Já devo estar te cansando. Desculpe, espíritos já não sabem mais o que é isso. Desculpe atrapalhar-te, mas a história de uma vida é longa. Lógico, estou resumindo. Continuarei a resumir. Ainda não me abandone.

As horas, os dias... infelizmente, tudo passa muito rápido quando você está muito feliz.

Claro que não foi diferente comigo.

Poderia passar horas aqui, contando os dias em que saímos juntos, em que fomos ao cinema, em que nos encontramos com outros amigos...

Mas eu acho que para você, saber que eu fui feliz junto da pessoa que eu amo é suficiente, preciso continuar com a minha história.

            Agora, é importante.

A luz do sol pela manhã me acolheu aquele dia ao sair de casa. E a brisa me beijou docemente, meus cabelos, a barra do vestido branco. O trajeto não era longo: atravessar uma rua, a casa em frente era o objetivo. Ainda assim, a ansiedade de vê-lo era tanta que pareceu uma eternidade.

No entanto, não corri. Havia algo de belo naquela vontade que transbordava em meu coração. Além do mais, não era para vê-lo que estava indo para aquela casa. Precisava falar com Eliza sobre os exercícios de férias que o professor de física havia passado. – ele não podia ter férias tranqüilas se não deixasse seus alunos atarefados enquanto deveriam estar aproveitando, enfim – a campainha foi tocada.

- Quem é?

- A-alex... sou eu!

- Li? – Ele abriu a porta. Eu podia vê-lo todos os dias, ainda assim meu coração pulava todas as vezes... sabia que continuaria assim para sempre.

- Oi!

            Ele chegou perto, me deu um abraço. – Oi.

- A Eliza ta aí?

- Não... todos foram a praia, não faz muito tempo. Tava com sono, por isso não fui.

- Ah, então... tudo bem, acho que eles vão demorar, então de noite eu volto.

- Espera – ele segurou meu braço, me fazendo corar com a ação repentina. – Entre... fica aqui comigo.

Como, eu pergunto, eu poderia negar algo a ele?

Impossível.

Não conversamos muito quando entrei... ele me beijou antes que eu pudesse pensar que estávamos sozinhos ali.

Logo aprofundou um beijo... de uma forma que ele nunca havia feito. Me assustei um pouco, mas me senti bem. Olhei nos seus olhos e eu pude ver o desejo dele. Fechei os olhos, me entreguei.

“Se for com ele... está tudo bem”

Serei breve.

Eu não sabia muito bem o que fazer. Só sabia que era tão perfeito. O sentimento, o prazer, o meu Alex... sim, naquele momento eu o tinha só para mim.

 Era algo simplesmente belo.

Eu posso dizer... passei o resto do dia sorrindo.

Ele foi o meu primeiro.

Estávamos deitados. Eu o abraçava, sua pernas ainda tocavam as minhas. Que sentimento maravilhoso, queria sentir isso todos os dias.

- Alex... casa comigo?

 Silencio.

 – Ah, me desculpa... é um pouco precipitado, eu só to brincando. – Eu disse, corando novamente.

- Não, é que... é, é um pouco cedo...

- Tudo bem, tudo bem... não se preocupe...

- Mas eu não disse que não.

            Por que ele sempre fez questão de me encher de esperanças?

Fui para casa, feliz como nunca. Cheguei ao meu auge, com ele. De prazer e felicidade. Não tinha como amar tanto assim.

Eu casaria. A qualquer dia, qualquer momento... eu sei que sim.

Naquela noite chamei Eliza lá para casa. Contei tudo.

Quando penso assim, começo a achar que meu terceiro maior erro foi a minha felicidade descomunal.