Lembranças escrita por Candy


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Bom pessoas em primeiro lugar gostaria de pedir desculpas , por demorar tanto tempo assim para atualizar a fanfiction .Tenho que admitir que metade desse capítulo já estava pronto a muitooo tempo ,mas não estava com tempo para o terminar !!
Espero que gostem, e desculpem mesmo pela demora!!
Beeeijos e comentem ,afinal os seus comentários me incentivam a continuar escrevendo!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/609191/chapter/39

PDV Daniel

Odiava o cheiro de hospitais.

Uma mistura de ar condicionado e um suave toque de álcool ou talvez seja formol .Não sei definir ao certo,mas é um odor muito distinto,único.

 Que não me remetia há lembranças boas.

Passaram-se anos desde que me vi sentado em uma cadeira como essa,esperando noticias de um amigo que não sobreviveu,mesmo sem perder uma gota de sangue ou sofrer um acidente grave ,o coração de Harry parou,não agüentou o excesso de álcool misturado a cocaína .Me fazendo enxergar como o ser humano é frágil.

O hospital podia ser diferente, Chuck não era Harry,ele não cheirava pó ,ou bebia de maneira descontrolada ,mas ele estava ferido e havia perdido tanto sangue,que  foi inevitável  não relembrar as palavras do medico que declarou óbito,ao meu amigo de infância.

Respiro fundo,tentando eliminar  esses pensamentos da minha cabeça.Mas o cheiro estéril fez o meu estomago revirar e o gosto da bile subir para minha boca.Eu não agüentava mais,já fazia horas que eu estava sentado nessa maldita cadeira a espera de uma misera informação sobre Chuck, precisava urgentemente de ar puro.

—Senhor Grey.-Chamou Webber,ao me ver levantar.-Já podemos ir para casa ?

O segurança não havia me deixado um instante sozinho desde que chegamos ao hospital.

—Não-Nego com a cabeça ,sentindo meu estomago se agitar novamente.-Eu apenas preciso de ar .

Sem dizer uma só palavra ele se levanta,com a intenção claramente de me acompanhar.

—Não você vai ficar aqui e aguardar noticias do Harry...-Ordeno,me atrapalhando com as palavras.-Noticias do Chuck.-Corrijo,apertando minhas mãos em punhos.-Eu preciso ficar sozinho por um instante.

—Infelizmente isso não será possível.-Replicou o segurança calmamente.-Tenho ordens diretas de não tirar meus olhos do Senhor.

—Que ótimo.-Ironizo,andando em direção até a saída do hospital,com Webber a tiracolo.-Você vai ficar aqui.-Aponto um banco de madeira vazio,que estava quase ao lado,das portas de vidro magnéticas da clínica.-Se alguém chamar pelos familiares de Chuck,você poderá ouvir.-Observo as opções de lugares a minha volta e encontro um ,a três bancos de distancia.-Eu vou estar bem ali.

Webber assente e senta a onde foi mandado,por enquanto que  me dirigia até o limite de distancia que eu podia ficar do segurança.

O banco já estava parcialmente ocupado,por uma mulher na casa dos quarenta anos,ela não ficou feliz de ter que o dividir comigo,afinal tinham outros disponíveis a nossa volta . Mas eu apenas ignorei esse fato e fechei os meus olhos respirando o ar puro,para tentar acalmar o meu estomago e agora sim dar um jeito nos meus pensamentos .

Harry não era Chuck

Chuck não terá o mesmo fim do Harry

Harry não é nada parecido com Chuck

Chuck não é nada parecido com o Harry

A minha linha de raciocínio é perdida quando sinto o atrativo cheiro da nicotina.Nunca optei  pelo o cigarro,sempre preferia a doce e tranqüilizante maconha,mas a simples idéia de tragar algo agora fez o meu corpo tremer em êxtase.

Abro os olhos e encontro a mesma mulher fumando ao meu lado.

—Quanto você quer pelo o maço de cigarro e o isqueiro?-Pergunto no impulso ,já tirando a carteira do bolso.

—Vá se ferrar.-Replicou ela com uma voz rouca,tipicamente de uma pessoa que fuma já há um bom tempo.

—Isso esta bom para você?-Mostro uma quantidade significativa de dinheiro,que fazem seus olhos até brilharem.

—Isso é serio?-Ela questiona,me observando com se eu fosse um louco.

Apenas assinto com a cabeça, e a mulher ainda de boca aberta, me passa o maço de cigarro,com o isqueiro,pega o dinheiro e sai praticamente correndo do banco,com medo talvez de eu mudar de idéia.

O maço não estava completo,mas isso não importava,afinal eu só precisava tragar um pouco para me acalmar.

Acendo o primeiro cigarro e o levo até minha boca,fazendo o ritual já tão conhecido.Fecho meus olhos e trago bem lentamente.Deixando a nicotina invadir meu corpo.

O gosto da maconha era muito melhor, a sensação que a maconha dava era extremamente mais prazeroso,mas só de estar finalmente tragando algo,fazia o meu corpo relaxar.

Solto a fumaça pela boca,me deliciando com a sensação.Talvez eu fosse a porra de um viciado,mas que se foda,eu podia ter morrido hoje ,se não fosse por Webber eu estaria morto,ou passando por uma cirurgia como o Chuck.

Eu merecia relaxar, e por agora só sentir a sensação maravilhosa da fumaça entrando no meu organismo.Meus pulmões já estavam fodidos mesmo.

Dou uma nova tragada no cigarro,aproveitando cada segundo.Eu sentia mais falta de fumar,do que da própria cocaína.Como isso era possível ?

Termino o primeiro cigarro e já acendo outro.Não permitindo meu  cérebro de pensar em algo que não fosse o prazer que eu estava sentindo por tragar algo novamente.

Mesmo de olhos fechados eu sabia que alguém havia sentado ao meu lado,no primeiro instante eu simplesmente ignorei,mas o perfume floral estranhamente familiar,logo chegou até meu olfato.

Dei uma ultima tragada no cigarro,antes de o jogar no chão e encarar minha mãe.

Ana não estava sozinha,Christian estava de pé a sua frente,ambos me encaravam em um silencio desconfortável.

—Quem vai ser o primeiro a dar bronca?-Ironizo,brincando de ascender e apagar o isqueiro na minha mão. 

—Como você está?-Pergunta Ana,analisando o estado da minha roupa coberta pelo sangue de Chuck.

—Bem,afinal não fui eu que levei um tiro.-Dou de ombros e acendo um novo cigarro.Mas Christian o tira da minha boca antes de eu dar uma boa tragada.

—Você não me parece bem.-Replica Christian seriamente.

—Tem sangue de Chuck pelo o meu corpo,meu melhor amigo esta passando por uma cirurgia,ainda não consegui falar com minha namorada,alguém poderia ter acertado uma bala bem no meio da minha cabeça.-Digo palavra por palavra,olhando em seus olhos.-O que você esperava? Me encontrar cantando com os passarinhos,como em um musical idiota da Disney?

Ana se joga em meus braços me apertando com tanta força,que eu mal conseguia respirar.

—Tudo vai ficar bem.-Replica ela chorando baixinho.-Tudo vai ficar bem.-Repete,não sei se para mim ou para ela mesmo.

—Vamos para casa.-Manda Christian,sem emoção alguma em sua voz.

—Não eu vou ficar com Chuck.-Digo determinado.-Ele não tem família aqui e eu não vou o deixar sozinho.

—Você precisa relaxar ,descansar querido.-Ana se afasta um pouco,para poder me encarar.-Você passou por muitas emoções hoje,ficar aqui não vai lhe fazer bem.

—Eu relaxo fumando.-Pego um novo cigarro e o acendo.

—Não,você se engana dessa forma .-Afirma Christian.-Você quer fumar,tudo bem.Mas no que essa merda vai te ajudar?-Replicou,deixando transparecer toda a sua  frustração, desespero e ódio em sua voz.-Vamos para casa,você toma um banho,come  algo e se quiser mas tarde você volta para dormir como acompanhante do Chuck.

—Além do mais nos já ligamos para o pai dele.-Conta Ana,fazendo carinho pelo o meu rosto.-No máximo até amanhã ele deve estar aqui.

Eu duvidava muito disso,afinal Chuck e o pai não tinham os melhores dos relacionamentos. Chuck nasceu no Texas,seu pai,Peter, é um grande fazendeiro além de ser o governador do estado.Quando ele tinha seis anos,sua mãe fugiu com o seu professor de ioga e não demorou muito para Peter se casar de novo com uma mulher dez anos mais nova e que odiava meu amigo. Seu pai não pensou duas vezes em escolher sua esposa ao invés do filho. Com oito anos Chuck veio morar com o seus avos maternos em Port Angeles,pessoas  de classe media que nunca aceitaram o dinheiro que  Peter mandava.Até hoje Chuck,só usou o dinheiro que o pai manda todo mês, para pagar a faculdade,pois não conseguiu uma bolsa e sua avó hoje sozinha não conseguiria pagar a faculdade mais moradia, e mesmo assim meu amigo se martirizava por isso,afinal ele odiava tudo o que fosse relacionado ao seu pai.

—Vamos para casa querido?-Propõe Ana novamente,me estendendo a mão.

—Eu vou voltar para passar a noite com o Chuck.-Afirmo me levantando do banco e jogando o cigarro no chão, não sem antes dar uma boa tragada no mesmo.

—Tudo bem.-Concorda Christian,me analisando muito atentamente.

Meu carro já estava estrategicamente parado do outro lado da rua com Webber  em seu volante.Ana foi a primeira a entrar no veiculo,eu seria o próximo se Christian não tivesse me puxado para um abraço repentino.

—Você esta vivo.-Sussurrou.-Sem nenhum machucado.-Ele falava tão baixo,que era difícil entender suas palavras.-E vai ficar bem,eu prometo.-Eu tentei dizer que eu já estava bem,mas ele não deixou.-Eu não vou falhar com você e com sua irmã novamente.-Ele me apertou com tanta força, que eu me senti uma criança em seus braços.

—Pai,é impossível controlar tudo o que acontece ao seu redor.-Christian ri sem humor .-Não se culpe pelo o que aconteceu hoje na faculdade.

—Eu gostaria de poder.-Afirmou,afrouxando o abraço aos poucos.

—Eu estou bem.-Assegurei.

Ele sorri,um sorriso que não chega ao seus olhos e faz um sinal com a cabeça,para eu entrar no automóvel.

Mas ao invés de me seguir,ele simplesmente fecha a porta do carro,e volta em direção ao hospital.

—Ele não vem ?-Questiono.

—Christian vai tentar transferir Chuck,para o mesmo hospital onde a Phoebe esta.-Contou Ana,respirando fundo.

—Como assim para o mesmo hospital que a Phoebe esta?-Repliquei receoso,sentindo um arrepio percorrer toda minha espinha.-O que aconteceu com a minha irmã?  

—Melhor conversarmos sobre isso em casa Dan.-Ana suspirou,beijando meu rosto.-Você já passou por muita coisa hoje e precisa descansar agora.

—Não.-Teimei,afinal se algo tivesse acontecido com minha irmã eu tinha o direito de saber.-O que aconteceu com a baixinha ?

Ana respira longamente enquanto olha para um ponto perdido do banco. Só fazendo meu cérebro formular mil e uma alternativas do que poderia ter acontecido com Phoebe.

Teriam invadido a escola da minha irmã também? Ela foi atingida e estava em um estado pior que Chuck? Ela havia sido atropelada por um idiota qualquer e agora estava em coma? Ou pior, ela havia sofrido um seqüestro relâmpago por enquanto que matava aula, e os assaltantes a machucaram?

 Eu necessitava saber o que tinha acontecido com Phoebe,para manter o restante da minha sanidade.

—As mesmas pessoas que organizaram a invasão na sua faculdade, também implantaram uma bomba em um carro,em frente a escola de Ebe.-Uma lagrima sorrateira desceu dos seus olhos,mas Ana fez questão de a limpar rapidamente.-Phoebe e mais seis alunos que estavam  próximos do local foram arremessados para longe,devido ao impacto.-Ela estava tentando ser forte por mim,mas minha mãe precisava chorar, precisava tirar a angustia que estava tão visível em seu olhar.

—Você pode chorar,sabe disso não é ?-Minha mãe tenta segurar o choro mais uma vez,mas quando eu a puxo para os meus braços,ela me abraça tão apertado e finalmente suas lagrimas são libertadas.

Eu estava preocupado com Phoebe,ela poderia ser a pessoa mais irritante que existia na face da terra,mas eu amava aquela baixinha intrometida.Eu precisava urgentemente de respostas sobre a minha irmã,mas Ana precisava de mim agora.

Quando chegamos em casa,subi com Ana em meu colo até seu quarto,o choro havia diminuído um pouco,mas as lagrimas insistiam em continuar a descer.

—Eu vou mandar a Gail preparar um chá para você se acalmar.-Anuncio,ao deita lá na cama.-Nesse meio tempo você pode tomar um banho.-Proponho,me lembrando do que Emma sempre dizia quando eu  estava aflito.-Não há angustia que um bom banho não leve embora.

—Isso não está certo.-Ana proclamou entre as lagrimas.-Eu deveria estar cuidando de você,não o contrario.

—Que tal assim quando você se acalmar você cuida de mim?-Proponho,limpando as lagrimas que  escorriam pelo seu rosto.

Ana concorda com a cabeça e segura minha mão,impedindo que eu me afaste dela.

—Eu te amo Daniel.-Declara entre as lagrimas.

—Eu também te amo mãe.-Levo sua mão até meus lábios depositando um beijo ali,antes de gentilmente desfazer o aperto e ir atrás de Gail.

 A casa estava silenciosa,silenciosa até de mas.As luzes do por do sol que invadiam a janela normalmente traziam alegria para o ambiente interno,mais hoje estavam tão monótonas.Nada parecia se encaixar.

Chuck passando por uma cirurgia sozinho em um hospital,Ana chorando no quarto,Christian se culpando em algum lugar de Seattle , Phoebe eu queria saber como ela estava, queria ela em casa mexendo nas minhas coisas, e Ava ela estava tão assustada a ultima fez que falei com ela eu só precisava abraça lá agora.

Respiro fundo e impeço que as malditas lagrimas caiam,eu não havia derramado uma lagrima se quer hoje e não iria ser agora que ia começar a chorar.

—Gail.-Chamo a atenção da velha senhora ao encontra lá organizando a sala de estar,mesmo sem haver necessidade.-Você poderia fazer um chá de camomila para Ana por favor ?

—É claro querido.-Replicou,dando um pequeno sorriso.-Você deseja alguma coisa também?

Era lógico que a Sr.Taylor já estava a par de tudo o que estava acontecendo.

—Não.-Nego sem reconhecer minha própria voz.-Eu vou tomar um banho,você poderia levar o chá para minha mãe?Ela esta descansando no quarto.

—É lógico.-Ela mantém a boca aberta por quatro segundos,como se quisesse perguntar algo ,porém ela apenas a fecha mantendo seus lábios em uma linha fina.-Se precisar de mais alguma coisa,não hesite em pedir.

—Eu não sei como Phoebe está.-Gail amava Phoebe,ela nunca precisou  dizer isso diretamente para eu saber.Como também não precisava utilizar das palavras ,para eu entender que ela queria noticias sobre minha irmã.-Mas quando eu ficar sabendo alguma informação sobre ela eu venho lhe contar .

—Obrigado Daniel .-Ela agradeceu com a voz falha,porém sem perder a compostura. 

Apenas assinto com a cabeça e vou para o meu quarto,tomar um banho.

O banho certamente foi longo,poder finalmente retirar o sangue do Chuck do meu corpo foi algo revigorante, mas não me tranqüilizou como eu queria.

Eu estava sentindo-me vulnerável,esperando que a água levasse os meus problemas embora,mas ela não levou.Depois de muito tempo,Ana bateu na porta do banheiro para se certificar de que eu estava bem.Forcei minha voz a parecer o mais natural possível ,ao responde lá,afinal não queria ser mais um problema  para minha mãe.  

E por mais que eu quisesse me manter em baixo da água quente,onde meus únicos problemas eram meus dedos enrugados .Me obriguei  a sair do banho, sequei o cabelo e me vesti com moletom que Ana havia deixada separada em cima da poltrona do closet.

—Me desculpe pela demora.-Anuncie ao ver Ana sentada em minha cama.-Eu precisava de um banho .

—Você está bem?-Ana não chorava mais,mas era lógico que ela estava abatida.

—Você parece mais calma.-Ignoro a sua pergunta e me acomodo ao seu lado na cama.

—E eu estou.-Confirmou,fazendo carinho por meu cabelo.-Agora sou eu que vou cuidar de você.

—Isso não é justo.-Declarei.- Eu disse que iria cuidar de você primeiro lembra?

—Eu nunca disse que essa negociação seria justa Daniel.- Ana falou para mim,seus olhos azuis,os meus olhos azuis,ainda marejados.-Então apenas deite a cabeça em meu colo e me deixe mimar meu filho um pouco.

Dei um mínimo sorriso,apreciando a idéia.Porém, por mais que eu quisesse ganhar um cafuné e descansar a mente por algumas horas,antes ,eu necessitava de noticias sobre minha irmã.

—Como a Phoebe esta?-Pergunto um pouco receoso,com medo de Ana voltar há chorar novamente.

—Em observação .-Contou,se remexendo na cama.- Ebe chegou ao hospital inconsciente,mas acordou por enquanto que os médicos  faziam a tomografia.Ela estava tão assustada,não se lembrava direito do que tinha acontecido para parar em um hospital.- Seus olhos azuis estavam apreensivos.- Os médicos disseram que sua atividade cerebral,estava constante,e que era normal em casos de traumas as vitimas não lembrarem do ocorrido.-Isso eu sabia como ninguém. – Mas é necessário esperar por 24 horas para termos certeza se esta tudo funcionando perfeitamente na cabeça da Phoebe.

—Bom,a cabeça dela nunca funcionou muito bem mesmo.-Tento brincar,para amenizar o clima pesado que estava em casa.-Acho que não tem como piorar.

—Daniel.-Ana sorri, ela não riu como eu esperava ,mas pelo menos um sorriso sincero consegui arrancar dos seus lábios.-Não se deve brincar com essas coisas.

—A baixinha é forte mãe,você vai ver amanhã ela estará em casa enchendo a nossa paciência novamente .-Assim eu esperava.

—Estou rezando para isso acontecer.-Ana confidenciou.-Acho que nunca mais vou deixar vocês saírem de perto de mim.

—Eu não me oponho a isso.-Me aconchego melhor na cama,deitando minha cabeça em seu colo, agora que eu já sabia como a Phoebe estava.-Você sabe quem fez isso?-Perguntei,temeroso.

—Não.-Ela negou,sua voz era baixa ,perdida.-Ainda não tive tempo de conversar com Christian sobre isso.

—Ele sabe quem fez isso?-Indaguei,sentindo as lagrimas acumulando em meus olhos,mas me impedi de chorar.

—Daniel,você passou por muita coisa hoje querido.-Ana replicou bem lentamente,afagando meus cabelos.-Não é bom ficar falando sobre isso agora.-Algumas lagrimas traiçoeiras escaparam dos meus olhos mesmo sem a minha autorização.-Descanse agora,chore se quiser ,tire essa angustia do seu peito.Mais tarde quando Christian chegar podemos  voltar a falar sobre isso,mas por agora só descanse querido,você precisa disso.

Não disse mais nada,apenas deixei minhas lagrimas caírem por enquanto que  Ana fazia um cafuné gostoso por meus cabelos.Aos poucos meu peito foi ficando mais leve, em compensação meus olhos ficaram mas pesados,até que por fim eu cai na escuridão da  inconsciência.

Acordei com o som de vozes ao longe ,eu queria mandar quem quer que fosse calar a boca,mas o sono já tinha passado graças ao barulho.Irritado por ter sido acordado ,abri os olhos ,encarando o lado da cama vazio.

Eu não sabia dizer que horas eram, mas arriscava dizer que estávamos no meio da noite.Não me sentia muito descansado ,mas estava relativamente mais relaxado do que quando cheguei em casa aquela tarde.

Ainda estava tentando voltar a mim,quando a porta do quarto se abriu,era Grace entrando.Ela estava seria,mas tentou disfarçar com um sorriso ao notar que estava acordado.

—Você acordou .-Ela indagou,parecendo amar aquilo.

—O que esta acontecendo lá embaixo?-Questionei,sentando na cama preguiçosamente.

—É apenas o Christian gritando com todos.-Replicou,parecendo desaprovar aquilo.-Posso acender a luz?

—Sim.-Não precisei repetir duas vezes,logo a claridade invadiu minha córnea,me fazendo piscar algumas vezes,até me acostumar com a luz.-Acho que eu dormi demais.-Resmunguei.- Que horas são?

—São apenas oito horas.-Contou,olhando para o seu relógio de pulso.-Como você está Daniel?

—Bem.-Grace,olhava para mim muito atentamente.

—Apenas bem?-Questionou,não parecendo estar satisfeita com minha resposta.-Houve um tiroteio na sua faculdade Daniel.É compreensível,não, é normal se sentir vulnerável ,ter medo . Então não esconda seus sentimentos e traumas apenas para você querido,pois,isso não irá lhe fazer bem.

—Eu pensei que você fosse pediatra,não psicóloga?-Tentei fugir do assunto,mas não deu certo.Grace apenas permaneceu em silencio ,esperanço por uma resposta .- Quer dizer,eu não fui atingido ,não tenho nenhum machucado,não tenho do que reclamar.

—Não é porque você não se machucou,que necessariamente precisa estar bem.-Replicou,indo até mim,sentando na beirada da cama.-Daniel, você não tem menos direito de sentir dor ,do que uma pessoa que esta machucada.-Falou ela bem lentamente,fazendo meus olhos arderem.-Então eu vou perguntar novamente: Como você está?

Desviei meu olhar de seu rosto passando a mirar o chão como se nele eu fosse encontrar todas as respostas perdidas do universo.Permaneci assim por algum tempo,afinal eu não sabia como responder aquela pergunta,eu nem sabia o que pensar.

 Os questionamentos de Grace desencadeavam uma angustia que eu tinha mantido preso no meu corpo durante todo o dia sem ao menos perceber. Mas que eu não poderia simplesmente liberar agora,eu ainda tinha que ir no hospital dormir com Chuck,tentar ver Phoebe e eu precisava ver Ava ou pelo menos ouvir sua voz e me certificar que minha loira estava realmente bem.

—Eu não sei.-Disse a mais pura das verdades.-Tem tanta coisa na minha cabeça agora,que eu simplesmente não sei como estou.Pode ser que quando Chuck melhorar,Phoebe voltar para casa e eu ver como Ava esta eu exploda,mas eu não sei como estou. A única coisa que eu tenho certeza no momento, é que preciso ligar para minha namorada,ir visitar Phoebe no hospital e também ficar ao lado do no amigo,pois no momento ele só tem a mim.

—Você é idêntico ao seu pai.-Resmungou Grace,revirando seus olhos.-Colocam a dor dos outros a cima da sua , desprezando a própria saúde.

—Ninguém poderá nos chamar de egoístas.-Aperto a mão de minha avó,agradecido por ela estar ali.

—Mas vocês são,e os egoístas da pior espécie ,que  se abdicam há cuidar de si próprios. -Sim,ela estava certa,nós éramos realmente egoístas,mas eu não me importava com isso. –Seria bom você procurar um psicólogo ou até mesmo um psiquiatra querido.Isso iria lhe fazer muito bem.

—Bom,agora são oito da noite,duvido que tenha algum psicólogo aberto.-Assim eu esperava,caso contrario, tinha medo de Grace querer me arrastar para uma um clinica agora.

—Apenas prometa que irá pensar no assunto.-Grace insistiu.

—Eu prometo.-Eu não sabia se cumpriria realmente essa promessa,mas me vi na obrigação de prometer isso a minha avó,devido a sua preocupação.

—Ótimo.-Replicou vitoriosa,se inclinando na cama para depositar um beijo em meu rosto.-Agora se você realmente quer dormir como acompanhante de Chuck no hospital,vá se trocar para não sair daqui muito tarde. E a propósito.-Completa Grace,com visível cautela.-Não se preocupe em falar com Ava hoje,tive que dar uma dose grande de calmantes para ela ,e duvido que ela irá acordar antes do dia amanhecer.

Meu coração perdeu uma batida.

—Como ela está?-Será que haviam machucado ela?

Não,teriam me contado se Ava estivesse machucada.

A ultima vez que escutei sua voz,ela parecia estar tão perturbada,havia  tanto medo ali,e eu não fiz nada.Eu não podia ter  há escuda ,mesmo que ela estivesse com Webber deveria ter ido ao seu encontro.

Que bosta de namorado eu sou . Nunca me perdoaria se ela estivesse com algum ferimento.

—Abalada com tudo o que ocorreu.-Contou,segurando meu rosto entre sua mão,me obrigando a encara – lá.-Mas Ava está bem,sem nenhum arranhão.-Era como se ela tivesse lido meus pensamentos.-Amanhã de manhã ,ela irá em um psiquiatra,se você quiser acompanha – lá posso te passar o endereço e quem sabe você não marca uma sessão para você também?-Insistiu ela novamente.

—Sim eu quero.-Eu estaria ao lado da minha loira.Pediria para algum dos meus amigos ficar com Chuck no hospital,para ele não ficar sozinho ,e iria ao encontro da minha namorada.-Ela está realmente bem?

—Sim querido,não tem com o que se preocupar.-Afirma.-Vou te mandar o endereço depois no seu celular,junto com o horário da consulta .  Mas eu posso te garantir a Ava está bem fisicamente e mentalmente,o psiquiatra é apenas para ajudar  no estresse que tudo isso gerou.

Celular. Olho em volta a procura do meu celular e lembrando de um detalhe muito importante.

—Eu acabei perdendo o celular no meio de toda aquela confusão.-Idiota,era isso que eu era.Como eu pude me lembrar disso só agora?Se Emma já estivesse sabendo do ocorrido,deveria ter bilhões de ligações perdidas.Eu não duvidaria se ela e Klaus,estivessem dentro de um avião a caminho de Seattle.

—Eu darei um jeito nisso.-Ela exclamou ,se levantando da cama.-Agora vá se arrumar.Gail está terminando de fazer o jantar e você não sai dessa casa sem ter comido e com um celular em mãos.

Vovó me deixou sozinho no quarto para que eu pudesse me vestir,queria ligar para Emma, mas graças aqueles filhos da puta que invadiram a faculdade teria que fazer isso depois. Então sem pensar muito,coloco a primeira roupa decente que encontro pelo caminho,faço minha higiene e desço para o primeiro andar em busca de uma alma boa que poderia me emprestar o celular,ou até mesmo do telefone fixo da casa,que eu não fazia idéia de onde ficava,uma vez que nunca precisei o utilizar.

  Mas para minha sorte ou azar,Christian e Carrick estavam na sala,parecendo ter uma discussão acalorada,mas quando cheguei mais perto,percebi que ambos gritavam com uma pessoa que estava do outro lado da linha do celular, e não um com o outro.

—Boa noite.-Comprimento,fazendo ambos me notarem.

Ambos param os xingamentos por meio minuto. A diferença foi que Carrick se afastou de Christian e meu pai continuo a xingar quem quer que estivesse do outro lado da linha.

—Boa noite garoto.-Saudou Carrick.-Como você esta ?

Eu sinceramente já estava de saco cheio de todos me perguntando isso.

Tudo bem que ele era meu avô,e estava apenas preocupado,mas isso não amenizava o fato de ele ser provavelmente a milésima pessoa a me  fazer essa mesma perguntar,apenas hoje.

—Bem.-Respondi de forma genérica e  simples,mais que ao mesmo tempo não deixava de ser verdade. –Quem vocês estão xingando?

Christian continuava no celular, porém agora seus olhos estavam vidrados em mim, acompanhando cada pequeno passo que eu dava.

—Alguns policias incompetentes,que estavam tentando invadir o quarto hospitalar de Phoebe para interroga lá, e acabaram a deixando mais nervosa do que ela  já estava,com toda aquela movimentação.-Contou Carrick irritado.- Mas não precisa ficar preocupado,Ana estava lá com Ebe e soube acalma lá,o problema é que esses merdas estão se recusando a ir embora até conseguir o depoimento de sua irmã.

—Porque ao invés de eles ficarem perturbando uma vitima ,não vão tentar descobrir os responsáveis por tudo isso?-Digo palavra por palavra ,querendo matar esses desgraçados.

—Pois são um bando de incompetentes ,despreparados para realizar o seu trabalho.-Responde Christian vermelho de raiva,jogando seu celular de qualquer maneira no sofá.-Mas minha filha eles não irão perturbar mais.

—Conseguiu os fazer ir embora?-Questiona Carrick ,visivelmente preocupado com a neta.

—Sim,graças a sua ligação ao delegado.- Indagou,bebendo um gole da sua bebida,que provavelmente deveria ser whisky. – Mas amanhã Phoebe terá que dar o depoimento,mais eu estarei presente e exigi que fossem enviados outros homens para irem falar com ela.

—Finalmente a gritaria cessou .- Replicou Grace, entrando na sala,olhando feio de Christian para Carrick.-Gail esta colocando a mesa,então Christian para de beber,Carrick se livre dessa garrafa de whisky e Daniel não ouse ir para o hospital sem antes jantar.

—Você escutou sua mãe.-Replicou Carrick,pegando a garrafa da bebida e a levando para algum outro lugar. 

Christian bebeu em um só gole o restante da bebida que tinha em seu copo.

—Isso é ridículo.- Ele disse em um tom baixo,muito mais assustador do que se tivesse gritado.-Pensei  que tinha tudo sobre controle.Mas veja onde chegamos .Meus dois filhos foram atacados e eu não percebi isso chegando.Eu devia...

—Não ,não devia.-O interrompi mesmo sem saber se ele estava desabafando com sigo mesmo,ou compartilhando suas angustias comigo .Seja qual for a opção ,o fato era que Christian achava que devia ter previsto isso.-Você não tinha como saber o que estava por vir.Tem coisas que nós não conseguimos antecipar .Então,não perca tempo se sentindo culpado por isso .Não há sentindo.Concentre-se na Phoebe e Ana é o que elas precisam.É do que você precisa.

Ele respirou fundo e fechou os olhos,por um momento pensei que ele jogaria o copo contra a parede ou qualquer coisa que estivesse a sua frente para extravasar a raiva que eu sabia que ele estava sentindo.

—O que eu preciso é matar o filho da puta que provocou tudo isso.- Ele passou a mão pelos cabelos ,respirou e inspirou várias vezes,até encontrar o controle.

—Eu posso te ajudar com isso.-Ofereço ,tentando amenizar o clima na sala.-Mas antes o que acha de irmos jantar? Grace e Carrick já devem estar nós esperando.

Porém sua reação me surpreendeu.

Assim como hoje mais cedo,sem um aviso prévio, Christian simplesmente me abraçou.Tão apertado que novamente eu me senti uma criança em seus braços.

—Obrigado.-Eu não sabia pelo o que ele estava agradecendo.Se era pelas palavras,pelo abraço ou simplesmente por estar ali.

Ao invés de responder com palavras,eu simplesmente apertei meu pai tão forte quanto ele me apertava,tentando transmitir através do meu abraço,tudo o que eu estava sentindo.

—Christian acho bom você não estar mais bebendo e Daniel espero que você ainda estava aqui.-Replicou Grace entrado na sala, parando no seu lugar ao nós ver abraçados.

—Já estávamos indo jantar mãe.-Afirmou Christian,se afastando de mim.

Grace pareceu culpada por interromper o nosso momento,ela pediu desculpas tão baixo,que tenho duvidas se foi realmente essa palavra que saiu de sua boca.

Envergonhada ela voltou para a sala de jantar mais dessa vez nos a seguimos.

Mesmo que a comida estivesse boa,o jantar não foi necessariamente agradável . Era estranho estar jantando sem a presença de Ana e Phoebe.Principalmente quando a ausência delas era devido ao fato da minha irmã estar machucada.

Parecia que ninguém estava com fome,todos comeram o mínimo possível e Christian nem se importou com isso ,para dizer a verdade,acho que ele se quer percebeu .Meu pai aparentava estar em transe,perdido em um mundo só dele ,para se importar,com qualquer coisa que não fosse seus pensamentos.

—Senhora Grey.-Chamou Taylor,entrando na sala de jantar,com uma sacola da Aplle em mãos.-A sua encomenda.

—Entregue ao Daniel,por favor.-Replicou,limpando sua boca com o guardanapo.-Obrigada Taylor.

—Obrigado.-Agradeço minha avó,pegando o celular de ultima geração .

—Ele já está conectado a um chip.-Conta o segurança,o tom de voz sempre profissional.-Não é o seu antigo número,mas quando o senhor estiver com tempo,eu levo o aparelho a uma operadora e resolvo isso.

—Não precisa se importar com isso Taylor.-O importante era que agora eu poderia ligar para Emma e Grace me enviaria o endereço da consulta de Ava.-Obrigado.

—Taylor o carro já está pronto?-Questiona Christian.

—Sim senhor Grey.

—Ótimo,partiremos daqui vinte minutos.-O segurança apenas assentiu e saiu da sala de jantar.

Taylor sempre foi muito formal, não me lembro de já ter visto o segurança rindo,ou demonstrando qualquer tipo de emoção desde que o conheci.

—Para onde você vai ?-Pergunto,curioso e ao mesmo tempo preocupado.

Com medo que Christian cometa alguma loucura.

—Ao hospital.-Ele suspirou.-Você não pensou que iria tirar meus olhos de você,Ana e Phoebe,hoje não é mesmo?

—Christian.-Chama Carrick.-Talvez seja melhor você ficar aqui hoje filho, e ter uma boa noite de sono.

—Sim.-Concorda Grace.-Daniel,Phoebe e Ana,já estarão acompanhados por seguranças.Você precisa descansar querido .-Insistiu.-Se você quiser,posso ficar para dormir com você hoje.

—Eles também estavam acompanhados por seguranças e mesmo assim minha filha está em um hospital e meu filho quase levou um tiro.-Replicou Christian,levantando-se da cadeira que ocupava e fechando o penúltimo botão do seu terno.-Daniel,eu estarei esperando no carro.

Sem dizer mais uma única palavra,Christian saiu da sala de jantar ,deixando sua mãe claramente preocupada.

—Não se preocupe,eu vou ficar de olho nele.-Digo para Grace,já me levantando da cadeira.

—Qualquer coisa nós ligue.-Instruiu minha avó.

Me despedi de ambos ,prometendo que cuidaria de Christian e fui para a entrada principal da casa,onde o Audi já me aguardava.

A segurança havia sido redobrado ,mas eu não estava reclamando.Depois de hoje,a companhia de Webber e Reynolds , sempre seria bem vinda.

Taylor como de costume dirigia o automóvel e Webber estava posicionado estrategicamente ao seu lado. Mais três carros estavam nos seguindo, e eu podia apostar que dentro deles deveria haver no mínimo mais dois seguranças.

—Pai.-Christian olhava para fora da janela,perdido em seus próprios pensamentos. Eu odiava isso,como ele se isolava toda vez que algo deva errado.Isso não fazia bem para ele, e nem para nós.-Podemos passar no apartamento de tio Elliot antes de irmos para o hospital?

Eu sabia,que minha loira provavelmente estaria dormindo,mas eu precisava vê-la ,tinha que ter certeza que ela não estava com nenhum arranhão,antes de fazer qualquer coisa. Por mais que estivesse louco para ir ao hospital,ver Phoebe e Chuck, a prioridade do meu coração era a Ava.

—Você o escutou Taylor.-Replicou Christian,ganhando um aceno de cabeça do segurança.

—Obrigado.

—Ela é sua namorada e minha sobrinha.-Falou Christian calmamente,porém seus olhos estavam escuros.-É o mínimo que posso fazer.-Ele suspirou.-Além disso,eu tenho medo de você tentar sair no meio da noite do hospital para ir vê-la.

Apenas de pensar na hipótese,de ir para algum lugar sozinho,fez meu coração acelerar.E por um momento o vislumbre do atirador ,apontando a arma para mim,acompanhado do grito de Chuck surgiu na minha cabeça.

 Me fazendo ter a certeza que por mais que eu quisesse ver a Ava ,sozinho,eu não iria conseguir.

—O que foi?-Perguntou,meu pai preocupado.

—Não é nada.-Nego com a cabeça,tentando eliminar essa lembrança do meu cérebro.-Eu apenas me lembrei de hoje mais cedo.

Christian,ficou em silencio,por um minuto analisando meu rosto .Acho que para se certificar se eu estava mentindo,ou ele apenas queria ter certeza se eu estava bem.

—Você quer conversar?-Propôs.-Comigo,ou com um profissional?

—Eu estou bem.-Garanto.-Só preciso ver Ava agora .

—Certo.-Afirmou,ainda me encarando.-Mas se mudar de idéia,não hesite em me procurar. 

Chegar ao apartamento de Ava,foi um alivio. Não só pelo fato de que eu veria minha namorada,mas sim para fugir dos olhares preocupados de Christian.

—Olá querido.-Cumprimenta Tia Kate,me dando um abraço .-Como você está? Eles não te machucaram não é?

—Não ninguém me machucou.-Afirmo,por enquanto que ela analisava o meu braço.-E a Ava está bem?

Por mais que Grace,já havia me contato como minha namorada estava.Eu não iria sossegar até ver com meus próprios olhos . 

—Sem nenhum arranhão.-Replica,Tio Elliot .-Porém,ela ficou muito abalada com todo essa situação.-Ele suspirou.-É muito bom ver que você está bem.

—Obrigado.-E em uma atitude totalmente repentina,que eu jurava que nunca iria acontecer,tio Elliot ,me abraçou . Não foi um abraço longo,mais o suficiente para eu saber que ele gostava de mim.-Será que eu poderia vê-la ?

—Ela esta dormindo.-Replicou Tia Kate.-Mas você sabe o caminho até o quarto dela não é?

Assinto com a cabeça, e vejo pelo canto dos olhos meu sogro fazer uma careta.

Tio Elliot até podia gostar de mim,mais era evidente que não tinha superado o fato de nós ter pego nus dormindo na cama de Ava ainda.

O quarto de Ava estava em um escuro profundo.

Caminho com cuidado,com medo de tropeçar em algo no meio do caminho, e me sento na beirada da cama.Era tão bom estar ali, estar com ela depois de tanto tempo,ouvir sua respiração,eu queria encostar minha cabeça em seu peito e escutar seu coração,para me certificar que ele estava realmente batendo. Mas por medo de acorda lá,me permiti fazer  apenas carinho por seus cabelos.

Eu mal podia enxergar por conta da escuridão,mas apenas de ver ela minimamente ali,aquilo me fez sorrir.

O sorriso,mais verdadeiro que dei hoje.

Eu já havia namorado antes.Mas era tudo tão diferente,eu era diferente,não era uma boa pessoa. Tenho certeza que se existir realmente céu e inferno,eu posso acabar com a fome do mundo,que mesmo assim meu nome continuará  na lista para o inferno.

Eu já fiz bullying,maltratei ,menti e machuquei muita gente.Precisei matar meu melhor amigo para ver o tipo de ser humano desprezível que eu estava me tornando.

E Cordelia,ela gostava disso.Eu gostava disso.E nós nos amávamos. Nos éramos a luz e a escuridão um do outro.

Já Ava,ela é apenas luz,não existe escuridão nela.E isso é novo,porém um novo bom. Que eu não estava disposto a perder.

E só de pensar que um desgraçado poderia ter feito algo com ela hoje,fez meu peito arder de tal forma,que eu tive medo acorda - lá com os batimentos frenéticos do meu coração.

—Eu te amo.

Não existia uma competição.Não foi como Cordelia que tivemos que dizer juntos,pois nenhum queria ceder e ser o primeiro a dizer.

Eu fui o primeiro a dizer agora,e estava feliz com isso.Não foi algo planejado,apenas saiu.

 -Eu te amo.

Repeti para a figura adormecida de Ava, depositando um beijo casto em seus lábios.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lembranças" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.