Veni Vidi Vici escrita por MB Sousa


Capítulo 6
HeartbreakCity


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo temos um flashback BOMBA esclarecendo boa parte de um dos segredos do personagem principal. Espero que gostem :3

Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=md3sGV6eUQM



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Novembro.

Não sei dizer ao certo o dia, mas definitivamente tudo começou em novembro.

Eu já estava em parte desiludido com a amizade de Gabriel, e Richard pareceu ser o preenchimento perfeito para esse vazio.

Ele era tão melhor que o Gabriel em tudo quando se tratava de amizade, eu queria ser como ele, me inspirava nele o tempo todo. Ele era bonito também, não lindo, mas bem bonito, tinha um corpo meio atlético, pele clara, cabelos e olhos castanhos. Bem comum, mas as suas atitudes o faziam extraordinário para mim.

Ele era apaixonado pela Fernanda, mas ela namorava o Gabriel, e era de partir o coração vê-lo triste por causa disso, então eu decidi que faria algo sobre isso.

Aí que a Eduarda entra, ela também estava solteira, e apesar de não fazer muito o perfil de namorar, – o que Richard queria, ele não era do tipo de só “ficar” – eu achei que haveria chances, que ela poderia mudar por um bom rapaz. Quem não gostaria de ter um cara como Richard? Bonito, honesto, nobre e cheio de valores.

Então eu os apresentei, e previsivelmente eles deram certo, mas eu me senti desconfortável desde o momento em que eles deram o primeiro beijo.

Eu tentei.

Tentei tanto...

Tentei muito mesmo ficar feliz por ele, Richard finalmente estava esquecendo a Fernanda, Eduarda estava mais mudada do que nunca, recusava meus convites para festas se Richard não fosse junto, estava sendo fiel e se apaixonando por ele, e eu gosto de acreditar que uma parte minha ficava feliz por eles, mas eu não estava tão feliz assim, eu estava sozinho.

Eu estava sozinho e irrevogavelmente apaixonado por Richard.

As memórias da noite passada permaneciam confusas para mim.

A ressaca era tremenda, eu tinha apenas uma vaga lembrança de chamar um táxi, e pagar o taxista quando cheguei em casa já quando amanhecia. Sem. Pegar. O. Troco.

Droga.

Eu não queria levantar da cama, porém, obriguei-me a ir até o banheiro e pegar um analgésico.

Eu lembrava do beijo de Amanda e Vinicius, mas agora realmente não parecia grande coisa, acho que fiquei espantado e estranho na hora porque minutos antes nós quase tínhamos nos beijado, na verdade, eu espero com todas as minhas forças que Vinicius nem lembre disso, porque não quero de jeito nenhum perder sua amizade, ele está sendo a melhor pessoa do mundo pra mim e eu não quero que ele tenha uma má impressão de mim. Até pensei em falar com ele sobre isso, pedir desculpas, sei lá. Pensei em inventar alguma desculpa para o que quase fiz, as provocações e tudo mais, mas o corte em minha perna pareceu coçar.

Lembrei de outro incidente que também fez eu perder a amizade alguém por causa da bebida, eu tinha esse lado nojento em mim quando bebia, eu me divertia e amava, mas eventualmente, em consequência de não pensar no que estava fazendo, eu acabava cometendo erros, e eu não queria que Vinicius fosse mais um efeito colateral dos meus erros.

Eu não mentiria mais. A mentira tinha me tirado tudo.

Se fosse necessária alguma conversa com Vinicius, eu falaria apenas a verdade, pediria desculpas e diria que o respeitava como amigo e que só fiz aquilo por estar fora de mim, e pediria mais desculpas e prometeria que não aconteceria de novo, e realmente não iria, eu me certificaria disso, não podia mais decepcionar mais ninguém, eu não aguentaria. Na verdade eu achava isso a pior desculpa do mundo para qualquer coisa. “Eu estava bêbado”, “Eu estava fora de mim, não estava sendo eu mesmo.” São coisas tolas a se dizer, mas inacreditavelmente, na maioria das vezes elas são verdade.

Meu celular vibrou.

Era Vinicius.

Meu coração bateu forte com medo de ler algum ultimato do tipo “Precisamos conversar”.

Vinicius: Eaí. Acordei agora kkkkkkk

Vinicius: Como tá?

O alívio tomou conta de mim.

Eu: Morto e vc? Kkkkkk

Vinicius: Fui enterrado agora pouco aushauhsa

Eu: Sinto muito ter perdido o enterro usahuashsauh

Vinicius: Perdoado :D

Eu: Hahahah

Eu: Tá a fim de fazer alguma coisa hoje?

Vinicius: To enterrado cara kkkkk

Eu: Eu sei, mas sei lá, sair pra comer algo mais tarde no shopping.

Eu: Não quero ficar em casa :(

Vinicius: Ah, tá bomm

Pensei que uma mentirinha não faria mal à ninguém, a verdade é que eu não tinha problema nenhum em ficar em casa trancado no meu quarto, mas eu realmente queria saber se Vinicius se lembrava do nosso quase beijo, e resolver isso logo, apesar de que ele parecia super normal falando comigo.

Nos encontramos no shopping algumas horas depois, minha ressaca não estava nem perto de ser curada, mas comer hambúrguer e batata frita parecia ajudar, Vinicius concordou.

— Então, você se lembra de muita coisa da noite passada? – iniciei, receoso.

— Algumas coisas, eu bebi pra caralho. – Vinicius respondeu entre uma mordida do seu hambúrguer.

— Eu também... – confirmo e espero que ele fale mais.

— A Amanda... – ele começa, mas dá outra mordida no hambúrguer para se esquivar.

— Ah, eu vi muito bem vocês dois! – falo alto rindo.

— Ai, fica quieto! – Vinicius tenta se esconder atrás do hambúrguer. – Eu estava muito bêbado mesmo.

— Tudo bem, sabe que não vou falar nada, né? – tranquilizo-o.

— Eu sei. – ele sorri detrás do hambúrguer pela metade.

— Mais alguma coisa? – instigo.

Ele parece pensar por um momento.

— Nada demais eu acho... – conclui.

Ótimo. Ele não lembra de nada. Perfeito.

Depois disso passamos mais um tempo andando pelo shopping e falando de assuntos aleatórios até que fomos cada um para sua casa, afinal, amanhã teria aula.

* * *

Essa segunda foi um dia particularmente sem graça.

Motivo: Vinicius não foi no colégio.

Bom, não foi totalmente sem graça...

Eu não havia falado com ele de manhã na internet, então já suspeitava de que ele fosse faltar, mas mesmo assim fui perguntar à Cris se tinha visto ele.

— Não veio. – ele respondeu seco.

— Ah, Okay... – não disfarcei meu desagrado para com suas atitudes comigo.

Duas coisas que não combinaram.

Ele estava sozinho, e eu não estava em um dia muito bom.

— Qual seu problema comigo, Cristiano? – eu sabia que ele não gostava do nome, e por isso usei, eu estava procurando por confusão.

— Primeiro, você me chamar pelo meu nome, o resto você quer numa lista cronológica ou alfabética?

Hum, até que ele era bom com os cortes...

— Na que você preferir, queridinho. – provoquei.

Cris então parecia não ter resposta.

— Simplesmente não vou com a sua cara. – ele responde depois de alguns segundos, então abro um largo sorriso.

— O que você disse? Ah, que você tem ciúmes do Vinicius? Ah, tá, entendi. – provoco novamente ele, sem vacilar no sorriso.

Cris fica vermelho de raiva, ou vergonha...

— Eu não tenho ciúmes do Vinicius, seu ridículo! – ele exclama, chamando a atenção de algumas pessoas à volta, o que faz ele parecer mais envergonhado ainda.

— Ah, então porque você se sente tão ameaçando comigo sendo amigo dele?

— Quem disse que eu me sinto ameaçado com... – ele me olha dos pés à cabeça com uma cara de nojo. — ...isso!

— Ninguém precisa dizer, tá na cara, Cristiano.

— Pára de me chamar assim! – ele se segura para não voar em mim.

— Se isso te fizer se sentir um pouco mais confiante, tudo bem! – o sorriso não sai nem por um segundo dos meus lábios.

— Por que você não vai falar de confiança com essas cicatrizes no seu braço, elas não parecem nem um pouco sinal de confiança. – Cris me derrotara, o sorriso some quase que instantaneamente do meu rosto, minha boca se abre como se eu fosse falar alguma coisa, mas eu não consigo pensar em nada, eu só fiquei chocado, nunca alguém tinha me exposto a verdade desse jeito, e Cris pareceu perceber sua vitória, mas não sorriu, apenas passou por mim batendo no meu ombro.

Ver minha mãe choramingando baixinho pela casa contando os minutos que meu pai voltaria e beberia, e começaria a falar as milhares de imbecilidades pela casa era torturante, mas isso foi como uma pancada de realidade na minha cara.

E Cris também tinha ficado mal com o que eu falei, ele realmente gostava de Vinicius, pelo que ele tinha me contado, eles eram amigos há uns 10 anos, e eu até que entendia ele, simplesmente chegar um estranho que começava a ficar amigo do seu melhor amigo deve ser no mínimo frustrante.

Eu fiz de novo, cometi mais um erro, as cicatrizes em minha pele realmente não eram nenhum sinal de coragem. E a mais recente, na minha perna, um lembrete dos erros que eu não deveria cometer parecia arder nesse momento. Cris não era a melhor pessoa do mundo, mas eu não devia ter puxado briga com ele, devia ter conversado sensatamente e ter tentado resolver as coisas entre nós, mas ao invés disso, o espertão aqui só piorou tudo.

Eu não era corajoso.

Eu queria ser corajoso.

Mas eu não era.

Ainda não.


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Notas finais do capítulo

Tomaraaa que tenham gostado hahaha Quero ver os comentários com as suas opiniões, viu? u.u
Beijooos e até o próximo capítulo... Dia 26/04 com uma coisa TOTALMENTE diferente :D Vejo vocês lá ♥