Por favor, não se apaixone por mim escrita por AninhaL


Capítulo 3
Capitulo 2




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Beatriz Narrando

Chegamos no Ralf e eu fui logo mandando um 360º.

– Anda desde quando? - Um dos garotos perguntou me olhando.

– A bastante tempo já. - Sorri sem mostrar os dentes. - E você quem é mesmo? Sofro de perda de memória recente, já me esqueci do nome de vocês. - Sorri estreito.

– Juca. - Ele riu sem graça.

– Ah, é. - Ajeitei os cabelos – Sabe andar? - Perguntei empurrando a Judith (nome que apelidei meu skate) na direção dele.

– Lógico. - Ele respondeu colocando um pé em cima do skate. - Posso?

– Pode, mas vai com carinho, é o meu bebê. - Respondi olhando em seus olhos, um tanto quanto MUITO MARCANTES.

– Pode deixar, vou pegar leve. - Ele falou enquanto ia pro Ralf com a Judith nos pés.

Sentei a onde o pessoal estava e fiquei observando Juca. Ele parecia ser o mais gente boa entre os garotos.

Eduardo Narrando

Por baixo daquele jeito marrento, tinha uma garota doce, eu sentia isso. Ela despertou uma curiosidade em mim, curiosidade de saber quem ela era.

Bia estava sentava na ponta de um dos bancos que havia no pátio do Ralf. Estava ventando muito e ela era a única sem blusa de frio.

– Não está com frio? - Perguntei sentando ao lado dela. Ela me olhou e não respondeu. - E então? - Questionei de novo esperando uma resposta.

– Se eu tivesse com frio teria trago uma blusa, não acha? - Ela respondeu seca sem me olhar.

– Sei lá, talvez tenha esquecido. Posso te emprestar a minha. - Falei tirando a jaqueta.

– Olha, essas coisas devem funcionar com as putas que você transa, mas comigo não rola, beleza. - ela respondeu seca e levantou indo em direção ao Juca.

– É Duda, hoje não é o seu dia. - Mathias falou batendo de leve nas minhas costas.

– Todo dia é o meu dia maninho. - Respondi irônico.

– Duda não leve a mal, Bia é assim mesmo, ela é brava e irônica. Seca então nem se fala, mas no fundo ela é legal, é que ela ainda não te conhece e tal. - Viviane falou baixo para que apenas eu a ouvisse.

– De boa, ainda vou conquistar ela. Digo, conquistar a confiança dela. Eu não entendia porque ela me tratava tão seca, sendo que com os outros ela já estava amolecendo.

– Juca, pira nessa aqui então. - Bia falou dando uma manobra muito louca.

– Puts! Bia humilha geral mesmo. - Vivi gritou.

– Exagerada! Nem é Vivi. - Ela respondeu rindo.

O resto do tempo que passamos ali, a galera toda ficou andando de skate e zoando, e eu fiquei sentado observando tudo, principalmente ela.

Dia Seguinte...

– Mathias, aquela Bia estuda com você? - Perguntei durante o café.

– Sim, mas ela nunca fala com ninguém além da Vivi e Cris.

– Entendo. - Falei interessado.

– Pra você ter uma noção, ontem foi a primeira vez que ela falou comigo, e olha que eu sempre estou com a Cris e a Vivi, já fui até no apartamento delas e a Bia nem saía do quarto. - Ele respondeu dando uma colherada no seu cereal.

– Bem na dela então. - Comentei baixo e pensativo.

– Bastante. - Ele respondeu se levantando da mesa. - Aí! To indo.

– Vou te levar. - Falei dando o ultimo gole no meu café e vestindo a camiseta.

– Se a mamãe te pega sentado na mesa sem camiseta, você já sabe o drama que rola.

– Ah relaxa maninho. Vamos logo. - Peguei as chaves do carro.

Beatriz Narrando

O despertador começou a tocar as 06:00Hrs em ponto.

– Inferno. - Praguejei batendo no despertador e me levantando.

– Todo dia a mesma novela. - Cristina entrou rindo no quarto.

– Eu odeio aquela escola. Tudo e todos dentro dela. - Respondi me arrastando pro banheiro.

Tomei um banho, coloquei calça jeans, a blusa do uniforme e meu all star azul. Soltei os cabelos e me maquiei. Não importa onde, mas eu sempre estou de maquiagem preta e cabelo solto. Ele serve como um escudo, me escondo atrás dele.

– Você não vai com o uniforme Bia? Vão te dar advertência de novo e você já tem vários delas, vai acabar sendo expulsa, não se esqueça que somos bolsistas, é uma tolerância a menos. - Cristina falou me olhando.

– Mas que bosta, não quero ir com esse uniforme ridículo. - Apontei pro uniforme dela já em seu corpo e me joguei no sofá.

– Vai agora trocar de roupa. - Cris mandou autoritária.

– Já vou. - Bufei e entrei no quarto.

Cristina é um ano mais nova que eu, mas sempre foi como uma irmã mais velha pra mim, sempre a respeitei e a obedeci, afinal ela e a Vivi eram como umas irmãs pra mim, minha família.

O maldito do uniforme era uma saia xadrez vermelha, um casaquinho vermelho e uma blusa branca com o brasão do colégio. Era ridículo e me lembrava aquelas séries juvenis bem toscas da Disney.

Coloquei o uniforme e meu coturno preto, baguncei os cabelos e sai do quarto.

– Assim está melhor. - Cristina me olhou e sorrio.

– Já disse que odeio aquela escola?

– Já sim, todos os dias. - Viviane respondeu enfiando uma bolacha na boca.

Saímos nós três de skate. Quando chovia nós íamos de ônibus, mas em dia ensolarado vamos de skate ou a pé mesmo.

Chegando no colégio, Mathias e o irmão convencido estavam parados próximo ao portão. Junto a eles estavam umas patricinhas baba ovo.

– Olha quem está vindo ali, a noiva cadáver. - Poliana falou quando eu ia passando por eles.

– Ah, desculpa Polly. - Falei irônica - Esqueci seu café da manhã em casa, te juro que eu juntei bastante milho pra ti, mas sou muito esquecida sabe, amanhã trago sem falta querida. - Sorri falso e continue caminhando.

– Oi. - O irmão do Mathias falou me olhando com um meio sorriso.

– Aff, não trouxe ossinho também. Mas morde a Polly, só tem osso e verme naquele bagaço. - Apontei pra Poliana que me olhava com raiva. Revirei os olhos e entrei dentro da escola.

Eduardo Narrando

– Ela está sempre assim de mal humor? - Perguntei olhando ela entrar.

– Sempre. - Poliana respondeu. - Ela é uma grossa, metida a macho. Credo!

– Hum. - Fingi não estar interessado.

– Hoje a Bia veio de saia. - Um garoto comentou com outro enquanto passava por nós e iam em direção a ela - Belas pernas Bia - Eles falaram juntos e eu por impulso olhei pras pernas dela.

– Belas mesmo. - Falei baixo e observei ela caminhar.

– O que? Belas? Hein? - Poliana perguntou confusa.

– Nada não Polly, pensei alto. - Pisquei.

Viviane Narrando

As aulas passaram lentas e sem graça. Mathias me contou que o irmão dele perguntou sobre a Bia e até quis vir trazê-lo hoje para vê-la.

– Vivi. - Michael me chamou. - Vai querer aquele bagulho? - perguntou-me com o embrulhinho na mão.

– Vou! Vai ser a ultima vez. - Falei apreensiva.

– Você falou a mesma coisa da outra vez. - Ele falou me olhando.

– Mas agora é sério. Me passa logo essa merda e não conta pra ninguém.

– Beleza. - Ele me entregou o embrulho tão pequeno quanto uma borracha e voltou pro seu lugar na sala.

Eu encarava aquele embrulhinho e meu corpo todo estremecia, as palavras da lousa pareciam pular em cima de mim, ficando todas fora de ordem. Eu precisava dela, URGENTE.

– Professora posso ir ao banheiro? - Perguntei agitada.

– Pode sim. - Assim que a professora autorizou eu sai disparada direto para o banheiro feminino. Me tranquei no ultimo vaso e olhei por de baixo da porta para ver se não estava vindo ninguém. Então peguei um pouco da branquinha em baixo da unha e aspirei tudo sem remorso.

Algumas imagens do orfanato vieram na minha cabeça, mas meus pensamentos foram atrapalhados quando ouvi um barulho no banheiro. Subi logo em cima do vaso sanitário.

– Vocês viram como a Bia é ridícula, tratou super mal o cara mais gatinho do pedaço. - A garota falou. Com aquela voz estridente e enjoada, só podia ser POLIANA.

– Ela é tão brega - A outra respondeu e as duas riram.

Elas ficaram mais um tempo ali falando da vida dos outros e então o sinal pro intervalo bateu e elas saíram, desci do vaso e ajeitei o uniforme.

– Merda. - Falei baixo guardando o embrulhinho dentro do sutiã.

Assim que sai do banheiro dei de cara com o Mathias

– Tá tudo bem Vivi? - ele me olhou.

– Tá, tá sim. - Respondi atropelando as palavras e me afastei dele. Esbarrei em um garoto e me sentei em um banco próximo a cantina.

Beatriz Narrando

Fui a última a sair da sala de aula, peguei meu celular e fones de ouvido e fui em direção a Cristina que me esperava na porta.

– Bia. - ela gritou. - Vai logo amiga, estou com fome. - Ela me apressou com as mãos.

– Vamos. - A puxei pelo braço.

Sentei em um banco em baixo da árvore central e Cristina foi comprar algo pra comer. Procurei Viviane pelo pátio e vi ela sentava próximo a cantina. Parecia tão frágil, parecia estar passando mal.

– Vivi, você está bem? - Perguntei me ajoelhando na frente dela.

– Estou um pouco enjoada, mas acho que é fome. - Ela respondeu de cabeça baixa.

–Vai comprar algo pra você comer.

– Não dá, eu gastei meu dinheiro. - Ela respondeu baixo.

– Espera aqui, eu vou lá comprar algo pra você. - Falei me levantando e indo em direção a Cristina que estava na fila.

– Que houve com a Vivi? - Cristina perguntou olhando ela sentada de cabeça baixa no banco.

– Disse que passou mal porque tá com fome. - Respondi roendo as unhas distraída.

– Ela sempre gasta o dinheiro dela e eu nunca vejo ela com nada novo. - Cristina falou pensativa.

– Vai saber, deve gastar com bijus, sei lá. - Cuspi um pedacinho de unha. - Ela adora bijouteria, deve ser com isso mesmo que gasta.

– Bia para de comer unha. Olha! - ela pegou minha mão e puxou para vê-la. - Está no toco já, horrível amiga.

– Não vejo necessidade em ficar com a unha enorme, acaba quebrando e enroscando em tudo. - Dei de ombros e passei na frente dela na fila.

– É bonito e feminino. - Cris retrucou olhando suas unhas medianas.

– E desde quando eu ligo pra isso Cris? - Olhei de canto e dei risada. - Eu quero é que se foda! Eu não ligo em parecer feminina, se quiserem achar que sou lésbica, que achem. - Dei risada e pedi um salgado pra moça da cantina.

– Você é tão grossa Beatriz Chaddad, tenho até medo. - Ela riu e fomos caminhando juntas até Vivi.

– Aqui. Come tudo. - Falei entregando o salgado na mão dela. Ela olhou pro salgado com nojo e pegou ele na mão.

– E tá grávida é, Vivi? Andou transando com quem? - Cristina falou rindo.

– Tá louca Melinda? Eu não saio transando com qualquer um que nem você. - Ela falou irritada e se levantou se afastando de nós.

– Eita, o que deu nela? - Falei olhando ela se afastar nervosa.

– Fogo no Tobias, conhece? - Cristina respondeu seca.

– Ficou brava? - perguntei olhando-a.

– Não ué, por que ficaria? Eu saio transando com qualquer um mesmo, ela não falou nenhuma mentira. - Cristina me olhou séria e logo começou a rir.

– Você é uma bitch, Cristina. - Falei pulando em cima dela.

– Eu sei. - Ela riu alto e me abraçou.

– Que lindo, demonstrando afeto homossexual em público. - Poliana falou se aproximando de nós.

– Sim Polly, estava aqui dizendo o quanto amo a Cris - Falei rindo. - Se você estiver afim de aventuras novas, me liga. - Pisquei. Eu e a Cristina saímos rindo da cara de nojo que ela fez - Essa garota é uma intrometida. Quando morrer vai precisar de três caixões. - Falei boquiaberta.

– Três? Como assim? - Cristina me olhou confusa.

– Um pra ela, um pra língua dela e outro pras mentiras que ela conta. Até parece que esse projeto de verme já viajou todo o Brasil como ela diz, ela mal vai até a cidade vizinha Cris, sério. - Falei rindo.

– Você é hilária. - Cris ria descontrolada. - Três caixões, que besta isso Bia.

– Só falei a verdade.

Escutamos o sinal para retornar a sala.

Faltava meia hora para o sinal da saída bater, eu batia com o lápis na mesa ansiosa pra sair daquele inferno.

– Está nervosa Bia? - Uma garota que sentava na minha frente perguntou.

– To louca pra ir embora, isso sim. - Respondi, intediada.

– Entendo. - ela falou me olhando. - Posso te perguntar uma coisa? - Ela me olhava atentamente.

– Sim. - Fui curta com a resposta para não dar muita confiança.

– Você tem algo contra mim? Sei lá, sempre me olha de cara feia. - Ela falou baixo e aparentando medo na voz.

– Nem te conheço, não poderia ter algo contra quem não conheço. Pra falar a verdade nem quando chamam seu nome na chamada eu presto atenção, estamos no meio do ano e eu não sei como se chama. Desencana, eu sou assim, não costumo distribuir sorriso pra quem não conheço. - Assim que terminei de falar o sinal tocou e eu sai deixando-a sozinha na sala.


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