Tudo É Possível escrita por Nena Lorac


Capítulo 7
7 - O Começo


Notas iniciais do capítulo

"Com passos curtos e diretos é que chegamos onde queremos.
Nada adianta passos largos e confusos pois só nos fazem perder tempo... talvez nem saiamos do lugar desse jeito."



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Era possível ouvir a senhora Bonnefoy gritando o nome de Francis na porta de entrada. Era muito óbvio que ele chegaria atrasado se não se apressasse. E mais do que depressa, ele se apressou para encontrá-la, com os braços cruzados e suspirando.

– Tia, a senhora sabe que eu nunca chego atrasado. – Francis tentava alegrá-la.

– Eu sei, mas a minha preocupação maior não é isso. – ela encarava Matthew.

Ambos sabiam que ela estava incerta em deixar Matthew voltar sozinho para casa, mas isso tornaria a vida dele mais alegre. E desde que ele chegou naquela casa, tudo foi feito para ele.

– Não se preocupe, senhora Bonnefoy, eu vou voltar a tempo para as minhas lições de francês. – ele esbanjava um sorriso.

Ela suspirou mais uma vez, tentando relaxar. Talvez, lá no fundo, ela sabia que Matthew poderia se cuidar. Ela começou a criar fortes laços maternais com Francis e Matthew. Eles eram seus filhos, e ela, como mãe, só queria o bem deles.

Logo ela se afastou, colocou a mão na maçaneta e abriu a porta. Fez um gesto para os dois passarem e soltou um lindo “Tenham um bom dia” para que ambos esbanjassem grandes sorrisos. Francis a abraçou logo após essas palavras. Mentalmente, ele estava a agradecendo, mas o abraço meio que já falava por si os seus sentimentos.

Reparando na alegria do pequeno loiro dos olhos violetas, a senhora Bonnefoy se aproximou, segurou uma de suas pequenas mãos e começou a falar o quanto ele era importante para ela e que o que ela mais queria era vê-lo sorrir.

– A senhora sempre me fez sorrir. Desde o momento que eu entrei nessa casa.

Quase chorando, ela se levantou e tentou recuperar a compostura. Fez gesto para que os meninos se apressassem para Francis não perder o horário, e mais do que depressa, Francis segurou nos apoios da cadeira de rodas de Matthew e o levou para fora da casa.

Eles acenavam para ela antes de virarem a rua, fazendo com que ela começasse a sentir um bem-estar enorme. Talvez prender Matthew o tempo todo já não fosse a resposta. Ela precisava deixa-lo viver.

–-- X ---

Enquanto Francis e Matthew ficavam rindo sobre coisas bobas que um ou outro falava, algumas pessoas o encaravam. Francis não gostava da sensação de que a atração era Matthew. As pessoas não deveriam ficar encarando torto como se aquilo fosse anormal. Matthew era tão ser humano quanto cada um daqueles que o encaravam.

– Aconteceu alguma coisa, Francis? – Matthew estava curioso.

– Não é nada. – ele não queria comentar o que tinha percebido – Vamos! Quero que você conheça a minha escola!

O mais novo confirmou com a cabeça e soltando um lindo sorriso. Era perceptível a animação dele. Ele não saída de casa com frequência, então aquilo era mágico demais. Mas quanto mais chegava perto do colégio, mais Francis começava a se dar conta de que Matthew voltaria sozinho. Recebendo, sozinho, os olhares ruins das pessoas. Ele não queria isso.

– Tudo bem mesmo você voltar sozinho?

– Sim. Sem problemas.

– Não vai ser ruim você ter que mover a cadeira?

– Eu tenho força nos braços.

– E como você fará aquela curva até a nossa casa sem ninguém?

– Eu me viro.

Eram muitas perguntas de preocupação. Será que era isso que a tia de Francis quisera evitar. Francis já estava tendo essas sensações ruins de que alguma coisa aconteceria. Ele não queria pensar nisso, mas era inevitável.

– Você está preocupado comigo?

– Estou...

– Não se preocupe. Eu conseguirei voltar sem nenhum arranhão.

– Não são somente os machucados que me preocupam...

O menor ficou em silêncio. Quisera entender o que o mais velho queria dizer ao falar aquilo. O que poderia ser pior do que se machucar? Ele encarava a face de preocupação de Francis, e sabia que quando ele ficava preocupado, o assunto era sério. Mas ele tinha as suas maneiras de evitar aquele clima ruim.

– Francis...

– O que foi?

– Entendo o que sente. E mesmo eu não sabendo ao certo o que é, nós vamos conseguir enfrenta-lo! – ele fechava os punhos como sinal de transmitir confiança para o outro – Vamos fazer isso juntos!

Chorar no meio da rua, de manhã, na frente de Matthew era a última coisa que Francis pensara em fazer. Ele adorava quando essa tamanha convicção saia daqueles pequenos lábios. Dava-se para ouvir aquela voz baixa e linda. Então ele retomou a compostura, colocou um sorriso no rosto e fez um carinho na cabeça de Matthew.

– Ok, valentão, faça como quiser. Desde que não me deixe de fora, eu vou com você para qualquer lugar.

–-- X ---

A senhora Bonnefoy esperava, impaciente, na porta de casa. A preocupação com seus meninos era maior, a fazendo ficar, um bom tempo, plantada no hall de entrada à espera de Matthew. Mas quando depositou os olhos na esquina, pode perceber seu pequeno fazendo um grande força para empurrar as rodas da cadeira para fazer a curva. Ela foi correndo ajuda-lo, mas ao se aproximar, percebeu que ele conseguiu virar a esquina e deixar a cadeira de frente para a calçada.

– Não precisava correr para me ajudar, senhora Bonnefoy. Veja, eu consegui fazer isso sozinho! – Matthew esboçava um sorriso cansado.

– Eu vi. Mas você usou muita força para mover a cadeira até aqui, não é?

– É só falta de prática. Se eu a mover todos os dias, eu me acostumo.

– Espero que se acostume mesmo.

– Então eu realmente posso fazer isso todos os dias?? – ele estava surpreso com a resposta da tia de Francis.

– Se prometer sempre voltar direto para casa após deixar Francis no colégio, pode.

– Eu prometo! É claro que eu prometo! – ele estava eufórico.

Ela apenas sorriu para o menino e o abraçou. Logo em seguida, ela tomou posse do manuseio da cadeira e o levou para dentro. Matthew nem acreditara que ele poderia sair todo dia a partir daquele momento. Ele estava animado. Querendo que Francis voltasse logo do colégio para lhe contar a notícia.


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Notas finais do capítulo

MIL PERDÕES PELA DEMORA DA ATUALIZAÇÃO!!

Eu meio que me encontrava sem ânimo para escrever alguma coisa... mas depois de falar com a Sakura Honda, eu fiquei com vontade de continuar essa fic! Obrigada pela inspiração!

E para quem acompanhava/acompanha a "Eu Consigo Te Enxergar", eu sinto informar que ela entrará em hiatus. Tudo devido ao meu "TRAVAR LINDAMENTE" enquanto escrevia o próximo capítulo. Só saia coisa ruim e muito bosta naquilo... não quero postar algo pensando que ele está ruim. Mas eu espero que compreendam.

Até o próximo capítulo~