E se fosse você? escrita por Raquelzinha


Capítulo 11
Capitulo 11


Notas iniciais do capítulo

Espero q vcs compreendam o Jacob e não me matem.
Um agradecimento muito especial para as leitoras que comentaram neste último capítulo e me incentivaram a continuar: Amando, Lu, Criadora e Mel, valeu mesmo gurias! Agradeço de coração, sem o incentivo de vcs não vou adiante. Bjs



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O casamento se realizou na data marcada. Com os convidados esperados. Com as danças apropriadas. Com todo o requinte que a marquesa e a baronesa planejaram. Jacob foi gentil como sempre. Mas, Isabella não conseguia relaxar, tudo em que pensava, era naquela noite. O que aconteceria quando a festa acabasse? Eles seriam dispensados. Iriam para a casa de Jake, que a partir daquele momento seria a casa dela também. E tudo o que sua mãe lhe dissera aconteceria.

O problema era que, Renée não dissera nada esclarecedor. Apenas deixara a filha apreensiva por algo que não sabia o que era. Porém, ao mesmo tempo que imaginava, em sua mente pouco esclarecida no que tangia a sexualidade feminina ou masculina, que o que aconteceria entre eles seria apenas uma convenção a mais, assim como a cerimônia religiosa na catedral ou como aquela festa. Bella não deixava de lembrar como se sentira enquanto ele, aquele homem que agora era seu marido, a beijou, segurou e apalpou com tão pouca decência. E era insano imaginar, ou melhor, desejar ser tocada daquela forma outra vez.

Mesmo assustada, mesmo sendo pega de surpresa, o coração disparou, as pernas fraquejaram, o corpo aqueceu, um formigamento gostoso se apoderou da parte baixa de seu ventre. Aquelas não eram sensações ruins. Pelo contrário, eram prazerosas.

O que Renée diria se soubesse disso? Afinal, a mãe não lhe dissera nada sobre beijos ou sensações prazerosas. Então... o que esperar?

Será que Jacob a beijaria novamente?

Será que pousaria as mãos em suas nádegas outra vez?

Será que se deitaria com ela?

Só de pensar nessas coisas era como se estivesse vivendo aquele momento do beijo outra vez. Respirou fundo e olhou em volta, as pessoas que dançavam sequer faziam ideia de suas dúvidas e medos. Lembrou da rápida visita à casa do noivo quando fora levar os baús com seus objetos pessoais. No quarto dela havia apenas uma cama. Apenas “uma” cama espaçosa.

Uma coisa era certa, só saberia no momento certo.

E o momento certo chegou. A festa não acabou, eles é que saíram, todos esperavam que fizessem isso. Escaparam com a ajuda da família dele. Foram em completo silêncio até a casa que a partir daquele momento, pertenceria aos dois. Desceram da carruagem, Jacob a conduziu para dentro. Uma aia foi indicada para ajuda-la a se vestir e Bella se dirigiu ao aposento que seria seu quarto a partir daquele dia.

A mulher magricela, de cabelos muito negros e apenas alguns anos mais velha do que Isabella, falava pouco. Mesmo assim a jovem simpatizou com ela. Com certeza seria de fácil convivência.

Cansada, assim que se viu livre das roupas do casamento e vestiu a camisola feita especialmente para aquela noite, Bella se deitou na enorme cama. Pouco depois, após se certificar que a nova patroa não precisava mais de seus serviços, a mulher se foi. Deixando a recém-casada sozinha com seus pensamentos perturbados.

A entrada para o quarto de Jacob ficava imediatamente em frente ao lugar onde estava deitada. Seus olhos permaneceram fixos na maçaneta redonda a espera de que ela girasse, e que a porta desse passagem a seu marido.

Remexeu-se na cama sentindo a ansiedade crescendo. O coração batia acelerado. Na janela a cortina estava entreaberta e havia poucas velas acesas no ambiente, dando ao quarto uma leve penumbra misteriosa.

Porém, os segundos passaram, os minutos passaram a hora passou e nada de Jacob entrar.

O que aquilo queria dizer? Se perguntou enquanto saltava da cama, e caminhava lentamente até a porta.

Será que ele não viria?

Então, por que sua mãe dissera que viria?

Recostou o ouvido na porta, nenhum som vinha da peça ao lado, que parecia em total escuridão.

Definitivamente seu marido não estava ali.

Com calma Bella voltou para a cama. Deitou-se novamente, cobriu-se novamente e esperou, esperou até que adormeceu.

*

Na biblioteca, Jacob ainda vestia a roupa do casamento. Apesar do cansaço, apesar de se sentir desconfortável com aquela roupa justa, não tinha ânimo para trocá-la. Um copo com conhaque descansava ao seu lado, naquele instante já havia pouco do conteúdo que ele despejara ali.

Pela janela podia ver que o céu estava limpo, apesar do clima já ter mudado. O frio lentamente se instalava, e isso provocava um pouco mais a sensação de perda que o invadia naquele momento.

Como seriam suas vidas depois daquele dia?

Isabella mudara-se definitivamente para sua casa e naquele exato momento estava no aposento ao lado do seu, no andar de cima. Talvez a sua espera.

Sentia-se pesaroso por si e por ela. Aquela situação não seria boa para nenhum dos dois. Isabella era uma boa garota, e ele esperava que Edward fosse um bom marido para ela. Um marido como ele agora tinha quase certeza de que não conseguiria ser. Há muito tempo que Jacob acreditava determinadamente no fato de não ter sido feito para o casamento. De não ter sido feito para viver junto com ninguém.

– Deseja que lhe prepare alguma coisa senhor?

Era a voz de Otto, seu mordomo. Silencioso como sempre, ele se aproximou sem que Jacob o percebesse.

– Não, pode se recolher. - respondeu firme.

– Boa noite senhor.

– Boa noite...

Mas, antes que o mordomo tivesse saído chamou-o de volta:

– Otto!

– Sim, senhor?

– Hanna já atendeu minha esposa?

– Sim. Há algum tempo que desceu. A senhora a dispensou antes de se recolher. Disse que estava pronta.

Pronta?

Pronta para quê? Ele pensou.

Aquela menina sequer deveria saber o que aconteceria se ele ingressasse em seu quarto naquele momento. Era até possível que as portas de seus aposentos estivessem trancadas.

– Deseja falar com Hanna senhor? Ainda está na cozinha.

– Não... Pode dispensá-la por hoje... Boa noite.

Aquela ordem era a deixa final para o mordomo. Ele queria ficar sozinho. Tão silenciosamente quanto entrara, o homem saiu.

Jake ficou em pé, caminhou sem rumo pela peça por alguns segundos, tentando decidir o que fazer. Será que Isabella esperava que ele fosse até ela?

As esposas geralmente esperavam isso. Ele pensou. Apesar de nunca ter se casado, ele imaginava como deveria ser. Todas elas sabiam, se não em conversas informais, através das mães, que um casamento trazia consigo certas obrigações.

– Obrigações! – repetiu zangado consigo e com a situação.

Nada que acontecesse entre eles deveria ser uma obrigação. Nada além daquele maldito casamento. Voltou a sentar e desta vez entornou o liquido que havia dentro do copo acabando com ele num só gole. A bebida desceu queimando.

Quando finalmente saiu da biblioteca, era já muito tarde, subiu os degraus que o separavam do segundo andar sem qualquer pressa, entrou no próprio quarto, observou a porta que o separava do aposento ao lado. A bendita porta estava fechada, mas será que estava trancada? Num ímpeto de curiosidade ele segurou a maçaneta e a girou, a pesada madeira se moveu diante do leve empurrão.

Aberta!

Constatar isso não foi exatamente uma revelação boa. Pois queria dizer que sua esposa imaginava ou esperava que ele fosse até ela. Ficou alguns segundos esperando por um sinal, decidindo o que fazer. Finalmente escancarou a porta, e entrou no quarto.

A peça não estava em total escuridão, poucas velas permaneciam acesas, o fogo crepitava na lareira e as cortinas entreabertas permitiam que a cama fosse banhada pela luz do luar. Exatamente no meio dela, abraçada a um travesseiro, Isabella dormia pesadamente.

Seus olhos pararam numa perna que escapara para o lado de fora do lençol, imediatamente constatando que era bonita, alva, torneada e firme. Ela poderia parecer uma menina, mas certamente tinha formas de mulher. Lembrava bem das nádegas arredondas sob as palmas de suas mãos.

Metodicamente afastou a lembrança e continuou a observação. Os cabelos castanhos não estavam presos como ele já vira em sua mãe, ou escondidos pelas horríveis tocas que sua irmã era obrigada a usar. Não, se esparramavam sobre o tecido branco e perfumado que cobria o colchão como uma cascata marrom.

– Ela é uma menina... – disse a si mesmo percebendo essa dualidade na pessoa com quem se casara.

Parecia uma menina naquela posição, dormindo despreocupadamente, agarrada ao travesseiro com os cabelos em desalinho, mas também tinha formas de mulher como aquela pequena parte do lado de fora mostrava. De repente se sentiu mal, como se estivesse invadindo a intimidade dela e imediatamente disse a si mesmo que pensar assim era uma estupidez. Se outro qualquer tivesse se casado com ela, naquele momento, Isabella já não seria mais uma menina, teria deixando para trás a inocência e talvez se transformado numa mulher fria e amarga como Sarah o era. Pois ninguém passa imune por uma noite de sexo com alguém que mal conhece, que não ama, mas especialmente, que não saberia respeitar sua inocência.

Ele sentia um carinho muito especial por ela. A principio acreditou que esse sentimento se devia a gratidão que Emily lhe inspirara todas as vezes em que falavam sobre Isabella. Quando a irmã contava o quanto se sentia bem e satisfeita por ter em Bella uma amiga e confidente, quase uma irmã.

Ironicamente, agora elas podiam se chamar de irmãs. Esse era um ponto positivo do casamento.

E depois, nas vezes em que se encontraram durante os bailes e no sarau. Depois das danças e conversas ele descobriu que simpatizava com ela de uma forma simples e especial. Bella de certa forma passou a ser quase como uma “amiga”. Então, ele acreditou que a garota se transformaria em sua cunhada. Mas, depois das loucuras que o destino parecia ter aprontado em sua vida, ela agora era sua esposa.

Aquela menina, deitada diante dele, se transformara na esposa que ele nunca pensou em ter. Como chegar até ela agora e agir como um marido? Tomar-lhe o corpo e a inocência sem respeitar seus sentimentos?

Deu as costas para a imagem e entrou no próprio quarto. Jogou as roupas num canto, e se enfiou pelado sob os lençóis. Numa coisa Vitória tinha razão, seria difícil viver assim. Mas, ele não pretendia procurar pela cortesã. Seria um desrespeito tão grave quanto o ato que deixara de praticar naquela noite.


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Notas finais do capítulo

Para não dizer que Jake não sente nada pela Bella. Sim, ele sente, mas ainda não é o que ela merece q ele sinta...
Como ficou? Esperavam por mais? Não se preocupem o mais vem kkkkkkkkk maldade né?
Bjs a todas, especialmente as que comentam, e àquelas q estão apenas acompanhando, obrigada também. Até o próximo.