Sete Dias escrita por magalud


Capítulo 2
Dia 2




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Dia 2

Na manhã seguinte, Diana foi para o café da manhã como sempre ia: sozinha. E, como sempre, algumas das pessoas estavam olhando para ela e cochichando. Só que desta vez, não havia as risadinhas costumeiras. Ela abaixou a cabeça e foi para a mesa da Corvinal, sentando-se de costas para a mesa de Sonserina.

Uma sombra vinda das suas costas a fez erguer os olhos do mingau de aveia. E ela não pôde evitar estremecer quando viu quem era.

Draco Malfoy. Logo atrás, os dois comparsas Crabbe e Goyle.

– Adrian - disse ele. - Soube que você encontrou o Prof. Snape.

Diana teve que fazer um esforço físico para não tremer. Malfoy era um dos seus maiores abusadores, e mais de uma vez já a tinha mandado para a enfermaria com suas brincadeiras de mau gosto. O pior tinha sido quando Malfoy descobrira sua origem puro-sangue. Ele a azucrinara ainda mais, chamando-a de desgraça do mundo bruxo para baixo. Sempre sozinha, Diana não tinha como se defender, e passara simplesmente a se esconder de Malfoy quando ele aparecia.

Pedras e paus não me ferem, mas palavras...

Com esforço para fazer a voz sair, Diana respondeu:

– Ele precisava de ajuda.

– Quero que você saiba que Sonserina tem uma dívida de gratidão para com você - ele estendeu a mão. - Obrigado por salvar o chefe de nossa casa.

Diana ficou olhando a mão de Malfoy, depois ergueu o olhar para estudar o rosto anguloso e pontudo que sorria para ela. Era inédito que ele sorrisse de maneira sincera e genuína. Tão inédito quanto a sinceridade que ela via nos olhos cinza.

Ela apertou a mão timidamente:

– Não foi nada.

– Claro, você não deve esperar que ele lhe agradeça. Não faz parte da natureza do Prof. Snape.

– Não tem problema.

– Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, pode me procurar.

– Obrigada - disse ela, só querendo que ele voltasse para sua mesa.

Quem resolveu esse problema para Diana, sem saber, foi o Prof. Dumbledore, que usou o garfo para obter silêncio.

– Sua atenção, por favor. Antes do desjejum, eu gostaria de sua atenção para alguns pequenos comunicados. Aos que ainda não sabem, comunico que o Prof. Severo Snape sofreu um acidente ontem. Ele ficará afastado de suas aulas por um tempo indeterminado.

Houve indisfarçável burburinho na mesa de Grifinória, e alguns alunos pareciam comemorar o fato. Dumbledore olhou para aquela direção e disse:

– Aos que se mostram preocupados com a saúde do Professor, é com alegria que comunico que ele está sendo tratado pela nossa querida madame Pomfrey e deverá se recuperar completamente - A animação se transferiu para Sonserina, enquanto decepção palpável podia ser visto em Grifinória. - Isso graças à chegada pronta e pensamento rápido de uma aluna de Hogwarts. Portanto, comunico que, por sua coragem ao salvar a vida do Professor Snape e por seu raciocínio rápido em prestar-lhe os primeiros socorros, eu concedo 90 pontos a Diana Adrian, de Corvinal.

A mesa de Corvinal explodiu em aplausos, acompanhada por Lufa-lufa. A maior parte dos alunos de Grifinória e Sonserina estavam estupefatas demais para aplaudir, mas estavam todos boquiabertos.

Diana parecia roxa de tão vermelha que tinha ficado. Toda encolhida, ela recebeu os cumprimentos de seus companheiros de casa. Ela nunca tinha recebido tanta atenção. Pela primeira vez, ela não estava sendo tratada com desprezo ou galhofa. Pela primeira vez, ela sentia que tinha dado orgulho à sua casa. Com os 90 pontos, Corvinal estava se aproximando de Sonserina no campeonato das casas.

Como toda boa corvinal, assim que ela teve um tempinho livro, ela foi para a biblioteca. Se ela iria ajudar o Prof. Snape, ela precisava estar muito bem informada sobre a condição dele e o que ela podia fazer.

Irma Pince ajudou-a imensamente ao indicar livros trouxas de medicina. Afinal, bruxos não sofriam de amnésia a não ser quando eram alvos de feitiços de memória - e essa era uma informação que não contribuiu em nada para deixa Diana calma.

Quando Irma Pince se aproximou, Diana pensou que ela tivesse encontrado mais um livro. Mas o que ela trazia era um recado:

– Recebi um bilhete. Madame Pomfrey diz que precisa de sua ajuda com urgência.

Assustada, Diana juntou seus livros e foi o mais depressa que pôde para a enfermaria, tentando evitar Pirraça e as escadarias que se mexiam. Felizmente, a ala hospitalar tinha se mudado para o terceiro andar dois anos antes, e ela só teve que descer um lance de escadas.

Correndo, ela adentrou as portas duplas da enfermaria e defrontou-se com uma cena no mínimo inusitada. Madame Pomfrey estava com uma colher na mão, tentando enfiá-la dentro da boca de um resoluto Snape, que tinha cruzado os braços e virado a cara para o mais longe possível da enfermeira.

– Por favor, Severo -

– Não! - Ele se virou e olhou Diana. O rosto dele se iluminou num sorriso. - Você! Você veio!

Diana se aproximou:

– Vim o mais rápido que pude, Madame Pomfrey.

– Parece que nosso paciente está um tanto relutante em tomar sua poção.

Snape continuou emburrado:

– Ela quer me envenenar! Essa poção tem um gosto horrível!

Diana não acreditava no que estava vendo. Ela arregalou os olhos e olhou para Madame Pomfrey, que deu de ombros e disse:

– Tente convencê-lo, Srta. Adrian, de que eu não tenho o hábito de envenenar meus pacientes.

– Madame Pomfrey jamais faria isso, Prof. Snape. Por favor, tome seu remédio.

Snape olhou para ela:

– Ela estava falando a verdade? Meu nome é Snape?

– Sim - disse Diana. - O senhor não se lembra?

– Infelizmente não me lembro de muita coisa. Só o que eu me lembro é que você me ajudou. Eu esqueci até seu nome.

– Meu nome é Diana Adrian. Sou sua aluna.

Madame Pomfrey passou o fraco e a colher para Diana e disse:

– Aqui, querida. Faça com que ele tome no mínimo três colheradas. É Poção Restauradora de Mandrágora, altamente tônico para os ferimentos físicos e nervos abalados em geral - Madame Pomfrey se virou para o professor de Poções - E foi você mesmo quem fez essa poção, Severo, então não me venha com essa de dizer que estou querendo envenená-lo! Humpf!

Ela saiu, resmungando e balançando a cabeça. Diana garantiu, colocando a poção na colher:

– Madame Pomfrey é muito boa no que faz. Pode seguir as instruções dela sem medo.

– Espero que ela me perdoe depois - Ele tomou uma colherada e fez uma careta. - Fui eu quem fez isso?

– Sim. O senhor é professor de Poções.

– E eu sou um bom professor?

Diana quase deixou derramar um pouco da Poção Restauradora.

– Professor, o senhor é um mestre de Poções. Sabe tudo sobre elas.

– Hum - fez ele. - Acho que me lembro alguma coisa sobre jarros de vidro cheios de espécimes numa sala escura e fria.

A moça deu-lhe mais uma colher e disse:

– Sua sala de aula e os laboratórios ficam nas masmorras.

– Masmorras?! Deve ser horrível!

Diana olhou para ele, sem reconhecer seu professor. Ela tinha vontade de perguntar quem era ele e o que ele tinha feito com Severo Snape. Mas sabia que isso não o ajudaria, então controlou-se.

– Bom, suponho que seja o melhor para os seus ingredientes. O senhor é um tanto ciumento quanto a eles.

– Mesmo? Puxa, você sabe muito sobre mim. Ao menos, mais do que eu mesmo sei.

Ele pareceu ficar triste, e Diana tentou animá-lo:

– O senhor vai ficar bom, professor. Madame Pomfrey vai curá-lo.

– Mas o que eu sou, quem sou eu? Eu me sinto tão... perdido.

Nunca, em toda sua vida, Diana pensou que fosse sentir compaixão por Snape. Ele sempre a tratara como lixo, mas naquele momento, parecia tão vulnerável e carente.

– O senhor não se lembra de nada mesmo? Nem do que fazia na Floresta?

Severo balançou a cabeça e abriu a boca para que ela desse a terceira colherada. E ele fazia uma careta após engolir a poção quando uma voz áspera surgiu às costas deles:

– O que pensa que está fazendo, Adrian?

Ela se virou e viu Malfoy, com os dois capangas. Ele parecia ter se desfeito completamente do ar amigável do café da manhã. Intimidada, ela se encolheu e disse:

– Madame Pomfrey pediu que eu a ajudasse a cuidar do Prof. Snape.

Snape pareceu irritado:

– Espere um pouco aí, pirralho! Não fale assim com ela!

Seja lá o que Malfoy estava esperando, certamente não era aquilo.

– Professor?

– Diana está aqui a meu pedido, garoto - disse ele - E você, o que está fazendo aqui?

– Mas eu vim visitá-lo! - Draco parecia confuso, como se tivesse sido transportado para um universo alternativo. E um que ele não estava achando nada divertido.

– E quem é você?

– Malfoy. Draco Malfoy. O senhor me conhece desde pequeno! Sou de sua casa, Sonserina!

– Perdoe-me, Sr. Malfoy, mas no momento, não estou em condição de reconhecer nenhuma das minhas antigas amizades. De qualquer forma, eu recomendo maior consideração com a pessoa que está me ajudando a me recuperar, bem como uma dose de pura e simples boa educação e menos arrogância.

A tirada, num tom gélido como só Snape era capaz de conseguir, tinha sido mais próximo do antigo professor de Poções que Diana conhecia. Só que, claro, Draco Malfoy nunca tinha sido alvo de todo aquele desprezo.

Entre dentes, Malfoy respondeu:

– Sim, senhor.

– Agradeço a visita, mas agora pode voltar para sua... casa, seja lá o que isso quer dizer.

– Sim, senhor.

O trio sonserino deu meia volta e saiu. Severo esperou que eles sumissem para indagar:

– Acha que eu fui muito duro com eles?

Diana foi sincera:

– Nada além do seu normal, pode acreditar.

– O que ele falou sobre casas? Não entendo, Madame Pomfrey me disse que aqui é um internato. Como tem casas aqui dentro?

– Os alunos são divididos em casas. Eu sou de Corvinal. Draco é de Sonserina. O senhor é o chefe de Sonserina.

– Puxa. Eu não me lembro de nada disso.

Diana pôs-se a explicar como Hogwarts funcionava, e Snape estava mesmo interessado em saber, fazendo perguntas e participando da conversa. Os dois tomaram chá com sanduíches e Madame Pomfrey veio trazer uma nova dose da Poção Restauradora. Dessa vez, Severo aceitou que a própria Pomfrey lhe ministrasse o remédio - mas não sem antes consultar Diana com os olhos.

A moça não sabia direito como se portar nessa situação. Madame Pomfrey lhe disse depois que tudo iria dar certo, e que Severo tinha feito progressos, ao se lembrar dos jarros nas masmorras. Mas era tão estranho bancar a babá de um homem crescido e mal-humorado.

Bem... talvez não tão mal-humorado assim. Afinal de contas, eles passaram horas conversando, e foram horas muito agradáveis. Diana perdeu o jantar de novo e os dois terminaram comendo juntos na enfermaria. Severo lembrava-se de alguns feitiços, de algumas coisas mais genéricas. Mas Hogwarts e seus habitantes estavam totalmente apagados de sua memória. Ele ficou muito impressionado com a história de Você-Sabe-Quem, e curioso em descobrir se tinha uma família.

Snape certamente tinha mudado muito, com sua amnésia. Ao voltar para sua casa, à noite, Diana se deu conta de que já não tinha mais tanto medo do professor de Poções.


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