, compartilhando da mesma sensação que o chefe. Van Pelt estava de olhos fechado, respirava com dificuldade, tentando engolir o pânico e se manter firme.

Respirando mais aliviados eles recolocaram as armas nas mesas e se encararam. Não sabiam quem poderia começar a falar, ou nem mesmo o que dizer, mas então Rigsby se apoiou na mesa e falou o que todos pensavam:

"O que diabos aconteceu?"

"Eu não faço a menor ideia". Disse Cho.

Van Pelt permanecia calada, mas o seu rosto era pensativo e de repente ela abriu um sorriso.

"Chefe, quando vocês construíram isso foi preciso instalar câmeras por toda casa para evitar alguma surpresa, certo?"

"Sim. Por quê? O que acha que aconteceu?"

"Se eu estiver certa toda a vigilância ocorre aqui". Ela disse e se levantou andando até uma mesa do outro lado da sala. "A mesa foi colocada embaixo do quadro para que a moldura se tornasse o apoio para todo o equipamento".

Dizendo isso ela apertou um botão na parte de baixo da moldura do quadro e ele deslizou pela mesa, e uma tela de televisão surgiu na frente dela, vários ângulos apareceram dando imagens da casa e do bairro. Surpresos Cho e Rigsby se aproximaram dela.

"Como você sabia disso?" Perguntou Cho surpreso. "Como descobriu?"

"Meu pai trabalhava para o governo e durante muito tempo fomos ameaçados, tínhamos um quarto do pânico e o equipamento era bem parecido com esse". Disse Van Pelt.

"O que está acontecendo?" Sussurrou Rigsby. Foi então que Van Pelt e Cho prestaram atenção.

"Oh, Deus!" Exclamou Van Pelt. "Está tudo escuro. A energia foi cortada".

"Mas como..."

"Gerador". Disse Cho. "Temos três geradores aqui. Podemos sobreviver aqui durante anos. Temos energia, comida e podemos manter um olho no mundo lá fora.

Concordando Van Pelt saiu dali e voltou para o seu computador.

"Ok, já que estamos seguros, precisamos saber se o que vimos é verdadeiro". Disse ela.

"Como assim? Você viu o que nós vimos, Grace. Não tinha como ser falso".  Disse Rigsby irritado.

"Será mesmo? Pois foi muito rápido, eu não pude analisar todo o vídeo".

"Podemos tirar a dúvida e encontrar os vídeos". Sugeriu Cho e se sentou na frente do seu computador.

Minutos se passaram e enfim eles ouviram o “Siiiiim” empolgado de Rigsby.

"Olha aqui, não tem como fingir isso".

Antes que pudesse sair e ver com seus próprios olhos Van Pelt encontrou o seu vídeo, assim como Cho.

Aparentemente o vídeo era simples, cada um dos três homens estavam em uma caixa transparente. Pareciam atordoados, gritavam e pediam por ajuda. De repente um som de água foi escutado e começou a encher a caixa. O desespero deles aumentaram, como se fosse possível. Não havia som, porém uma mensagem em vermelho apareceu na tela. “Você tem 48 horas para me achar. Eu sou valioso, tenho aquilo que precisam: A VERDADE”. Então tudo sumiu da tela.

"O que eles querem com isso?" Perguntou Rigsby para ninguém em particular.

"Os agentes corruptos... só pode ser isso". Disse Cho "Eles sabem que temos pouco tempo. As únicas pistas que temos é que esses três podem ter algum envolvimento em algumas mortes, mas são apenas desconfianças".

"Mas é isso que conta, a desconfiança". Disse Van Pelt e parece empolgada agora. "Estamos perto. Sabemos que não conseguiremos salvar a todos, mas eles nós desafiaram, querem que investiguemos e assim salvamos um".

"Mas tem que ser o que é valioso". Disse Rigsby empolgado também. "Temos que descobrir quem realmente está por trás dessa corrupção. Qual deles é o verdadeiro".

"E estamos esperando o que? De volta ao trabalho". Disse Cho e se permitiu esboçar o que pareceu ser um sorriso.

Minutos se passaram antes que Van Pelt parou de digitar e encarou ou outros.

"Se descobrirmos quem está por trás disso salvaremos o corrupto. Mas e os outros?" Ela perguntou aflita. "Eles serão inocentes".

"Não serão". Falou Rigsby. "Se eles estão presos é por que fizeram alguma coisa".

"Concordo com Rigsby, eles devem participar de outros crimes, mas só um sabe de toda a verdade". Disse Cho e voltou sua atenção para o computador.

Mais tranquila Van Pelt continuou com seu trabalho até o momento que Rigsby bufou na outra mesa.

"O que foi?" Perguntou ela.

É a quarta vez que esse nome aparece nesse documento". Ele falou e enrugou a testa. "Visualize, é uma seita. Aqui diz que Bret Stiles é o guia desse lugar. Diversas pessoas fazem parte disso tudo atrás da felicidade".

"Atrás da felicidade? Sendo enganados?" Debochou Cho. "Quantos eles gastam para fazerem parte dessa felicidade?"

"Digamos que as doações são sempre anônimas". Falou Rigsby verificando os documentos da tela.

"Peraí. Eu encontrei esse nome também". Falou Van Pelt. "Aqui diz que Ray Haffner é um dos membros".

"Interessante, pois aqui diz que Bob Kirkland tem um irmão que era membro, mas aparentemente ele saiu da seita e nunca mais foi visto". Falou Cho.

"E que diz no seu Rigsby?"

"Que Gale Bertram investigou essa seita durante anos e depois deu o caso como encerrado. Aparentemente ele não encontrou nenhuma infração". Disse Rigsby. "Oh..."

"O que foi?" Perguntou Cho.

"Ele estava sendo acusado por receber propina".

"Qual o cargo dele na época?" Perguntou Van Pelt curiosa.

"Ele era diretor adjunto da sessão de crimes violentos".

"Oh..." Disse Van Pelt. "Haffner era um dos agentes na supervisão de Bertram".

"Alguma relação com Kirkland?" Perguntou Rigsby a Cho.

"Não, ele era da segurança nacional".

Enquanto pensavam em como a Visualize, o FBI e a Segurança Nacional estavam envolvidos, o celular de Cho tocou. Depois de passar as instruções ele desligou e olhou para seus parceiros.

"O corpo foi encontrado".

"Até que enfim". Disse Rigsby e sorriu. "Finalmente saberemos quem é a vítima".

"Rigsby... a vítima não foi a que encontramos no parque". Falou Cho e respirou fundo. "Encontraram outro corpo".

"Oh Deus... não é..."

"Sarah. Acharam o corpo dela".

"A testemunha? Oh, não". Disse Rigsby desolado. "É tudo culpa minha, eu devia ter ficado com ela na sala".

"Não é culpa sua. E tem mais... encontraram uma mensagem no corpo".

"O que era?"

"Um dos agentes mandou uma foto, só um instante". Falou Cho e conectou o celular ao computador.

A tela ficou escura e depois o corpo de Sarah apareceu, ela estava apenas com a lingerie, seus braços estavam com marcas de tortura e no abdômen estava a mensagem “Descubra o que aconteceu comigo... 48”.

"48? Mas o que isso..." Van Pelt começou a falar, mas se interrompeu e voltou sua cabeça para o próprio computador, onde a imagem do vídeo estava congelada. Os mesmo números... 48... 48 horas para encontrarem.

"O que o caso desse assassino tem a ver com o dos agentes corruptos?" Questionou Rigsby.

"Não faço a mínima ideia, só sei que precisamos ir à cena do crime". Disse Cho e se levantou. "Temos menos de 47 horas agora".

Rigsby olhou para Van Pelt deu um sorriso e se levantou de sua mesa e com um sussurro divertido disse:

"Ok, Chefe. Que a caça comece”.

Continua...