O Herdeiro de Odair escrita por Bru Semitribrugente


Capítulo 11
Tarde de mais


Notas iniciais do capítulo

Ola! Só para vocês saberem eu não morri!
eu poderia ficar aqui falando do porque de tanto tempo sem escrever, mas é basicamente a mesma coisa de sempre, aquele famoso treco que sempre falta: Tempo. então ao invés de me explicar eu vou deixar vocês lerem.
capítulo simples, mas importante.
desculpem qualquer erro, estava com pressa para postar então nem revisei.



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Não consigo parar de pensar na Louise, e de como eu fui um amigo terrível, não consigo parar de dar mancada com ela, eu nunca sei o que dizer, mas quando é a Ariane parece que brota conselho, talvez seja pelo fato de os problemas dela serem mais acessíveis que os de Louise, eu não posso fazer muito com relação à família de alguém, e ela Também não é o tipo de pessoa que fica sentada contando os problemas e esperando por uma resposta milagrosa de alguém, ela nunca foi, mas eu me sinto mal mesmo assim. Então depois de deixarmos meus padrinhos na estação no dia seguinte eu vou direto para a casa dela, toco a campainha e sento nos degraus da varanda esperando.

— Hey! —Louise diz sentando-se ao meu lado. Ela parece... Diferente do que eu achei que estaria com toda essa história, mas não sei por que estou surpreso, afinal, ela é a Louise.

—Oi! Ele já foi?

—Sim, quando eu cheguei a casa ontem ele já não estava mais aqui.

—E a sua mãe?

—Ainda no quarto, eu bati várias vezes ontem à noite, mas ela não abriu. Estou tentando fazê-la sair para comer alguma coisa.

—E você?

—Eu estou aqui!

—Louise!

—Não sei o que você quer que eu responda. Odeio quando você faz perguntas vagas! —ela está sorrindo.

—Você parece bem!

—Eu estou! Desculpe por ontem, eu estava irritada e descontei em você, eu não queria gritar daquele jeito, é que... Ele ainda vai acabar me deixando louca!

—Não, eu que tenho que pedir desculpas, eu só precisava dizer alguma coisa que te fizesse se sentir melhor, ou simplesmente ter ficado ali te apoiando, mas eu não sei o que deu em mim, eu simplesmente não sei o que fazer, eu não sei como te ajudar, isso me deixa louco, porque você é minha melhor amiga e eu quero te ajudar, mas...

—Liam! Relaxa. Eu entendo, não tem muito que se possa fazer, eu só estava irritada, você já deveria ter se acostumado a isso! — ela sorri e me empurra com o ombro.

—Você está bem melhor do que eu achei que estaria.

—Queria que eu estivesse trancada no quarto chorando litros? Já basta um da família fazendo isso!

—Não, claro que não, eu só achei que... Sei lá o que eu achei! Mas que bom que você está bem, eu realmente estava me sentindo um lixo por não poder te ajudar!

—Você é tão sentimental! —ela diz rindo e me abraça.

—Para onde você foi ontem depois de gritar comigo? Eu fiquei preocupado, eu devia ter ido te procurar, mas meus padrinhos estavam lá em casa...

—Ai não acredito que eu perdi isso! Eu fui... Eu não sei para onde eu estava indo, sei que de alguma maneira meu pai me achou, então tivemos mais uma crise de gritos e acusações, então eu o mandei ir embora para a família feliz dele e ai... —ela faz uma pausa olhando para o chão.

—E ai o quê?

—Você não vai gostar!

—Você está me assustando! Você matou o seu pai? Ele te bateu? Eu vou matá-lo se ele encostou um dedo em você...

—Não... Não... Tem haver com... Com o David.

—O quê? O             que o David tem haver com isso?

—Eu só vou te contar porque todas as vezes que eu escondi alguma coisa você descobriu e eu não quero mais mentir para você. Você é meu melhor amigo e eu deveria poder contar as coisas para você, mas eu não quero que você faça nada, você prometeu que não se envolveria, lembra?

—Eu lembro Louise, mas do jeito que você está falando... O que ele fez?

—Ele me ajudou! — o quê? Sinto uma pontada de raiva no meu peito.

—Como assim?

—Ele estava passando por ali e ouviu então ele esperou até o meu pai desistir e ir embora e se aproximou de mim, eu estava tão irritada eu gritei com ele também, mas ai ele disse que poderia me ajudar, que ela sabia pelo o que eu estava passando, e que ele sabia como... Não como resolver, mas como ajudar. E eu... Eu estava tão desesperada que eu faria qualquer coisa, e minhas únicas opções eram ir com ele, voltar para casa ou ficar andando pelo distrito. Então eu fui com ele. —eu a encaro alarmado. —Ei sei, eu sei o que você está pensando, mas... Eu não sei como te explicar porque de qualquer forma você vai julgá-lo pelo o que você conhece, mas eu não acredito mais que ele esteja fazendo uma brincadeira comigo. Liam eu o conheci, principalmente depois de ontem, eu percebi que ele estava falando a verdade.

—Como você pode ter tanta certeza, ele é o David, ele tem capacidade para fingir!

—Eu sei que tem, mas ele não estava! Nem no nosso encontro, e nem ontem, o jeito com que ele me olhava... Claro que eu nunca deixarei de ter um pé atrás com ele, não sou louca, mas eu posso olhar através disso e... —acho que ela percebe a minha irritação com o assunto porque ela faz uma longa pausa e suspira. —Olha, eu quero muito te contar o que acontece comigo, mas com você me olhando como se eu e estivesse provocando o pior erra da minha vida vai ficar meio difícil.

—Louise ele é o David, e esse argumento já é válido há muito tempo, depois de todos esses anos e tudo o que ele fez... —então a conversa que eu tié com a minha mãe aquele diz, sobre a deixar ver isso sozinha, eu queria que ela me contasse para que eu pudesse protegê-la caso algo desse errado, mas eu não posso protegê-la de tudo, e eu tenho que admitir que eu nunca vi Louise desse jeito. Ontem eu estava desesperado por ser um péssimo amigo, penso em como seria para mim se eu não pudesse contar a ninguém sobre Ariane, é isso que amigos fazem, eu posso fazer esse sacrifício por ela, e assim é melhor de vigiá-lo. —Tudo bem! Eu prometo não te julgar, você sabe o que eu penso, e você sabe o que faz! Ou eu espero que saiba... Em fim, eu vou ouvir!

—O fato é que eu estou começando a ver o David além daquilo o que nós sempre vimos, principalmente por causa de ontem.

—O que aconteceu ontem?

—Ele me levou para casa dele e... Não é nada disso que você está pensando sei idiota!

—Eu não disse nada! —mas minha expressão deve ter sido parecida com a minha reação interna, que era: O QUÊ?

—Eu fiquei surpresa quando nós paramos em frente a casa dele, mas ai ele disse que ele tinha uma coisa que iria me ajudar, lá dentro, então nós subimos para o quarto dele — tento manter minha expressão limpa, mas internamente ainda possuo a minha reação anterior: O QUÊ? —Não vou ficar dando detalhes, mas o que ele tinha que podia me ajudar era um boneco de luta.

—Um boneco de luta? Claro... Ok já parei!

—Não, eu também tive a mesa reação. Ele disse que tinha passado pela mesma coisa, só que ao invés de ser outro filho era o trabalho, ele disse que Ariane não sofreu tanto com isso, afinal ela era a bonequinha da família, mas o que me surpreendeu quando ele disse isso foi que ele sempre foi superprotetor com ela, mesmo com toda a atenção que sobrava do pai ir para ela, ele não se importava com isso porque não era culpa dela, eu me identifiquei, porque apesar do meu pai ter me trocado pela Aby eu não tenho raiva dela eu quero protegê-la porque ela não tem culpa! Ele disse que me conhecia, que nós éramos parecidos, e que se isso fosse verdade eu estaria com raiva, que eu não queria ouvir conselhos ou ser consolada, que eu só queria bater em alguma coisa e extravasar toda aquela raiva e energia que estava acumulada. E era verdade, então ele me deu luvas de Box e disse que descarregar tudo no boneco, eu bati algumas vezes, mas não estava adiantando muito e ele ainda estava me provocando... Então ele colocou as luvas dele e me chamou para lutar... E nós lutamos e ele me pediu para falar enquanto lutava para direcionar tudo para os socos, e ele começou só a se defender enquanto eu atacava e gritava e o esmurrava, e quando eu finalmente acabei eu desabei no chão e eu estava... Eu estava melhor. Eu conseguia pensar melhor e ai ele veio e disse que sentia muito por fazer parte de tudo e nós ficamos lá sentados no chão — ela dá uma risada —ele ficou me zoando mostrando as parte que eu bati nele que estavam bem vermelhas, e nós conversamos sobre muitas coisas, menos sobre nossos pais, e sério Liam, era ele, era o cara das cartas! —eu a encaro. —Fala alguma coisa!

—Eu ainda não acredito que o David conseguiu te ajudar e eu não!

—Liam!

—Eu sei, eu sei. Isso era o que você precisava e eu nunca poderia fazer uma coisa dessas, eu se quer pensaria nisso. Eu entendo!

—Sério? Assim fácil? — ela pergunta sorrindo.

—É eu estou tentando me adaptar se você ficar me zoando não vai dar certo! — eu sorrio com ela. —E não posso negar que me deu um pouco de alegria você ter batido nele! —ela me empurra sorrindo. —Eu nunca te vi assim Louise!

—Não... Não fala nada! Eu prefiro não comentar!

—Ok, mas saiba que se precisar... Mas só se precisar muito! E sem detalhes... Porque né é o David...

—Eu sei! Eu entendi! Valeu! —ela me empurra sorri e deita a cabeça em meu colo. —Ai isso é tão confuso! Como as pessoas podem gostar disso?

—Disso? —eu pergunto a ela sorrindo.

—Para de forçar, eu me recuso a dizer. —ela diz sorrindo também.

—Sobre o que vocês conversaram?

—Sobre muitas coisas, histórias engraçadas da  infância, historias atuais com duas perspectivas... Ah foram muitas coisas, passamos umas boas horas lá sentados no chão do quarto dele conversando. Ai a Ariane chegou, você tinha que ver a cara dela quando ela entrou no quarto do irmão e me viu lá sentada! Foi hilário, foi um misto de surpresa com susto com admiração e sei lá mais o que, mas depois do susto inicial ela ficou bem feliz. Ela estava com o Theo trabalhando no Jardim. Ela queria ajuda com o jantar, então nós fomos para a cozinha e eu ajudei um pouco, Ariane contou algumas historias constrangedoras do David, nós rimos bastante, ai eles me convidaram para jantar, e eu pensei: nossa quando que eu imaginaria que isso aconteceria, há alguns meses eu achava Ariane metida e entojada, e o David, Deus! Só de pensar em ficar perto dele na educação física já me irritava, e naquele momento eu estava sendo convidada para comer com eles e conhecer o pai deles! E foi ai que eu me lembrei, foi a única vez que eu me lembrei dos meus pais desde a hora dos socos, eu tinha que ir para casa, então o David me trouxe, e quando fomos nos despedir... — ela fica um pouco vermelha — eu agradeci por tudo o que ele tinha feito, por toda a ajuda, pela distração, e disse que... Ah eu agradeci! E ele disse que merecia um abraço, eu concordei revirando os olhos e o abracei... —ela olha para o céu  divagando por um tempo, sorrindo um pouco para o lado, nunca, em todos esses anos eu havia a visto desse jeito. —ele estava apoiado na moto e nós ainda estávamos nos abraçando — ela começa a rir, — e ai nós tropeçamos um pouco e quase caímos— ela ri. — Foi bem engraçado! Depois nós ficamos lá, rindo e nos encarando, até que uma hora as risadas acabaram e ficou aquele silêncio constrangedor, então eu disse que o via depois e entrei, eu bati na porta da minha mãe, mas ela não quis abrir, então eu fui para o quarto e quando eu cheguei perto da janela, ele ainda estava lá e não me viu, ele sorriu para si mesmo, não daquele jeito cafajeste que estamos acostumados, foi um sorriso sincero, então ele colocou o capacete e foi embora. —ela encara o céu por um mais um grande período de tempo, então ela olha para mim. —que diabos está acontecendo?

—Você quer mesmo que eu responda?

—Não! — ela diz então se levanta limpando a roupa! —Eu tenho que tentar fazer minha mãe comer antes que ela morra e eu tenha que morar com o meu pai até os 18.

—Mas veja pelo lado bom, já está quase chegando!

—Qualquer minuto lá já seria um inferno! Vejo você na festa? —a festa da Melissa! Eu havia esquecido completamente.

—Nós vamos mesmo nessa festa ridícula?

—Sim nós vamos! Socializar lembra?

—Isso é ridículo, eu tive 9 anos para fazer isso, se não fiz até agora por que começar?

—Porque sim! E eu disse a Ariane que você iria! Ela ficou bem animada, e disse que iria te procurar! E é por isso que você vai primeiro e eu vou depois! Não sou uma ótima amiga?

— O quê? Você vai me deixar ir sozinho à primeira festa que eu vou? E se diz uma ótima amiga?

—Ariane vai estar lá!

—E se ela ainda não tiver chegado?

—Ah sei lá você espera! Melissa é amiga dela, ela com certeza vai chegar rápido! —ela diz e começa a subir.

—Eu te odeio!

—Eu também te amo! —ela me manda um beijo então entra. —Apesar de tudo, quer dizer, apesar do David, é bom ver Louise assim... Mesmo sendo pelo David!

(...)

 

— Você costuma ir muito à festas mãe? —eu pergunto enquanto ela procura em meu armário depois de eu ter dito que não iria por não saber o que vestir. Mas na verdade eu só estava dando desculpas, não estou nem ai para o que eu vou vestir!

—Não muito, só as dos Jogos Vorazes que não sei e deveria chamar aquilo de festa, e as comemorações do distrito, como a maré cheia e as de fim de ano! —ah a festa da maré cheia, era a única comemoração festiva do distrito que eu gostava de ir, era uma festa bonita comemorando a época do ano em que a maré sobe mais e as pescas são mais produtivas. —Fora essas eu e Finn evitávamos, preferíamos ficar na praia. Mas isso não quer dizer que você não deva ir!

—Se vocês não iam por que eu tenho que ir?

— Isso não é sobre nós é sobre você! Você nunca sai, nunca conversa com ninguém além da Louise e da Ariane, e as duas estarão lá.

—E mais um monte de gente com quem eu nunca vi na vida!

—Aqui! — ela diz e joga uma muda de roupa para mim! —Sem mais, você já combinou com elas, como você pretende conquistar Ariane se não fala com ela?

—Eu falo com ela mãe! Não preciso ir a uma festa para isso. Eu nem conheço a dona, eu tenho que levar um presente? Mãe? —ela apenas ri e fecha a porta. Droga, parece que eu terei que ir.

A casa de Melissa não era longe da minha, então eu acabei chegando mais rápido do que eu havia planejado. A casa dela era bem grande, mas tinha gente saindo por todos os lados, dentro parecia estar mais ainda, então eu preferi ficar fora, imaginai que se Ariane já estivesse ali ela provavelmente estaria lá dentro, mas eu não ouso entrar, tem realmente muita gente lá. Procuro o lugar com menos gente e mais próximo da entrada, assim quando Louise chegar eu a verei. A música tocava muito alta, conseguia ouvir mesmo estando bem longe de onde as pessoas estão dançando. Mesmo se eu não soubesse onde era a festa eu a teria achada com a faixa enorme cor de rosa na entrada dizendo “ Feliz 18 Mel” cheio de purpurina prateada! Tem gente para todo lado, rindo e conversando, eu os observo, pessoas que eu já vi mas nunca falei, pessoas que eu já estudei junto, mas provavelmente não se lembram de mim, alguns me encaram, outros passam reto, mas eu continuo quieto em meu canto rezando para Louise chegar logo. Seres humanos são realmente muito estranhos. Não sei quanto tempo passa,podem ter sido 5 minutos, mas para mim foram mais de 50, quando finalmente eu sinto uma mão em meu ombro, mas não era a mão que eu esperava.

—Liam! Eu não acredito que você realmente veio! —eu me viro e Melissa está ali, toda sorrisos com seu vestido cor de rosa e os cabelos negros sendo jogados para trás sem nenhuma razão aparente. Não sei o que fazer, nunca falei com ela, nem sabia quem ela era até o dia do trabalho! O que eu faço! Pensei, rápido o silêncio está ficando constrangedor!

—Ahn é, pois é. Ahn meus parabéns! —eu devo ter feito algo que sugeriu que eu iria abraçá-la porque ela vem toda empolgada e me abraça, é entranho abraçar alguém que não seja uma das minhas meninas, não sei se é isso que o faz parecer mais demorado ou se ele realmente demora, mas quando ela me solta um alívio enche meus pulmões.

—Que bom que você veio. Por que você está aqui fora sozinho? A festa está lá dentro, tem uma mesa com comida outra com bebidas, afinal já temos 18 não é? —ela ri, a risada dela é um pouco forçada, irritante. —tem também um espaço para as pessoas dançarem!

—Ah obrigada, mas eu prefiro ficar aqui esperando a Louise! —sua expressão é de decepção.

—Ah claro! Louise vem, afinal nunca os vi separados não é? —ela ri forçada de novo para disfarçar, não sei o que dizer, o que eu faço? Um silêncio começa a se formar, onde está a Louise? Eu vou rebaixá-la para algo menos que melhor amiga, como ela pode me deixar aqui sozinho? Tento pensar rápido, algum assunto qualquer assunto e tudo o que eu consigo pensar é naquela faixa que está refletindo no meu olho.

—Bela faixa! —eu digo apontando.

—É... Pois é! — ela cora um pouco, mas parece lisonjeada por eu ter feito algum comentário. —Minha mãe... Ela se sentiu mal porque na época em que eu era debutante nós não pudemos fazer a festa e ai ela... Resolveu compensar agora, eu tive que fazê-la desistir do pôster em tamanho real meu!

— chamaria bastante atenção!

—Com certeza! —silencio de novo. Por um longo período.Não sei o que fazer.

—Ahn... Você não precisa ficar aqui comigo, é a sua festa tenho certeza de que você tem coisas melhores para fazer.

—Não, que isso! Eu nunca te vi em festas, então não vou te deixar sozinho, principalmente na minha festa, eu fico aqui com você até a Louise chegar. —eu sorrio, mas eu estou surtando por dentro. —E eu nunca te disse como você revolucionou o meu trabalho, eu não fazia ideia do que eu estava fazendo, mas você conseguiu concertar, muito bem!

—Não, foram as outras pessoas que o pegaram, quando chegou em mim já estava basicamente pronto, eu só apresentei.

—Se de algum crédito, a apresentação foi a melhor parte! — ela diz tocando meu braço e olhando em meus olhos, quando foi que ela ficou próxima o suficiente para conseguir me tocar? E por que ela ainda está me tocando? Como eu a faço parar? Se eu fingir um desmaio ela teria que me largar! Mas também acabaria com toda a festa. O que eu faço? Cadê a droga da Louise?

—Hey Mel! —nós dois olhamos para trás e lá está Ariane, com seu vestido florido e o rabo de cavalo deixando a marca de nascença a mostra. Ela me vê e sorri para mim, um sorriso de verdade, original, e surpreso, acho que ela realmente não me esperava aqui. Ela se aproxima sorrindo para mim. —Oi! Não é que você veio mesmo? — ela diz e me abraça, forte e esse abraço eu não tenho a menor pressa de largar, e parece que realmente demora bastante.

—Pois é! Acabei vindo. —eu digo quando nos soltamos.

—Estou realmente chocada! — nós ficamos um bom tempo ali sorrindo um para o outro, então Melissa faz algum movimento que nos trás de volta a consciência de sua presença, nós dois a olhamos e ela não está nada feliz! —Ahh Mel! Sua mãe está louca atrás de uns pratos de porcelana. Ela não consegue achar em lugar nenhum da casa e pediu para ver se você sabia onde eles estão.

—Ah claro, os pratos eu esqueci completamente deles! Eu vou lá antes que ela pire de vez. —então ela se vira para mim e volta a sorrir. —Obrigada por ter vindo, divirta-se. —então ela se vira e vai embora para dentro da casa. Então Ariane começa a rir.

—O quê? O que foi?

—Desculpa! Desculpa! Sério desculpa, acho que atrapalhei o clima de vocês?

—Você está brincando? Eu estava a ponto de fingir um desmaio, dei graças aos céus quando você a chamou.

—Sério? Você fingiria mesmo um desmaio?

—Eu não sei, talvez! —ela ri. —Como você sabe que ela...

—Ah por favor. Eu sou amiga dela e não sou cega, desde o dia que você apresentou o trabalho dela ela está de olho em você. Quando ela me disse que iria te chamar para festa eu já sabia que ela tentaria alguma coisa!

—E você nem para me avisar?

—Eu não achei que você fosse realmente vir! E... sei lá, vai que você queria.

—Por favor! — fico chocado e minha cara expressão deve ter demonstrado isso porque ela parece feliz.

—Por que não? Ela é linda! —isso é um tipo de teste? Eu não falharei nele.

—Ela não faz o meu tipo! — ela ri, alto.

—Ah então você tem um tipo?

—É, eu tenho um tipo. Todo mundo tem um tipo! —eu digo sorrindo.

—Ah ok , então qual é o seu tipo? — Você!

—Eu prefiro não comentar! Cadê a Louise? Já era para ela estar aqui!

—Fujão! Liam Odair pessoal, o maior fujão de assunto.  —ela diz fazendo um cone com as mãos, algumas pessoas nos olham.

—Eu não sou fujão, só quero saber onde está a Louise. Ela disse que viria... Pare de rir eu estou falando sério! —mas eu não consigo falar sério, ela sorrindo desse jeito...

—Então... o que ela anda fazendo? Tipo sei lá, esses dias... —ela está me sondando.

—Ela me contou que ela passou o dia com o David se é o que você quer saber!

—Ai que bom, eu não queria ter que contar. E ei, eu estava lá também! Foi bem divertido.

—É ela me disse!

—Você não parece muito feliz!

—Ela está feliz então... Tanto faz para mim, eu só... Eu ainda não confio no seu irmão!

—Eu sei, eu entendo! Ela está feliz? Sério? Você não viu o jeito que o David chegou a casa ontem depois de levá-la em casa, aquilo era felicidade, foi incrível vê-lo daquele jeito. —eu reviro os olhos. —Ok, vamos falar de outra coisa então. Eu ouvi que Katniss e Peeta estavam ai ontem —eu afirmo —Como foi?

—Foi ótimo, eu adoro passar o tempo com eles, as crianças são incríveis. É sempre bom estar com eles, é uma ligação a mais com meu pai sabe?

—É, eu sei, sempre sinto isso quando vou para o 2! —ficamos um minuto em silêncio, mas ao contrario do que foi com Melissa, não era desconfortável. Então ela olha para o meu colar, que eu nunca tiro, e sorri. —Eu juro que eu estou treinando!— ela diz apontando para ele.—e até que eu estou ficando meio boa.

—Ah essa só vendo!

—Ah então é assim? — eu afirmo rindo. —Ok então! Ai meu Deus! —ela para olhando para a rua. —Eu não acredito! —eu sigo seu olhar então eu vejo a moto parando em frente à casa de Melissa com David e Louise. Todo mundo que estava ali fora olha para os dois, todo mundo está chocado. Ninguém esperava ver os dois juntos se mostrando desse jeito, nem eu!  Eles saem da moto e ela entrega o capacete para ele que pendura e se junta a ela, eles dão uma olhada em volta e ela fala alguma coisa para ele, que ri e cochicha alguma coisa em seu ouvido, ela ri e nega com a cabeça, então nos vê e começa a vir em nossa direção, David me olha revira os olhos, mas vêm com ela.

—Seria épico! —ele diz para ela.

—Seria ridículo e não vai rolar!

—E mais uma cena romântica foi esmagada por Louise Francis pessoal.

—Então pare de ser romântico, assim eu não esmago mais nada!

—Eu nunca em toda a minha vida pensei que uma garota diria uma coisa dessas, mas é obvio que Louise é diferente. Tudo bem então querida, eu serei não-romântico se é o que você deseja. —ela revira os olhos e eles chegam a nossa frente.

—Oi! —Louise me diz, David simplesmente me ignora e abraça a irmã.

—Oi?

—Eu sei eu estou meio atrasada! — ela encara o David quando diz isso, ele apenas dá de ombros, tento imaginar qual foi essa conversa interna, mas não sei se quero mesmo saber.

—Eu vou buscar alguma coisa para beber, e não vou trazer para você, já que você não quer que eu seja romântico! —David anuncia.

—Obrigada!

—Traz para mim? —Ariane pede.

—Desculpe irmãzinha! Eu estou sendo não-romântico! —ele diz então sai.

—Então... Aconteceu alguma coisa enquanto eu estava fora?

—Tirando o fato de a Melissa ter dado em cima do Liam e eu ter cortado o clima deles, não!

—Ah eu sabia que isso iria acontecer! —as duas riem!

—Vocês não têm coração, sabiam que eu não daria moral para ela, mas ainda assim você a deixou acreditar que eu daria e você me deixou vir aqui sozinho! Vocês são pessoas terríveis, ela pode ficar magoada!

—Por favor, ela é a Melissa. Tem quedas por qualquer um o tempo todo, por isso que eu nem liguei quando ela falou que estava afim de você! —diz Ariane ainda rindo.

—Eu só achei que seria engraçado mesmo! — então as duas começam a rir juntas.

—Ah que bom, as duas viraram amiguinhas ontem, que sorte a minha!

—Ah para de ser chorão! Ela nem tentou te beijar!

—Graças a Deus!

Passamos um bom tempo rindo e conversando, era ótimo ter as duas amigas uma da outra, as conversas fluíam melhor, apesar de ter o David sempre interrompendo para falar com uma delas, mas tirando isso, foi uma tarde agradável, nós sentamos em um sofá que estava perto da mesa de bebidas e ficamos conversando sobre várias coisas, Melissa não apareceu de novo, e eu nem esperava que aparecesse depois daquela cena. Estávamos nos divertindo até que David se sentou no braço do sofá ao lado de Louise, pegou o copo de sua mão e bebeu.

—Com licença, esse copo era meu! —ela diz irritada

—Ok! —ele diz devolvendo o copo a ela.

—Agora eu não quero mais, você bebeu quase tudo!

—Quase!

—Não. Agora você vai lá e vai pegar outro para mim!

—Ah agora você quer que eu seja romântico e vá pegar uma bebida para você?

—Claro você pegou a minha!

—Bom desculpe querida, mas eu estou sendo não-romântico! —ele diz sorrindo e se levantando.

—Hey volta aqui! —ela reclama indo atrás dele, então ficamos eu e Ariane no sofá, olhando de longe os dois discutindo, mas de repente nos meio da briga eles começaram a sorrir, então ele ergueu as mãos em sinal de vencido e foi buscar outra bebida para ela, todos na festa comentaram em algum momento sobre os dois, eu estava tentando aceitar, mas toda essa atenção nos dois não estava ajudando.

—Você quer fugir daqui? — Ariane sussurra em meu ouvido, meu corpo todo se arrepia.

—Por favor! —eu sussurro de volta, então nós sorrimos um para o outro e ela pega a minha mãe e me puxa para fora, não olho em volta para ver se estão nos olhando, eu não penso em nada além da mão dela segurando a minha, em como foi fácil e simples, e em como foi normal, mal senti quando ela a pegou, não senti uma faísca como achei que seria, foi muito normal, como se já estivesse acostumado a esse gesto mesmo ela nunca tendo acontecido. Ela me puxa para fora da casa, não faço ideia de para onde estamos indo, eu só a sigo. Uma hora ou outra ela olha para trás e sorri para mim, e por algum motivo eu me sinto uma criança, que estamos brincando, e eu estou feliz. Ela me puxa para fora da rua e então percebo que ela está me levando para a praia, e quando chegamos a areia ela para olhando para os pés, ela pensa por alguns segundos e me encara um pouco corada.

—Isso não vai funcionar muito bem! —ela diz apontando para os sapatos que já estavam atolados de areia, só então ela solta minha mão e se abaixa para tirá-los, e só agora que eu sinto a faísca que eu estava falando, a faísca da falta da mão dela, me abaixo e faço o mesmo para disfarçar. Quando nos levantamos de novo eu quero pegar sua mão de volta, mas não tem motivo. Ela começa a andar e eu a sigo, caminhamos em silêncio por certo tempo, fomos indo mais para dentro para poder molhar os pés nas ondas, eu fiquei mais para fora como o normal, mas ela estava bem mais para dentro, quando a anda chegava a água batia pouco acima de seus tornozelos,eu esperava que ela não percebesse essa distância, ela pulava as ondas e sorria, e me sinto novamente uma criança olhando para ela.

—Para onde estamos fugindo exatamente? —eu pergunto depois de um tempo.

—Não sei ao certo, só estou... Seguindo em linha reta! Sempre quis fazer isso, pegar uma linha reta na praia e seguir andando sempre e sempre só para ver aonde vou chegar!

—Não acaba! Sempre tem uma extensão maior de areia, até o momento em que começa a ficar curvo e deságua no mar, um mor infinito e impossível de seguir andando!

—Você já fez?

—Sim! Também era uma das minhas curiosidades, então um dia eu simplesmente saí, achei que se fosse sempre em linha reta uma hora eu estaria de volta em casa, mas não aconteceu.

—Quanto tempo demorou?

—Eu saí de manha cedo depois de ver o sol nascer e quando eu cheguei a casa de novo ele já havia se posto há muitas horas!

—O distrito é tão grande assim?

—Também fiquei surpreso, daqui parece tão pouco não é? Nós olhamos para o horizonte e pensamos que acaba naquela linha, mas ai descobrimos que a visão humana é uma mentira e que depois daquela linha tem outras mil!

—Você é tão sortudo! Eu queria poder fazer essas coisas, acordar e decidir fazer algo e simplesmente fazer!

—Você pode fazer isso!

—Não sem um grande interrogatório e no final ema proibição!

—Achei que as coisas tivessem melhorado!

—É uma montanha-russa tem seus altos e baixos. 

—Sinto muito!

—Eu também! Olha, eu não consigo nem imaginar como está sendo essa historia da Louise e do David para você, mas tem sido um alívio em casa, principalmente para mim, Louise consegue fazer aquela cabeça dura entender coisas que eu nunca consegui, ele está muito mais compreensivo, eu consigo sentar com ele e ter conversas que eu nunca achei que eu teria. E não sei se você ainda acha que é uma brincadeira ou não, mas eu posso te afirmar que não é. Ontem foi incrível. Não me lembro qual foi a última vez que aquela casa teve um clima tão bom, depois quando ele chegou em casa o sorriso dele, ele sentou comigo e conversou sobre ela, ele perguntou a minha opinião, perguntou o que eu achava dela, se eu achava que ela gostava dele. Ele nunca fez esse tipo de coisa antes. E quanto a você? Eu acho que nunca o vi ficar tanto tempo longe de você, ou sem falar o quanto sua presença é irritante, ou simplesmente me zoar por andar com você.

Eu penso por um tempo, tenho duas versões de uma mesma historia, a de Louise cheia de dúvidas e a de Ariane cheia de certezas. Não posso negar que desde de que David conseguiu chamar a atenção de Louise ele me deixou em paz, ou melhor ignorou a minha existência, mas ele não tem se importado de Ariane estar comigo, e esse foi o ponto mais alto que já atingimos com David.

—As coisas aconteceram tão rápido não é mesmo? Um dia mal nos falávamos e agora David me deixou em paz, abaixou o seu pedestal, se declarou para Louise, e ai ela começou a acreditar nele, e também tem nós... parece um pouco...

—Surreal! —eu afirmo. —É, parece mesmo, mas não deixa de ser um pouco sei lá, pode parecer bobo, mas parece um pouco mágico. Como se tivessem jogado a poção da felicidade no ar e todos a respiramos. —eu rio. Ela realmente me faz voltar a ser criança!

—É isso sim é surreal! —ela me empurra e nós rimos. —Mas eu achei que nós tivéssemos fugido de tudo isso.

—Eu sei desculpa!

—Não... Eu entendo, vocês duas! Eu não tenho mais o que dizer, eu só preciso começar a pensar nisso como realidade agora. David e Louise!

—Ah, você vai se acostumar. Eu sei do que você precisa! De um abraço!—ela vem até mim e me abraça eu sorrio e a abraço de volta, ela se desequilibra um pouco e me puxa mais para dentro da água eu a solto involuntariamente com o susto.

—Você vai acabar nos derrubando na água!

—Ah que isso é só água! —ela diz chutando a água que voa em mim.

—Pare! —eu tento dizer o mais calmo possível.

—Está com medo da água Liam? —ela diz sorrindo e chuta de novo!

—Você é uma criança! —eu digo, tentando esconder o medo que eu estou de onde isso vai parar.

—Eu sei! —ela começa a vir em minha direção sorrindo, ela pega minha mão e me puxa com força para dentro da água.

—Ariane! —a água chega e meus tornozelos se molham já estão bem longe do que o saudável!  Ela repete o gesto rindo e meu coração começa a se acelerar, não quero ser rude com ela, eu sei que é uma brincadeira, e que ela não sabe do meu histórico, mas ela está realmente me assustando agora. —Ariane, por favor, pare. Eu quero voltar seco!

—É só água Liam! —ela diz me puxando de novo, a onda chega e bate acima dos meus tornozelos, meu coração está acelerando, e ela continua me puxando mais para dentro.

—Ariane, pare! Por favor, Ariane! —não consigo mais manter o tem normal de voz, mas ela não percebe. Tento repetir as palavras dela, é só água, mas minha mente não aceita. Outra onda chega e essa bate em minhas panturrilhas. —Ariane! —quando a onda começa a recuar começa a levar a areia debaixo dos meus pés eu tropeço —ARIANE! —me solto com força dela e acabo caindo de joelhos, olho para frente vejo outra onda chegando e tento me levantar rápido me debatendo, mas acabo caindo de novo com o pânico e quando a onda me atinge não molha mais que meu antebraço, mas é o suficiente para minha mente surtar, eu me rechaço engatinhando até sair da água o mais longe que eu posso e sento na areia colocando a cabeça entre os joelhos. Não consigo imaginar quão ridícula essa cena deve ter sido, tento controlar minha respiração e acalmar meu coração, por favor eu mal entrei na droga da água! Não consigo tirar a cabeça das pernas, ela deve achar que eu sou um idiota.

—Liam? Ai meu Deus me desculpe! Você está bem? —ela coloca a mão em meu ombro. —Ai meu Deus você está tremendo! —Ótimo, não tinha percebido isso. —Liam você... você tem... Ai meu Deus me desculpe eu não fazia ideia! Eu... Liam? Por favor me perdoa. Foi brincadeira ridícula, eu me sinto uma idiota. Liam? Você está bem? —eu afirmo com a cabeça, minha respiração está voltando ao normal.

—Por favor, eu me sinto terrível!

—Eu estou bem! —eu digo ainda com a cabeça nos joelhos, ela passa a mão pelo meu cabelo. Eu levanto devagar a cabeça e olho para ela, seus olhos transbordam preocupação. —Não consigo nem imaginar o que você está pensando de mim agora.

—Eu estou pensando que eu sou uma idiota e que eu deveria ter parado quando você pediu. Me desculpe Liam!

—Tudo bem, não tinha como você saber! —meus batimentos voltam ao normal, o pânico acabou, mas a vergonha ainda está aqui.

—Mas eu podia ter visto.

—Sério, eu sei que foi uma brincadeira, e afinal que idiota tem medo do mar? Não tinha como você saber!

—Todo mundo tem medo de alguma coisa!

—É, mas nós não escrevemos na nossa testa. Pode tirar esse vinco de preocupação! —eu digo tocando o ponto em sua tenta que forma um vinco. —Eu estou bem agora.

—Eu ainda me sinto horrível.

—Está tudo bem! —eu ponho a mão na testa tentando me esconder de seus olhos. —Deve ter sido ridícula aquela cena, eu estou embaraçado!

—Por favor! Se alguém tem que ficar embaraçado sou eu! —ela diz tirando minha mão do rosto e a segurando com força. —Mas eu não entendo, quando fomos a cachoeira você nadou. Isso é recente?

—Não! É tão velho quanto eu! É específico com o mar, por isso eu gosto tanto da cachoeira, mas o mar aberto... Bom você viu o que aconteceu.

—Tem algum motivo? —eu olho para ela. —Não, desculpe, eu estou sendo intrometida se você quisesse falar já teria...

—Não, tudo bem, eu não costumo falar isso para pessoas porque é meio anormal!

—Ter medo não é anormal!

—Eu mal consigo dar três passos dentro do mar sem me apavorar e ter um surto! Isso é anormal! Não sei se tem um porquê, minha família tem uma teoria de que meu pai deveria ter me ensinado a nadar, esse era o sonho dele, e como ele não pode eu nunca consegui, e toda vez que alguém tentava eu me afogava, quase morri uma vez e foi quando minha mãe desistiu de tentar e isso surgiu.

—Eu sinto tanto Liam!

—Ei o que eu posso fazer para você entender que está tudo bem?

—Nada eu vou me sentir uma estúpida para sempre! —ela diz se jogando ao meu lado e colocando a cabeça em meu ombro, eu afago seu cabelo. Nós ficamos ali sentados na areia comigo afagando seus cabelos por um tempo, e ai o sol começa a se por. —Aquele efeito do quadro do seu padrinho que você falou! — ela diz apontando para as nuvens no horizonte.  Então eu olho para o lado e uma ideia me surge e eu falo de uma vez antes que eu resolva que é uma ideia terrível.

—Você quer ver?

—O quadro? —ela pergunta se levantando e me olhando, eu afirmo. —Agora?

—Minha casa é logo ali! — eu aponto, nem tinha percebido que tínhamos chegado tão perto. —Aposto que minha avó está fazendo café agora e minha mãe iria adorar te ver de novo,ela pergunta de você todo o dia! —ela sorri e cora um pouco, eu sei porque eu acabei de convidá-la para minha casa!

—Claro, eu adoraria! —eu sorrio e me levanto, estendo a mão para ela que se levanta também, nós limpamos a roupa e vamos em silêncio até a minha casa.

—Elas não vão se incomodar comigo aparecendo assim? — ela pergunta quando chegamos à porta.

—Claro que não. Elas sempre estão à procura de visitas! Mãe? Vó? Cheguei! —eu digo quando entramos e na hora sinto cheiro de café.—Eu disse que ela estaria fazendo café.

—Estamos na cozinha amor! —minha mãe diz.

—Venha! – vamos até lá, e minha mãe vê Ariane antes mesmo de me ver.

—Ari! —ela diz empolgada se levantando para abraçá-la. —Que saudades!

—Oi Annie! Também senti saudades!

—Ola olhos azuis! —minha avó a cumprimenta, ela a chama assim por causa dos olhos dela que foi a primeira coisa que ela conheceu por causa dos meus desenhos. Droga, os meus desenhos! Eu tenho uma parede deles! E muitos deles, são dela! Se eu correr para tirar agora seria suspeito... Mas na verdade eu não quero tirar, eu me orgulho deles, mas ainda fico nervoso de saber que ela os verá!

—Cadê a Louise? —minha mãe pergunta.

—Ela ficou na festa com o...

—Meu irmão!

—É!

—Ah! Achei que você fosse demorar mais! Festas não costumam terminar antes do por do sol!

—A senhora sabe como eu sou com festas!

—Então não tem nada a ver com a Louise e o menino? —eu a encaro e ela sorri.

—A senhora é um gênio! —eu digo beijando sua testa! Ela ri. —Vou mostrar a Ariane o quadro que o meu padrinho fez!

—Ah ela vai adorar, Peeta é um grande artista!

—Venha! —eu digo e ela a guiando até o meu quarto, evito contato visual porque sei que meu rosto deve estar uma pimenta. —Esse é o meu quarto! —eu digo abrindo a porta para ela entrar, ela parece nervosa também, mas isso não me acalma! Agradeço a Deus quando ela vai direto ao quadro sob a minha cama sem olhar para a parede de trás onde estão os desenhos.

—É esse? Meus Deus, sua mãe tinha razão! Ele é um grande artista. É lindo. Os detalhes... Como ele consegue?

—Me pergunto isso todos os dias. Vê que ele usou vários tons da mesma cor para dar o contraste de onde o sol está atingindo mais e onde está atingindo menos? Ele é genial, simplesmente genial! Queria saber fazer isso!

—Mas você também é genial, seus desenhos são incríveis. —então ela se vira para ver os desenhos, acho que ela percebeu que o que eram quando entrou, mas não tinha parado para prestar atenção, porque quando ela olha ela arqueja. Eu me viro devagar e ela está olhando deles para mim e de mim para eles! —Liam! —ela está... Não sei dizer, ela sorri e se aproxima deles, os analisando um por um. São paisagens, flores, casas, praças, campos, mas principalmente retratos, minha mãe tem muitos, meus avós, Louise e ela, ela para em um retrato dela na aula, escrevendo alguma coisa concentrada o cabelo caindo um pouco sobre o rosto. —Liam...

—Eu sei... É meio perturbador, você deve achar que eu sou um perseguidor, desculpe.

—Não! São lindos! Realmente perfeitos! É assim que você me vê? —eu afirmo. Ela sorri. —queria ser desse jeito mesmo!

—Você é!

—Não, você fez alguma coisa, eu estou bem melhor neles que na vida real. Tome cuidado, dizem que só os apaixonados fazem esse tipo de coisa! —ela diz sorrindo e volta a analisar os desenhos.

—Tarde de mais! —eu digo baixinho, mas tenho a impressão que ela ouviu, porque sinto seu corpo se tencionando e quando eu olho para ela, ela está vermelha e sorrindo.

—Por que você desenhou essas coisas? Por que me desenhou?

—Eu desenho tudo aquilo que faz parte da minha vida e me deixa feliz!—ela sorri e cora de novo.

—Você é muito talentoso.

—Obrigado! —então ficamos ali nos encarando e sorrindo por um bom tempo, acho que estamos tendo uma conversa silenciosa que diz “agora você já sabe” “é, agora eu sei”

—Ariane você fica para jantar? —minha mãe pergunta aparecendo na porta.

—Claro! —ela responde ainda olhando e sorrindo para mim —Eu estou faminta!

E alguma coisa me diz que depois desse dia, as coisas vão ser diferentes. E eu agradeço muito por isso!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Beijos e até breve.... Eu espero!



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