The last love escrita por Ingrid Lins


Capítulo 10
Capítulo 9: coisas novas e sentimentos velhos


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo evidencia o que eu falei no capítulo passado, existem muitos conflitos internos perturbando ainda os corações de Damon e Elena. Peço muita paciência nessa reaproximação deles. Jeremy tá na área, e com ele não haverá dramas. Rose tbm da de visual novo rs



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Devo dizer que Jeremy ficou Felisbino seria minimizar a emoção do meu filho. Minha criança ficara maravilhado com o fato de que tinha um pai, e que apartir daquele dia, ele iria participar de sua vida.

No sábado, eu fiz o que eu podia com a ajuda de Caroline, para o almoço. Eu chamei todos, para que a situação se tornasse mais agradável. Eu tinha medo da reação de Jeremy ou de Damon, mas pior que tudo, eu tinha medo da minha reação. Meu instinto era o meu maior empecilho, mas não exatamente em relação ao meu pequeno, Damon jamais o machucaria, eu o conhecia; porém tinha medo por mim. Medo de fraquejar e me envolver novamente com ele, e depois me magoar, e acabar levando Jeremy para o buraco da relação comigo.

Por volta de uma hora, coloquei a mesa com a ajuda de Tyler e Alex. O cardápio da refeição foi simples, até porque o chefe da família não era eu, e Alex que era quem cozinhava melhor de nós, não havia chegado a tempo. Damon, em compensação, não chegou atrasado. Levou sua torta de limão — a melhor torta de limão de todo o mundo!

Jeremy olhava intensamente para o pai, era como se estivesse se reconhecendo nas feições de Damon. Dei a torta para Caroline levar para a cozinha, e o levei até o sofá onde nosso filho estava sentado, balançando as pernas que não alcançavam o chão.

—Jer, querido, esse é Damon. Você lembra quem ele é? — perguntei preocupada. De repente, tive medo de sua rejeição. O brilho nos olhos do meu filho se intensificou ao ouvir a última palavra.

—Você é mesmo meu pai? — meu pequeno perguntou.

—Sim. Eu sou. — Damon respondeu olhando diretamente em seus olhos verdes. Um sorriso brotando no rosto de ambos.

Deixei-os na sala com meu irmão e meu amigo, enquanto eu terminava de arrumar as coisas com Car.

—E aí?

—Parece que Jeremy adorou a ideia. — sorri. — Só espero que Damon também tenha adorado né?

—Pelo jeito como ele deu crise por não ter sido consultado há seis anos, creio que ele mais que adorou a ideia!

Comemos todos em paz, e depois os meninos — sem exceção nenhuma! — ficaram se aproveitando do X-Box do meu filho. É, homens nunca deixam de ser meninos! Isso era um fato verdadeiro!

—Elena posso falar com você? — Damon disse de repente.

—Hã... Claro.

—Eu queria saber se posso levar o Jeremy pra dormir lá em casa.

Naquele momento eu percebi que estava perdendo meu filho. Nunca mais seríamos só eu e ele. Nunca mais seríamos apenas uma dupla. Agora Damon faria parte da nossa vida, e não sei até onde saberia lidar com essa situação. Eu devia dizer que não, eu sentia isso, mas eu não podia. Ele era pai, e merecia esse momento.

—Er... Vamos perguntar a ele?

Andamos juntos até a sala, onde Jeremy brincava distraído de lutinha — algo que eu odiava, porque induzia à violência — com Tyler.

—Jeremy? — chamei, olhando feio para ambos. Eles sabiam bem o que meu olhar queria dizer.

“Quantas vezes eu vou ter que falar pra vocês pararem com essa brincadeira?” eu já tinha cansado de perguntar. Portanto, eu passei a mandar “o olhar”.

—Desculpa. Não vamos mais brincar de lutinha! — meu pequeno e o tio disseram juntos. Vi de relance Damon segurar o riso com muita dificuldade.

O menino chegou perto da gente.

—Filho, er... seu pai quer saber se você gostaria de ficar com ele hoje.

Ele nos examinou como se quisesse ter certeza que não estávamos brincando com ele. Seus olhinhos oscilavam de mim para Damon, nos olhando dentro dos olhos.

Por fim, respondeu:

—Eu posso mamãe? — seus olhos brilhavam diante da possibilidade. Meu instinto era de negar, e engoli o "não" com dificuldade, mas me mantive firme.

Damon Salvatore

Assim que soube que me dei conta de que tinha um filho, me adaptei a essa condição. Mobilhei um dos quartos, e me preparei. Eu tinha medo de muita coisa naquele momento, era como se, de repente, eu não tivesse mais certeza de muita coisa em mim, o medo de errar, de ser um mau pai tudo se misturava dentro de mim, mas o extinto era maior que tudo. Era como se por natureza meu coração já soubesse o que fazer; um sentimento muito louco e forte.

Vibrei por dentro quando Jeremy aceitou dormir na minha casa, e passar o dia comigo, e comemorei ainda mais quando Elena não se opôs à minha ideia.

—Eu gostei muito do almoço de hoje. – disse sorrindo.

—Também gostei muito. – ele respondeu sussurrando já sonolento.

—Boa noite, Jeremy. — falei o cobrindo.

Me levantei da cama e fui andando em direção à porta.

—Boa noite... pai. — a frase me pegou de surpresa.

Parei segurando o portal. Eu ouvi mesmo isso? Olhei para ele que tinha o rosto amedrontado e receoso. Eu devia estar de olhos arregalados.

—Você... me chamou... de pai? – perguntei com muita dificuldade.

Fui preenchido por uma alegria, uma euforia e ao mesmo tempo uma apreensão. Eu estava feliz por isso, mas eu não poderia estar. Era difícil de explicar o que estava sentindo.

—Eu... posso te chamar... de pai? – ele perguntou assustado.

Era como se um pedaço do meu peito estivesse voltando ao seu lugar.

Sendo curado, restaurado com apenas uma palavra.

Três letras que me fizeram sorrir involuntariamente.

Me aproximei da cama de novo, me sentando do seu lado.

—Claro... que você pode me chamar de pai. – sorriu feliz – Boa noite, filho. – lhe dei um beijo na testa e voltei para porta.

Acho que agora eu realmente era pai.

—Duvido que você seja melhor que eu. Eu sou o melhor do melhor do mundo em jogar videogame! – ele disse dando rindo alto.

—Você tem um desses em casa? – perguntei assustado.

Como esse garoto de seis anos de idade conseguia me vencer no jogo que eu era o melhor de todos os tempos?

—Claro que não. – respondeu indignado – Minha mãe nunca me deixou ter um desses.

—Então, aonde você aprendeu essas coisas? – indaguei assustado.

—O meu dindo tem um desses, e no campeonato, eu sou o campeão.

Fazia sentido, Elena disse que Jeremy não podia ter um videogame, mas não falara absolutamente nada sobre Alex. Pra mim totalmente compreensível. Ficamos mais algum tempo jogando, e devo confessar que apanhei feio pro meu moleque de seis anos — trágico. Já era meio da tarde quando paramos para lanchar. Jeremy me seguiu até a cozinha e sentou-se no banquinho de madeira na cozinha americana. Enquanto eu cortava nossos sanduiches, ele puxou assunto:

—Pai posso fazer uma pergunta? — seus olhos estavam baixos, e aquilo quase me fez rir. Era exatamente a cara que eu fazia para minha mãe quando ia falar algo que não devia.

—Pode, fala aí.

Ele pensou um minuto, mas então tomou coragem. Eu tava curioso para saber o que era tão importante que ele soubesse.

—Por que você se separou da mãe?

Deixei a faca cair. Por um momento, parecia que meu mundo que tinha parado. Por que eu havia me separado de Elena. Por Deus nem eu sabia! O que diria a ele? "A vida nos levou a nos levou a caminhos opostos"? Não, Jeremy não entenderia. Eu mesmo, aos vinte cinco anos, não entendia.

O encarei, e ele continuava com a mesma expressão inocente. Ele só queria uma resposta, era justo com ele. Meu filho havia caído de paraquedas na minha vida, ou eu havia caído de paraquedas em sua vida. Fato era que eu era um elemento novo, e ele só queria uma justificativa. Por que eu não havia estado ao lado da mãe dele durante a gestação, por que eu não havia visto seus primeiros passos, ou chorado na primeira vez que ele tivera que ir a emergência. Por que? Porque fui fraco e não lutei pelo que eu mais queria na minha vida.

—Filho, eu... não sei. É complicado...

Gaguejei por mais uns instantes, mas nada seria suficiente, eu não tinha uma resposta. Nem para mim, e muito menos para ele. De repente, para nossa surpresa, a campainha tocou. Era minha deixa.

Larguei nossos sanduiches na bancada da pia, e secando as mãos num pano de prato, fui até a porta. Quando olhei pelo olho-mágico me surpreendi ao ver a outra Salvatore do outro lado. O que Rose queria? Aquela não era uma boa hora para ela bancar a irmã preocupada.

—Pensei que tivesse morrido! — Rose disse já invadido meu apartamento.

Eu e ela estávamos mil vezes melhores que na adolescência. Nós nos unimos nos últimos anos de um jeito que pegou de surpresa até a mim. Principalmente depois que ela casou, e teve dois filhos — Kol o mais velho, de nove anos, e Rebecka de três anos. Éramos eu e ela “contra” nossa família de malucos.

Minha família continuava meio maluca, então...

Minha irmã parou no meio da minha sala, olhando assustada para Jeremy sentado na bancada, mas em seus olhos havia algo de diferente como se o reconhecesse. Três gerações com o mesmo olhar.

—Quem é? — ela perguntou olhando para o menino com os olhos arregalados.

—Jeremy, desliga o videogame pra mim, por favor?

—Pai, posso ver Ben 10? — ele perguntou.

Fiz que sim com a cabeça.

Pai? — ela disse se virando. — Damon, tô esperando você me dizer que eu entrei no apartamento errado.

Guiei-a até o corredor que dava na sala de jantar.

—Quem é aquela criança?

—Jeremy. Meu filho.

—Quer dizer então que você tem um filho com uma vagabunda qualquer? — ela perguntou. Era de se esperar que ela pensasse assim. Dois anos atrás, uma loira chegou jogando uma criança no meu colo, dizendo que eu teria que pagar pensão. Mas é claro que aquela criança não era minha.

—Minha mãe não é vagabunda! — ele gritou nos surpreendendo. Por um lado fiquei orgulhosos, por outro fiquei meio preocupado: Jeremy havia herdado uma explosiva combinação geniosa das famílias Salvatore e Gilbert. Rose alternava olhares entre mim e ele, com a sobrancelha arqueada — visivelmente queria uma resposta.

Ao invés de responder, fui até o andar de cima, e peguei a carta de Elena na gaveta do criado mudo.

—Nossa! Eu não sei o que dizer. — ela admitiu ajeitando os cabelos, agora ruivos e curtos, logo após ter abaixado a carta, a apoiando na mesa. Acho que Rose leu aquela carta umas três ou quatro vezes.

—Pois é! Agora eu sou um pai de família.

—Papai vai pirar! — Rose refletia.

—Nem fala.

Antes que eu pudesse pronunciar qualquer outra coisa, Rose Marie saiu em direção à sala. Lá estava meu filho. Vidrado com os olhos pregados na Tv de plasma. Ela sentou-se ao lado do garoto, puxando assunto.

—Você gosta muito do Ben 10? — ela perguntou.

—Sim. — ele perguntou, sem tirar os olhos da tela.

—É muito legal esse relógio dele, né?

Jeremy não respondeu e eu ri.

—Ele é meu filho, e você chamou a mãe dele de vagabunda. Ele não vai te dar assunto tão cedo.

—Aff, e eu achando que tinha me livrado da sua versão rebelde sem causa. — bufou.

*******************************************

—Mas qual é o motivo de você estar confuso?

—Eu?! Bem, deixe-me ver... Um dia eu acordo, abro a porta e tem uma carta dizendo que eu tenho um filho com uma... uma mulher que me abandonou há sete anos. A desgraçada que eu amo e que... Com que mais posso estar confuso, Rose Marie Salvatore?

É, eu estava sendo irônico. Eu amava Elena mas me sentia confuso. Meu amor e meu carinho eram sem precedentes, mas eu me sentia traído por ela não ter me contado sobre nosso filho na época e às vezes minha raiva me dominava e eu perdia o controle. Vivia preso nessa relação de amor e ódio.

—É isso que eu me pergunto “Com o que você pode estar confuso?”. — ela deu um olhar debochado, se recostando na cadeira do meu escritório. — Acaba de descobrir que tem um filho lindo, educado e com saúde. Você deveria estar soltando fogos. Não importa em que circunstâncias você tenha descoberto esse fato!

—Às vezes... Eu fico me perguntando se é mesmo meu filho. — admiti envergonhado em sequer pensar nisso.

—Não fale uma besteira como essa! É só olhar pra ele e ver que ele é mesmo seu filho. Seus olhos, seu sorriso.

—É, sei que tô falando besteiras.

Era uma babaquice sem tamanha pensar nisso, mas era normal eu acho. Eu tinha amado a ideia de ser pai, e criá-lo junto a Elena, porém eu era meio problemático. Enfim...

—Olha eu sei que você tá assustado. É natural. — minha irmã disse abaixando seu copo de suco de laranja. — De repente descobrir que tem um filho, e com Elena Gilbert...

—Por favor, não fala o nome dela nesse tom, torna as coisas piores — apesar de amá-la, de já ter falado com ela, visto-a, ainda doía pensar no que ela tinha feito. Me enganado...

—Mas você vai se acostumar, e aprender a ser responsável. Só dê tempo ao tempo. Tudo se resolve.

Dito isso, ela se levantou, foi até a sala e se despediu de Jeremy. Passou na cozinha, e abriu os armários e a geladeira — como sempre fazia, e tinha certeza que faria isso mais vezes, agora que eu tinha uma criança para alimentar no fim de semana! — para ter certeza que estavam abastecidos. Depois, levei-a até a porta.

—Bem, já vou. Tô com medo do Nick e as crianças sozinhos. Prezo muito a minha louça de casamento e meu vaso chinês para ficar mais do que uma hora longe de casa.

Ri de sua apreensão.

—Tá rindo porque não é na sua casa. Tenho certeza que se fosse você ficaria muito atento a sua Tv de plasma. – botou o casaco e chave do meu carro – Qualquer coisa me liga. E me mantenha informada, hein.

Elena Gilbert

Confesso que passei o fim de semana apreensiva. Era estranho não ter meu pipoquinha em casa pela primeira vez em seis anos. Quer dizer, ele já passara dias na casa de Caroline, mas era diferente. Caroline me vira grávida, era madrinha do meu filho.

Era diferente...

Me lembrei do nosso jantar arruinado. Percebi que ele me olhava da mesma forma como há sete anos. Mantendo os olhos azuis pregados no fundo dos meus olhos. E me lembrei que um dia tive curiosidade suficiente para perguntar o porquê ele fazia aquilo.

Sua resposta foi: “Gosto de te memorizar!”; e um tempo depois descobri a mesma característica em Jeremy, que encarava as pessoas mantendo os olhinhos verdes observando-as, guardando cada mínimo detalhe e gesto, às vezes os imitando, ou os repreendendo.

Não tinha como não me lembrar do Damon olhando e convivendo com o Jeremy. O pai estava em cada detalhe das feições, gestos, manias, jeito... Meu filho era uma cópia do pai.

—Jeremy, seu pai tem que ir. — eu disse, porque o menino estava se “despedindo” (reclamando, esclarecendo) do pai.

—Mas mãe! Eu quero que meu pai fique.

—Eu sei pequeno. Eu também quero ficar, mas papai tem que ir.

—Você vai vim amanhã? Pra me ver. — meu filho perguntou receoso.

Tomei as rédeas da situação, até porque não queria ter que ver a cara de Damon dentro do meu apartamento todo dia.

—Jeremy, seu pai não pode vir todo dia. Ele tem que trabalhar, mas ele vem no sábado.

Vi o rosto de Damon se retorcer numa careta quando eu disse “sábado”.

—É papai vem no sábado. Eu prometo ok?

Jeremy fez que sim.

Vi os dois grudados num abraço, e depois, finalmente o pai do meu filho foi embora.

Coloquei meu pipoquinha para tomar banho, e enquanto ele cantava debaixo do chuveiro, peguei suas roupas e fui para a área de serviço. Desdobrei sua roupa, e na mesma hora um perfume conhecido subiu no ar. Coloquei a blusa de Jeremy mais perto do rosto, e pude sentir o perfume dele misturado com o do filho. Me permiti viajar por um momento.

—Estúpida! — xinguei em voz alta, me repreendendo, jogando as roupas de Jeremy de qualquer jeito dentro do cesto.

Voltei até o quarto do meu filho, e o ajudei a se vestir para dormir. Depois que ele já estava dormindo tranquilo em sua cama, fui até a cozinha e peguei uma taça de vinho carbenet.

Acordei com a luz forte do sol entrando pela janela. Levantei o tronco e encontrei a visão do paraíso. Damon estava com as costas de músculos bem definidos nua, virada para mim. O lençol cobria apenas a região pélvica, enquanto ele olhava para a janela perdido em pensamentos.

Beijei-lhe os ombros e disse:

Bom dia!

Bom dia! Pensei que fosse dormir pelo resto do dia. ele respondeu.

São que horas?

Meio dia. Damon virou-se e me deu um beijo de tirar o fôlego. Caroline ligou.

E...?

Ela ficou meio revoltada quando disse que você não ia pra casa dela, não.

Não vou? arqueei uma sobrancelha, já rindo pensando na possibilidade de ficar o dia todo naquela cama com ele.

Não. Hoje você é só minha.

Ri na boca dele com um beijo gostoso, enquanto sentia o corpo de Damon pesar sobre o meu.

Mal sabia ele que eu já era dele, fazia tempo!

Esse tipo de lembrança aparecia sempre no fim da noite, para me atormentar. Era pedir demais que o passado ficasse enterrado?


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Notas finais do capítulo

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