Waves of Fate escrita por Lirael


Capítulo 8
Promessa


Notas iniciais do capítulo

Capítulo curtinho, mas necessário.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/608139/chapter/8

Kyle abraçou as próprias pernas, indiferente à brisa que vinha de longe, do oceano e vinha despentear seus cabelos ruivos. Normalmente gostava daquela sensação. Costumava pensar que como era impressionante que um simples vento tivesse vindo de mais longe e tivesse visto mais do mundo do que ele jamais veria, preso naquela ilha como estava.

Mas naquele dia, Kyle não conseguia pensar em nada além do estrago que causara. Não havia nada em sua mente além dos gritos, dos urros furiosos dos dragões, o som de pés correndo e gente fugindo, o cheiro do gás...

Ele ignorou os passos atrás de si, mas limpou as lágrimas do rosto. Quem quer que estivesse vindo para zombar dele, não teria o gostinho de vê-lo chorar.

Felizmente, conforme o som se aproximava, Kyle distinguiu o clique metálico da perna do pai. Ele deu uma olhada ao seu redor e percebeu que havia anoitecido. Ele podia reconhecer cada uma das estrelas ali e chamá-las pelo nome, uma habilidade útil que aprendera com os marinheiros. Mas ali, em Berk, aquilo não impressionaria ninguém.

Soluço sentou-se ao lado do filho e os dois ficaram em silêncio, perfeitamente conscientes da presença um do outro, mas incapazes de dar o primeiro passo no diálogo.

Kyle espiou Soluço pelo canto do olho. Seu pai parecia imensamente cansado e feliz, uma mistura estranha, considerando o andar dos acontecimentos do dia. O menino entreabriu os lábios, mas foi a voz de seu pai a primeira a iniciar a conversa.

– Você não quer conhecer seus irmãos? - Soluço perguntou.

Kyle arregalou os olhos.

– Mais de um? Isso é possível? - ele perguntou, maravilhado. Claro que conhecia os gêmeos Cabeça Dura e Cabeça Quente, e se lembrava vagamente das visitas de seus tios. Mas a ideia de que algo maravilhoso assim pudesse acontecer em sua família o deixou descrente e um pouco ansioso ao mesmo tempo.

Soluço o presenteou com um sorriso cansado.

– Por que não vai até lá e descobre por si mesmo? - ele sugeriu.

Kyle assentiu e se levantou em um pulo. Correu metade do cais e parou, parecendo se lembrar de alguma coisa. Então se virou e olhou para Soluço, com nervosismo.

– Pai... Sobre hoje... - ele balbuciou.

– Essa é uma conversa para outro dia. - Soluço fez um gesto de dispensa com a mão.

Kyle assentiu, suspirou aliviado e voltou a correr.

A conversa nunca veio.

_______

Kyle subiu as escadas correndo, de dois em dois degraus. Foi só quando chegou ao corredor que se preocupou com o barulho que seus passos causavam. Pisou com cuidado e caminhou até a porta, empurrando-a suavemente. Ele entrou e olhou para sua mãe. Ela parecia dormir, e havia um corte em seu lábio inferior tinha um corte pequeno. Parecia muito cansada, com a respiração pesada e o cabelo grudado ao rosto, mas Kyle também a achou muito bonita. Serena, de certa forma. Como os anjos das histórias que os marinheiros estrangeiros contavam.

Nas pontas dos pés, ele caminhou até ela e retirou com cuidado um caracol teimoso que insistia em cair no lugar errado. Um olhar azul, mais selvagem e mais sábio o encarou de volta e Kyle sorriu.

– Não queria te acordar. - ele se desculpou, falando o mais baixo que pôde.

– Eu já estava acordada. Só descansando. - ela respondeu.

– Não esperava que fossem três. - ele disse, olhando para os três irmãos, um por um.

Havia um menino, que dormia profundamente, aninhado no colo de Merida. Parecia calmo e alheio a tudo o que acontecia no quarto à sua volta. O segundo bebê era uma menina. Também dormia, mas ao contrário do irmão, tinha uma expressão zangada. Kyle soltou um risinho.

O terceiro bebê também era uma menina, mas o que chamou a atenção de Kyle era seu tamanho. Todos os seus irmãos eram pequenos se comparados a outros bebês que ele tinha visto. Mas aquela menina era a menor das três. Seus irmãos eram quase duas vezes maiores que ela, sua pele era mais avermelhada e sensível, e ela era mais magra que os outros. Os olhos de Kyle fixaram-se nela, e Merida sorriu.

– Quer segurá-la? -ela sugeriu.

Kyle olhou para a mãe, levemente em inseguro. Merida foi em frente mesmo assim, passando a bebê com cuidado para os braços de Kyle. Ele arregalou os olhos quando sua irmãzinha se remexeu, inquieta, mas se acalmou ao ver que ela ainda dormia.

– Por que são todos tão pequenos? - ele sussurrou.

– É assim, quando nasce mais de um ao mesmo tempo. - Merida explicou.

– E ela é menor que os outros. Parece uma fada, como as das histórias que você conta.

Merida sorriu para ele.

– Se você tivesse nascido menina, se chamaria Elora. Significa rainha das fadas.

Kyle olhou bem para sua nova irmã.

– Elora. - rolou a palavra na língua, saboreando-a. - É um nome muito bonito. Você vai chamá-la assim?

– Vou. - ela assentiu.

Naquele instante, Elora abriu os olhos, e Kyle podia jurar que ela estava olhando direto para ele. Sentiu uma ligação especial com ela, tão pequena e tão diferente naquele mundo enorme quanto ele mesmo se sentia. Naquele momento ele assumiu para si a tarefa de cuidar dela. No fim das contas, por serem tão diferentes dos outros, eles acabavam sendo bem parecidos.

– Oi Elora. - Ele cumprimentou, pousando um dedo indicador na mãozinha minúscula. - Sou seu irmão mais velho, Kyle. Prometo que de hoje em diante vou proteger você, entendeu?

Kyle sabia que bebês não entendiam o que as pessoas diziam, ainda mais um bebê tão diminuto quando Elora. E que mesmo que entendessem, não poderiam falar, pois não sabiam como. Mas quando os dedos minúsculos de Elora se fecharam em torno do seu, de alguma forma ele soube que ela entendera, e que tinha aceitado sua oferta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá de novo, gente. Sei que abandonei vocês (temporariamente) mas não me censurem por isso, por favor. As circunstâncias estão atuando contra mim, hehe. Como não sei exatamente quando vou postar de novo, aí vai um capítulo duplo pra matar as saudades, ok? Beijinhos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Waves of Fate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.