O Amor Nunca Foi Tão Doce escrita por Tiago P Pereira


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas pela demora ao postar o capítulo, mas semana de provas é assim mesmo, a gente fica sem tempo. Mas, espero que gostem e até o próximo!



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Para fazer um pedido basta fechar os olhos quando avistar uma estrela cadente, e em seguida, pensar no que deseja. Mas, quantas vezes vocês já ouviu a frase “Cuidado com o que deseja”? Certamente, você deve ter perdido a conta. Creio que a maioria das pessoas desejam o amor, algo material ou que algo de importante aconteça. E para que o seu pedido possa se realizar, é preciso tomar cuidados, como por exemplo, contá-lo à ninguém.

Mas acontece que desejos não caem do céu, ou passam voando, ou até mesmo estão em uma fonte apenas esperando por uma moeda. Não basta pedirmos, devemos torná-los realidade, tudo depende de nós mesmos.

Isso é estranho, sempre achei que fosse uma bobeira, apenas uma lenda, mas aconteceu! O meu pedido acabou se realizando. Talvez fosse,não sei, algum ser mágico que passou voando no momento e leu os meus pensamentos e então o tornou possível. Se bem que isso tornaria tudo mais estranho ainda.

Mas ainda tenho minhas dúvidas, decidi conversar pessoalmente com a diretora antes do começo das aulas e perguntei à ela o que significava aquilo tudo. E como deve fazer parte do plano, ela achou que eu estava louca também, e disse que nunca havia ouvido falar em “Amor Doce”.

“Alunos novos chegaram e são eles”, ela disse.

“Espera... sério?”, perguntei, surpresa.

Mas eu sabia que aquilo era verdade, a diretora não gosta de brincadeiras “bobas”, como ela diz, e então, aquilo tudo poderia ter sido um sonho ou então poderia ser mesmo real. Decidi esperar um tempo, para que tudo se acalmasse.

Quanto à Larissa, que estava o tempo todo ao meu lado vendo aquela situação, também não entendia nada, e olha que ela também joga e é super fã, facilmente acreditaria. Acontece que nós duas ainda nos recusamos à acreditar. E agora, viramos detetives, estamos investigando tudo isso, já que ninguém diz nada. E tem Arthur, que preferiu ficar quieto. Mas por enquanto, somente Nathaniel, Castiel, Lysandre e as “meninas malvadas” apareceram. Nada melhor do que conversar com cada um. Então, eu e Larissa nos separamos e cada um foi para o seu canto. Eu fui falar com Nathaniel, e ela com Lysandre, digamos que sejam... mais fáceis de lidar do que com Castiel.

Já era o intervalo, e Nathaniel conversava com a diretora no pátio, que era um pouco diferente da do jogo. É até mais simpática, mas quando se trata de cumprir seus deveres, ela acaba se transformando. Não queira ver o rosto dela quando isso acontece... Resolvi esperar que os dois conversassem e me sentei em um banco.

Jean Farias, é o nome da escola onde estudo. É uma escola grande, de dois andares, e é fechada. Tem um corredor que separa um pátio de outro. De um lado fica o ginásio e do outro, o Ensino Médio. Apesar de parecer, não é uma escola muito bonita, há lugares em que a tinda da parede já está descascando e há janelas quebradas. O pátio onde eu estava é grande, tem cerca de quatro mesas quardradas com quatro cadeiras cada. Nathaniel e a diretora conversavam perto do corredor, e eu os esperava sentada em uma das cadeiras.

Não demorou muito e Nathaniel finalmente estava livre. Me levantei e me aproximei rapidamente dele, e então o cumprimentei.

“Ah, olá! Você é a garota que minha irmã estava implicando hoje cedo, não é mesmo?”, disse ele, “Peço desculpas mais uma vez pelo ocorrido.”

“Ah, que isso... Não precisa se desculpar, é o jeito dela, não é mesmo?”

“É... Mas eu fiquei pensando, e por um momento achei que você me conhecesse. Você me conhece de algum lugar? Não me lembro de você. E olha que eu tenho a memória boa, hein!”

E então, eu disse “Certo, vamos fazer assim. Peço desculpas, mas às vezes eu costumo julgar as pessoas rapidamente, e foi o que me ocorreu, julguei sua irmã logo de cara. E eu sabia que alunos novos estavam chegando e uma amiga minha sabia o nome de alguns, então...”

“Faz sentido.”, disse ele, sorrindo.

“Ah, e a propósito, me chamo Camila, prazer.”

“O prazer é todo meu, Camila.”

Sinto receio ao lembrar que Ambre também iria descobrir o meu nome em alguma hora e passaria a me chamar de “Camomila” ou algo assim. Mas nada melhor do que conhecer o irmão responsável, o único que pode colocar um basta nisso. Tem também Castiel, mas ele é um pouco reservado e não gosta dessas coisas, mas nada melhor do que usar o amor de uma pessoa contra ela, já que Ambre sempre gostou de Castiel.

“Então, Nathaniel, você veio transferido de qual escola?”, perguntei.

“Ah, bom...”

E antes que ele terminasse, atrás dele vi Larissa e Arthur se aproximando, ela fazia um sinal como se estivesse me chamando para conversar, mas eles teriam de esperar, estava muito ocupada no momento.

E ali estava o teste, se fosse um cosplayer, ele provavelmento conheceria muito bem o jogo e facilmente responderia “Sweet Amoris”, o nome da escola. Ou ele poderia estar tentando me enrolar, pois ele provavelmente não saberia a resposta e que aquele era mesmo o “Dia de fazer as pessoas de idiotas” e pronto, o mistério estaria resolvido. Mas ainda ficaria a dúvida: Por quê?

E a última opção nada mais é do que a teoria correta, lá estava ele, o “possível” Nathaniel em minha frente, sem ter o que dizer. Apenas gaguejava.

“Eu... Hã... Eu tenho que ir, desculpe!”, e simplesmente saiu correndo, me deixando lá, plantada. E vendo aquela situação, Arthur e Larissa vieram em minha direção, para entenderem o que acabara de acontecer.

“Ué, mais um fugiu?”, perguntou Arthur.

“Cala a boca!”, retruquei, “E aí, Larissa? Conseguiu alguma coisa com o ‘Lysandre’?”

“Nada além de me apaixonar por ele, na verdade, ele fugiu como esse ali, só que com mais classe, sabe?”, disse ela.

Eu sabia muito bem o que ela quis dizer, até imaginei a cena, dele saindo com aquele “ar vitoriano”, o que deveria ter sido bem engraçado no momento.

“Tem alguma coisa muito errada aqui, e a gente vai descobrir o que é. Não adianta nada conversar com o Castiel, apenas...”

A ideia surgira de repente em minha cabeça, era a ideia mais maluca que eu poderia ter, mesmo eu sabendo que era a única que funcionaria de verdade: falar com Ambre. Eu tinha um objetivo, e o objetivo era esse. Mas como? Se mais cedo mal conseguia falar com ela. Mas se era mesmo o “Dia de fazer alguém de idiota”, quem mais poderia ser?

Então já que nenhum de nós conseguiria falar com ela, a única pessoa que conseguiria seria ninguém menos que o próprio, Gustavo Borges.

Lembro-me de ter ressaltado as qualidades dele que mais me chamavam a atenção: a beleza e a sua generosidade. Tentaria então, usar a mesma abordagem de Kentin, o personagem que sempre foi apaixonado pela garota perdida no corredor, e que, após retornar à escola depois de passar um tempo em uma escola militar, acaba se vingando de Ambre a beijando. Mas claro, ali seria um pouco diferente, teríamos que respeitar a sexualidade de Gustavo, não é mesmo?

Deixei os meus amigos ali e fui conversar pessoalmente com Gusta. Ele estava no refeitório, e estavam servindo algumas bolachas acompanhadas de um suco de limão caseiro. Aproveitei para fazer um lanche e me sentar ao lado dele. Dessa vez ele comia sozinho, ao contrário das outras vezes em que ele sempre estava acompanhado de alguma garota.

“Oi, Gustavo. Posso sentar aqui?”, perguntei, e ele apenas deu de ombros, mas de uma maneira educada, pois estava com um sorriso sincero no rosto.

“Desculpa.”, disse ele, e sua voz parecia um pouco baixa e rouca.

“Hã? O que?”

“Não tive a oportunidade, mas eu queria me desculpar. Eu não queria ter dito aquilo daquele jeito, é que... eu estava nervoso.”

“Ah, tudo bem, não precisa se preocupar. Já superei.”

Mentira! Ainda estou caíndo aos pedaços, não consigo esquecer aquele fora horrendo!

“Sério mesmo? Eu me senti muito mal depois que te vi bebendo na festa.”

Naquele momento me veio a vontade de dizer de novo a ele o que eu sentia, mas de certa forma seria em vão e eu só me machucaria mais uma vez.

“É sério. Não precisa se preocupar.”, disse. Então ele sorriu, mas parecia um pouco sem graça. E por um momento ficamos em silêncio, e quebrei o gelo dizendo a ele o que eu realmente queria. “Eu preciso de sua ajuda, pode fazer um favor para mim?”

“Claro!”

“É um pedido meio estranho na verdade... Sabe a aluna nova, Ambre?”

“Ah, sei sim, ela me disse ‘oi’ hoje de uma maneira que comecei a pensar que ela estivesse me flertando ou algo assim.”

“Ótimo! Quero dizer... É que eu preciso que você converse com ela.”, ele arqueou uma das sobrancelhas, surpreso. “Eu a conheço de um lugar, só que eu preciso ter certeza se é ela mesmo, não me lembro muito bem dela. E nós não nos damos muito bem e ela parecia não me conhecer hoje mais cedo. Então eu preciso que você seja gentil com ela e tente descobrir de onde ela veio. Ela é um pouco difícil, por isso eu peço, por favor, faça ela se apaixonar por você!”

“Mas o que...”, ele virou o rosto, parecia bem confuso, e continuou, “Eu não posso fazer ela se apaixonar por mim assim de repente.”

Ah, pode sim, você me fez ficar perdidamente apaixonada por você de uma hora para outra simplesmente com o seu jeito gentil.

Mas ele parou, pensou, olhou novamente em minha direção e então disse: “Eu posso tentar.”

Ótimo! Estava por enquanto tudo indo muito bem, só faltava Ambre contar toda a verdade para ele. Gustavo então disse que falaria com ela na hora de irmos embora em frente à escola, e lá eu ficaria observando os dois.

Em frente à escola há um pequeno comércio onde vendem salgadinhos, sucos, sorvetes, essas coisas. E muita gente costuma ficar lá só pra tomar refrigerante com os amigos e conversar quando a aula acaba. E chegada a hora de botar o plano em ação, eu, Larissa e Arthur resolvemos ficar lá só pra ver o que ia acontecer.

Estava tudo indo muito bem: Gustavo estava em frente à escola, com os braços cruzados, apenas esperando Ambre. E quando nos viu, levantou o polegar direito em nossa direção, em sinal de positivo. Foi então que Ambre e Nathaniel apareceram, e antes que eles fossem embora, Gustavo a chamou. Nathaniel parecia surpreso, e também parecia enciumado, mas logo deixou que eles conversassem e partiu para o ponto de ônibus que fica na esquina.

Só podíamos vê-los, e não podíamos ouví-los, mas parecia que estava tudo indo bem. E mais ou menos quinze minutos depois, o ônibus apareceu no ponto. Ambre parecia querer partir, mas antes que ela fosse, Gustavo colocou suas mãos envolta da cintura dela e seus rostos pareciam muito próximos. Aquilo parecia ter sido um convite para uma ficada.

Logo se despediram e cada um foi para o seu canto: Ambre foi pegar o ônibus e Gustavo veio até o pequeno comércio.

“E aí?”, perguntou Larissa.

Estávamos sentados em uma mesa, bebendo um refrigerante, e Gusta puxou uma das cadeiras e se sentou.

“E aí que eu consegui alguma coisa que eu acho que vai ser útil pra você, Mila.”, colocou as mãos sobre a mesa e começou a dançar os dedos sobre ela. “Eu perguntei de onde ela havia vindo, e parecia um pouco confusa, mas disse algo como se ela morasse em outro país, na França, mas veio pra cá por meio de intercâmbio e quando eu tentei saber mais sobre isso ela fugiu do assunto. Ela parecia esconder algo, não sei, por isso, se quiserem, eu posso me aproximar mais dela.”

“Mais do que ‘aquilo’?”, disparei. E só depois me dei conta do que havia dito, mas resolvi deixar quieto e ouvir o que ele tinha a dizer.

“Ah... Camila... desculpa.”, ele parecia realmente muito arrependido de ter feito aquilo, mas ainda assim ele disse: “Mas sim, é o que eu pretendo fazer.”

“Mas e quanto...”, lembrei que não era algo que eu deveria ter dito e então deixei quieto, mas ele havia entendido muito bem o que eu quis dizer. Virou a cabeça para o lado, com vergonha.

“Tá, eu tenho que ir para casa.”, ele se levantou e se despediu, mesmo eu pedindo desculpas e que ele ficasse mais um pouco. De nada adiantou. Mas eu me senti meio mal por ter dito, ele parecia ter ficado com muito vergonha, mesmo eu dizendo nada demais, e mesmo Arthur e Larissa sabendo do que se tratava.

“O clima ficou meio pesado aqui.”, disse Arthur.

Arthur sempre foi muito jocoso, mas já teve piadas melhores.

Fiquei um pouco triste com isso tudo, confesso, mas o plano era mesmo esse, e isso será de grande ajuda. Ambre que é Ambre mesmo não resiste ao charme de um garoto bonito e faz o que ele quiser. E espero que ela diga a ele toda a verdade para que possamos acabar de vez com isso. De qualquer forma, se não funcionar, ainda temos Castiel, o único com quem não falamos.


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