The last love escrita por Ingrid Lins


Capítulo 24
Capítulo 22: Mudança


Notas iniciais do capítulo

Eu juro que tentei fazer um capítulo grande, mas não consegui :/



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Acordei com o celular tocando alto. Quem era o desgraçado que tinha a ousadia de me ligar àquela hora da manhã? Estiquei o braço em direção ao criado mudo, e peguei o aparelho. A foto de Elena piscava alucinantemente na tela, e por um momento, cogitei deixar tocando, mas eu sabia que ela não desistiria.

—Oi, Elena. — atendi rouco.

—Preciso de você aqui, vem logo!

Olhei o rádio relógio e me assustei.

—São sete da manhã.

—Eu sei. Tô te esperando. — e desligou na minha cara. Bufei deixando o celular em cima do travesseiro e virei pro outro lado. Cara, eu ia dormir sim, e Elena era louca! O sono estava voltando com uma alegre rapidez, mas ouvi o celular tocando novamente. Dessa vez era uma mensagem.

"Não durma, quero você aqui!"

Eu tinha esquecido esse lado de Elena, e eu definitivamente não gostava dele. Sentei na cama, coçando os olhos. O que era tão importante que eu precisava estar lá as sete da manhã? Só matando aquela mulher. Levantei meio zonzo e fui pro banheiro atropelando todas as paredes no caminho. No banho, mais dormi encostado na parede de frente pro chuveiro do que me lavei, mas tudo bem. Era sete horas da manhã, e minha mulher não respeitava meu sono. Vesti uma calça jeans e uma camisa branca.

Eu já estava no carro quando o celular tocou de novo.

—Papai, você já tá vindo? — a voz de Jeremy parecia ansiosa.

Sorri sozinho no carro.

—Sim, filho. Papai tá a caminho, já.

Senti seu sorriso na ligação. Aquela, sem dúvida, era a melhor parte do meu dia. Quando Jeremy me ligava e perguntava alguma coisa, ou simplesmente ligava e dizia "Papai te amo, tá?". Era o momento que eu tinha certeza de que aquele era o caminho certo pra minha vida e nada poderia mudar isso.

—Jeremy, o que sua mãe tá fazendo? — perguntei curioso.

—As malas!

Ele desligou a ligação e eu fiquei com cara de tacho dentro do carro. As malas? Como assim? Fiquei ainda mais confuso quando cheguei no prédio de Elena e tinha um caminhão de mudanças parado em frente à portaria. Entrei no elevador apreensivo com que poderia estar acontecendo. E se, dessa vez, fosse ela que fugisse de mim? Fiquei nervoso com a possibilidade, mesmo que hipotética. Abri a porta do apartamento e tive dúvida se estava no apartamento certo. Havia caixas pra todos os lados, o lugar era um pandemônio, parecia que um furacão tinha passado ali. Conforme avancei pelo corredor, pude ouvir vozes que eu conhecia: Elena, Caroline, Jeremy, Alex, Tyler.

O que estava acontecendo?!

Elena Gilbert

Damon havia acabado de ligar dizendo que não viria pra casa, e aquilo meio que ligou um alerta em mim. Há alguns dias, eu havia percebido que ele não parecia bem; estava sempre aéreo, alheio a tudo que acontecia em volta. Não pude evitar de cogitar se era assim que Bonnie se sentia quando as lembranças o atacava.

Antes que eu pudesse analisar todos os ângulos da situação, como uma boa advogada, um furacão de um metro e vinte entrou pela porta do quarto. Sorri instantaneamente.

—Papai não vem?

Às vezes um sentimento de posse tomava conta de mim. Por que ele tinha que ser tão apegado ao pai? Jeremy passava quase a metade do dia falando sobre o pai, perguntando do pai, e conversando com o pai. E pensar que durante seis anos eu o tive só pra mim, sua atenção toda pra mim. Damon era o amor da minha vida, mas competir com ele sobre a atenção do nosso filho, era no mínimo injusto.

Agarrei meu pipoquinha e o trouxe pra cama. Ele ria se contorcendo pelas cosquinhas que eu fazia em sua barriga.

—Para mamãe! — pediu aos berros, entre as gargalhadas.

Por fim, parei e ficamos os dois de barriga pra cima, tentando recuperar o fôlego. Virei pro lado, o abraçando e dando um beijo em sua bochecha.

—O papai não vem hoje, filho. Ele ficou pra cuidar do restaurante e já tá muito tarde pra ele vir agora.

—Tudo bem, não quero que o papai corra perigo.

Sorri orgulhosa.

—Já que o papai não vem hoje, que tal dormir com a mamãe?

—Achei que eu já era grandinho pra dormir sozinho. — respondeu seguro. O olhei assustada e impressionada. Quando meu garotinho tinha se tornado tão independente? Eu não estava preparada pra isso.

Engoli em seco, e então falei.

—Bem, isso é verdade, mas a mamãe tem medo de dormir sozinha.

Ele abriu um sorriso lindo — o sorriso de Damon, com covinhas e tudo.

—Tá tudo bem, mamãe, eu te protejo.

Jeremy me abraçou e antes que percebêssemos, apagamos.

Acordei com o celular tocando e o nome de Alex aparecendo no visor. Na mesma hora atendi preocupada; eram três horas da manhã, devia ser algo muito importante. Tinha que ser importante.

—Alex, quem tá morrendo? Onde é o hospital?

—Hã? Elena? Do que tá falando? — perguntou confuso. Calmo demais. Não tinha ninguém morrendo? Não se respeita o sono de ninguém nesse mundo.

—Deve ter alguém morrendo pra você tá ligando uma hora dessas!

Ele riu.

—Não. Mas eu tenho um pedido sério, e antes que diga que não, me escute. — respondi um "tá bom" meio a contragosto. Quando ele vinha com esse papo, sempre eu dizia que não. Alex respirou e começou a falar. — O nome dela é Olivia Parker, Liv para os íntimos. Nós estamos saindo há alguns meses, mas ela disse que não vai rolar nada sério enquanto eu não sair da casa dos nossos pais.

—Essa Liv parece ser uma garota diferente.

—E ela é, Elena. Ela é! Eu gosto muito dela, por isso preciso que você faça isso por mim.

—Eu não posso pagar um apartamento pra você, Alex!

—Mas pode trocar de casa comigo.

**********************************************

Caroline, Tyler e Alex mais brincavam que me ajudavam. Não sei pra que eu fui chamar esses três, eles eram pior que Jeremy! Muitas coisas eu tinha encaixotado durante a madrugada, depois que Alex desligou a ligação. Eu não conseguira mais dormir e aí fui começar o trabalho.

Me assustei quando vi Damon parado no portal do quarto. Ele parecia não entender nada, e antes que pudesse assimilar, Jeremy saiu correndo e pulou em seu colo.

—PAPAI NÓS VAMOS MUDAR DE CASA! — gritou empolgado, fazendo com que Damon me olhasse ainda mais confuso, e agora, preocupado.

Fiz um sinal com a cabeça pra que fossemos até meu quarto, e ele colocou nosso filho no chão. Ele demorou alguns segundos a mais que eu pra chegar no quarto, e imagino que durante o curto trajeto, ele tivesse tentando calcular e conjecturar o que estava acontecendo. Porque do dia pra noite eu ia mudar de casa.

—Como assim "mudar de casa"? — foi a primeira coisa que disse assim que me viu.

Sorri tentando fazê-lo relaxar:

—Você pode ficar calmo, não vamos pro outro lado do mundo.

—Então vão pra onde?

Meu sorriso cresceu tamanha empolgação de saber pra onde eu ia voltar. Pra minha casa. Meu porto seguro.

—Vou voltar pra casa dos Gilbert.

—Por que?

—Porque lá é mil vezes maior que esse ovo. Porque lá tem três quartos e dois andares. Porque lá tem um quintal enorme, e quem sabe o pai do meu filho resolve fazer uma casa na árvore pra minha criança de quase sete anos e que nunca sequer viu uma casa na árvore. — pisquei. — Porque meu irmão precisa desse favor, e eu não tenho porque negar.

—Onde exatamente Alex entra nessa história?

—Pra que tantas perguntas? Eu tô voltando pra casa que vivi a vida toda.

Ficamos em silêncio, nos encarando. Por que ele estava agindo assim? Eu não estava indo pra outro planeta. De repente uma pontada de qualquer coisa me atingiu, não tinha motiva pra tanta desconfiança. Era em horas como aquela que me dava raiva do comportamento de Damon. Às vezes ele conseguia me irritar sem um ponto claro.

—Do que exatamente se trata essa desconfiança toda?

Ele bufou e me olhou com olhos arregalados. Já via que íamos acabar numa discussão.

—Se trata de que quer você lembre ou não, sua mãe ainda mora lá. Sua mãe que me odeia. Sua mãe que acha que a qualquer momento vou te abandonar, e dar no pé. Sabe onde isso vai dar? Em nós dois, cada um de um lado da cidade.

Então foi a minha vez de bufar e apertar a ponta do nariz. Damon sabia muito bem que aquilo não era verdade, minha mãe nem morava mais na Virginia, nós mal nos víamos. Não tinha porque aquele drama todo. Não depois de tudo que passamos pra ficar juntos. Minha mãe nunca seria um problema, eu não tinha mais dezoito anos, não precisava da aprovação dela pra nada, muito menos pra ficar com o homem da minha vida.

—Damon, a minha mãe não mora mais aqui. Aliás, ultimamente, a casa da minha mãe é o mundo. — suspirei e cheguei mais perto dele. Olhei no fundo daquele mar azul e disse aquilo que eu já tinha convencido a mim mesma. — Eu não preciso que ela goste de você pra eu te amar.

—Elena, eu...

—Damon, eu quero fazer isso pelo meu irmão. Me apoia, por favor.

Ele me deu um beijo calmo, mas a forma como apertava minha cintura não negava sua posição diante da questão. Ignorei esse detalhe, e selei o fim de nossa conversa com um selinho. Voltamos pra onde nossos amigos continuavam encaixotando as coisas, e depois de uma hora, entramos no carro — eu e Damon no meu carro; Caroline, Tyler, Alex e Jeremy no caminhão — e seguimos de volta pra minha antiga casa.

—Pai é verdade que vamos construir uma casa na árvore?

—Quem disse isso?

—Meu dindo.

Segurei a vontade de rir, é claro que Alex diria isso. A cara que Damon fez queria dizer que ele também sabia disso, não dava pra lutar contra um crianção como meu irmão, e pior ainda depois que ele tinha plantado a esperança na cabeça de Jeremy. Continuei aonde eu estava ansiosa pra ouvir a resposta que Damon daria.

—Bem, filho, vamos ver né. Quem sabe a gente pode comprar uma pronta, hã? É uma ótima ideia!

A expressão de Jeremy era impagável.

—Pai, essa é uma péssima ideia.

—Por que? É uma casa, não é? Casas vendem em imobiliárias.

Caminhei rindo pro jardim onde eles estavam. Realmente era uma ilusão acreditar que Damon faria uma casa na árvore; ele não era esse tipo de homem. Era o tipo de pai que compra drones pro filho, ao invés de ensiná-lo a fazer alguma coisa. Eu tinha que aceitar que esse era o homem que tinha escolhido e não adiantava tentar mudá-lo.

—Amor, não existem imobiliárias de casa na árvore.

—Bem, deveria existir. — ele deu de ombros. Jeremy desceu de suas costas, e correu pra dentro da casa. Ele ainda não tinha se acostumado com o tamanho da casa, e parecia inacreditável que ele pudesse correr de uma ponta a outra.

Peguei na mão de Damon, e ficamos os dois encarando o jardim. Eu sabia bem o que ele estava olhando e já esperava uma bronca, mas mesmo sabendo que talvez ele não aprovasse, eu não consegui evitar. Encarei o pé de azaleia.

—Por que você tem um pé de azaleia? — ele perguntou baixo, sem me olhar.

Suspirei.

—Era a única coisa que eu poderia fazer, Damon. — respondi no mesmo tom que ele.

Mais silêncio e então Damon se virou pra mim. Algo parecido com culpa habitava aqueles olhos profundamente azuis. Eu reconhecia aquele sentimento, estava em mim também.

—Ela morreu porque você me ama. — murmurei, de cabeça baixa.

—Não, Lena. — ele levantou meu queixo, e me deu um selinho. — Ela morreu porque não tinha quem a amasse do jeito que eu te amo.

O tempo parou quando senti os lábios carnudos nos meus. Nosso beijo era calmo e aconchegando, algo parecido com sensação de volta pra casa. Toda vez que nós nos beijávamos era assim, como se eu tivesse voltando pro meu lar; meu porto seguro. Damon era o lugar pra onde eu sempre voltaria. Sua língua puxou a minha, tomando posse da minha boca. Ele nunca precisaria reivindicar o que já era dele.

Nos desgrudamos quando o ar se fez necessário, mas não tínhamos coragem pra nos afastarmos. Ele encostou a testa na minha, e manteve os olhos fechados.

—Não vai embora. — pedi.

—Eu nunca irei. — prometeu.

Mordi o lábio absorvendo a promessa, implorando internamente que ele mantivesse sua palavra. Eu precisava que ele cumprisse aquilo.

—Faz amor comigo.

—Sim. Faço amor com você até o mundo acabar.

Enquanto nos beijávamos, pude ouvir uma música longe, acima das batidas do meu coração. Uma música que realmente resumia meus pensamentos em relação a Damon. Eu diria que era nossa música.

You see right through me
How do you do that shit
How do you do that shit
How do you do that shit
How do you
How do you
How do you


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Notas finais do capítulo

OLHEM O QUE EU FIZ!

https://instagram.com/avahnyahfanfic/

Eu espero que vcs sigam, pou serei obrigada a excluir a conta :(



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