A Depressão De Amy Cortese escrita por Letícia Matias


Capítulo 17
Capítulo 17: Minha escuridão.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal. Outro capítulo!!!!
Espero que vocês gostem >.
Awolnation: Sail
Awolnation: I'm On Fire
Mirah: Special Death.
Boa leitura :)



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Havia um hospital há três quadras depois do restaurante do avô de Sean. Eu estava bem para andar, mas com aquela sandália com aquele salto, que não era tão alto, mas dificultava o andar, eu ia chegar no hospital no outro dia de manhã. Falei que ia tirar a sandália, mas Sean simplesmente me pegou no colo e foi andando o mais rápido que ele podia até chegar no hospital.
Eu estava sentindo meu braço doer como ele nunca tinha doído antes e comecei a sentir uma sensação como a que eu senti quando cortei meus pulsos e tentei me matar na escola. Uma sonolência e dor.
– Sean. - falei baixinho.
– Estamos chegando.
– Eu acho que vou desmaiar.
– Não, não. Socorro! - ele gritou quando as portas automáticas de vidro do hospital se abriram.
Tombei a cabeça para trás e a última coisa que consegui ver, foi uma enfermeira morena de cabeça para baixo, correndo até nós.
***
Quando abri meus olhos novamente,eu estava deitada numa maca, no braço direito minha veia estava furada, recebendo soro, olhei para meu braço esquerdo e vi vários pontos no corte torto e vertical.
Olhei para o lado e vi Sean parado na janela, olhando para fora. Ele parecia extremamente...Eu não sabia descrever, mas ele parecia... Infeliz. Acho que essa era a palavra.

Sentei-me.

– Ei. - falei.
Ele olhou para mim e veio até a maca.
– Como você está?
– Bem. - falei - Está um pouco dolorido, nada que eu não tenha aguentado antes.
Ele respirou fundo e fechou os olhos.
– Desculpe

– Pelo que?

– Por tudo isso hoje. - ele abriu os olhos e me olhou.

Balancei a cabeça.

– Não foi culpa sua.

– Tem certeza de que você está se sentindo bem?

Assenti e olhei para os pontos no meu braço novamente.

– Eu vou chamar a enfermeira. - ele falou e se retirou do pequeno quarto.

Acompanhei seus passos até a porta, ele deixou-a aberta quando saiu. Eu realmente não estava com raiva dele ou o culpando. Que culpa ele tinha se a mãe dele era uma... Vadia louca? De repente me senti muito mal por ele. Acho que ambos sabíamos como era ter esses tipos de mães. Naquele dia, na dispensa, ele tinha xingado ela, mas, eu pensei que fosse algum tipo de rebeldia ou xingamento desnecessário. Bem, hoje eu pude ver que ela realmente era uma vadia.

Uma enfermeira loira entrou no quarto e veio até o meu lado direito.

– Como está se sentindo Amy?

Dei de ombros.

– Estou bem.

– Que bom. Você nos assustou, foi um corte e tanto. Você que se cortou?

Olhei para Sean parado há alguns centímetros atrás da enfermeira. Olhei para ela novamente.

– Não.

Ela assentiu.

– Estou perguntando porque... Vi as outras cicatrizes no seu braço.

Olhei para os meus pés e esperei ela tirar o soro da minha veia.

– Bem, se você está se sentindo bem, pode ir para casa. Mas, se sentir dor no corte pode tomar um analgésico e limpe bem o ferimento, ok?

Assenti.

– Bom, tenham uma boa noite.

– Obrigada. - respondi.

A enfermeira se retirou do quarto e eu me levantei da cama.

– Tem certeza de que está bem? - Sean perguntou.

– Se parar de me perguntar isso, ficarei melhor ainda. - respondi e reprimi um sorriso.

Ele ficou me olhando por um tempo, de braços cruzados e depois reprimiu um sorriso também, assentindo.

– Tudo bem, então vamos.

***

Nós andamos de volta a estação de metrô. Descemos a escada rolante em silêncio. Eu um degrau abaixo de Sean. A estação estava completamente vazia. Não havia uma alma por perto. Olhei para Sean e perguntei:

– Que horas que é?

– Uma e treze.

Arregalei os olhos.

– Ficamos esse tempo todo no hospital?

Ele assentiu.

Franzi o cenho e me sentei no banco preto há uns dois metros e meio da linha amarela de segurança.

Sean também se sentou do meu lado.

Fiquei analisando-o de perfil. Ele parecia extremamente perturbado com tudo aquilo. Ele não olhou para mim, apesar de saber que eu estava analisando-o. Ele apenas estava encarando a parede cinza escura de concreto a frente.

– Eu odeio tanto ela. - ele disse e olhou para mim.

Eu não sabia o que falar. Eu acho que ele realmente tinha motivos para odiá-la. Olhei para meus pés e depois de um tempo olhei para ele novamente.

– Sinto muito. - falei.

Ele olhou pra mim.

– Por ela ser assim. - continuei. - Eu entendo. - dei de ombros.

Ele ficou me olhando e fez um leve maneio com a cabeça. Ele ficou olhando para o túnel escuro do lado onde eu estava sentada e eu fiquei olhando para ele e pensando como ele era bonito.

Ele era muito bonito. Ele era... Vulnerável. Eu conseguia ver que toda aquele fala que ele tinha, ele havia criado com um propósito: se esconder. Ele queria se esconder da mãe dele e ao mesmo tempo mostrar o ódio que ele sentia dela. Por isso ele se mostrava descolado na escola e fingia que realmente não se importava com nada, mas não era bem assim. Ele tinha fraquezas e ele queria saber das minhas. Ele tinha uma cicatriz também e tinha ódio. Ele era... Muito semelhante a mim.

Ele olhou para mim quando percebeu que eu estava analisando-o fazia um bom tempo. Coloquei minha mão em sua nuca e puxei sua boca para a minha. Nós ouvimos o trem passar e senti meu cabelo esvoaçar quando em alta velocidade, ele nos deixava ali na estação, agarrados um no outro, mas não paramos de nos beijar e deixamos ele ir.

Quando paramos, nós trocamos um olhar intenso e então Sean me puxou para mais perto dele com seu braço e eu deitei a cabeça no seu ombro. Eu fechei os olhos e sorri.

***

Quando o outro trem foi passar novamente, eram quase duas da manhã. A estação ainda estava vazia, assim como o vagão. Fomos até o último banco. Sean se sentou primeiro e depois me puxou para sentar no colo dele.

O trem começou a andar devagar e depois foi tomando velocidade. Nós ficamos nos olhando em silêncio e então o trem entrou dentro do túnel escuro. Depois, descansei minha cabeça em seu ombro novamente e fechei os olhos enquanto lentamente o trem sacolejava enquanto nos levava de volta para casa.

***

Sean tirou do bolso as três pequenas rosas pretas e me entregou. Endireitei-me, encostando minhas costas contra o ferro frio do trem e as peguei passando os dedos por elas.

– Por que você gosta de mim? - perguntei. - Eu sou... Escura, eu atraio essas coisas.

Ele ficou me olhando por um tempo e disse:

– É o que eu mais gosto em você, Amy. Eu gosto da sua escuridão.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado!!!
Até o próximo capítulo e por favor, mais uma vez, não sejam fantasmas, e escrevam para mim o que vocês acharam!!!
Esse capítulo ficou mais curto, mas, prometo fazer um maiorzinho no próximo :)
E obrigada por ainda estarem acompanhando a história da Amy



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