G:Nós somos vizinhos!?
F:Eu...nem sei o que dizer...

A casa dos Smith já estava para vender a um bom tempo desde que eles se mudaram para San Francisco, e nunca houveram nem mesmo visitas, pelo menos não até a semana passada quando um casal muito simpático resolveu dar uma chance para a velha mansão, mas o comentário que surgiu aqui na rua era que eles só se mudariam em um mês e que nem sequer tinham filhos. Nem sequer em um milhão de anos eu poderia imaginar que pudesse ter "algo" assim tão interessante sobre aqueles dois, como por exemplo um filho tão... legal.

legal não resume bem o que você gostaria de dizer sobre a pessoa em questão, Frank

E mais uma vez aquela vozinha teimosa do meu sobconciente estava com razão... nem de longe esse seria o único adjetivo que eu daria ao Gerard.

G:Isso não é demais?? -disse enquanto olháva-me eufórico.
F:É? Quero dizer, é! Muito! -disse ainda mais eufórico. Vê-lo tão alegre ao constatar que eramos vizinhos me deixou com um comichão engraçado no estômago.- todos aqui pensaram que o casal, ou melhor, seus pais não tinham filhos.
G:Essa geralmente é a primeira impressão que passam... sempre tão tranquilos... nem parecem ter filhos adolescentes para se preocupar -riu- digamos que eu e meu irmão sempre fomos bons garotos.
F:Irmão? -indaguei surpreso. Para quem nem mesmo tinha um filho esse casal estava realmente me supreendendo!
G:Sim. O nome dele é Mikey, e ele provavelmente estaria estudando na mesma sala que você se não tivesse feito birra e resolvido ficar em casa. Ele tem um sério problema em conhecer pessoas. -riu-
F:Eu acho que o entendo até mais do que gostaria -sorri-

Ficamos ali nos olhando e sorrindo por alguns minutos, nem acreditando na feliz coincidência que o destino nos preparara. Pode até ser um pouco precipitado da minha parte, mas eu simplesmente sentia em meu interior uma amizade muito forte por ele; eu jamais sentira isso por nenhum de meus outros amigos antes, e agora esse cara aparece do nada e em menos de um dia eu já me sinto tão íntimo, tão seguro, e o melhor é que eu podia perceber que ele sentia exatamente o mesmo.

Essa é sem dúvida o início de uma grande amizade, não é mesmo pequeno Frankie?

E lá vem a vozinha de novo irritantemente certa em tudo que diz. Nem mesmo o constrangimento que sinto estando perto dele conseguia fazer com que eu parasse de olhá-lo; ele era com toda certeza a pessoa mais bonita que eu já vira em toda minha vida; era perfeito, absurdamente perfeito, e cada vez que sorria era como se toda sua beleza se multiplicasse como mágica. Eu nunca me imaginei um dia fazendo um discurso ridículo como esse que estou fazendo agora, e sempre achei ridículo o quão bobo e surreal eles teimavam em parecer, mas dessa vez era inevitável, esse pensamentos simplesmente... surgiam.

G:Olha, eu sei que já está meio tarde e você provavelmente já se cansou de olhar para minha cara -riu timidamente- mas... você não quer... entrar, sei lá. É que eu estou sozinho com meu irmão e nós realmente não temos o que fazer, além do que eu acho que seria bom para ele conhecer alguém, principalmente alguém que provavelmente será seu colega de sala.
F:Bom, eu realmente não tenho nada para fazer agora, então acho que não vejo nenhum problema. E seria um prazer conhecer seu irmão, até mesmo porque suponho que ele seja tão legal quanto você. -sorri e ele me retribuiu o sorriso-

Eu o segui até a porta enquanto ele procurava no imenso molho a chave da porta encontrando-a finalmente. Ele então adentrou a casa e eu o acompanhei.