Como eu disse, muitos garotos do colégio fizeram questão de aparecer lá em casa naquela tarde para demonstrar sua preocupação... e aproveitar para me encher de doces, flores, ursinhos e essas coisas que gente doente recebe no hospital.

A diferença é que eu não estava mais no hospital, e não tinha me machucado tanto. Talvez tenha sido só desculpas para me presentear, já que a Mi disse que sou “a garota mais linda do colégio”. Difícil para mim acreditar nisso, mas continuando...

Em meio as campainhas tocadas, três me encheram de felicidade naquele dia, a primeira foi no meio da tarde: Eliza apareceu.

- Boa tarde, senhorita voadora!

- Boa tarde, Eliza!

- Como você se sente?

- Mal, por estragar a festa que vocês prepararam...

- É bom que se sinta mesmo! Deu um trabalhão!

- Desculpa...

- To brincando garota! Não se preocupe com isso... o importante é que você está bem! Além disso...

Eliza foi interrompida pela campainha, minha segunda visita feliz.

- Mi!!

- Alice!! – Me abraçou forte, como fez no dia anterior ao descobrir que era o meu aniversário. – Eu vim assim que pude! Você está bem?

- Parece que eu não estou bem? Não vou morrer por causa de alguns arranhões!

            Apresentei Mi e Eliza. As duas realmente se deram bem, na verdade, imaginei se alguém não se daria bem com Mi. Ela éuma pessoa tão boa e fácil de lidar.

- Então, Mi... eu estava falando com a Alice, que nós podíamos fazer nossa própria festa para comemorar o aniversário dela, já que ela se detonou na festa de ontem!

- É uma ótima ideia! – falou Sophia, que apareceu de algum lugar.

- Eu também gostei... – falou Mi, com os olhos já brilhando.

- Eu nunca posso dar minha opinião aqui, né?

            Mas aquele dia foi extremamente divertido. Adorava esse tipo de coisa. Enquanto continuarmos vivendo, sempre há uma chance de ser feliz. No fundo eu sabia disso, mas a dor das minhas perdas falou muito mais alto na minha última manhã de vida...

Porém, não falarei sobre isso agora. Tudo em sua hora.

Nós comemos até estourar e ainda sobrou comida. Dançamos, e até Natalia se juntou a nós. Fizemos guerra de travesseiros. Entramos na internet e vimos muitos vídeos engraçados!

- Vocês podiam dormir aqui! Faz anos que não fazemos uma festa do pijama! – Sophia sugeriu.

- Adorei! Vou ficar. Amanhã é domingo, então não tem problema! – Disse Eliza animadíssima com a ideia.

- Ahn... eu não posso ficar... Para falar a verdade, preciso ir agora.

- Porque, Mi?

- Tenho que fazer algumas coisas em casa...

- Ah... ta bom, então... nos vemos segunda no colégio?

- Claro.

Quando Mi se foi, não paramos de nos divertir. Já anoitecia.

            Natalia começou historias de terror, no escuro do quarto com lanternas. Eu, me tremia toda. Morro de medo dessas coisas. Interessante falar isso agora que eu sou uma fantasma.

E então, a campainha tocou novamente. A minha terceira visita.

- Eu atendo! – Falou Sophia, já correndo em direção a porta.

Um ou dois minutos depois, ela veio me chamar com um sorriso nada inocente no rosto.

- Alice, é para você.

Fui devagar para a sala de estar, meu coração pulou ao vê-lo.

Por favor, não me abandone agora, pois finalmente cheguei ao meu romance. Sei que posso ter falado muito, gente morta pode ser bem tediosa. Mas se escutar minha historia até o fim, prometo ensinar-lhe algo de forma sincera. Adoro sinceridade.

Espero que continue em minha companhia, agora é que minhas memórias se resumirão no sentimento de amor inacabável.

Com vocês, Alex Ford!

- Como você está, Alice?