A noite, enfim caiu no Santuário. Porém esta diferente das demais, estava fria, sem estrelas para enfeitar o céu e sem risos para aquecer os corações.

Todos os cavaleiros estavam do lado de fora do décimo terceiro templo, olhando para o céu, que há pouco tempo tinha sido riscado pelas flechas prateadas das Caçadoras. Todos estavam com os rostos tristes e até mesmo Máscara da Morte, deixou que uma lágrima escorresse de seu rosto.

(Ikki)– Pensei que veria o mundo acabar antes de ver Máscara da Morte chorar.

(Máscara disfarçando) - O que? Onde você tirou isso? Eu chorando? Imagina, isso foi uma coisa que atingiu o meu olho.

(Milo)– Até parece...

Esse seria um dos momentos em que uma discussão iria começar entre os cavaleiros, porém o momento era de tanta tristeza que não havia ânimo para nada.

(Donko)– O melhor que vocês precisam fazer agora é descansar, nada mais está em nossas mãos.

Alguns cavaleiros fora para suas casas, porém outros se recusavam a deixar o templo e acabaram passando a noite lá. Porém quando deu aproximadamente três da manhã, um tumulto começou nas doze casas. Pouco tempo depois, Aldebaran chegou, com as mãos fechadas como uma concha. Logo atrás vieram os demais cavaleiros, de pijama, com expressões confusas em seus rostos.

(Donko confuso)– O que houve Aldebaran?

Aldebaran abriu as mãos, revelando uma violeta murcha.

(Aldebaran)– Aurora me ajudou a cuidar dessa flor, ela me disse que enquanto ela estivesse viva a flor iria viver. Quando voltei para a casa de Touro, encontrei a flor murcha.

Todos se entreolharam preocupados.

(Kiki)– Se a flor murchou, quer dizer que Aurora está ainda considerada morta. Será que Bonnie se enganou sobre o fato de ela ainda estar viva?

(Camus)– Dê graças aos deuses por Shaka não estar aqui Kiki, se ele ouvisse você falando isso... coisa boa não daria. Mas não podemos descartar essa hipótese, pois até mesmo Diana disse que talvez não voltasse. Sei que é difícil, mas talvez precisamos começar a aceitar a possibilidade de que ela se foi definitivamente.

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Enquanto isso, Shaka, que agora já se encontrava mais calmo. Começou a subir os degraus do templo onde se encontrava Aurora. O local se encontrava totalmente escuro, então Shaka foi ascendendo as tochas uma a uma. Quando chegou perto da cama onde Aurora estava deitada, Shaka voltou a chorar.

Ele se ajoelhou ao lado da cama e começou a acariciar o rosto frio de Aurora.

(Shaka chorando)– Eu lembro de cada momento em que passei ao seu lado. Do momento em que vi pela primeira vez aquela menina e ainda me custa acreditar que ela se tornou essa mulher. Aurora... eu sempre te amei. Eu te amei no primeiro momento em que eu cuidei de você naquele Santuário e continuo te amando.....

Shaka precisou se calar um momento e respirar fundo pra continuar.

(Shaka)– Eu me arrependo do momento em que fiz você sofrer ao pensar que eu tinha partido e por não ter te procurado no momento em que voltei. Mas lá nos Muros das Lamentações, quando eu sabia que estaria sacrificando tudo para quebra-lo, eu tive um último pensamento. Não era Atena ou os Elíseos, era você...

Shaka novamente teve que respirar fundo para prosseguir.

(Shaka)– Eu te imaginei sorrindo, correndo em meio a um jardim cheio de flores. Aí você parava e nós nos sentávamos em baixo de uma árvore enorme e bem espalhada. E você cantava pra mim, naquele momento a sua presença foi tão forte.... era quase como se eu pudesse toca-la.

Shaka acaricia as mãos de Aurora e por fim diz.

(Shaka)– Dói muito te ver assim, mas ao mesmo tempo a sua expressão é de serenidade e paz. Queria estar ao seu lado, para ajuda-la a encontrar o caminho de volta... mas saiba, onde quer que você esteja, meu coração pulsa por você. E eu acredito em você Aurora.

Shaka deposita um beijo na testa de Aurora, se levanta e sai do Santuário. Ao descer os degraus, o Cavaleiro de Virgem sente um agradável perfume de rosas, é então que ele nota o lindo jardim perto da entrada do templo. Quando ele se aproximou do lugar, viu que as folhas coloridas da linda árvore estavam caindo e sendo espalhadas pelo vento.

(Shaka)– Então era daqui que elas estavam vindo durante a batalha.

A presença de Aurora naquele jardim era enorme, quase era possível escutar a voz dela ou até mesmo sentir sua respiração. Shaka então se sentou em baixo da árvore e fechou seus olhos.

Foi então que uma coisa, que não acontecia desde a Guerra Santa. Buda falou com ele.

(Buda) - Por que se encontras tão triste Shaka?

(Shaka)– Gostaria que me respondesse algo. Por que amar dói tanto? Eu que sou o mais próximo de Deus, deveria ser privado desse sentimento.

(Buda)– Dentre todos os sentimentos existentes o amor é o mais belo. Meu caro Shaka, podes até ser o mais próximo de Deus, mas seu coração pulsa como o de um homem. Não deves ter medo deste sentimento, principalmente quando ele é puro e correspondido. E é por isso que dói Shaka, pois é verdadeiro.

A voz de Buda foi sumindo, até que aos poucos tornou-se apenas uma lembrança. Foi quando Shaka sentiu mais um cosmo presente e abriu os olhos. Foi então que ele viu Ártemis.

(Shaka)– Ártemis? O que faz aqui?

(Ártemis se sentando)– Achei que estivesse na hora de lhe contar algumas coisas.

(Shaka confuso)– Como o que?

(Ártemis)– Preciso lhe dizer que há muito tempo eu notei o seu amor por Aurora, talvez eu não quisesse enxergar mas no fundo eu sabia que este sentimento era correspondido. Porém no desespero de não querer perde-la, no dia em que ela se tornou uma Caçadora, eu a tirei de você.

(Shaka) - Então quer dizer que você levou Aurora para o Canadá só para que ela se afastasse de mim? Por você sabia que ela me amava?

(Ártemis chorando)– Me perdoe Shaka, mas eu sempre vi Aurora como uma filha. Eu fiz votos de castidade, mas ela me causava essa sensação e só de pensar que eu poderia perde-la.... me bateu um desespero e a primeira coisa que pensei foi manda-la em missão.

Shaka sentia raiva naquele momento, por muitos anos ele pensou que Aurora o tinha abandonado por alguma razão e saber que tudo foi responsabilidade de Ártemis, fazia seu sangue ferver.

(Ártemis calmamente) - Sei que talvez você nunca mais queira olhar na minha cara, mas eu preciso te dizer duas coisas. A primeira é que quando eu vi que vocês tinham se encontrado, a primeira coisa que pensei foi que ela teria alguém para tomar conta dela e protege-la. Eu te peço isso Shaka.... cuide dela e eu te darei a minha bênção.

Shaka não conseguiu conter as lágrimas, por mais que Ártemis tenha feito uma loucura, Shaka entendeu os motivos dela e ficou grato por ela ter confiado Aurora a ele.

(Ártemis) - A última coisa que preciso lhe dizer é que quando estava limpando o corpo de Aurora. Percebi que tanto a tatuagem, quanto a cicatriz em sua clavícula não haviam sumido.

(Shaka surpreso)– Mas como assim, deveriam ter sumido. Essas coisas faziam parte da vida de Caçadora de Aurora.

(Ártemis)– É aí que você se engana. Quando Aurora ganhou essas duas coisas, ela estava com você. E eu te garanto que quando ela estava junto com você a coisa que ela mais queria era deixar de ser uma Caçador. Pois desse jeito ela estaria livre para ama-lo.