O Herdeiro de Odair escrita por Bru Semitribrugente


Capítulo 13
Nós e uma gravata verde


Notas iniciais do capítulo

Nossa, não consigo nem imaginar o que vai passar pela cabeça de vocês quando receberem a notificação desse capítulo.
Sim faz realmente muito tempo, faz 5 anos para ser mais exata. Não sei se alguém ainda vai ler isso, mas no momento eu preciso simplesmente desse espacinho aqui, que sempre foi onde eu me senti mais livre para ser eu mesma:
Muita coisa foi acontecendo na minha vida e acabou que escrever fanfics não era mais uma prioridade, apesar de eu sempre, sempre ter sentido falta de simplesmente escrever só por querer escrever e algo que eu realmente queira e goste.
Para a felicidade de quem muito me indicou (ou para a indiferença mesmo) eu segui o caminho da escrita, mesmo não tendo realmente escrito muito desde que prestei o meu primeiro vestibular, agora tenho 21 anos e estou me formando na faculdade de Letras. E como é muito comum de acontecer, quando a gente faz do que a gente ama nossa profissão em algum momento a gente acaba perdendo aquela coisinha que fazia a gente vibrar por dentro. E é então que aqui me encontro. Como eu disse, esse aqui sempre foi o meu espaço de liberdade, onde passei boa parte do meu ensino médio escondida por um pseudônimo e as histórias que eu amava escrever. Nos últimos anos eu fugi disso e fui para o mundo real, e tenho que dizer que não foi tão ruim, mas definitivamente não foi como eu esperava. O mais importante eu sinto falta disso, de escrever sem receber uma nota por isso (tirando que as palavras de vocês nos comentários são as notas que eu sempre amei receber) escrever algo que eu não serei julgada pelos erros de ortografia, pela estrutura textual não pensada... Sinto falta de escrever porque eu amo e não porque eu preciso. Como aqui era meu lugar seguro eu pensei que talvez se eu voltasse aqui encontrasse de volta aquela coisinha que me fazia vibrar a ponto de prestar um vestibular e dedicar minha vida a isso. Vim aqui em busca de me encontrar de volta.
Sei que vocês não querem saber da minha vida pessoal e se algum dia quiseram não devem mais, porque afinal eu deixei vocês por 5 anos, mas vou dizer algo para amolecer o coração de vocês (ou não), a primeira coisa que fiz ao entrar nessa conta depois de 5 anos (incrivelmente sem precisar pesquisar um minuto se quer na minha mente qual era a minha senha) foi ler os comentários de vocês. E foi isso e me incentivou e estar aqui hoje. Antes era tão natural, mas confesso que estou com um friozinho na barriga hoje.

Esse capitulo não é obra minha, é obra da Bru Semitribrugente de 5 anos atrás. Eu deixei esse e mais alguns capítulos guardados em uma pasta e por algum motivo nunca os postei. Espero que gostem (nossa que deja vu escrever essa frase... meu coração palpita mais rápido....) boa leitura....



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Capitulo 13

Faz quase uma semana do acontecimento na colina, mas as coisas estão tão normais quanto antes. Nenhum de nós nunca tocou no assunto, nem mesmo nos minutos seguintes, ficamos lá sentados por um tempo, vendo o sol se por, depois que ela se acalmou eu a levei em casa e nos despedimos da mesma forma de sempre, nada havia mudado a não ser o fato de que agora que o peso que ela tinha nos ombros se foi ela pode finalmente relaxar e eu fico feliz por ela.

—Não consigo acreditar que eu estou escolhendo um vestido para ir ao baile com o David! Isso é completamente insano!

Estamos no intervalo sentados embaixo de uma árvore enquanto ela folheia uma revista de vestidos que ela pegou em uma loja do centro do distrito.

—Tenho que admitir que não é uma cena que eu esperava ver.

—Argh! Eu não consigo escolher! Não tem um vestido para ir ao baile com o garoto que você já quebrou o nariz uma vez! Isso é ridículo.

—Escolha o vermelho! — Alguém diz e nós dois pulamos de susto ela derrubando a revista, olhamos para trás e David está encostado na árvore atrás de Louise.

—David! Não chegue desse jeito, eu podia ter te socado! Quer saber! Deixa para lá, chegue assim sempre que você quiser! Estou precisando treinar meu gancho de direita! —Ele revira os olhos, ignorando completamente a minha presença, como sempre!

—Como eu dizia.... Escolha o vermelho! —Ela olha para o vestido vermelho na página da revista e franze as sobrancelhas para ele.

—Por quê?

—Por que eu já tenho uma gravata dessa cor e não vou precisar comprar outra para combinar com o seu vestido! —Ele diz como se fosse óbvio e se joga ao lado dela pegando a revista e folheando.

—Meu cabelo já é vermelho, eu não vou usar um vestido da cor do meu cabelo. E principalmente eu não vou usar um vestido que você mandou usar! —Ela diz arrancando a revista da mão dele.

— Eu não seria idiota de mandar em você! Foi só uma sugestão! Vá com o que você quiser, vai estar linda de qualquer jeito! —Eu vou vomitar. Mas antes que eu fale qualquer coisa, Louise finge vomitar. — Você é garota mais esquisita que eu já conheci, qualquer uma teria derretido com essa afirmação.

—Se você quer que algo derretido devia comprar um sorvete! —Ela fala sério e depois de um tempo ele ri e os dois começam a gargalhar, ok já tive o suficiente dos dois por hoje, não anuncio minha saída, apenas deixo os dois discutindo e rindo ao mesmo tempo.

Não falei com Ariane sobre o baile desde que a convidei, minha mãe por outro lado, não consegue pensar em outra coisa, ela está feliz de novo comigo e Ariane, o jardim e o meu pai.

—Hey você! —Eu me viro e vejo Ariane vindo em minha direção. Nunca consigo não sorrir quando a vejo vindo para mim.

—Oi!

—O que está acontecendo lá em cima? —Ela diz apontando para onde David e Louise estão sentados. — Quando eu passei eles estavam discutindo sobre gravatas! Nem cheguei perto!

—Pois é, aparentemente gravatas são um assunto polêmico! —ela ri. —Você quer me dizer a cor do seu vestido para eu comprar uma gravata que combine?

—Isso existe? —Ela pergunta rindo.

—Parece que sim! —Nós rimos.

—Não se preocupe com isso. Acho que eu sou a única pessoa vinda do dois a pensar isso, mas.... Eu realmente não ligo para roupas!

—Que bom, porque eu não sei nem onde comprar uma gravata. — Ela sorri.

—Hum, falando em coisas que se colocam no pescoço.... Eu.... Você ainda tem aquele colar de pedra? —Ela pergunta corando um pouco. Eu sorrio e o puxo para fora da camisa. Ela sorri. —Eu preciso dele! —Eu levanto as sobrancelhas curioso. —Só por um dia, eu prometo!

—Por quê?

—Eu só.... Preciso!

—Misteriosa! —Eu digo rindo e tiro o colar pela primeira vez desde o dia da cachoeira. —Mas tome cuidado, tem um grande valor sentimental! —Ela sorri e cora um pouco mais.

—Eu vou cuidar bem dele. —Ficamos ali uns segundos, nos olhando e o sinal do fim do intervalo toca. —Então... até amanhã!

—Até! Boa aula! —Eu digo e a abraço forte.

—Você também.  

(...)

Termino de colocar a gravata e me sinto um ridículo com ela, será que alguém ainda usa gravata em bailes? Vou até o quarto de minha mãe perguntar se devo tirar ou deixar a gravata e quando abro a porta me deparo com roupas espalhadas por todo o quarto, roupas masculinas, roupas do meu pai.

— Mãe? — Ando pelo quarto e encontro minha mãe sentada dentro do armário agarrando forte uma camisa verde. — Mãe o que aconteceu? —Eu me abaixo e fico de frente para ela ainda dentro do armário. Seguro suas mãos e ela me olha seus olhos estão marejados.

— Se foi! O cheiro se foi! Dezoito anos depois, o cheiro dele se foi! — Ao falar isso uma lagrima cai pelo seu rosto.

— Mãe... — um momento de lucidez. Como eu pude esquecer? Hoje é o aniversário da Revolução. O dia em que os rebeldes tomaram a mansão de Snow dezoito anos atrás. E o dia em que o meu pai morreu.  Como eu pude esquecer? — Vem para cá mãe! — Eu a puxo pela mão e ela sai ainda agarrada a blusa verde. — Pensei que tivéssemos doado essas roupas há muito tempo. — Em um dos momentos de lucidez.

— Eu não podia, eu não podia, ainda tinha o cheiro dele! Agora não tem mais! São só roupas! — Ela diz e deixa a blusa verde cair no chão. — Só roupas.

— O que a senhora quer fazer com elas agora?

— Ele gostaria que fizéssemos um museu com elas! — Ela diz sorrindo. —Onde as pessoas poderiam passar a mão ou até mesmo se vestirem de Finnick Odair por alguns momentos! — Ela gargalha enquanto caem lágrimas de seus olhos.

— É, com certeza ele adoraria!

— Desculpe Finn, nós não podemos fazer isso! — Ela diz para o ar, mas não para o seu lado, como se ele estivesse ali, para cima, para o céu como se ele estivesse há quilômetros de distância, em outra dimensão, mas ainda assim pudesse de alguma forma ouvir. — Vamos colocar na doação de volta. Dessa vez de verdade! — Ela sorri para mim e começa a juntar as roupas do chão e dobrar delicadamente em cima da cama. Eu a ajudo então ela percebe minhas roupas e suspira sorrindo. — Você está lindo querido! — Eu sorrio e me arrumo para ela olhar melhor.

— Tem certeza? A gravata não é um pouco demais?

— Não. Você está perfeito! Exatamente igual ao seu pai! — Ela diz e passa a mão pelo meu rosto e vejo seus olhos marejarem de novo.

— Mãe... Eu não tenho que ir hoje. É só uma festa boba! Eu posso ligar para Ariane, ela vai entender...

— Não, não, não, não! Você vai. Divirta-se, tenha uma noite maravilhosa, deixe aquela garota incrível muito feliz quando ela te vir desse jeito. Traga-a para a família, eu estarei bem aqui quando você chegar para me contar tudo!

— Mãe...

— Vá! Eu não quero estragar a sua noite!

— Mãe você é minha noite, meu dia, minha vida!

— E você a minha! — Ela sorri e puxa minha cabeça para beijar minha testa! — E é por isso que eu quero que você vá! Eu só vou juntar todas essas roupas colocar em uma caixa e levar até o centro de caridade. Não se preocupe, seu pai me faz companhia. Agora vá! — Ela sorri para mim. — Vá! — Ela me empurra até a porta.

— Eu te amo mãe!

— Eu te amo mais! Agora vá! — Antes que ela fechasse a porta a ouço falar com alguém, pelo menos agora ela não está mais sozinha.

A última coisa que quero agora é deixá-la. Como eu pude ser tão idiota, esse foi o primeiro ano em que eu se quer pensei no segundo significado desse dia, não é um evento anual, não é como se todo o dia de aniversário da revolução minha mãe tivesse um momento de lucidez, mas acontece eventualmente, nós costumamos nos preparar para isso, para caso algo aconteça. Mas esse ano eu estava tão envolvido com essa história da Ariane e da Louise com o David que eu não pensei nisso. Me sinto o pior filho do mundo. Vou até o quarto de meus avós para pedir conselhos.

—Vovó? —eu bato na porta e ninguém responde, entro devagar. Minha avó está deitada em sua poltrona dormindo, eu vou até ela e beijo sua testa.

—Liam! —Ela diz sonolenta. —Eu peguei no sono. Seu avô já voltou?

—Não, ainda está pescando, mas já deve estar voltando o sol já se pôs.

—Oh Liam! —Ela diz percebendo minhas roupas e sorrindo. — Você está igualzinho ao seu pai.

—Sobre isso.... Aconteceu de novo esse ano vó. Você sabia que ela tinha guardado as roupas dele? —Ela abaixa o rosto e afirma. —Vó isso não é saudável para ela, você devia ter me avisado.

—Ela não estava pronta!

—Ela está lá agora dobrando tudo outra vez para doar. Ela teve que passar por isso duas vezes, ela nunca vai estar pronta.

—Ela ainda está...

—Não, ela estava falando com ele quando me expulsou do quarto. Eu não quero deixa-la desse jeito vó!

—Está tudo bem, ele está lá com ela agora, provavelmente lembrando de cada coisa que eles fizeram enquanto ele usava cada peça roupa. Eu sei que não é a coisa mais saudável a se fazer, incentivar isso, mas ela é a minha menininha, e se ela está feliz assim...

—Eu sei vó! Nós já discutimos isso milhares de vezes, se o vovô concordou então.... Não é sobre isso, é sobre eu estar me sentindo o pior filho do mundo, me preocupei tanto com o baile e eu não lembrei...

—Não ouse Liam! Você é a melhor filho que eu poderia desejar para ela. Você doou a sua vida para ela, mas você não pode esquecer de viver para você, e você merece. Não ouse dizer que você é um filho ruim, você é maravilhoso. Agora vá ao seu baile e tenha uma ótima noite, e não se preocupe sua mãe vai ficar aqui comigo e nós vamos distraí-la como sempre. Se você ficar ela vai saber que foi por causa dela e vai se sentir mal. O melhor que você pode fazer é ir! Vá! Vai Liam! Você não vai deixar aquela loirinha linda sozinha em um baile cheio de rapazes vai? —Eu sorrio.

—Qualquer coisa que acontecer me liga!

—Eu vou.

—Eu saio na hora!

—Eu sei!

—Eu te amo!

—Eu te amo! Mas se você não for agora eu vou ter que tomar providencias sérias!

—Já estou indo! — Eu digo levantando as mãos em sinal de rendição e saio do quarto, mas ainda tenho um pé atrás.

—Liam! — Ouço alguém me chamar quando já estou saindo, minha mãe desce correndo as escadas. — Você disse que não tinha certeza sobre a gravata, eu achei essa aqui nas coisas do Finn, foi do nosso casamento! — Ela diz me estendendo uma gravata verde. — É da cor dos olhos dele, e dos seus! Ele disse que talvez você quisesse... Ele quer muito que você use! —Ela diz olhando para gravata, vejo que não é exatamente ele que quer que eu a use. —Mas se você não quiser tudo bem, claro, pode não combinar com o resto da sua roupa, você se esforçou tanto com ela, claro nós entendemos...

—Mãe! —Eu digo segurando suas mãos. — Você coloca em mim? —Ela me encara e sorri afirmando. Eu tiro a gravata que estava usando e me abaixo para ela poder colocar a outra em mim. Enquanto ela dá o nó eu encaro seus olhos, vermelhos por ter chorado, mas brilhando não pelas lágrimas, consigo diferenciar o brilho de felicidade, imagino o dia do casamento deles, em um distrito que não deveria existir, com roupas emprestadas, no momento mais tenso da história do país, e o momento mais feliz da vida dos dois como um casal, que foi tão curta. Imagino onde estaríamos agora se aquele dia não tivesse acontecido, para muitos foi um evento político uma forma de mostrar a capital que apesar de tudo eles estavam bem e felizes e até mesmo se casando, mas para eles dois não era nada além da perpetuação dos votos que eles já haviam feito um milhão de vezes antes e não podiam deixar de fazer por mais nenhum.  Quando ela termina ela me olha nos olhos e poderia jurar que dentro de suas pupilas eu via a imagem de meu pai e não a minha.

—Perfeito! Agora vai. Não quero que se atrase. Ariane é uma menina de ouro não a deixe escapar! —Eu afirmo e beijo sua testa antes de sair.

(...)

A ideia de Louise era fazer com fosse o menos romântico possível, então nós combinamos de todos nos encontrar no colégio. Onde infelizmente eu teria que me sentar em uma mesa com o David.

Nós não trocamos nenhuma palavra enquanto as meninas combinavam as coisas, mas silenciosamente concordamos em nos ignorar por completo também no baile. Como para ir ao colégio eu teria que passar pela casa de Louise ela disse que me esperaria por lá e iriamos juntos. Quando cheguei ela estava sentada nos degraus da varanda da frente como de costume, mas algo que eu não esperava que ela fizesse com seu vestido de baile.

—Ok, David vai te matar! — É a primeira coisa que ela diz enquanto se levanta e vem em minha direção.

—O quê?

—Sua gravata é exatamente da cor do meu vestido! —Eu olho involuntariamente para minha gravata e ela tem razão. — Ele está reclamando há dias porque não conseguiu achar nenhuma gravata dessa cor em todo o distrito. —Eu a encaro perplexo e começamos a andar em direção a escola. —Pois é, ele tem esse instinto de distrito 2, foi por isso que escolhi esse, porque ele disse que seria impossível achar uma gravata dessa cor.

—Eu realente não estou nem aí para o que o David vai pensar da minha gravata! — Eu digo e acaba saindo mais agressivo do que eu achei que sairia.

—Nossa que bicho te mordeu?

—Desculpe! Eu não estou me sentindo muito no clima para baile!

—O que aconteceu?

—Eu esqueci que hoje não era só o dia do baile!

—Ai meu Deus, o aniversário de morte do seu pai! Eu nem pensei nisso!

—Nem eu!

—Como a Annie está?

— Indo! E eu não estou lá! Ela está lá dobrando as roupas dele para doar e eu estou aqui, usando uma delas! — Eu digo apontando para a gravata.

—Eu achei que vocês tivessem doado as roupas dele há muito tempo.

—Eu também, mas aparentemente ela guardou.

—Ai Liam!

—Ela me fez vir, óbvio, se eu ficasse ela ia ficar se culpando, mas agora eu não consigo parar de pensar nela, em se ela vai ter outra recaída enquanto eu danço uma música lenta com a Ariane.

—Ok, você deveria mesmo, ela é sua mãe, mas não se esqueça que essa não é a primeira vez que ela tem uma recaída, e não é o primeiro aniversário, já foram 18, nós sempre fazemos alguma coisa no dia da revolução, seja indo ao baile ou não. Ela vai ficar bem assim como sempre ficou, ela vai ter alguns minutos ruins como sempre têm e depois seu pai vai achar um jeito de voltar para ela como sempre volta, e seus avós também estão lá, e eles sabem o que fazer. Ela é sua mãe e ela sempre vai preferir que você fique feliz e ela sempre vai ficar feliz por você estar feliz. Quer dizer, ela fica nas nuvens toda a vez que você conta que encostou o braço no braço da Ariane durante a aula, imagine o quanto ela vai ficar feliz quando você chegar e contar e dançou uma música lenta com ela. Acredite o melhor que você pode fazer por ela agora é tentar se divertir e depois contar tudo para ela. —Eu suspiro.

—Eu sei!

—Então trate de tirar essa cara amassada daí, Ariane realmente caprichou para que tudo desse certo hoje!

—O que você quer dizer? 

—Eu não quero dizer nada! Só que ela está linda e você sonha com esse momento há anos, então pare de se culpar e só relaxe! — Eu suspiro outra vez. É incrível como Louise sempre tem razão. 

—Como você sabe que ela está linda?

—Nós fomos comprar os vestidos juntas ontem com o David.

—Eu não sei se eu estou feliz ou não por não ter sido incluído nesse... Passeio.

—Acredite, você está feliz! Eu não sabia que o David ia junto, mas a Ariane insistiu, ela disse que ele tem o melhor senso para essas coisas.

—Você acha que ele vai me fazer comer a minha gravata? —Ela ri.

—Não! Ele prometeu se comportar. Mas ele vai ficar bem irritado.

—Então meu trabalho da noite está feito.

—Eu realmente não sei qual é a dele com essa coisa de roupas. Ariane disse que sempre foi assim, que antigamente ele costumava dar notas para as roupas dela antes de saírem.

—Ele usa botas ridículas demais para alguém que se preocupa tanto com moda!

—Obrigada! Foi exatamente isso que eu disse, e ele simplesmente revirou os olhos e disse que não sabe qual é o meu problema com as botas dele.

—Então... Como ela está? — Eu pergunto corando um pouco, ela sorri e me empurra com o ombro.

—Eu não vou te falar, ela realmente se esforçou muito, não vou tirar dela a satisfação de te ver de queixo caído.

—Não seja boba, você sabe que eu ficaria de queixo caído mesmo se ela fosse usando jeans.

—David jamais deixaria isso, mesmo sendo você o par.

—Acredito que ele deve ter amado ir com a irmã escolher uma roupa para ela usar com o cara que ele odeia.

—Ele não estava feliz! Mas também não parecia estar odiando.

—É ele está levando bem a sério essa coisa de nos ignorarmos.

—Own está sentindo falta da atenção do David? —Eu a encaro.

—Nunca! — Ela ri. —Mas não posso deixar de ficar.... Não acredito que eu vou dizer isso, mas de ficar grato. Quer dizer que ele realmente se importa com você. —Ela olha para os sapatos e dá de ombros, mas posso ver seu rosto corar.

—Tanto faz!

—Você não pode negar para sempre Louise!

—Você ficaria surpreso. —Em pouco minutos chegamos ao colégio onde tem uma grande quantidade de gente parada na porta e circulando pelo estacionamento, foi difícil achar a moto vermelha, mas ela estava lá em seu lugar de costume, e em frente a ela estavam os gêmeos. Ariane estava de costas conversando com o irmão, ele nos vê primeiro e avisa a ela que se vira sorrindo e olha diretamente para mim. Não sei dizer se eu parei de andar ou se simplesmente tive a sensação de tudo ter parado, parece um clichê de filmes românticos, mas descreve perfeitamente a situação, parecia que o mundo havia parado e tudo o que restava era ela sorrindo para mim em seu vestido branco florido com os fios loiros soltos, lisos demais para ficarem presos em qualquer penteado. Mas o mundo não havia parado então sou acordado de meu devaneio quando finalmente chegamos e imediatamente Louise e David começam com o seu estranho modo de se relacionar.

—Acredito que você não vai gostar muito se eu disser que você está bonita.

—Você já me viu nesse vestido então não tem porque dizer isso já que eu sei que você não gostou desse dele.

—Eu nunca disse que não gostei do vestido. Só não disse que gostei porque eu sabia que se eu dissesse você não viria com ele.

— Então você mentiu?

—Não.

—Você disse que era normalzinho demais.

—E ele é, eu só não disse como o normalzinho ficava lindo em você!

—Ah cala a boca! —Ela diz e eles riem. Como eu disse, um estranho modo de se relacionar. Eu paro de ouvir a conversa deles e me aproximo de Ariane.

—Oi! —Ela diz ainda rindo se afastando um pouco da conversa dos dois.

—Uau! — Eu deixo escapar.

—É, realmente eles são inacreditáveis!

—Na verdade esse uau foi para você!

—Oh! Bem... — ela cora. —Obrigada! Você também está bem.... Uau!

— Ah com certeza, fiz minha mãe e minha avó chorarem antes de sair!

—Aposto que fez mesmo!

— Eu pensei em lhe trazer uma flor de pulso, mas imaginei que você preferiria que as flores estivessem devidamente plantadas e florescendo, então eu fui a feira e comprei um saco de sementes de uma flor e eu plantei em um vaso, e eu vou cuidar delas enquanto elas crescem e quando elas florescerem eu lhe dou! — Eu olho para ela e acho que vi seus olhos brilharem.

—Ai meu Deus! É sério? — Eu afirmo, ela olha para baixo e sorri e quando olha para mim novamente suas bochechas estão coradas. — Uau, nossa, eu.... Eu nem sei o que dizer, isso é....

—Um completo exagero! —Eu digo rindo.

—Não, não, de jeito nenhum! É perfeito. É que... Ninguém nunca pensou nisso. Foi perfeito Liam, obrigada!

—Imagina!

—Não, isso significa muito! Chega a ser um pouco constrangedor saber que alguém me conhece a ponto de saber que esse seria o presente perfeito!

—Isso é ruim?

—Muito pelo contrário! —Nós sorrimos e desviamos o olhar quando começa a ficar constrangedor.

—Hey nós vãos entrar ou vocês pretendem passar a noite aqui fora? —Louise pergunta. Quando eu me viro para eles percebo que David está encarando minha gravata, quando ele percebe que eu o vi fazendo isso ele se vira e cochicha alguma coisa com Louise e que ri e o empurra. —Vamos garoto-Gravata! Vocês dois também, se eu acabar sentada perto do banheiro eu mato os três!

(...)

Assim que nos sentamos eu recebo uma mensagem de minha avó, dizendo que ela estava indo com minha mãe para levar as roupas para o centro de caridade, e todos aqueles pensamentos voltam a minha cabeça.

Todos estão se divertindo, dançando e cantando. Como as pessoas podem festejar nesse dia em que tantas pessoas morreram? Concordo que o fim da ditadura da capital é motivo de celebração, mas não consigo deixar de pensar que muito se perdeu com o passar dos anos, é só mais uma festa agora, não mais um momento para lembrar o que aconteceu, se quer temos mais o discurso do diretor falando sobre a grande revolução e seus legados! Sou tirado dos meus pensamentos quando David empurra a cadeira e se levanta.

— Tudo bem, estou começando a ficar com teia aqui, vamos dançar! — Ele estende a mão para Louise.

— Eu não sei dançar! — Ela diz irritada.

— Nem eu!

— Então o que nós vamos fazer na pista de dança?

— Nos balançar para um lado e para o outro.

— Ah claro, porque como garota meu sonho mais especial é ficar com os braços em volta do seu pescoço me balançando em uma música lenta. — Ele revira os olhos e suspira.

— Eu vou para a pista de dança. E se você não vier eu vou voltar e te carregar! Então desliga a feminista por uns minutos e vem dançar comigo.

— Como é que é?

— Louise meu amor! Se eu voltar aqui para te carregar eu não vou te colocar no chão quando chegarmos lá! Pense como estarão bonitas nossas fotos dançando juntos no telão da formatura com você pendurada no meu ombro! — Ele diz então sai.

— Urgh! — Ela bufa então vai atrás dele, quando ela passa pelo meio da multidão não consigo mais vê-la. Então volto aos meus pensamentos e só depois percebo que Ariane está falando comigo.

— Como?

— Eu disse que esses dois são um casal intenso.

— Eles não são um casal.

— Você pode continuar pensando assim se quiser, mas não vai mudar o que é de fato. — Eu suspiro, é verdade, eu tento pensar o menos possível nos dois juntos, às vezes parece real.

— Você está aqui, mas não parece estar aqui!

— Desculpe, devo ser o pior acompanhante do mundo!

— Aconteceu alguma coisa?

— É a minha mãe! Hoje é um dia.... complicado para ela, para nós.

— Ai meu Deus, o seu pai, claro, foi na revolução que ele... Desculpe-me eu esqueci completamente.

— Eu tinha esquecido também. Mas ela lembrou.

— Você quer ir para casa ficar com ela?

— Ela me pediu para vir. Ela iria se sentir culpada se eu ficasse em casa.

— Bom você veio! Agora você pode voltar, eu vou com você. Estou com saudades da Annie.

— Você não se arrumou toda para ir embora sem nem dançar!

— Bom... Então vamos dançar uma música e depois a gente vai!

— Não seria nada justo com você Ari, esse é nosso último ano.

—Exato, eu já fui a todos os bailes que eu podia, esse aqui não vai ser tão diferente, a diferença somos nós! —Eu sorrio com a frase dela, com a possibilidade de haver um “nós”. Ela se levanta e me puxa pela mão eu a sigo, mas ela não separa nossas mãos depois que já estamos avançando para a pista de dança, ela entrelaça os dedos nos meus. Não chegamos a encontrar David e Louise, o que é ótimo porque eu não quero ver os dois juntos e também não quero que eles nos vejam juntos, quando chegamos a um espaço relativamente vazio ela se vira para mim, pega minha outra mão e começa a balançar meus braços para que eu dance com ela.  A música não é lenta e não sei bem o que fazer, ela ri. — É como o David disse, é só se balançar.

—Eu não sou muito bom em me balançar!

—Nem eu, então não me deixe fazer papel de boba sozinha! —Eu tento dançar com ela, mas realmente não fui feito para isso, ela ri. Então eu solto uma de suas mãos e a puxo pela cintura, ficamos colados eu a sinto ficar um pouco nervosa.

—Me sinto menos idiota assim, mesmo não sendo uma música lenta! Desculpe se as pessoas pensarem que somos loucos.

—Eu realmente não me importo, também me sinto menos idiota agora.

—Obrigado por ter aceitado vir comigo Ari, mesmo eu sendo esse parceiro cheio de sequelas.

—Obrigada por ter me convidado!

—Eu devia ter feito isso há muito tempo.

—Esse é o primeiro baile do ano!

— Eu deveria ter feito isso há muitos anos.

—Nós estamos fazendo agora, isso que importa! Se formos nos culpar os dois seriam culpados de muitas maneiras. Sempre vai ter algo que alguém poderia ter feito.

—É verdade, vamos nos focar no presente então.

—Ok! —Ela diz e chega mais perto de mim. Mesmo de sapatos ela ainda fica mais baixa que eu, sua cabeça encaixa perfeitamente no meu ombro. Ficamos ali nos balançando em silêncio por um tempo, enquanto as pessoas ao redor pulam e se sacodem ao ritmo da música e quando ela acaba uma um pouco mais lenta começa. — Pronto, podemos ir agora. —Ela diz se afastando um pouco.

—Ari nós não precisamos fazer isso, sério é o seu baile, você comprou um vestido, se arrumou, teve expectativas para essa noite...

—Liam eu não me importo com o baile, eu só vim aqui por sua causa! —eu a encaro surpreso com a revelação. —Aquele dia na sua casa, quando você me mostrou os desenhos que fez de mim e disse... e disse.... Eu devia ter dito alguma coisa, devia ter feito alguma coisa...—eu só posso estar sonhando, uma adrenalina sobe pelas minhas veias, o que ela está dizendo? —Eu devia ter dito “para mim também” ou sei lá... —ela está ficando cada vez mais vermelha e inquieta, mas só consigo pensar que está acontecendo, finalmente, está acontecendo, tento não pensar, porque com certeza me atrapalharia, então pegando toda a adrenalina que me veio no momento eu segurei seu rosto e aproximei meu rosto do dela, ela olhou profundamente nos meus olhos, suas pupilas estavam dilatadas e só consegui ver uma pequena centelha do azul antes deles se fecharem e tudo o que senti depois foram nossos lábios se encontrando. Não consigo evitar sorrir durante o beijo, um verdadeiro beijo, puro e lindo cheio de significados e palavras não verbalizadas durante todas aquelas semanas. Um beijo real, o meu primeiro beijo de fato. Não sei dizer quanto tempo durou, qual foi a sensação ou nenhuma outra informação concisa, minha cabeça estava a mil, com milhares de pensamentos e ao mesmo tempo nenhum, meu coração nunca esteve tão acelerado e eu tive a capacidade de me esquecer como se respira. Quando nos separamos o ar atinge meus pulmões com tanta força que dói, mas eu não me importo, tudo o que consigo fazer é sorrir, ela sorri também. Encosto minha tenta na dela e sorrio como o garoto bobo que sei que devo parecer agora.

—Nós estamos fazendo isso agora! —Eu sussurro enquanto recobro os sentidos, ela afirma e me beija novamente. Ficamos ali durante algumas músicas, não saberia dizer quantas, dançamos por um tempo, até nos arriscamos dançando desgovernados algumas músicas mais rápidas e depois de um tempo saímos de mãos dadas em direção a minha casa, a sensação de poder segurar suas mãos de poder passar meus braços por seus ombros enquanto falamos banalidades até chegar em meu portão foi libertadora.

Quando chegamos meus avós estavam colocando a mesa para o jantar e minha mãe estava mexendo uma panela.

—Espero que o vovô tenho conseguido pescar alguma coisa boa! Temos visita! —Eu digo quando chego a porta da cozinha, minha mãe olha direto para minha mão entrelaçada na de Ariane e dá um pequeno gritinho de emoção largando a panela. Ari cora e esconde o rosto em meu braço.

—Você falando assim até parece que eu sou algum tipo de amador! —Meu avô reclama, mas percebo seu tom de brincadeira.

—Vocês não deveriam estar em uma festa? —Minha avó pergunta sorrindo.

—Ah, a comida de lá era horrível, e nós já tínhamos feito tudo o que precisávamos lá! — Eu digo abraçando Ariane. Olho para minha família e todos sorriem para a cena, não posso deixar de corar tanto quanto Ariane. Minha mãe olha para o lado e afirmar para o vazio, então ela vem até nós e nos abraça.

—Espero que esteja com fome Ariane, papai trouxe metade do mar! —Ela diz acariciando o rosto de Ari.

—Estou faminta Annie!

—E ninguém mandou os peixes serem tão burros e não fugirem da minha rede.

—Deixe eu ajudar com isso! — Eu digo pegando os pratos de minha avó e pegando mais dois no armário.

—Você está radiante Ariane. Sabia que não deixaria as flores de lado.

Temos um jantar fenomenal. E depois fomos para a sala jogar cartas, jogamos e conversamos a noite toda, nunca vi minha mãe sorrir tanto, meus avós fizeram um interrogatório completo com Ariane. Ninguém queria terminar a noite então ela se estendeu ao máximo, meus avós foram deitar primeiro, mas já era madrugada quando minha mãe começou a bocejar.

—Está tão tarde Ari, você quer passar a noite aqui? —Minha mãe pergunta se espreguiçando. Ari fica um pouco nervosa e me encara, eu não sei o que dizer.

—Eu... a.... Se não tiver problema eu gostaria sim, não vi o tempo passar.... Se eu for agora o Liam vai querer me levar e eu vou ficar preocupada...

—Eu sei. Não tem problema nenhum! Você pode ficar com cama do Liam não é querido.

—Ah... claro! — Ai meu Deus, não acredito que minha mãe acabou de me arrumar a minha primeira noite com a Ariane.

—Você quer que eu ligue para seu pai para falar com ele?

—Não, ele não está no distrito, a festa na capital ele sempre é convidado por causa da empresa dele. Eu aviso meu irmão, não se preocupe. Muito obrigada Annie, é muito gentil da sua parte.

—Imagina, eu vou pegar um pijama meu, somos do mesmo tamanho, vai servir direitinho, não vai Finn? —Ela começa a subir, eu começo a corar.

—Ai Liam... Eu nem perguntei nada a você. Tudo bem por você.... Eu realmente não vi a hora passar.

—Claro, imagina.

—Eu sei que... pode parecer meio apressado quer dizer nós mal... nós literalmente acabamos...Meu Deus, você deve achar que eu sou uma oferecida...

—Hey! — Eu vou até ela e seguro seu rosto. —Não se preocupe eu jamais pensaria nada disso. Está realmente tarde, eu devia ter controlado melhor o tempo. Se seu pai estivesse aqui ele provavelmente iria me matar.

—Duvido, ele nem perceberia que eu não voltei.

—David não deixaria isso acontecer.

—David e eu temos um acordo de proteção mutua.

—Mesmo sendo comigo?

—Hey ele está bem melhor com relação a você! Ele nem revira mais os olhos quando eu falo de você em casa.

—Talvez, mas.... Sei lá!

—Aqui Ari, esse vai servir direitinho. —Diz minha mãe do topo da escada e nós subimos. —Sinta-se em casa, o banheiro é bem ali, tem toalhas no armário se quiser tomar um banho.

—Ok, muito obrigada Annie eu tive uma noite incrível! — Ela abraça minha mãe.

—Eu também! Boa noite! —Ari sorri para mim e vai para o banheiro.

—Obrigado mãe!

—Eu que agradeço! E amanhã você vai me contar direitinho como isso aconteceu! — Ela diz cutucando a minha barriga.

—Com prazer! — Ela olha para o lado e cora um pouco. — O que foi mãe?

—Eu não vou dizer isso a ele! —Ela diz ao vazio. —Por que não!

—O que foi mãe?

—Finn quer que eu diga... para você não fazer nada que ele não faria.

—Sério? Conhecendo a fama de Finnick Odair eu acho que um conselho melhor seria para não fazer nada que ele faria! —Ela ri.

—Ele tem razão Finn! Tenha uma boa noite meu anjo! Eu confio em você. —Ela diz e beija minha bochecha.  

—Eu sei! Boa noite mãe! —Vou para o meu quarto e tento arrumá-lo o máximo possível, não é como se eu esperasse que eu fosse trazê-la aqui, principalmente para dormir, pego mais travesseiros e cobertores e faço uma cama para mim no chão, já demos muitos passos hoje, mas não acho que seja o momento para dormirmos juntos da mesma cama, principalmente na minha cama apertada de solteiro, troco de roupa e me sento na cama para espera-la. Quando ela bate na minha porta ela está com o cabelo molhado.

—Você vai pegar um resfriado! — Eu aviso.

—Isso é mito!

—Se você quer arriscar. — Ela sorri e coloca as coisas em cima do meu criado mudo, ela faz uma pausa e pega o vaso com terra que eu deixei ali.

—Isso é....

—Sim!

—Ai meu Deus!

—Você achou que eu estivesse brincando?

—Não sei, mas sei lá, eu não estava esperando.... Uau! —Ela diz sorrindo e pondo o vaso de volta no lugar. O pijama de minha mãe coube perfeitamente nela, uma mecha de seu cabelo ficou para fora do coque que ela tentou fazer e eu o enrolo junto com o resto, ela se arrepia um pouco quando eu encosto em seu pescoço eu sorrio, e quando ela se vira para mim está sorrindo também. Ela passa a mão pela minha bochecha e entrelaça os braços em meu pescoço, eu seguro em sua cintura, isso não pode ser real, eu estou sonhando e vou acordar a qualquer momento. Ela olha para mim e sorri encabulada, imagino o que está passando pela sua cabeça.

—Isso é surreal! — Ela diz por fim.

—O quê?

—Toda essa situação, parece tudo tão natural, como se....

—Como se fosse para ser!

—É, como se sempre tivesse sido!

—Talvez sempre devesse ter sido!

—O importante é que agora é!

—Sim! Agora é! —Eu me aproximo e lhe dou um beijo delicado, ela sorri quando me afasto.

—Ei esse é novo! — Ela diz se soltando de mim e indo até a minha parede de desenhos e apontando para o mais recente, dela e de Louise rindo e combinando os planos para essa noite na cantina do colégio, e até coloquei o David emburrado no fundo. Ela ri. —Ficou incrível! O cabelo da Louise deve dar um grande trabalho.

—É sempre um desafio. Ele nunca está igual.

—O David ficou genial! —Ela ri.

—Você o avisou?

—Sim! Ah ele pediu para avisar que se você der uma de espertinho ele arranca seu...

—Anotado! —Ela ri.

—Ele só está dando uma de superprotetor, pode ter melhorado, mas é da natureza dele.

—Você contou para ele...

—Sobre nós? — Nós! Eu afirmo. —Não, deixa ele descobrir sozinho.

—E o que exatamente é esse “nós” —eu pergunto a abraçando.

—Acho que também vamos ter que descobrir sozinhos! —Ela me abraça de volta.

—Essa foi a melhor noite da minha vida! —Ela sorri e afirma, e eu sorrio também, e acho que nunca mais vou parar de sorrir.


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Notas finais do capítulo

Bom... foi isso, a B. S. de 2016 (e essa é claro) espera de coração que tenham gostado.

A fic não está terminada, tenho apenas mais alguns capítulos escondidos em um pendrive antigo, mas quem sabe não seja esse meu grande ato que vai trazer de volta a vibração para dentro de mim: terminar essa fic, afinal eu ainda me lembro de tudo o que a Bru S. de 2016 queria para essa fic. Bom não sei o que vai acontecer. Não sei se alguém vai querer ler esse capítulo, ou essa nota, ou qualquer coisa que eu escreva futuramente, mas só de estar aqui, de estar escrevendo nesse pedacinho de liberdade, já me traz de volta parte do que eu sentia e de tudo o que eu quero voltar a sentir.

Obrigada por tudo sempre.
PS: se eu receber algum comentário vou surtar de alegria (não se sintam pressionados..... ou talvez só um pouquinho)



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