365 dias de Verão escrita por Lizzy Panelli


Capítulo 2
Intervention


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu não ia continuar a historia porque não tinha tido nenhum comentário então eu não tava sabendo se as pessoas tinham gostado ou não dessa temática Deméter e Hades, mas hoje mexendo no meu perfil eu vi que uma pessoa comento e me animou a voltar a escrever porque realmente essa é uma historia que eu gosto muito (Hades e Deméter meus lindos *-*) e que eu gostaria de ver ela crescer, então resolvi postar mais um capitulo e vamos ver o que dá kkkk' Muito obrigada MsNightshade por ter comentado, seu comentario foi muito importante pra mim esse capitulo é pra você ♥
ps: Desculpe pelo enorme atraso em continuar kkkkk'



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/606207/chapter/2

Ultimamente o Olimpo andava um total caos. Uma bagunça completa e desordenada crescia para todos os lados. Não que algum dia no passado tivesse sido um lugar tranquilo, mas nos últimos dias estava bem pior do que era antes. Nem Hestia conseguia se manter calma com esses acontecimentos.

Na verdade dois deuses em especial estavam criando toda essa desordem. Os deuses das trevas e da agricultura se estranhavam de maneira inimaginável. Brigavam a todo instante e mal conseguiam ficar em um mesmo ambiente sem tentar esganar um ao outro. Aquelas brigas desencadeavam discussões e picuinhas entre os outros deuses e assim o inferno nos céus era formado.

Zeus estava ficando tão nervoso com aqueles dois que estava distribuindo raios fervorosamente por todos os céus. E estava se controlando ao máximo para não desintegrar os desordeiros agora mesmo. Confesso que a todo momento ele cogitava a hipótese de matá-los e jogá-los no Tártaro sem que os outros soubessem, somente para poder desfrutar de um dia em que o Olimpo estivesse em completo silencio e sem os gritos de Deméter com Hades. O deus dos deuses nunca se arrependera tanto de oferecer a Hades algumas semanas de férias junto a eles no Olimpo. Se ele não tivesse vindo para cá, talvez Deméter não tivesse pirado tando de ódio.

O deus dos raios estava absorto em seus pensamentos, no templo dos deuses, quando ouve passos se aproximando.

— Zeus, devemos buscar uma solução para essa bagunça que virou esse lugar! - diz Afrodite se sentando a seu lado.

— Já pensei todas as maneiras possíveis de ajudá-los a se tornarem, pelo menos, mais amigáveis uns com os outros, entretanto não cheguei a nenhuma conclusão concreta do que fazer...- diz o deus desanimado.

— A sua sorte é que eu já bolei todo o plano de reconciliação dos irmãos. - a deusa do amor diz toda orgulhosa de seu feito.

— Posso saber qual seria sua solução tão eficaz? - pergunta curioso.

— Prefiro contar meu plano somente quanto todos os deus estiverem aqui. Devemos pedir uma reunião e exigir uma intervenção contra o relacionamento nada saudável de Deméter e Hades.

— Gostaria de saber mais sobre esse plano antes de apresentá-lo como uma intervenção na reunião hoje. Desculpe me mas tenho medo de que seu plano acabe soando infantil e sem nexo, como tantos outros que comentou nas outras reuniões. - Zeus estava apreensivo em relação ao “brilhante” plano da deusa do amor.

— Desse jeito você acaba me ofendendo dizendo que só falo coisas estúpidas. Entretanto relevarei dessa vez pois sei que gostarão. - ela respondeu parecendo ofendida - Por favor Zeus, me de um voto de confiança, afinal a assuntos que somente a deusa do amor pode entender. - finalizou com um sorriso malicioso nos lábios sindo do grandioso salão.

Zeus ficou mais confuso ainda depois das últimas palavras da deusa mas resolveu desta vez confiar nos instintos dela. As vezes a deusa acertava e surpreendia a todos e nos momentos mais inesperados.

 

Mais tarde no Conselho Olimpiano os deuses estavam mais nervosos do que de costume e sempre que alguém dizia alguma coisa aparecia outros cem para contradizer e gerar o caos.

Demeter não suportava a presença do homem que a separou – e sequestrou – sua filha a deixando completamente sozinha e abandonada no Olimpo.

Hades compreendia em partes a revolta da deusa, mas um dia foram grandes amigos e somente por ele ter “roubado” Persefone dela a deusa da agricultura transformou a amizade antiga em ódio mortal pelo deus das trevas.

Os dois deuses estavam emburrados em lados opostos do salão somente a espera do grande pronunciamento que Afrodite faria.

 

Com quase meia hora de atraso a deusa do amor chega ao grande salão dos deuses – que a essa altura já estava o perfeito caos.

— Será que é impossível deixar todos vocês alguns minutos sozinhos sem que comecem uma guerra? – disse a deusa entrando e se posicionando em pé ao centro ao lado de Zeus. — Sinto pena dos pobres mortais que devem estar sofrendo as consequências da mudança constante de humor de todos vocês. – finalizou.

— Se a senhorita não demorasse tanto talvez não tivéssemos perdido a paciência de tanto esperar – bufou Atena parecendo levemente irritada.

— Os mais importantes sempre chegam atrasados minha doce Atena, afinal temos que sempre estar o mais apresentável possível para um grande acontecimentos como esse de hoje - retrucou a deusa da beleza.

— Então que comece logo essa reunião, estou impaciente para saber de sua solução mágica para nossos “pequenos” problemas – disse Zeus indicando com o olhar Demeter e Hades.

Sem mais delongas Afrodite começou seu pronunciamento, ganhando a atenção total de todos os presentes.

— Como todos sabem a partir do momento em que nosso querido rei convidou seu irmão para passar adoráveis férias conosco que tudo começou. Ele trouxe conosco uma aura negra que desencadeou a desordem entre todos nós. Velhas brigas e desentendimentos vieram a tona e somados com a falta de paciência de alguns acabou acontecendo o que todos já sabem. - a deusa se movia ao centro e direcionava o olhar para cada um dos deuses enquanto falava – Mais o nosso maior problema não são as brigas e a desordem e sim quem esta as provocando. Todos nós sabemos que nossa querida Deméter e Hades tem feridas profundas entre eles por conta de Persefone e que é quase impossível, com o temperamento deles, ficarem em um mesmo ambiente juntos sem se estapearem. Eles são os causadores da desordem e do caos. - ela olhava de modo acusador para os dois.– Então pensando no bem de todo o Olimpo, proponho uma solução definitiva para esse problema.

— E qual seria a solução?– Pergunta Hera realmente curiosa.

— A solução mais apropriada seria banir os dois e isolá-los em uma ilha até que eles consigam pelo menos ficar na mesma sala sem gritar um com o outro. Proponho uma intervenção na maneira como se relacionam.

— E quanto tempo duraria esse isolamento? – perguntou o rei dos deuses interessado.

— No mínimo um ano, até aprenderem a se controlarem na presença um do outro!

Todos os outros deuses olham de maneira assustada para a deusa do amor. Deméter e Hades estavam incrédulos com a ideia ridícula que Afrodite acabara de propor. Era obvio que não daria certo isso, Zeus nunca deixaria ela seguir com esse plano. Pelo menos era assim que os dois pensavam…

— Não seja ridícula Afrodite, não seria mais fácil mandar esse idiota de volta para o Mundo Inferior e devolver minha filha? – perguntou a deusa da agricultura alterando um pouco a voz.

— Poderíamos mandar a mãe dos cereais para o Tártaro visitar nossos amigos monstros e pronto problema resolvido. – Hades também alterava sua voz.

— Sente-se urubuzinho e deixe que os adultos falem – Deméter se levantando.

— BASTA! – gritou Zeus ao ver que Hades se levantara e caminhava em direção a deusa.

— Estava vendo? É por essas e outras razões que devemos exilá-los e deixar que se entendam sem nos irritar com suas brigas. - se pronunciou Afrodite.

Vários deuses se manifestaram concordando com a deusa do amor.

— Por incrível que pareca meu marido, acho que demos aceitar a ideia de intervenção de Afrodite. Pela primeira vez acho que pode funcionar – Hera disse tocando a mão do marido, agora sentado a seu lado.

Zeus permanecia em silencio. Parecia refletir sobre a possibilidade de mantê-los isolados para aprender a se respeitarem.

— Você não pode estar cogitando essa possibilidade meu irmão! O que espera? Que nos tornemos amigos? – perguntou Hades incrédulo.

— Não estamos pedindo que se tornem amigos, apenas que saibam conviver respeitavelmente sem bagunçar a ordem do Olimpo todo. - respondeu Afrodite.

— Isso é praticamente impossível, mas podemos tentar. Quem sabe não dá certo! – se pronunciou Ártemis.

— Vocês estão loucos se pensam que irei para algum lugar sozinha com esse caçador de almas e sequestrador de mulheres! – gritou uma Deméter cheia de ódio.

E foi nessa hora que o caos se instalou no grande salão. Deus que defendiam a ideia começaram a defender seu ponto de vista contra os que acreditavam que aquilo não passava de loucura de Afrodite. Apenas Hera e Zeus que permaneciam conversando entre si, longe da briga dos deuses.

— BASTA, JÁ TOMEI MINHA DECISÃO! – gritou Zeus se levantando e indo ao centro ao lado de Afrodite. — Devido aos últimos acontecimentos e depois de ponderar nossa única ideia de solução, percebi que não é tão absurda como parece e que pode muito bem funcionar. – ele levantou o dedo silenciando uma Deméter que ameaçava protestar – Então decido pela execução da intervenção! Deméter e Hades estão condenados a passar um ano isolados em uma ilha longe de qualquer contato com os outros deuses e sobre os cuidados de Afrodite até que saibam se comportar! – decretou o senhor dos céus, fazendo um forte barulho de raios ressoar sobre o templo. Aquilo significava que a sentença teria que ser cumprida.

— Zeus por favor reconsidere isso. Comprometo-me a melhorar minha postura perante vocês quando o imprestável do Hades estiver por perto – Deméter diz implorando.

Hades apenas permanece calado enquanto seus olhos transmitem um ódio mortal em direção de Zeus e Deméter.

— Esta decidido! Irão ser isolados e ficaram sobre os cuidados de Afrodite até o final do período de um ano. Vocês partem ainda hoje para a ilha que ela escolher - dizendo isso ele se levanta pegando a mão da esposa e dando como encerrada a reunião divina, deixando ao chão uma Deméter desolada, um Hades tremendo de idio a uma Afrodite sorrindo maliciosamente apreciando seu triunfo.

— Até mais meus queridos, sugiro que arrumem suas malas não voltarão tão cedo! Ficaram somente sobre meus cuidados – disse a deusa da beleza sorrindo vitoriosa.

— Você vai ver Afrodite, você ainda vai me pagar por todas as coisas que está aprontando comigo.– Deméter dizia com os olhos brilhando de raiva.

— Acredite minha amiga, você ainda vai me agradecer depois desse um ano. Vejo em seu futuro algo que nem você imagina! – Afrodite disse enquanto saia do templo.

Hades e Deméter trocaram olhares de ódio, culpando um ao outro pelos acontecimentos. Eles nunca se entenderiam ou teriam qualquer sentimento que não fosse ódio puro, não adiantaria nem tentar qualquer aproximação porque nunca funcionaria. Os deuses só podiam estar loucos se acreditavam que isso daria certo.

Hades estava absorto em seus pensamentos quando sentiu pequena mão macia colidir com sua face e começar a dar leves socos sobre seu peito.

— ISSO É TUDO CULPA SUA! SEMPRE É CULPA SUA! – gritava a deusa da agricultura enquanto tentava inutilmente bater no homem a sua frente.

— VOCE ACHA QUE EU ESTOU FELIZ COM ISSO? – Hades gritava na mesma altura que a mulher e a segurava com força seus braços para fazê-la ficar quieta. —TUDO DE RUIM QUE ACONTECE NA MINHA VIDA É VOCÊ QUE CAUSA! ENTÃO NÃO VENHA FALAR SOBRE CULPA.– magoa e raiva estavam estampadas em seu olhar quando ele soltou a mulher com tanta força que fez a mesma cair no chão. Eles não falariam mais nada, apenas deixariam que seus olhares transmitissem tudo que estavam sentindo.

Apos vários minutos de absoluto silêncio, em que apenas a raiva podia ser sentida, Hades resolveu ir embora. Pisando forte e bufando alto ele se retirou do grande salão, deixando ao chão uma Deméter desolada com lágrimas nos olhos.

Quanto o deus se vai a mulher se permite chorar como uma criança e lamentar o seu futuro no próximo um ano.

 

Depois de algum tempo a deusa lentamente vai se levantando e se dirige ao seu templo e lar, pelo menos seu antigo lar! Ela tentava ao máximo absorver todas as belezas que ali estavam e se concentrar em suas lembranças, já que ficaria muito tempo longe. A deusa não queria ir, queria ficar aqui perto de todos e não ilhada sozinha com aquele crápula mentiroso de Hades. A culpa era toda dele! Hades que começou todas as brigas e sempre a tirava do sério. O deus raptou sua filha e destruiu toda a “amizade” que um dia tiveram. Entretanto, mesmo depois de tudo que fizeram um ao outro teriam, agora, que voltar a ser pelo menos conhecidos amigáveis já que passariam um ano sozinhos pra aprenderem a ser civilizados, e o pior com a ajuda de Afrodite! Deméter sabia que ela planejava mais do que somente fazer eles virarem amigos novamente. Aquela diabinha do amor nunca tinha planos simples, sempre queria mais do que aparentava.

Assim que chegou em seu templo, ficou alguns segundos apenas observando-o, até que não aguentando mais segurar as novas lágrimas recomeçou a chorar. Se debruçou sobre a penteadeira perto da porta e em um ataque de raiva jogou ao chão todos os potes de vidro que ali estavam. Os inúmeros cremes e produtos de beleza que adorava usar foram quebrados quando atingiram o chão frio.

Por fim virou a penteadeira ao chão, enquanto ia fazendo as mesmas coisas com os outros moveis. Precisava descontar a raiva em alguma coisa, e bem, as únicas coisas que estavam disponíveis eram os velhos moveis dela. Ela nunca soubera como Hades conseguia deixá-la desolada somente pelo fato de existir e nem sabia o que isso significava. A única coisa boa da viagem é que talvez nesse um ano de convivência ela conseguiria descobrir porque ele mexia tanto com ela. Depois que o excesso de raiva passou e já tinha chorado tudo que podia, usando seus poderes voltou a casa exatamente como era antes. Sentou a beira da penteadeira e começou maquiar para tirar as marcas do choro.

Apesar de aparentar ser bem mais velhas que as outras deusas, Deméter ainda era uma mulher muito bonita. Enquanto as outras deusas aparentavam não ter mais que 25 anos, a deusa da agricultura aparentava estar na faixa de bem vividos e conservados 40 anos. Depois de seu casamento fracassado com Zeus ela descobrir que deveria guardar sua juventude para as pessoas que realmente se importavam com ela. Alguém que ela amasse de verdade e não para que todos pudessem admirá-la! Somente quem ela amasse de verdade seria capaz de um dia enxergá-la como ela realmente é.

Ela se maquiou e botou um lindo e triste vestido fúnebre, que valorizava suas curvas e a deixava ainda mais bela. Penteou os cabelos lisos deixando seus cachos dourados bem visíveis nas pontas.

Pegou as malas e caminhou vagarosamente para o centro do Olimpo. Qualquer pessoa que a visse naquela passeata poderia muito bem-dizer que ela ia para algum enterro de um ente querido, o que não deixava de ser verdade já que estava indo de encontro com a própria morte.

Bem ao centro do Olimpo estavam em pé dois deuses. Um homem de vestes negras e expressão pesada e uma mulher de vestes brancas que mais parecia um anjo de tão bela. Hades e Afrodite já estavam a espera da deusa. Ao longe no templo principal os outros deuses apenas observavam aquela triste despedida, apenas os veriam novamente daqui a um ano inteiro.

A deusa da agricultura se aproximou, não sem antes lançar ao rei dos deuses seu melhor olhar de desprezo, e se pôs de frente aos outros dois.

—Bem já que agora os dois estão presentes sem mais delongas devemos ir. - se pronunciou a deusa da beleza. – Poseidon providenciou uma ilha tão distante que nem nós sabemos onde é, por fora parece uma ilha por dentro uma fazenda, ou seja, é uma ilha ilusão, somente vocês podem vê-la e podem desfrutar dela…Tudo que acontecer lá somente vocês saberão, ninguém poderá achá-los durante o período de um ano. - ela lançou um olhar malicioso. —Contudo, eu saberei onde estão, para que somente eu possa interagir com vocês. Toda semana aparecera um pequeno bilhete na cabeceira da cama de vocês e poderão ir para qualquer lugar no mundo durante um dia, isso é meu presente para vocês, ou seja, só poderão usar uma vez por semana e serão levados pro primeiro lugar que pensarem ao tocar o envelope.

—E você poderá entrar na ilha para nos ver? – perguntou esperançosa Deméter, seria horrível ter que conviver somente com Hades.

—Lamento que não, só poderei observá-los e mandá-los para os lugares desejados ao tocarem o envelope.

—Ótimo, será o melhor ano da minha vida! – bufou Hades.

—Quem sabe não será mesmo, nunca se sabe o que uma ilha paradisíaca pode reservar para seus visitantes. - disse sorrindo a deusa do amor. – Mas agora que todos sabem o que fazer, e como vai ser a estadia de vocês lá é melhor irmos logo para lá, antes que fique muito tarde.

Vendo os dois deuses ali parados se recusando a manter qualquer tipo de contato, a deusa do amor foi obrigada a empurrar Deméter para cima de Hades, que se assustou com o impacto e em resposta segurou a deusa pelos ombros bem perto de seu corpo.

—Caso não se lembrem precisam dar as mãos para serem teletransportados. Mas se quiserem ficar abraçados não vou reclamar.... - assim que disse isso os dois deuses quebraram o contato visual e se afastaram novamente carrancudos.

—Vamos lá é só um aperto de mão, não é um pedido de casamento. - tentou a deusa do amor.

—Se fosse eu não aceitaria de qualquer modo. Preferia morrer a me casar com esse crápula – Deméter virou a cara zangada.

—Não fale algo que não pode cumprir, querida sobrinha – murmurou Afrodite para que só Hades pudesse ouvir, o deixando confuso.

Depois de muitas brigas e discussões os dois deuses resolveram colaborar e assim apertaram um a mão do outro, para que logo em seguida Afrodite pegar a mão de ambos. Formando um círculo. De repente tudo ficou escuro e os dois sentiram seus pés cederem na tentativa de se firmarem sobre o chão frio do Olimpo.

 

Não se sabia ao certo quanto tempo se passou desde que tudo ficara preto. Desde que seus pés falharam e a tontura tomara conta de seus corpos. Suas cabeças ainda doíam e os corpos estavam doloridos, uma dor semelhante a serem jogados de um avião e cair em pé em terra firme.

Deméter sentia um perfume até que suave invadindo suas narinas e sentia também que sua cabeça estava colocada em algo extremamente macio e acolhedor. O sono embaralhava os pensamentos e dificultavam a vontade de abrir os olhos. Depois de muito relutar, seus olhos abriram e encontraram-se em uma cena não muito agradável.

Ela, a deusa da agricultura, estava dormindo com a cabeça sobreposta ao peito do grande senhor dos mortos, seu inimigo juramentado.

Ela não entendia o porquê de estar nessa posição e nem como fora parar ali. A única coisa que a deusa conseguia pensar era que deveria sair daquela situação mais rápido possível, contudo não pode deixar de notar que a visão do deus das trevas dormindo serenamente no chão era hipnotizante e até agradava a deusa, mas logo desviou esses pensamentos e se levantou bruscamente dos braços de Hades, fazendo este acordar assustado.

—Deuses, onde estamos? – perguntou confuso olhando ao redor buscando algo familiar.

—Achei que já soubesse que iriamos parar em um lugar desconhecido, querido! Se não sabe essa é a tal ilha que a nossa amada tia nos mandou. - disse a deusa da agricultura revirando os olhos.

—Por um segundo pensei que tudo não passasse de uma brincadeira e que na verdade nós tínhamos passado a noite juntos, meu amor – devolveu o deus com ironia.

—Só em seus sonhos isso aconteceria Hades, somente me seus sonhos…

—Sonhos não, pesadelos! – disse ele se levantando – Mas afinal, onde passaremos a noite, não consigo ver casa nenhuma por perto.

—Acredito que para chegarmos a nosso lar durante esse ano teremos que seguir o caminho dourado, que passa exatamente embaixo de seus estúpidos pés! – disse a deusa revirando os olhos.

O deus dos mortos olhou para baixo meio sem entender e pode constatar que realmente havia um caminho bem abaixo de sus pés e que seguia pela direita no qual bem ao longe se podia observar uma grandiosa casa de fazenda. Hades ainda estranhava essa tal ilha que se parecia com fazenda, mas fazer o que, tudo tinha saído da cabeça duvidosa de Afrodite.

—Então vamos andando senhorita espertinha, mal posso esperar pra passar esse um ano bem pertinho de você meu amor. - provocava o deus enquanto esse ia pegando suas malas, que estavam jogadas pelo chão.

—Me poupe de suas brincadeiras Hades, se depender de minha parte eu esquecerei que sua excelentíssima pessoa está aqui. - devolveu Deméter já caminhando até a casa,

Hades resolveu não retrucar e começou a seguir a deusa em silencio e depois de alguns minutos eles já estavam na porta de seu novo lar pelos próximos meses. Até que não era feia, pelo contrário era até arrumadinha aos olhos do deus. Mas quando esse se virou e olhou Deméter ele pode perceber que para a deusa da agricultura aquele lugar parecia até mais bonito. Os olhos dela brilhavam pela casa, por todos os animais que a rodeavam presos nos estábulos, pelas inúmeras árvores frutíferas e até pelo lago que ficava um pouco distante da mesma. Afinal, para ela era como estar em casa não? Pensou Hades. Ela era a protetora da natureza, então é claro que se identificaria com esse espaço todo.

—Vou ter que arrumar um babador para você se não parar de encarar esse lugar desse jeito babão – voltou a provocar o deus.

Deméter apenas o ignorou revirando os olhos e entrando na casa a sua frente. Por dentro ela era ainda mais graciosa do que por fora, pensou a deusa. Era dividida entre sala, copa, cozinha, banheiro e um quarto ao fundo. Pequena mas aconchegante. A sala era simples havia um sofá pequeno com duas poltronas uma de cada lado, uma mesinha de centro e uma televisão bem a frente em cima de uma estante e diversos DVDs e livros espalhados por lá. Pelo menos teria como se divertir sozinha pensou a deusa….

—Acredito que nos temos um grande problema aqui viciada em cereal. - gritava Hades de dentro do quarto.

Deméter foi correndo ver do que se tratava e assim que chegou pode perceber do que o homem falava

—Não acredito que aquela diabinha fez isso conosco! – ela queria bater forte a cabeça de Afrodite contra o chão frio da sala dos tronos. —Por que ela não poderia ser gentil e colocar uma cama a mais? – disse a deusa observando a única cama de casal naquele pequeno quarto.

—É, parece que alguém vai ter que dormir no sofá – observou Hades – E não serei eu!

—Não é possível que depois de milênios de existência você não aprendeu ainda a ser um cavaleiro. Eu que ficarei com a cama, não dormirei no sofá por nada nesse mundo.

—Durma no chão então….

—Por favor não vou nem cogitar essa hipótese queridinho – falou a deusa correndo para a cama e se sentando. — Como fui a primeira a chegar a cama ficarei com ela.

—Nem pensar dona cereal – Hades correu até ela e puxou o colchão a derrubando do outro lado da cama.

—HADES PARE AGORA! – disse Deméter quando viu que o deus das sombras ficaria com o colchão para si.

—Se você fica com a cama eu fico com o colchão e pronto. - o deus falou decidido.

—Calma, já que não há outra saída penso que teremos que dividir a cama, assim ambos ficam satisfeitos. - falou Deméter na tentativa de um acordo, afinal ela não podia lutar pelo colchão.

—Como assim? Você aceitaria dividir a cama comigo? Você sabe que teríamos que dormir lado a lado a noite toda não sabe? – perguntou o deus confuso mas bem lá no fundo gostando da ideia, não sabia por que mas gostava….

—É claro que eu sei seu idiota, dividimos a cama para ninguém sair prejudicado. Os dois dormem confortáveis e sem brigas. - respondeu Deméter

—Então quer dizer que a grande deusa Deméter quer dormir agarradinha em mim?! – Provocou malicioso Hades

—Nunca, nunca e nunca, nem em seus sonhos eu dormiria abraçada a você. Eu tenho nojo de você! – devolveu Deméter.

—Não é o que parece…. - falou mandando um beijinho na direção dela.

—Dormiremos na cama somente para evitarmos mais brigas desnecessárias, contudo eu repartirei a cama com um lençol pendurado em um varal, assim ninguém ultrapassa os limites de ninguém. Estamos de acordo?

—Se é assim que a senhorita quer, temos um acordo! – confirmou o deus um pouco desapontado.

—Então é melhor irmos arrumando as coisas por aqui, porque daqui a pouco é hora de dormir. - falou a deusa já se prontificando a montar a barreira dos limites para que assim fossem para cama, amanhã seria o primeiro dia de um ano inteiro que teriam que conviver e isso não seria nada fácil.

 

Depois de algum tempo Hades voltou ao quarto e encontrou esse já devidamente arrumado, o lençol branco pendurado no meio certinho da cama repartindo assim os inimigos juramentados.

 

—Vejo que já arrumou tudo por aqui.Se me permite perguntar está com fome?

—Pouca mas sim, estou!

—Fiz alguns sanduíches, estão em cima da mesa da cozinha se quiser comer…. - disse o deus pegando sua mala para desfazer.

—Vamos deixar uma coisa clara aqui Hades, não precisa ser gentil comigo porque eu não serei com você. O máximo que vou fazer é tolerá-lo, então por favor sem falsas gentilezas. - respondeu fria a deusa.

Hades apenas ficou em silencio e começou a pensar em como depois de todo esses milênios Deméter havia se tornado uma mulher fria e amarga, ele se lembrava dela como alguém calorosa e extremamente feliz. Bom ela fora assim até se casar com aquele demônio do rei dos deuses. Zeus a transformou. Ela resolveu colocar rugas em seu rosto e se fechar para todos e com todos. Hades só a via perto de feliz quando estava com Zeus ou com Persefone, mas nunca chegara nem perto da felicidade que um dia ela teve, a felicidade que ele humildemente pode presenciar quando eram amigos a éons atrás.

O deus dos mortos estava absorto em seus pensamentos quando a viu entrar no quarto somente com uma pequena camisola preta de renda. A peça de roupa moldava perfeitamente as curvas da mulher e o contrate com seus cabelos dourados molhados a deixava ainda mais linda do que era. Hades nunca reparara como ela era charmosa mesmo aparentando ter seus 40 anos, ainda assim foi capaz de o hipnotizar e deixá-lo sem palavras.

Deméter pareceu não notar o efeito que havia causado no deus – ou fingiu não notar – que foi logo deitando em seu lugar na cama e tentando pegar no sono. Depois que o efeito passara Hades também deitou ao seu lado, mas esse infelizmente não pegaria no sono tão cedo, sua mente viajava em pensamentos, quase todos a respeito da bela senhora que dormia serenamente ao seu lado.Seria um longo ano!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "365 dias de Verão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.