Por favor, não se apaixone por mim escrita por AninhaL


Capítulo 4
Capitulo 3




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Eduardo Narrando

– Preciso vê-la de novo. - Falei pensativo.

– Quem é a vítima da vez? - Lucas perguntou me olhando.

– Não é bem uma vítima, é quase questão de honra. - Falei passando a mão nos cabelos.

– Honra? Como assim? - Ele perguntou confuso.

– É, ela me deu um fora, não me deu moral a noite toda e ainda por cima me chamou de cachorro dizendo que não tinha trazido ossinho pra eu comer. - Falei rindo.

– E você tá achando isso engraçado? Que toco! Aliás, esse foi seu primeiro toco do ano. - Ele falou me encarando com cara de deboche.

– Sei lá cara, estou rindo porque foi engraçado sabe. Ela é toda marrenta, um jeitinho que me fascinou.

– Ou você está querendo ir atrás dela para beija-la e provar a você mesmo que ninguém pode te rejeitar. Já li sobre isso, é um negocio de auto ajuda, sei lá. - Lucas falou andando de um lado para o outro.

– Lucas não quero provar nada a ninguém, é, talvez eu queira provar que até mesmo uma menina que não dá moral pra ninguém cai aos pés de Eduardo Almeida Campos. - Sorri quando lembrei do jeito que ela arrumava os cabelos. - E Lucas, auto ajuda não tem nada a ver com o que você falou, para de ler esses livros de gente depressiva.

– Duda, já te disse cara, para de brincar com essas meninas, um dia você vai se apaixonar e a mina vai brincar tanto contigo que tu vai até chorar, to te falando brother. - Ele falou sério.

– E você leu isso onde? Em outro livro de auto ajuda?

– Depois não diz que eu não te avisei. - Ele me olhou e saiu do escritório.

Será que ele está certo? Não, eu não me apaixonaria por alguém assim, ela não faz o estilo de garota que eu pretendo um dia namorar. - Pensei.

Quando eu tinha dezesseis anos conheci uma garota, ela era perfeita em todos os sentidos. Nós nos envolvemos e logo depois ela me deixou e foi morar em Paris. Depois daquilo eu jurei a mim mesmo nunca mais me apaixonar. Eu fico com todas mesmo, estou sempre atrás de números e não me importo se a garota é santa, filha do pastor ou lésbica, deu moral? Eu to pegando.
Meus pensamentos foram atrapalhados com o barulho do meu celular tocando. Olhei no visor e era a menina de quarta-feira. Sim, eu as identifico por dias da semana. Nunca fico mais de duas vezes com uma garota, antes era apenas uma vez, mas revi meus conceitos depois que conheci umas portuguesas pra lá de safadas que mereciam dose dupla.

Beatriz Narrando

Cheguei em casa com Cristina e Viviane ainda estava pra rua, certamente não apareceria tão cedo aqui. Troquei de roupa e fui pro trabalho.

– Está atrasada. - Falou a "namorada" do meu patrão.

– Dois minutos. - A encarei séria.

– Que seja. - Ela fez cara de esnobe.

– Marta, deixa Beatriz em paz. - Gritou meu patrão da salinha ao fundo.

Ela resmungou e me encarou mortalmente entrando na sala aos fundos.

Sou vendedora em uma loja de roupas, tenho que aguentar patricinhas o dia todo, além das roupas daqui serem ridiculamente rosas.

– O que você acha dessa saia? - A garota de aparentemente doze anos me perguntou.

– Quer mesmo saber o que eu acho? - Perguntei arqueando as sobrancelhas.

– Sim, vou sair com o garoto que eu gosto sábado e eu quero estar perfeita. - Ela falou me olhando apreensiva.

– Dica número um. - Fiz o numero 1 com o dedo. - Seja você mesma, e essa saia é tão ridícula quanto as meninas que gostam dela, coisa de piriguete. - Fui sincera.

– Você tem razão, essa saia não faz meu estilo, sou tímida. Mas queria chamar a atenção dele e então. - Ela completou me olhando.

– Vá como você, com certeza chamará mais atenção dele do que essa saia de bitch.

O dia passou rápido, e eu me despedi do meu inferno pessoal.

– Amanhã tenta chegar na hora certa. - Marta me olhou com um sorriso sínico.

Até cegos viam que Marta só estava com Mário - meu patrão - por conta do seu dinheiro e bens, que não eram poucos.

– Sou tão obediente que vou até dormir aqui na loja pra não me atrasar. - Falei com um meio sorriso.

– Sem educação. - Ela falou irritada.

– Interesseira. - Revidei me virando e saindo da loja.

Da loja eu ia direto pra pista andar de skate, me trocava no banheiro da rodoviária e comia em uma padaria perto dali. Fiz como todo dia, minha rotina. Coloquei um shorts curto preto, uma blusa caída no ombro branca com o símbolo da paz e meu all star azul.

– Demorou em. - Cristina gritou assim que me viu.

– Dá próxima vez eu mato a Marta e será tudo mais fácil. - Falei revirando os olhos.
Sentei ao lado da Cristina no banco e coloquei os fones de ouvido, eu estava pronta pra treinar até suar. Andar de skate me fazia bem, foi a forma que eu encontrei de esquecer quem eu sou e de onde não vim.

– Tá me ouvindo? - Cristina falou alto.

– Por que gritou? - Falei tirando um dos fones do ouvido.

– Te chamei várias vezes, pô! - Ela revirou os olhos e se aproximou de mim. - Disfarça, mas olha quem tá vindo ali. - Ela sussurrou olhando pro portão.

Eu nunca fui discreta, nunca soube disfarçar nada.

– Ah não, o que esse cara tá fazendo aqui de novo? - Falei razoavelmente alto assim que vi Eduardo entrar com Viviane e Mathias na pista.

– Oi. - Ele falou me olhando.

Revirei os olhos e bufei.

– Oi Eduardo. - Cristina o tirou do vácuo.

Joguei o skate no chão e sai de lá sem falar uma palavra.
Qual é, aquele cara já estava me tirando do sério. Só podia ser punição de Deus por eu ser tão má. Era isso, Deus está me punindo cruelmente com a presença desse desnecessário.

– Você tá linda hoje. - O desnecessário falou enquanto eu ia pra pista.

– Quando ele se cansar de ser idiota vocês me chamam. - Falei olhando pras meninas.

– Quando você baixa as armas? - Ele perguntou aos gritos.

– Depois que eu matar você. - Fiz uma arma com os dedos e fingi atirar na direção dele e assoprar após ter dado o ''tiro'' imaginário.

Eduardo Narrando

– Essa garota tá me matando. - Resmunguei assim que ela se virou colocando os fones no ouvido.

– Não se sinta privilegiado querido Duda, ela faz isso com todos. - Mathias falou olhando ela.

– Me cansei. É sempre assim, só notam Bia, ela sempre é o centro das atenções. - Viviane disse levantando-se aos berros e saindo batendo os pés.
– O que ela tem hoje? - Mathias perguntou pra Cristina.

– Não sei, está estranha desde cedo. - Cris respondeu pensativa.

– É eu vi ela saindo do banheiro toda perturbada. - Mathias sentou ao lado de Cristina.

Viviane Narrando

Meu corpo se contorcia, meus pensamentos estavam presos naquele maldito orfanato. Eu não conseguia esquecer os piores anos da minha vida. Eu já tentei tudo, desde drogas, álcool e relacionamentos sem compromisso, já tentei de tudo pra ocupar minha maldita cabeça e ela insiste em me trair e me fazer lembrar.

Era 06 de Janeiro de 2008, o clima era de comemoração, afinal estávamos entrando em um novo ano. Meu padrasto chegou em casa bêbado como sempre, desde que mamãe morreu ele teria ficado com a minha guarda.

– Eu to com fome e não tem nada pra comer, sua vagabunda! - Ele gritava vindo em minha direção. - O que você fez o dia todo?

– E-eu... - Eu tentava responder, mas o medo era tanto que as palavras não saíam.

– Você é uma imprestável como a sua mãe. Aquela vadia. - Ele gritou cuspindo em mim.

Eu tinha apenas oito anos e era tratada como uma puta delinquente. Todo os dias era aquele mesmo inferno, ele chegava bêbado e me xingava, me batia. Quando fui para o orfanato dei graças a Deus, eu achava que tudo iria mudar, pois estaria livre daquele nojento. Conheci Cristina e logo em seguida Beatriz.

Peguei o embrulhinho do meu sutiã e fiz uma fina e pequena carreirinha, usei um papel de bilhete do metrô como canudo. Encostei a cabeça na parede e fechei os olhos.

Beatriz Narrando

As coisas estavam estranhas, Vivi estava estranha, sempre irritada e havia emagrecido bastante nos últimos dias, desconfiei de que ela estava com alguma dessas doenças, tipo bulimia ou anorexia, mas ela está comendo bem, e não vi ela vomitando nem um dia, então isso está fora de cogitação.

Acordei cedo para ir pra escola e hoje seria um típico dia chato, chuvoso e entediante. Chovia muito , Cris estava deitada no sofá quando passei pela sala e perguntei se ela iria pra aula, ela disse que não, que estava passando mal, Vivi disse que estava chovendo muito e que também não iria. Era isso! Sobrou apenas eu, a única corajosa que vai enfrentar a chuva pra ir pro inferno, quer dizer, pra escola.
Coloquei uma roupa qualquer, escovei os dente, lavei o rosto e sai em direção ao ponto de ônibus, que não era muito longe. Me sentei no banco, coloquei os fones no ouvido e fiquei cantarolando baixo enquanto o ônibus não chegava.

Eduardo Narrando

Acordei cedo e estava caindo um baita de um temporal. Levantei, fiz minha higiene e fui tomar café da manhã. Mathias estava com a maior cara de mal humor e minha mãe nos repreendia a todo tempo pela forma de comer ou se portar na mesa.

– Aí Mathias, quer que eu te leve pra escola hoje? - Perguntei colocando uma bolacha na boca.

– Não vai te atrapalhar? - Ele me olhou e deu um gole no leite com Nescau.

– Não, eu te levo. Tranquilo! - Arrumei minhas coisas e eu e Mathias saímos de casa.

No caminho pro colégio tivemos que fazer um percurso diferente, pois o local que sempre passamos estava interditado devido a um acidente. Quando estávamos passando próximo a pista de skate vimos Bia sentada no ponto de ônibus, ela balançava o pés e mexia a cabeça devagar. Estava distraída e cantarolando.

– Vamos dar carona a ela? - Perguntei pro Mathias.

– Vamos. - Ele falou abaixando o vidro para chama-la. - Bia. - Ele chamou a primeira vez e ela nem olhou. - Bia. - Ele chamou mais alto e ela cantarolava Avril Lavigne.

– Ah, que susto! - Ela falou alto quando viu o carro parado no ponto com Mathias a chamando.

– Quer uma carona? - Mathias perguntou alto.

– Olha, não sou de aceitar carona e nem gosto do seu irmão, mas acho que perdi o ônibus, então vou ter que aceitar. - Ela falou rindo.

– Sobe ai então. - Ele respondeu sorrindo e ela abriu a porta do carro.

– Bom dia. - Falou normalmente.

– Tá de bom humor hoje, é? - Perguntei olhando-a pelo retrovisor.

– Estava até alguns minutos, agora que você falou comigo estou mal humorada. - Ela fechou a cara e Mathias riu - Smile. - Ela cantava baixinho.

– Avril? - Perguntei tentando puxar assunto.

– Sim. - Ela foi curta e grossa.

Beatriz Narrando

Talvez ele não fosse tão idiota assim, mas eu ainda não ia com a cara dele, fútil e sem noção demais pro meu gosto.

– Obrigada pela carona. - Falei descendo do carro.

Ele respondeu com um sorriso, eu fechei a porta do carro e fui em direção ao pátio da escola.

As horas passaram lentas, eu sabia que hoje seria um dia chato. Assim que saí do trabalho fui pra pista de skate, ainda chovia um pouco e eu fui caminhando lentamente com o skate na mão.

Enquanto eu andava pela chuva me lembrei do meu aniversário de cinco anos, eu ainda esperava que um dia minha mãe chegaria e me levaria pra morar com ela, todo aniversário era a mesma tortura, eu esperava, esperava e no final do dia quando eu percebia que ninguém havia vindo me procurar, eu chorava por horas.

Eu não fazia a linha chorona, nunca chorei na frente de ninguém, expressar sentimentos em público, era completamente vetado da minha vida.

Assim que cheguei na pista, ela estava completamente vazia, com certeza por causa da chuva e o vento forte.

Sentei em cima da Judith (skate) e coloquei os fones no ouvido. Começou a tocar Miss Invisible da Taylor Swift e meus olhos começaram a se encher de lágrimas. Não sou de ficar chorando pelo que vivi e ficando com pena de mim mesma, mas as vezes chorar me faz bem, esvazia o peito.
Eu estava quietinha, chorando e pensando em coisas que apenas eu sei, quando senti alguém sentar ao meu lado. Senti um perfume nada estranho, o mesmo perfume de hoje cedo no carro do boyzinho. Olhei de canto de olho e lá estava ele sentado ao meu lado, com o olhar distante e calado.

– Tá fazendo o que aqui? - Virei o rosto para que ele não me visse chorando.

– Pensando. Finge que não estou aqui. - Ele respondeu baixo.

– Não dá, to te ouvindo respirar. - Falei seca.

– Vou prender a respiração então. - Um silêncio tomou conta da pista de skate e tudo que dava pra ouvir era o barulho da chuva.

– Você já se sentiu sozinha? Tipo, mesmo com tanta gente ao seu redor, você se sentir invisível. - Ele falou quebrando o silêncio.

– Me sinto assim todos os dias. - Sussurrei.

– Eu também. - Ele falou baixo e o silêncio voltou mais uma vez. Eu olhei para ver se ele ainda estava ali e então ele estava deitado olhando pro teto da pista, com uma expressão pensativa.

– Tá pensando em que? - Ele me olhou com aqueles belos olhos e eu abaixei a cabeça me escondendo atrás dos meus cabelos.

– Não é do seu interesse, pode ter certeza. - Respondi baixo e seca.

– Pode agir como você Bia, não tem mais ninguém aqui. - Ele falou encarando o teto.

– E o que o meu jeito de ser tem a ver se tem ou não alguém me vendo? - Indaguei.

– Eu sei que todo esse amargo que há em você é disfarce. Vai! Me mostre a verdadeira Bia, eu quero saber quem é você. - Ele me olhou de canto e sorrio.

– Tá certo. Já que tanto quer saber... Eu sou a Bia, não tenho nada e ninguém. Assim que minha mãe me teve me deixou na frente de uma igreja no interior de São paulo, não sei quem são meus pais, ou onde nasci. Cresci dentro de uma igreja, sendo educada pelo Padre José e as freiras. O padre não podia mais cuidar de mim por estar muito velho e o convento estava recebendo ameaças de ser fechado, então fui mandada para um orfanato. Lá passei fome, frio, apanhei, bati, aprendi a odiar o amor. Aprendi a odiar pessoas - o que não foi muito bom - Aprendi a detestar garotos, família, afeto, sentimentos e carinho. Naquele orfanato a única coisa boa que aprendi foi que amigos são seu apoio quando ninguém mais quer te ouvir. E a melhor de todas, confie apenas nos animais, eles não lhe trocarão por qualquer bunda maior ou uma vadia oferecida. - Assim que terminei de falar me deitei ao lado dele e ficamos juntos encarando o teto.

– Uau! - Ele falou e me olhou. - Você odeia bastante coisa hein. - Ele riu e eu acabei soltando um leve sorriso.

– E você? - perguntei.

– Eu sou Eduardo Almeida Campos, filho de um grande empresário. Passei minha infância sendo educado pela governanta da casa e vendo meus pais brigarem por tudo. Nunca conversei mais que três palavras com o meu pai. Minha mãe só sabe ficar nos repreendendo pelas coisas erradas que fazemos. Nunca abracei ninguém na minha casa, além da minha cachorra Laly e já sofri por amor. E bem, eu odeio banho frio, jiló, beterraba e quando a internet está lenta. Ah sim, quando ela está lenta eu tenho vontade de tacar o computador pela janela. - Eu o olhei de canto de olho e ri.

– Mas por que não se dá bem com o seu pai? - Perguntei curiosa.

– Ele só sabe falar de negócios, nunca parou pra perguntar se eu estava bem ou precisando de algo, a vida dele é dinheiro, apenas isso. - Eu o encarava enquanto ele olhava pra cima - E você nunca foi atrás dos seus pais? - Ele virou o rosto e nossos olhares se encontraram. Eu virei o rosto fugindo daquela aproximação.

– Eu nunca fui atrás deles e nem pretendo, eles me deixaram e eu não faço questão de conhecer alguém que me abandonou. - Falei seca.

– Mas pode ser que eles tenham uma boa explicação pra isso. - Ele falou baixo.

– Nada justifica abandonar um filho. Eu preferia passar frio e fome com eles, pode ter certeza.

– Entendo. Se um dia quiser ir atrás deles, conte comigo. - Ele sorrio. - Eu te ajudo.

– Bom, vou indo. - Falei me levantando.

– Espera - Ele segurou minha mão. - Eu te levo.

– Não precisa. - Me levantei e sai andando. Cheguei até o portão da pista e então o ouvi gritar.

– Foi bom falar com você, até que em fim baixou as armas. - Ele gritou.

– Quem disse que eu baixei? - Respondi séria e sai caminhando na chuva.

Dia seguinte...

Eduardo Narrando

Era mais de meia noite e essa noite eu não sai. Estava deitado na cama e confesso que não consegui tirar a Bia da cabeça, pensei no dia em que a conheci, nos foras que ela me dá e na nossa conversa de hoje. Como eu não á conheci antes? Afinal a família que ela foi adotada é conhecida da minha família, e eu não lembro de ter visto ela antes. Adormeci pensando nela.
Acordei atrasado e sai correndo pela casa atrás das minhas coisas, era todo dia a mesma coisa, eu sempre perdia as chaves, o celular, o sapato.

– Mãe, cadê meu sapato preto? - Gritei enquanto olhava em baixo da cama.

– Se você guardasse saberia onde está. - Ela falou em um tom bravo.

– Tá, tá. - Resmunguei.

– Seu sapato está dentro do armário. - Beta falou entrando no meu quarto e juntando minhas roupas jogadas.

Beta é a governanta, na verdade ela é como uma babá-faz-tudo. Ela cuidou de mim e Mathias quando pequenos e até hoje é como nossa segunda mãe.

– Já falei que você é um amor Beta? - Dei um beijo na bochecha dela e sai correndo.

No caminho deixei Mathias na esquina do colégio e infelizmente não vi Bia hoje, de certo ela já estava na escola. Sai cantando pneu e fui a mil pra empresa.

Beatriz Narrando

– Que horas são? - Perguntei sonolenta.

– Hora de acordar Bia - Cris falou abrindo as cortinas do quarto.

– Que merda. - Resmunguei indo pro banheiro.

Tomei um banho, fiz minha higiene e coloquei o maldito uniforme. Tomei café e Vivi, Cris e eu fomos caminhando pro colégio.

– Não queria trabalhar hoje. - Resmunguei baixo.

– Não vai ué. - Vivi falou baixo.

– Ata, aí aquele dragão convence o Mário a me mandar embora e eu vou viver nua e passando fome por ai né, porque dinheiro pra comprar roupa e comer não terei. - Falei rindo.

– Ah então vai trabalhar ué. - Vivi revirou os olhos e Cristina riu.

Fomos a pé até o inferno.

– Bom girls, até o intervalo. - Cristina falou indo em direção a sala dela.

– Até. - eu e Vivi respondemos juntas.

Ano passado nós três estávamos na mesma sala e então a diretora não aguentava nossa união e nesse ano separou nós três, está cada uma em uma sala. O que eu achei muito injusto, já que a Polly e suas seguidoras descerebradas estão todas na mesma sala.

Estava em uma aula chata de matemática e escondido coloquei um dos fones no ouvido. Meus pensamentos voaram longe e eu comecei a pensar no dia anterior que eu contei da minha vida para o boyzinho. Não acredito que dei essa moral, agora o cara vai colar em mim achando que já é meu amiguinho. - Sou muito burra mesmo. - Sussurrei.

– Dona Beatriz, você poderia me dizer a resposta do que acabei de perguntar? - O professor falou me chamando a atenção e todos da sala me olharam.

– Pode repetir a pergunta? - Perguntei educadamente.

– Não, agora tira esse fone do ouvido e presta atenção na minha aula. - Ele falou bravo.

– Sabe, tua aula é muito cansativa, nem que eu tivesse prestando atenção saberia a resposta. - Todos me olharam assustados e eu sorri irônica.

– Saia da sala agora. - O professor gritou.

– A verdade dói né. - Falei olhando nos olhos dele e sai da sala.

– Menina atrevida. - Escutei ele falar assim que saí.

Andei pelos corredores da escola, bebi água, escutei música e finalmente o sinal bateu e eu retornei a sala. Todos me olhavam e cochichavam.

– Bando de bundão mesmo. - Falei baixo e me sentei.

O restante das aulas passaram até que rápido, o professor de matemática me chamou na sala da diretora depois do intervalo e eu nem sei o que eles falaram, ativei o meu foda-se e entrou por um ouvido e saiu pelo outro.

Sai da escola, almocei em casa e fui pra loja. Hoje seria um longo e cansativo dia ao lado da Marta dragão.

– Pra que tanto pó assim fia? - Falei olhando Marta se maquiar no espelho da loja.

– Me erra pirralha. - Ela falou irritada.

– Pra esconder as crateras que tu tem na cara né. - Dei risada.

É sempre assim, Marta deve ser uns três anos mais velha que eu e sempre nos alfinetamos e ''brigamos'' na loja. É claro que quando meu patrão está nós nem nos falamos.

Hoje eu não iria pra pista, estava cansada e com muita fome, resolvi que iria direto pra casa. Cheguei em casa e coloquei um shorts curto jeans e uma blusinha preta que deixava minha barriga de fora.

– Tá toda piriguete hein Bia. - Vivi falou me olhando e riu.

– Aham, peguei essa blusa no seu guarda-roupa, afinal a única aprendiz a piriguete aqui é você. - Falei rindo.

– HAHA. - Cris gritou. - Toma Vivi, toma. - Ela falou apontando o dedo pra Vivi e rindo.

– Engraçadinha demais você, zangão. - Vivi me olhou com cara de deboche.

– Zangão? - Perguntei olhando de canto pra ela.

– Chata, preguiçosa, ignorante, irônica. - Vivi falou me encarando.

– Sua bitch. - Sai correndo em direção a Vivi e pulei em cima dela derrubando-a no chão. - Agora você vai implorar para que meus dedos zangados parem. - Comecei a fazer cócegas nela e ela gritava pedindo pra parar. - Agora você vai sentir o poder dos zangadinhos. - Falei rindo descontrolada.

– Montinho. - Cris gritou pulando em cima de nós.

– Cris você vai me matar levanta. - Vivi gritava e ria ao mesmo tempo.

– Não Cris, continua aqui. Vamos amassar a Vivi até ela virar papel. - Gritei rindo.

– Se a Vivi virar papel, eu bolo ela e fumo todinho. - Cris falou rindo.

– Sua maconheira. - Falei rindo.

– As vezes não faz mal né. - Cristina respondeu rindo.

Amizade igual há delas eu nunca tive e nunca terei igual, nós éramos como irmãs e não importava se um dia mandamos uma se ferrar ou tomar no Tobias, no outro dia estava aquela irmandade de novo.


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