O Amor Nunca Foi Tão Doce escrita por Tiago P Pereira


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa é a minha primeira fanfic, e para estrear, resolvi escrever uma estória envolvendo os personagens de Amor Doce. Espero que gostem!



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Dizem que se você fizer um pedido à uma estrela cadente, ele logo irá se realizar. Mas nos esquecemos de quê estrelas cadentes são apenas pedras vindas do espaço e que um tempo depois se desintegram de uma maneira fatal, assim como as chances de ter o seu amor correspondido.

Porém, quando se trata de um jogo de paquera online, tudo pode acontecer. Coisas que dificilmente aconteceriam na vida real como por exemplo, encontrar o cara perfeito. Embora eu não acredite que o cara perfeito deve ser bonito, gentil e e deve compreender completamente a mente feminina. O cara perfeito é aquele que te faz feliz com sua sinceridade, e é nessa sinceridade que se encontra a perfeição, vista de ângulos difentes por cada mulher.

Mas e quando você encontra o monótipo de cara perfeito de filmes e jogos e acaba se apaixonando por ele? Há quem diga que você está apaixonada pela beleza, e há quem te faça pensar assim. Pode ser apenas uma paixão platônica, mas foi o que aconteceu comigo.

Foi numa tarde calorosa de verão. Os pássaros cantavam, e de vez em quando era possível ver alguns beija-flores tocando de leve os seus bicos nas margaridas. Eu colhia algumas flores para decorar a sala do grêmio, e foi quando ouvi sua voz e pude vê-lo pelo canto do olho. Gustavo Borges, sempre tão simpático e com um sorriso encantador, veio falar comigo. Não pela primeira vez. Eu esperava que ele fosse me convidar para o baile, mas não, ele veio apenas me dar um recado sobre o grêmio.

Na época ele fazia parte do grêmio estudantil, assim como eu, e estávamos planejando o baile de fim de ano para todos os alunos do 9º ano. Mesmo sendo apenas um recado, acabamos iniciando uma longa conversa sobre ideias para deixar o baile ainda mais legal, e eu simplesmente adorei as ideias dele e ofereci minha ajuda. Ele foi extremamente simpático comigo e eu me derreti toda. E foi assim que passei a me aproximar mais dele, e desde o ensino médio, passamos a estudar juntos. E agora, no terceiro ano do ensino médio, resolvi finalmente me declarar.

Meu coração disparava, minhas mãos tremiam e era quase impossível dizer algo, e assim que disse, ele me respondeu:

“Eu sou gay.”

Nunca me esquecerei dessas palavras, ditas pelo próprio Gustavo Borges. Fiquei pasma e resolvi afogar as mágoas bebendo. Dizem que resolve, e sei que eu sou jovem, mas resolvi beber. Fui em uma festa, bebi todas, tomei um porre. E estava lá, usando o notebook de uma amiga e jogando Amor Doce, sofrendo mais um pouco com a chegada de Debrah, a ex-namorada do meu querido badboy Castiel. Se já não bastava sofrer pela rejeição do Gusta, agora sofro pela rejeição do Castiel. Eu sei que é apenas uma fase dele, e eu o amo, queria que fosse real. Assim como o Nathaniel, o Kentin, o Lysandre e o Armin. Alexy nem preciso, já encontrei. No momento, sou Violette, rejeitada por um gay. Mas eu sou Camila, desabafando feito louca, afogada na bebida.

Minha cabeça girava, e as lágrimas desciam. Nem mesmo Rihanna me alegrava, sua música só me fazia chorar ainda mais de dor de cabeça, de tão alta. Não aguentava mais sofrer, não aguentava mais chorar, eu só queria sair e enterrar minha cabeça na areia. Fiquei feliz por ter um quintal sem ninguém por perto, e eu realmente só precisava ficar sozinha. Eu realmente gostava dele, sempre tão gentil, meu monótipo perfeito. Mas o amor, o amor nunca foi tão doce assim. E no momento, eu só precisava de algo para me deixar feliz.

“Camila?” alguém me chamou. Enxuguei as lágrimas e levantei a cabeça. “Camila, o que você tá fazendo aqui? Vamos entrar, aqui tá um gelo.”

Percebo que é apenas Arthur, o meu melhor amigo, o único que pode me deixar feliz em qualquer circunstância. Olhei para trás para enxergar o seu rosto, que estava escuro por conta da iluminação vinda atrás dele. Mas ainda assim, consigo ver os seus olhos pequenininhos por causa de seu enorme sorriso. Mas logo ao perceber que eu estava abatida, seu sorriso se desmanchou.

“Camila, o que aconteceu? Você tá chorando?”

“Não tô chorando, Arthur.” eu disse, mas era algo óbvio.

“Ah... Vem cá.” disse, vindo me abraçar. E eu o abracei de volta. “Você tá bêbada? Me conta, o que que aconteceu?”

Não aguentei e comecei a chorar de novo, as três palavras ditas por Gustavo ecoavam em minha cabeça. “Eu sou gay, eu sou gay, eu sou gay” Eu queria estar morta. Eu queria não ter me apaixonado por ele, queria que ele tivesse me contado antes, queria que alguém tivesse me avisado. Ou talvez seja alguma coisa recente. Por sermos jovens, esse negócio da descoberta da sexualidade é algo novo para ele. Talvez ele só quisesse manter isso em segredo, para manter a aparência de sempre. Que ninguém o tratasse com indiferença.

“Eu contei para ele, Arthur... Eu contei para o Gusta o que eu sinto por ele, mas... Ele é gay!”

Eu percebi que ele estava com vontade de rir, mas ele fazia o maior esforço para não dar risada e tentava se manter sério para me ajudar a esquecê-lo. Mas eu entendia completamente a situação e realmente não aguentei, comecei a rir, dei a risada mais escandalosa, ria para não chorar. E em meio aos risos, eu disse:

“Como eu pude ser tão idiota?”

E entrando no embalo, ele riu junto.

“Não, você não foi idiota, claro que não. Isso é normal.” disse ele.

“O que? Você se declarar pra alguém e essa pessoa sair do armário?”

“Não, se declarar e levar um fora. Mas se eu fosse ele, não deixaria a oportunidade passar.”

“Tá bom, Arthur. Mas é que... poxa.” Comecei a chorar de novo, e dessa vez ele me abraçou ainda mais forte. “Eu quero vomitar.” E então ele me soltou. Fui para um canto, e lá expulsei um pedaço da minha tristeza. Ele me olhava com repulsa, tudo para me fazer rir.

“Você tá bem? Quer ir pra casa?” ele perguntou, preocupado.

“Não, eu não quero ir pra casa assim... Eu quero ficar com você.”

Ele sorriu e se sentou na grama, pedindo para que eu sentasse ao seu lado e dizendo “Eu também quero ficar com você. Odeio festas.”

Ficamos ali, conversando, e por um momento ele me fez esquecer aquilo tudo, enquanto observávamos o céu estrelado.

Ficamos em silêncio por um momento, e aproveitando a situação, eu me deitei. E comecei a pensar novamente nos rapazes de Amor Doce: todos têm algo em comum, eles sentem algo pela garota perdida no corredor, e cada um têm sua maneira de demonstrar isso. Um sendo gentil, outro a provocando. E essas ações que os tornam únicos, a deixam confusa. E quando chega a hora final, de escolher o seu amor, a ansiedade é preenchida por medo. Medo de acabar magoando quem você não queria magoar. Eu sei que é apenas um jogo, mas se assemelha a vida real de várias formas. E o desejo de ter um amor doce é realizado em um jogo.

"Eu não deveria beber, isso vai colocar os meus planos de emagrecer por água abaixo!" Disse Arthur.

Arthur tinha há pouco tempo começado a fazer uma caminhada matinal e resolveu entrar para o time de futebol apenas para perder os quilinhos que os incomodava. Mas eu nunca achei que fosse um problema, não chegava a ser algo exagerado. Até que eu o achava fofo assim, com suas bochechas rosadas, os cabelos grandes e macios para balançar no rock’n’roll. Mas acontece que Arthur também tem problemas com o amor, e acha que na maioria das vezes o seu peso interfere nisso. Ao contrário de Gustavo, que não tinha problema algum com isso. Os seus olhos castanhos que se constratavam muito bem com seus cabelos louros, e a sua boca fina e seu físico escultural eram atributos essenciais para que ele pudesse ficar com quem ele quisesse. E ele ficava somente com mulheres.

E eu, que não arraso corações. Espinhas no rosto e olheiras, e pra piorar, um aparelho dentário para completar o visual de nerd. Só faltava o óculos fundo de garrafa. Minha aparência é bastante comum, um cabelo médio e escuro, assim como os meus também olhos castanhos, o que com certeza, é bastante comum.

"O céu está bem estrelado hoje."

"É, tá sim. Manja das constelações?" ele perguntou.

"Não, nem um pouco."

Enquanto bebia mais, eu olhava para Arthur, e percebi que sua personalidade se assemelhava bastante ao de Kentin, personagem que o tempo todo esteve ao lado da garota perdida no corredor, e que sempre foi apaixonado por ela. E eu sei que Arthur gosta de mim porquê ele me disse. E eu o rejeitei. Mas isso foi há muito, muito tempo atrás, quando eu não o conhecia direito. Mas depois eu passei a gostar mais dele, e um dia nós acabamos ficando. E depois vez ou outra. E Gusta, ou melhor, Alexy, conseguiu me enganar direitinho. Ah, se existissem garotos como os do jogo!

"Olha!" Arthur gritou, apontando no céu, uma estrela cadente.

Não pensei três vezes, eu desejei que os paqueras de Amor Doce existissem! E então, esperando que algo acontecesse, nada aconteceu. E aí caiu a ficha. Não bebo mais.

"O que você pediu?” perguntou Arthur, curioso.

"Não interessa. Vem, vamos lá pra dentro, eu preciso beber mais um pouco."

A festa estava cheia, a música agora era outra, de volta aos anos 80! E já na cozinha, assim que eu fui pegar uma cerveja na geladeira, adivinha quem estava lá, escolhendo uma bebida?! Sim, ele, Gustavo.

"Ah, oi, Camila." disse ele.

Ele disse “oi” pra mim? Depois do que aconteceu?! Eu não sabia onde enfiava a cara, apenas acenei, um pouco com vergonha. E assim que ele escolheu um refrigerante, fui pegar a cerveja. E no momento eu só queria enfiar a cara na geladeira e ficar.

Sentei na cadeira que ficava perto do balcão na cozinha, logo ao lado de Arthur. No balcão estavam outras pessoas, incluindo a garota que estava dando a festa, Mariá, ainda sóbria, e os outros, todos bêbados. Percebi que ela estava me olhando e sorri. Sorri e bebi. Bebi tanto que caí da cadeira, já com sono.

Todo mundo ria de mim, e eu ria junto, enquanto Mariá e Arthur me ajudavam a levantar.

"Arthur, ela tá muito mal, leva ela pra casa. Chama um táxi e leva ela pra casa."

Mariá é uma velha amiga minha, prima de Arthur, já estava na faculdade fazia um tempo, em breve, será uma médica. Mas de vez em quando, gosta de dar algumas festas, e seus pais eram um pouco liberais quanto a isso. Até gostavam, pois podiam sair para jantar fora e etc.

Arthur então chamou um táxi pelo telefone. Até que um tempo depois, eu e Arthur saímos de dentro da casa e fomos até a rua esperar pelo táxi. Nem me preocupei em procurar pelo Gustavo, apenas fiquei lá, cochilando de vez em quando e acordando por causa da música.

Entrei no carro, e Gusta entrou logo depois de mim. Sentei no banco de trás, apoiando minha cabeça na janela, olhando o tempo todo para a casa. E a última coisa que me lembro é de ter visto o Gustavo na porta, me olhando, e meus olhos iam se fechando fechando na medida em que o carro se movia. É o fim, o fim de mais um longo dia e já não lembro de mais nada.

Já são 09:13 da manhã, e já estou em casa, deitada na cama, ainda tentando me livrar da ressaca da noite passada.

"Bom dia, flor do dia." era meu pai, na porta. “Vejo que bebeu um pouco mais do que devia na noite passada. Não gosto que faça isso.”

“Desculpa, pai...”

“Agora levanta.”

Meu pai sempre foi bem quieto, sem disse-me-disse ou enrolava pra falar, já ia logo falando. O mesmo para minha mãe, que é psicóloga. E meu pai, um mecânico. Ele até permite que eu beba, mas não tanto a ponto de dar perda total como ontem. E ele sequer quis saber o que havia acontecido, mas eu não queria falar sobre isso com ele.

Me levantei, e fui direto ao banheiro tomar um banho. A água gelada me ajudava à acalmar os nervos, e também me ajudava à acordar, já que eu ainda estava sob efeito do sono e da ressaca. Assim que terminei, tomei um café da manhã enquanto assistia Steven Universe. Nada melhor para acordar.

Assim que terminei, fui jogar mais um pouco de Amor Doce, e percebi que o site estava em manutenção. Atualizei a página várias vezes e nada, então resolvi deixar quieto e entrar depois.

Já era quase hora de ir para a escola e resolvi me arrumar, eu sempre ia a pé, mas hoje resolvi ir de ônibus. Já arrumada, almocei, comi uma deliciosa macarronada preparada pelo meu pai, com o acompanhamento de um refrigerante de coca. Já dada a hora, fui ao ponto de ônibus, e por sorte, cheguei bem na hora em que ele estava vindo.

Assim que entrei, fui de encontro à Larissa, uma amiga minha que costumava pegar aquele mesmo ônibus. Ela não tinha ido à festa por preguiça, disse ela, e então eu contei o que havia acontecido. Mas resolvi manter a sexualidade de Gusta em segredo. Por ele e por mim, que estava morrendo de vergonha. Ela disse que eu não precisava ficar assim, que eu logo encontraria alguém que compreendesse meus sentimentos. Durante o percursso, conversamos sobre várias coisas, sobre as provas que iam se aproximando e também a chegada de o novo professor de inglês que ainda não conhecíamos.

Quando chegamos, descemos do ônibus e na chegada demos de cara com uma garota um pouco quanto estranha, apoiada em um poste, mexendo no celular e conversando com outras duas garotas. Eu quase dei um grito quando percebi que ela era loira, ela tinha os olhos azuis, usava uma blusa bege com um cinto na cor turquesa, assim como suas outras jóias. Era Ambre! Mas não, não Ambre de verdade, é só alguém querendo se passar por ela, deve ser outra jogadora! Ou melhor, três outras jogadoras! Ali na minha frente estavam três garotas vestidas de Ambre, Li e Charlotte! Isso é tão legal! Eu preciso falar com elas.

“O-oi!” eu disse, e acabou saindo um pouco mais alto do que eu queria. “Vocês jogam Amor Doce também?!”

“O quê? Que isso, garota? Quem é você? Não sabia que iríamos estudar junto com as pessoas do hospício!” a garota loira disse.

“Ué, você imita bem ela.”

“Quem? O que você quer dizer com isso? Eu sou Ambre, a única!” disse ela levantando o braço, como se fosse me dar um tapa. “Não, não vou fazer isso, sou uma moça culta. Vamos, meninas, melhor ficarmos longe dela, isso pode ser contagioso.”

“Espera, ei!”

Elas simplesmente me ignoraram, eu fiquei sem entender o que havia acontecido, se fazia parte do teatro como cosplayer, ou se eu estava mesmo ficando louca e aquela era mesmo Ambre. Tá, seria estranho se os garotos do jogo aparecessem mesmo, já que os da escola são na verdade “machões” metidos a besta e quem com certeza nem jogam esse jogo.

“Oi! Desculpa, com licença!” alguém me cutucava nas costas e quando me virei para ver quem era, veio a surpresa. “Desculpa, eu vi o que aconteceu, eu queria me desculpar pelo que aconteceu... É a minha irmã, Ambre, ela sempre trata as pessoas assim, desculpe.”

“Nathaniel?!” eu gritei. Era realmente Nathaniel, não reconheci aquele rosto de nenhum outro lugar. Tinha algo muito estranho acontecendo ali.

“Você me conhece de algum lugar?” ele deu um sorriso sem graça e coçou a cabeça em dúvida.

“Ah, se conheço... O que tá acontecendo aqui, afinal?!”

Foi então que eu ouvi de longe um carro se aproximando, tocando algum rock pesado bem alto. Foi aí que o carro parou em frente a escola, e dele saiu o garoto mais encantador de todos, Castiel, tirando um óculos aviador do rosto. E eu enxerguei tudo em câmera lenta para trazer drama. E logo em seguida, o passageiro, era Lysandre, sempre com o seu ar vitoriano e toda a sua classe.

“Hã?” eu disse, de boca aberta.

“Castiel...” pude ouvir Nathaniel resmungando ao meu lado. Senti a atmosfera pesada e me afastei de fininho.

“Não quero estar perto quando começarem a brigar...” eu disse, baixinho. E quando eu olhei para Castiel, ele sorriu maliciosamente.

É, acho que estou louca. Isso tá acontecendo mesmo! É real!


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