A Depressão De Amy Cortese escrita por Letícia Matias


Capítulo 31
Capítulo 31: Boderline


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, tudo bem?!! Espero que sim!!! Enfim sexta!!!!!
Espero que gostem do capítulo :)
Boa leitura!



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Na sala de espera, eu estava inquieta. Estávamos no 14° andar se um prédio espelhado. Era um consultório particular. A salinha de espera tinha pisos branco no chão, paredes pintadas numa cor encardida e bege e cadeiras pretas e estofadas.
Eu estava roendo a unha ao lado de Sean que estava lendo alguma coisa sobre esportes no jornal. Cruzei as minhas pernas e me mexi no banco me endireitando. Fiquei raspando minha unha na outra.
Sean olhou para mim.
– O que você tem?
Dei se ombros.
– Nada.
– Não para quieta.
Revirei os olhos.
– O que você está lendo? - perguntei me inclinando para o lado para tentar ler a matéria no jornal.
Antes que eu pudesse ler ou Sean me responder, ouvi meu nome ser chamado.
Olhei para frente e vi uma mulher baixa e de pele morena me olhando. Ela tinha o cabelo cortado como cabelo de homem, era preto e liso, ela tinha uma franja também.
Eu e Sean nos levantamos ao mesmo tempo e andamos em direção a ela.
– Bom dia. - ela disse nos cumprimentando. - Eu sou a doutora Anna.
– Amy. - falei cumprimentando-a com um aperto de mão.
– Sean. - o Sean fez a mesma coisa que eu.
– Vamos entrar? - ela nos perguntou nos guiando até sua sala.
Dentro da sala, o chão era de carpete, havia uma mesa de mogno grande em frente a uma enorme janela de vidro que ia do teto até o chão. Era uma vista linda. Eu e Sean nos sentamos nas cadeiras em frente a mesa dela e ela disse:
– Então Amy, porque você não me conta um pouquinho de você?
Eu estava mexendo as mãos sem parar no meu colo. Olhei para Sean que já estava me observando. Eu não queria que ele ficasse ali.
– Eu... Você não quer esperar lá fora? - perguntei para Sean.
– Querer eu não quero, mas, se você quiser... - ele deu de ombros.
– Por favor. - falei.
Ele suspirou e derrotado, levantou-se da cadeira e se dirigiu até a porta. Quando ele saiu, virei-me novamente para a doutora Anna que estava me observando.
Forcei um sorriso.
– Melhor? - ela perguntou.
– Sim. - falei e sorri nervosa.
– Então me fale um pouco sobre você Amy. O que fez Sean marcar uma consulta para você?
Respirei fundo e arregacei as mangas da minha blusa. Coliquei meus dois braços em cima da mesa da doutora.
– Isso fez com que ele marcasse uma consulta com você. - falei mostrando as cicatrizes.
Ela mordeu o lábio e assentiu.
– Tudo bem, vamos começar do começo. Quando isso começou e por quê?
Suspirei e comecei a contar toda aquela história que me corroía por dentro por tantos anos.
***
Passou-se quase uma hora e meia de conversa e perguntas enquanto a doutora preenchia várias coisas em uns papéis e formulários.
– Bom, eu já tenho material suficiente para te diagnosticar. - Anna disse.
Fiquei olhando para ela ansiosa.
– Eu vou chamar o Sean. - ela disse e se levantou indo até a porta.
Ela saiu do escritório e alguns segundos depois ela entrou atrás de Sean. Ele olhou para mim e sentou-se do meu lado. A doutora Anna tomou seu lugar de novo e cruzou as mãos sobre a mesa. Ela olhou para mim e para Sean respectivamente e disse:
– Amy, você não é a primeira a me procurar por esses motivos, ou motivos parecidos. O meu diagnóstico é baseado em estudos da psicologia, experiências e suas atitudes. Você já foi diagnosticada com depressão, mas, isso é um diagnóstico muito vago. Você tem depressão sim,mas, é muito maior do que isso. Você tem o que chamamos de Transtorno de Boderline.
Eu podia sentir os olhos de Sean em mim. Eu podia ver pelo canto do olho que ele estava me olhando.
Engoli em seco e não disse nada, permaneci calada.
A doutora Anna então, continuou:
– Essa síndrome é um transtorno de personalidade e uma doença psicológica muito grave que muitas vezes pode ser confundido até com esquizofrenia. Suas atitudes de se auto-mutilar, suas mudanças bruscas de humor... Exageros em drogas... Sejam elas lícitas ou ilícitas, tudo isso faz parte desse transtorno. Isso não é culpa sua, só para deixar bem claro.
Eu queria sair correndo dali. Eu estava me sentindo nauseada e arrepiada. Eu não estava suportando sentir os olhos de Sean em mim.
– E como tratamos isso? - Sean perguntou.
– Nós trataremos isso com anti-depressivos, algum tranquilizante talvez, e claro, você sempre terá que vir aqui para consultas, Amy. - ela dirigiu o olhar para mim.
Assento e permaneço calada.
– Vocês tem alguma outra pergunta? - Anna pergunta olhando para mim e para Sean.
Atrevi-me a olhar para ele, ele olhou para mim.
– Não. - falei.
Ele balançou a cabeça negativamente olhando para Anna.
– Bem, eu vou te receitar alguns remédios, Amy. - Anna falou enquanto escrevia no receituário.
Respirei fundo. Ótimo, mais remédios.
Anna terminou de escrever e destacou a folha me entregando. Dei uma olhada nos dois remédios prescritos na receita e a dobrei. Olhei para a doutora Anna.
– Bom, por enquanto é isso Amy. Quero ver você aqui na semana que vem nesse mesmo horário. Pode ser?
– Pode. - falei e me levantei. Estendi a mão para ela. - Obrigada.
– Não há de que, Amy. Até semana que vem.
Sean se levantou apertando a mão dela e disse alguma coisa que eu não ouvi porque saí da sala e fiquei esperando ao lado da porta.
Sean saiu da sala e olhou para mim. Começamos a andar até o elevador. A porta se abriu e entramos. Ficamos em silêncio enquanto o elevador descia os catorze andares. Sean estava encostado na parede de cabeça baixa e braços cruzados olhando pra baixo e eu olhando para a porta do elevador sem ao menos piscar.
A porta se abriu e eu saí, Sean saiu atrás de mim. Passamos pela recepção e saímos empurrando uma porta de vidro. O vento forte bateu no meu corpo fazendo-me encolher. Sean andou do meu lado até o carro. Ele destrancou as portas e entramos dentro do carro onde estava quentinho.
Sean deu a partida e pingos de uma garoa fina começou a cair no vidro e no teto do carro, fazendo barulhos agudos.
Encostei minha cabeça na janela e fiquei observando os carros passando, as luzes do semáforo ficando embasadas a medida em que mais e mais gotas mais grossas começassem a cair com intensidade no vidro. Fechei meus olhos e senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto.
– Você está bem?
Abri meus olhos e fiquei encarando os pingos de chuva escorrendo pela janela.
– Sim. - respondi baixinho.
– Você está tão calada. - ele comentou e eu não respondi. - O que você achou do diagnóstico? - ele perguntou.
Dei de ombros.
– Pior do que eu imaginava.
– Amy.
Olhei para ele.
– Você vai melhorar.
Soltei um sorriso zombeteiro.
– Isso não tem cura, Sean. Eu sou doente, entendeu? Os remédios são para controlar, apenas para isso.
Ouvi ele suspirar. Ele trocou a marcha.
– Agora você sabe que definitivamente você namora uma doente.
Ele balançou a cabeça e respirou fundo. Colocou as duas mãos no volante e ficou olhando fixamente para frente.
– Você tem que parar de ser tão cruel com você mesma.
Não falei nada.
– Me fala você. O que você achou do diagnóstico?
Ele olhou pelo retrovisor e olhou para frente novamente,trocou de marcha com a mão esquerda e parou atrás de um carro preto. O farol estava fechado, a palheta do limpador de para-brisa se movia de um lado para o outro limpando a água da chuva que caia constantemente.
Sean esticou o braço e pegou uma folha no banco de trás. Ele olhou para mim e me entregou.
O farol se abriu e ele colocou as mãos no volante de novo.
– Eu já desconfiava. - ele disse.
Parei de olhar para ele e olhei para a folha na minha mão.

*Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginário

*Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização

*Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo

*Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar)

*Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante.

*Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade do humor (disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias)

*Sentimentos crônicos de vazio

*Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes)Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoal o que acharam??? Espero que vcs tenham gostado!! E muuuito obrigada pelos comentários, eles me fazem extremamente feliz!!
Grande beijo e até o próximo capítulo :)



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