The last love escrita por Ingrid Lins


Capítulo 16
Capítulo 14: Conte comigo se quiser


Notas iniciais do capítulo

Então eu queria pedir desculpas pelo meu sumiço, mas a culpa não é minha rs. Meu computador tá com vírus eu acho e aí eu não consigo postar no site, nesse momento tô usando o computador da minha tia, por isso os capítulos estão atrasados. Quanto aos reviews eu consigo responder pelo celular, mas postar não. Alías acho que já passou da hora do Nyah lançar um app pra as autoras possam postar os capítulos celular #ModeraçãoFicaDica
Enfim vamos ao capítulo!



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Elena Gilbert

—Mas papai... O senhor tem certeza? Então tá bom. — eu ouvia atrás da porta a conversa entre meu filho e o pai. Eu sei que é feio escutar por de trás da porta, mas eu queria saber porque Damon não queria conversar com o filho. — Tchau papai.

Voltei até a sala para que meu filho não percebesse que eu estava no erro, e fiquei esperando que ele aparecesse. Jeremy apareceu e se recostou no meu colo.

—O que aconteceu?

—Papai disse que não podia conversar agora.

—Por quê? — sim, eu estava interessada. Mais do que eu devia.

—Não sei. Disse que era coisa de adulto.

Eu não sabia o que era pior. Se era meu filho triste, e desapontado, ou se era saber que havia algo acontecendo com Damon. Certamente que ambos não faziam bem algum para o meu psicológico.

Pus meu filhote na cama, e depois de muito refletir, peguei meu telefone e disquei o número dele. Chamou algumas vezes e depois caiu na caixa postal. Talvez ele não quisesse falar comigo.

Fiquei vendo um filme romântico, e meloso, e algumas falas do filme me fizeram lembrar-me de algumas comparações da época que eu namorava com o Damon e mais tarde com Matt. As épocas eram diferentes, claro, mas...

Quando me envolvi com Damon, eu era uma menina. Tinha dezoito anos, esperava muita coisa da vida; achava que nada poderia me atingir se eu estivesse ao lado do homem que amava. Já quando eu me relacionei com o Matt, já era adulta. Mesmo. Era mãe, uma mulher responsável, acima de tudo. Já havia sofrido decepções o bastante para saber que a vida não está nem aí para os seus sonhos, e os destrói sem dó nem piedade. E mesmo com todos os problemas, discussões e brigas que encheram minha relação com Damon, quando eu estava nos braços dele, me sentia a mulher mais feliz e realizada do mundo. Até mesmo nesse momento, quando eu sinto aquela boca quente na minha, era capaz de esquecer tudo, e viver aquele momento. Eu era capaz de amá-lo mais uma vez.

Já era quase meia-noite, e então, só para desencargo de consciência, eu resolvi ligar para o pai do meu filho mais uma vez. Chamou, chamou, chamou e...

—Alô?

—Er... oi, Damon Sou eu. Desculpe ligar essa hora, é que... o Jer comentou que você não parecia muito bem, e eu queria saber se aconteceu algum problema. Você tá bem?

Sua respiração pesou.

—Não tô bem não. Meus pais estiveram aqui, e minha mãe fez um rebuliço só. Eu não esperava isso dela.

—Isso é natural. Ela ficou surpresa, algumas pessoas não lidam muito bem com a surpresa. — tentei aliviar o lado de Dona Lilian.

—Não sei não, Lena. Não parece minha mãe, sabe? Tem algo de estranho.

—Se você acha... Eu...

Só liguei pra isso, certo? — ele tentou adivinhar. Fiquei um tanto envergonhada por ele saber até mesmo o que eu ia falar.

—Entenda Damon. Você é pai do meu filho, não é meu amigo.

—Uau! Essa doeu, hein.

—Me desculpe. Ainda assim, como mãe do seu filho, conte comigo se precisar de algo, ok? — tentei amenizar um pouquinho minha falta de tato.

—Ok. Durma bem.

—Você também.

E desligamos. Acho que foi o mais perto de uma conversa civilizada que algum dia teríamos. Claro, porque minha consciência jamais permitiria que eu me reaproximasse — emocionalmente —dele de novo...

No dia seguinte, eu acordei ainda preocupada com Damon, e claro, que isso não passou despercebido pelos olhos de Caroline.

“Aconteceu alguma coisa com você, Lena?” ela havia perguntado logo pela manhã.

“Não. As mesmas preocupações de sempre.” Respondi mal por estar mentindo para minha melhor amiga. Enfim, passei a mão no meu pequeno e seguimos nosso corriqueiro caminho de toda quarta de manhã.

Eu trabalhava pela metade naquele dia. Meus pensamentos estavam irritantemente longe; em lugares os quais eles nunca deviam ir. Continuei brigando com meu subconsciente até a hora do almoço, quando, não sei porque, decidi ir até o La Luna, e ver como ele estava. Uma ideia estúpida que me arrependi assim que saí do estacionamento da empresa, mas que não consegui me refrear para não fazer.

Enquanto eu percorria o caminho da burrice, uma música começou a tocar ao fundo.

‘Cause it’s you and me and all of people

With nothing to do, nothing to loose

And it’s you and all of people

And I don’t know why I can’t

Keep my eyes off you

Foi impossível que as lembranças não viessem. Era a nossa música, e ouvi-la doeu tanto quanto deixá-lo ir. Sentindo-me a pessoa mais burra de todo esse universo, adentrei o último restaurante que jurei jamais frequentar, com pernas bambas.

Deus que ele não me veja assim! — pensei.

Quando cheguei até o escritório, estanquei na porta. Ele estava sentado em sua cadeira, e segurando um terço antigo bege. Eu sabia muito bem de quem era aquele terço.

Eu queria te dar uma coisa.

Se for o que eu tô pensando, não precisa nem falar mais nada.

Ele veio para cima de mim para beijar-me.

Não é isso, não, seu tarado! Eu queria te entregar isso. e pus o antigo terço em sua mão. Ele o avaliou, e com uma cara de desdém me olhou.

Um terço? Jura?

Minha avó me deu esse terço quando eu tinha dez anos. Ela me dizia que quando eu estivesse angustiada, que estivesse de algum jeito com ele, pois esse terço haveria de me ajudar. E ajudou a minha vida inteira. Agora quero que quando você se sinta mal, fique com ele, e seja o que for que você estiver precisando no momento, ele te mostrará.

Você acredita mesmo nisso?

Sim, Damon. Às vezes as pessoas precisam de algumas respostas, respostas as quais só a fé pode mostrar. Fique com ele. Por favor.

Ok. Obrigado.

As benditas lágrimas desceram silenciosas. Não, elas não tinham o direito de me prejudicar desse jeito. E quando eu menos queria, Damon virou-se em sua cadeira, e me viu como uma idiota na porta de seu escritório.

—Olá. — me forcei a dizer.

—Oi! O que tá fazendo aqui?

Hesitei. Estava chorando como uma idiota por uma lembrança ainda mais idiota? Talvez aquela não fosse a melhor resposta. Suspirei entrando no cômodo. Era perturbador ver como de alguma maneira, havia um traço de mim em cada objeto dentro daquele lugar.

—Er... Eu achei que você pudesse estar passando por alguma coisa mais séria que os ataques da sua mãe, e resolvi fazer uma visita.

—Como amiga? — ele quase sorriu.

—Não. Como a mãe do seu filho que se preocupa com você.

O seu quase sorriso desapareceu.

Idiota! — xinguei mentalmente.

—Então, mãe do meu filho que se preocupa comigo... Eu tô bem. — ele mentiu. Sim, ainda ficava evidente em seus olhos quando ele mentia. Não adiantava tentar me enganar.

—Ainda fica óbvio quando você mente pra mim. — observei.

—Não sei o que tá acontecendo com minha mãe. Ela tá diferente. Tá hostil, uma coisa que ela nunca foi.

Eu conheci Lilian Salvatore, e digo que ela não era uma má pessoa. Era muito amável, e tentava de maneira heroica manter a família numa perfeita ordem. Talvez algo muito sério estivesse acontecendo com ela, mas ele não soubesse. E se minha teoria estivesse certa, ele nunca saberia. Mas agora Damon era homem, e pai, e estava mais que na hora de parar com aquela birra com a mãe.

—Eu acho que tá mais que na hora de você ir conversar com sua mãe. Uma conversa de verdade.

—Será?

—Acho que sim. — olhei o relógio, e eu tinha que voltar para empresa. — Olha, eu tenho que ir embora agora, mas se... Você precisar, me liga. — eu sei que não devia ter dito isso, mas não consegui guardar minha língua dentro da boca.

Ele sorriu. A droga de um sorriso que fazia meu coração acelerar.

—Obrigado Elena.

Damon Salvatore

Decidi que eu tinha que voltar com minha mãe. Ela era minha família, e há cinco meses não falava comigo. Meu filho só via o tio e o avô quando estes iam à minha casa, porque entrar na casa da minha mãe não era uma opção. Não mesmo. Não que eu tivesse medo que ela fizesse alguma coisa, mas o meu medo era que Jeremy ouvisse o que não devia e de alguma forma, associasse a ele. Não precisava que meu filho se sentisse menos amado, por causa de seja lá o que fosse que minha mãe estivesse passando.

Eu não sabia com que cara chegar lá, muito menos saber por onde começar.

—Mãe, a gente tem que conversar.

—Eu não tenho nada pra conversar, Damon. Não tem nada de errado.

—Mamãe, sinceramente, a senhora não parece a mulher que eu conheci minha vida inteira.

—Por que diz isso?

Ela estava com os olhos nervosos, e encarando o chão o tempo inteiro. Exatamente como Elena fazia. Elas eram pessoas de coração puro, e pessoas assim não conseguem mentir. Por que minha mãe estava tentando me enganar? O que poderia ter acontecido de tão grave?

—A senhora tá fria, e nervosa. Tá diferente. Por que?

Ela não respondeu. Com mãos trêmulas largou a xícara com o chá que tomava encima da mesa de centro. Minha mãe permanecera sem ação um tempo, e depois caíra num choro nervoso. Aquela não era minha mãe, eu sabia. Abracei-a para acalmá-la, e exatamente como eu fazia com Jeremy quando tinha pesadelos durante a madrugada, comecei a fazer cafuné em sua cabeça. Ela permanecera num soluço choroso por minutos, mas depois conseguiu se acalmar. Minha mãe parecia descontrolada emocionalmente.

—O que aconteceu? — perguntei esperando uma resposta.

—Eu descobri que...

—Que? — por que ela estava hesitando?

—Seu pai... Tem um filho.

Estanquei. Como assim? Meu pai tinha outra família?

—Meu pai tem outra família?! — eu disse totalmente alterado.

—Não! Seu pai tem outro filho. E nós não dormimos no mesmo quarto há sete meses.

—Mãe...! — eu não sabia o que dizer, como reagir. Nada. — Mãe, por que a senhora não falou nada com a gente? Stefan sabe?

—NÃO! Não conte pra ele, Damon.

—Não só o Stefan, mas todo mundo dessa família precisa saber.

—Não precisa não. Ninguém dessa família precisa saber! — minha mãe me contrariou. — Eu tô superando esse baque, e... Eu não quero que ninguém saiba.

Continuei calado. Não sabia o que falar, nem como reagir. O meu pai havia traído a minha mãe, e ela por sua vez queria agir como se nada tivesse acontecendo. Engraçado quando eu era pequeno achava que meus pais eram a família perfeita, e eles eram realmente. Pareciam aqueles casais de comercial de margarina; aquilo não fazia sentido pra mim. O que será que mudara? Não dava pra imaginar meu pai magoando minha mãe daquela forma. Não meu pai.

—Eu prefiro entrar em outro assunto. Prefiro falar de você. Há tanto tempo nós não conversamos. Por que se afastou tanto de mim, meu filho?

Fiquei sem graça com sua pergunta. Ela nunca havia me feito aquela inquisição antes e eu achava que era porque era claro, uma resposta tão óbvia, mas parecia que pra ela ainda era um mistério.

—Ciúmes.

—Ciúmes? Por que querido? — ela parecia mesmo surpresa.

—Mãe, eu era o mais novo, tinha toda sua atenção, e aí quando o Stefan nasceu e tudo era pra ele. Quando eu te pedia alguma coisa, a senhora me dizia que tava cansada. Uma vez te pedi ajuda com o dever de matemática, e a senhora disse “Damon você já tá grande, tem que aprender a se virar sozinho. Vai viver a vida inteira agarrado na barra da minha saia? Seja homem e independente assim como todo Salvatore”. — sua boca se abriu num O perfeito, e ela tinha a mão sobre o peito. — Então mãe... Eu só tava fazendo o que a senhora mandou.

Ficamos nos encarando. Os olhos azul-acinzentados os quais os meus eram copiados à exatidão, encarando-me como se pudesse olhar além de mim. Sempre tive essa sensação com minha mãe. E então sem uma explicação eminente — pelo menos para mim — ela começou a chorar. Minha mãe chorou copiosamente de novo, e mais uma vez fiz carinho em seus cabelos para acalmá-la.

—Desculpe querido. Perdoe-me por ser uma péssima mãe. — ela disse em meio a soluços.

—Mamãe, a senhora nunca seria uma péssima mãe.

—Aquele foi um período tão difícil! Eu tava numa depressão pós-parto... Alguns meses antes de engravidar do Stefan eu havia perdido um bebê, e depois com o nascimento do seu irmão parecia que eu tava traindo meu outro bebê. Seu pai não entendia; ninguém me entendia! E sem encontrar forças pra cuidar de você e da sua irmã... eu já não sabia mais o que fazer!

—Mamãe. — tentei interromper.

—Eu sinto muito meu filho. Eu tentei o máximo que eu pude ser uma boa mãe pra essa família, só que às vezes não dá! Sinto que falhei em tantas coisas, não consegui fazer tantas coisas, que... Perdoe-me, por favor. — chorou mais.

Levantei seu rosto e olhei-a nos olhos.

—Não tem o que perdoar. Eu amo a senhora, mamãe. Sempre amarei.

E pela primeira vez em dezesseis anos eu me sentia bem. O abraço com minha mãe trouxe de volta a única coisa que eu precisava quando estava mal: o carinho e amor da minha mãe.

Elena Gilbert

Naquela mesma noite recebi uma ligação de Damon contando que havia se acertado com Lilian, e aquilo fez com que meu coração se aquietasse um pouco. Aquele clima dele com a mãe dele, me lembrou um pouco a minha. Minha mãe nunca foi muito de pertencer a um lugar, então assim que eu e Alex fomos pra faculdade, ela deixou o antiquário nas mãos de tia Jenna, e foi com meu pai rodar o mundo. Ela ligava de vez em quando e queria bancar a mãe preocupada, mas algo nisso me irritava. Algo em seu tom de voz me intimidava, fazia com que eu me sentisse uma garotinha novamente, por mais que não fosse verdade, me atingia em profundezas que ninguém poderia imaginar.

Num impulso mal calculado, fui até a lista de contatos, e apertei no contato mamãe. Chamou tantas vezes que pensei que fosse cair na caixa postal, mas aí ela atendeu. Um som ensurdecedor abafava sua voz:

—Oi bebê, como você tá?

—Precisando de você. — confessei. De repente o barulho cedeu e pude ouvi-la com clareza.

—Desculpe, o carro de som passou. Aqui na Colômbia é muito comum esses carros. — riu —O que você havia dito?

—Preciso de você mãe, eu tô tão confusa. A minha vida tá de pernas pro ar, eu... já não sei mais o que fazer.

Um silêncio durou por algum tempo, e então ouvi seu suspiro. Meu coração ansiava por uma palavra de conforto, ela era minha mãe. Mães fazem isso, né? Mas não a minha.

—Oras, deixe de infantilidade, Elena. Não te criei pra isso. Você tem uma vida estabilizada, um emprego que te dá reconhecimento, e um filho na melhor escola da cidade, o que pode estar errado na sua vida? Seja lá o que for, sei que é estupidez sua.

Senti meu corpo inteiro retesar, e as lágrimas começarem a fazer com que meus olhos ardessem. Era incrível como sempre que eu precisava, ela nunca tinha uma palavra doce pra me dar. Era como se não pudesse expressar carinho, e por Deus, como aquilo doía.

—Você não sabe de nada que tá acontecendo na minha vida. — rosnei com raiva.

Sua risada ecoou pelo fone, e quem passasse pela rua com certeza pensaria que ela estava rindo por uma piada ou uma besteira qualquer e não por estar debochando de mim.

—Não seja infantil querida, sua vida tá maravilhosa. Não tem nada de errado.

—Para de agir como se eu fosse uma idiota!

—Você é uma tola, isso sim! Pare de agir como uma garotinha, pare de procurar problemas, Elena. Sempre foi aquele garoto que mexeu com sua cabeça, e te deixou assim. Nunca tá bom até que você arranje um jeito de trazê-lo pra sua vida novamente.

Fiquei quieta. Lembrava bem de quando Damon retornou a nossa casa depois de anos na Europa, e de como minha mãe o tratara. Lembrava de quando fui pra faculdade como ela o culpava por tudo que dava errado, e quando fui internada pelo risco de perder o Jeremy. Mesmo de longe a culpa era de Damon. Mesmo de longe, pra ela, a culpa era minha...

Respirei fundo, e tomei coragem, lembrando que eu não precisava dela. Tudo que eu precisava estava na minha casa, no quarto ao lado, dormindo profundamente agarrado num ursinho. Eu era uma mãe melhor que ela, precisava ser. Tinha que ser!

—Sinceramente eu... hum... tchau mãe. — não esperei a resposta e apertei a tecla vermelha. As lágrimas desciam furiosas sobre o meu rosto, os soluços ecoando pelo quarto. A raiva latejava dentro de mim porque apesar de sempre ter feito o possível por mim e meu irmão, sentimentalmente Miranda sempre esteve distante. Nunca com uma palavra de carinho pra ninguém, até com meu pai era meio estranho. Mas o senhor John sempre soube lidar com ela, nós não; eu não. Toda atenção e carinho que precisava encontrava conforto na vovó Gilbert e na Senhora Forbes.

O som da porta abrindo me assustou, e rapidamente limpei as lágrimas achando que fosse Jeremy, mas quando vi que era Caroline me tranquilizei. O quarto era iluminado apenas pelo abajur que descansava no criado mudo, mas ainda assim, ela não teve dificuldade de ver meu estado. Sem dizer nada, a loira caminhou em silêncio até minha cama e me abraçou — não resisti e minhas lágrimas vieram novamente com força. Caroline respeitou meu momento e me deixou chorar, apenas acariciava meus cabelos.

—Eu liguei pra minha mãe. — sussurrei.

—Ai, Elena! Pra que você fez isso?

—Eu... não sei. Precisava de carinho de mãe. — funguei, limpando as lágrimas — Você se dá tão bem com ela, e eu pensei que... sei lá, talvez eu pudesse me conectar com ela também.

—Ela não é minha mãe, Elena por isso nós nos damos bem.

Suspirei sem saber exatamente como eu deveria me sentir ou pensar.

No dia seguinte, mesmo emocionalmente exausta, fui trabalhar com uma sensação inquietante. O dia na empresa estava sendo estressante e cansativo, e até então nada havia me alegrado. Problemas brotavam de todos os lugares, e soluções nada, apenas preocupações e reuniões que me deixavam ainda mais ansiosa do que eu já estava. Já havia passado da hora do almoço quando Ester Mikaelson, minha chefe, me chamou em sua sala, e até àquela hora, apenas estresses tinham aparecido na minha frente.

—Aqui estou, Ester.

—Ótimo, Elena. Vamos conversar.

Quando sua chefe te chama pra conversar, apenas demissão passa na mente do empregado, mas as feições de Ester estavam relaxadas. Algo em mim dizia que não era esse o motivo de eu estar lá na sala da presidência.

—Como você já sabe, estamos abrindo um escritório em Washington, e apesar de eu amar meu filho Finn, duvido da competência dele pra comandar os negócios lá. Preciso de uma pessoa de confiança lá, Elena. Preciso de você em Washington.

O ar ficou preso na minha garganta, e eu não conseguia falar. Uma proposta daquela parecia demais pra mim, no entanto, também era uma desculpa perfeita. A chance que eu precisava.

—Eu tenho um filho, Ester.

—Oras, eu sei disso, Elena. Exatamente por isso, que é só você aceitar minha proposta, e amanhã ele estará matriculado no melhor colégio do condado. Uma proposta dessas não acontece todo dia, Elena, pense nisso. Eu preciso de uma pessoa que sei que não levará minha empresa pro buraco.

—Mande outra pessoa. Nádia tá louca por uma promoção.

—Não posso confiar naquela mulher.

Tentei argumentar, mas sempre ela estava com uma resposta na ponta da língua. Ester me queria em Washington, e eu queria ir. Deveria ir, era uma boa chance, a promoção que todos do meu setor queriam. Era minha carta de alforria. No caminho de casa, minha mente funcionava a mil, pensando, conjecturando tudo que poderia acontecer caso aceitasse. Damon ficaria louco, claro, levar Jeremy pra longe dele era um risco, mas um risco que eu deveria correr pro bem da minha sanidade.

Assim que cheguei em casa, recebi um abraço apertado de Jeremy. Ele disse que estava com saudade, e passamos a noite toda grudados no sofá: meu garotinho sempre seria meu companheiro. O único homem que valia todo esforço. Ao colocá-lo pra dormir, chorei. Lembrei de tudo que passei desde a gravidez até aquele dia, e de repente, o medo de perdê-lo apertou meu coração. Estive à beira de perdê-lo tantas vezes que ao menos podia pensar em qualquer chance de não tê-lo em meu braços.

Mais tarde, Caroline apareceu no meu quarto pra conversar, Klaus havia ligado novamente. Minha amiga que sempre tinha palavras pra tudo, se via cada vez mais perdida naquele sentimento. Apesar de sempre ter sido namoradeira, estar apaixonada era novo pra ela. Assim que acabou de desabafar e fiz o possível pra ajudá-la, entrei no assunto que estava me perturbando.

—Você vai? — ela perguntou com os enormes olhos verdes apontados na minha direção.

—Não sei. Devo ir? — sussurrei de volta. Se a Barbie estava confusa com sua relação amorosa, eu estava perdida com minha chance profissional, que felizmente concordava com minha vida.

—É uma ótima chance, aposto que todos do seu departamento estão torcendo pra que você morra agora. Não quero ficar sozinha aqui, mas se for o melhor pra sua carreira, talvez você deva ir.

Dei de ombros.

—É, talvez.

Ficamos nos encarando em silêncio. Estávamos com medo. Estávamos confusas. Os motivos eram completamente diferentes, mas como sempre Caroline e eu estávamos no mesmo barco.


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Notas finais do capítulo

E aí, reviews? Aguardo vcs pra matar a saudade



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