As Divassas do Zodíaco escrita por Dija Darkdija


Capítulo 15
15- Ney!


Notas iniciais do capítulo

E aí, gentes? Quase não saiu, mas saiu! Desculpem o atraso e boa leitura!



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o que fez então
com que o destino se cumprisse

o ouro do silêncio
ou as coisas
que eu te disse?

Sensei

***

Apesar da teimosia daquele maluco do Kruba, já cheguei. – disse Sensei para si mesmo, parando pra olhar o letreiro. – “Casa das vai e volta”, hein? Essa vai ser fácil, então. Eu vou logo, e volto só na volta. – disse ele, já na porta.

– Ney! – gritou uma voz vinda de dentro do lugar.

– Bem-vindo à casa das vai e volta, blablabla, ela é a Sissyneyde, bicha dourada que manda nessa porra toda, blablabla, enfim, você entendeu, né? – disse outra voz, mais masculina que a primeira, em um tom visivelmente desleixado

– Ahn...não?

– Ney! – disse a primeira, em tom raivoso.

– Ai, deixa de ser chata, viada, melhora! Ele entendeu sim, se não entendeu é porque é uma bicha burra!

– Ney! – disse a voz de novo, e ele finalmente conseguiu ver de onde vinha. Alguém envolto em uma asa gigante de anjo estava descendo do palco em sua direção, acompanhado de um homem de corpo e feições delicadas que vestia apenas uma calça justa e duas tiras de couro nos braços.

Sensei viu que era alto e bonito, mas não teve muito tempo para prestar atenção nele. Seus olhos se desviaram automaticamente para a outra figura, que tinha acabado de abrir a asa com um barulho que parecia um “vrá”, ou algo do tipo. E se o outro era super delicado e simples, ela (ou ele, como iria saber?) era espalhafatosa e difícil de descrever.

Tinha o corpo esbelto, abaixo da altura e acima do peso que algumas mulheres consideram um pouco acima do ideal e exatamente no jeito que alguns homens consideram perfeito. Porém o problema não era o corpo vestindo um shortinho e um top dourados. Era o resto.

Tinha um rosto que por algum motivo lembrava a Sensei a cara de um cavalo. A metade esquerda do cabelo estava raspado, e o pé esquerdo sem salto. Na metade esquerda das costas, uma enorme asa de anjo que foi suficiente para cobrir-lhe inteiramente até então. A outra metade das costas tinha uma pequena asa de demônio, mas o pé direito estava calçado, e a outra metade dos cabelos estavam lá, até os ombros, dourados e encaracolados. As unhas do lado esquerdo? Por fazer. As do direito, bem lixadas e pintadas. Metade do rosto maquiado, metade não, vocês já devem imaginar qual. Sensei então se perguntou se não havia errado de casa e parado na versão original casa das duas caras sem saber, ou se sua loucura de sempre estava mais louca do que o costumeiro, até que viu a bicha fazer alguns sinais expansivos com as mãos e expressões faciais que não entendeu.

– Ney...

– Ai, eu tenho mesmo que falar assim?

– Ney.

– Essa é Sissyneyde, a divassa dourada da Casa das Vai e Volta. Ela está lhe dando as boas vindas, e aquela coisa toda que você já deve imaginar. – disse o outro, um pouco menos desleixado que antes, mas com uma má-vontade palpável.

– E você deve ser “Ney”, eu presu-

– Ródney. Meu nome é Ródney, mas essa desgraça só consegue me chamar de Ney.

– Ney! – reclamou, com gestos enérgicos, e Sensei ao menos entendeu que ela não havia gostado do comentário.

– Ah, então ela é muda. Por isso só fala “ney”. Mas até que não fica ruim, não? Neyde e Ney acabaram virando uma espécie de dupla dinâmica, dueto musical, par romântico...

– Nem... – protestou um.

– Ney! – completou a outra.

– Eu tô aqui porque é o jeito, meu querido, infelizmente só eu que entendo essa língua maluca de sinais que ela fala. Segundo ela se chama LIBS – Língua Internacional Bichesca de Sinais. Eu sou uma das únicas tradutoras do Santuário, e como sou originalmente dessa casa e ninguém aguenta ficar perto dessa maluca...

– Ney... – disse a outra, em tom choroso, com lágrimas nos olhos, e fez mais sinais, dessa vez não tão espalhafatosos.

– Como assim? Eu sou boa com quem merece, meu amor, e você só fez merda até agora, eu avisei e você insistiu. Só pra te atualizar, ô bofê, aconteceu o seguinte: essa viada não nasceu muda, ela FICOU muda... Ela inventou de fofocar da deusa, aí o recalque que bateu e voltou foi tão grande, mas tão grande, que ela mordeu a língua e ficou assim. Agora só sabe falar “ney”. Então, como prova de que o recalque é uma flecha que vai e volta essa aqui ficou conhecida como a casa das vai e volta. Bonito, né? Lindo! Olha só o que deu a merda dela! E vai sair no meio do santuário dizendo que é daqui pra tu ver a reputação da gente como tá...

– Ney... – e então Sensei entendeu porque ela era uma divassa dourada. Sissyneyde começou a emanar uma aura dourada e uma sensação de perigo tomou conta dele. O plano realmente não podia falhar. Lutar com ela seria perigoso, até porque ele ainda tinha mais lutas muito duras pela frente.

– Tá, tá, me calei então! O que mais você quer que eu fale mesmo?

Ela fez mais alguns sinais. Parecia irritada, mas mantinha a classe no meio daquela estranha aparência fazendo aqueles gestos, caras, bocas e poses.

– Ney.

– Ela disse: “E então, meu amor, o que você veio fazer aqui exatamente? Me visitar? Você sabe que não vou deixar você passar assim de graça, né?”

– Sei, sei. Mas pode ficar relaxada... Eu só vim trazer um recado mesmo. E um presente.

– Ney?

– É, um presente, de um admirador seu.

– Ney??

E fez alguns gestos rápidos que Sensei não entendeu, mas achou que entendeu. Sorriu por dentro.

– E eu sei lá! Nem sabia que tinha alguém doido o suficiente pra isso – respondeu Ney, consertando ao ver o olhar da outra – Digo, corajoso pra se confessar assim... Enfim, quem é?

– É um admirador secreto.

– Ah, agora conta, né?

– Ney!?

– Não, é secreto. E segredo é segredo. Minha boca é um túmulo – disse Sensei, zipando a boca, com o sorriso de dentro cada vez maior, quase uma gargalhada.

– É, faz até bem em não contar... Vai que você acaba dando com a língua nos dentes que nem a Neyde, né? – disse Ney, rindo até voar direto por cima de algumas mesas com uma tapa da dourada.

– Ah, mas o bofe em questão admira até isso. E é justamente pensando nisso que ele resolveu lhe dar isso aqui. – disse Sensei, tirando um bastão de madeira negro e roliço de algum bolso do sobretudo. Diante dos olhares tortos, mas gulosos de curiosidade da dourada e seu tradutor, resolveu continuar – Calma, calma. Olhem só. – o bastão deu um clique e mudou de forma, transformando-se em uma besta.

– ... ... Ney? – disse Neyde, depois de alguns sinais.

– E eu lá sei, Neyde? Se você que é a bicha metida a sabichona e santa do santuário não sabe, como eu vou saber o que isso significa? Vai ver ele quis dizer que você foi besta de fazer o que fez e arrumou esse jeito criativo de te chamar de bicha burra, sei lá! – respondeu Ney, sempre em tom disciplicente.

– NEEEY!!!

– Calma!!! Não é...nada disso... – disse Sensei, segurando a bicha dourada com muito trabalho e tentando impedi-la de bater de novo em seu intérprete.

“Que merda, esse ranzinza tá ferrando tudo! Só sabe falar merda... mas vamo lá, vai dar certo”

– E o que é então? – perguntou Ney

– O bofe admira a coragem da Neyde de ser verdadeira, apenas. E sabe da importância da casa das vai e volta. Então queria lhe presentear com essa besta cuja flecha vai e volta cheia de babados fortíssimos.

– ... Ney?! ... Ney.

– É, prove.

Sensei tirou uma flecha do sobretudo e atirou para o lado de fora da casa. Algum tempo depois uma flecha com um papel surge do mesmo lugar e fica cravada no chão. Neyde pegou o papel, leu alguma coisa e começou a fazer gestos eufóricos e gritar “ney” sem parar. Sensei entendeu, mas esperou o outro.

– Como assim a Sheyoncé deu o Kiki??? Ela é conhecida por ser super ultra mega fechada! Quem conseguiu essa proeza?

– Boa pergunta... – disse Sensei com cara de paisagem, fingindo que não sabia de nada.

– Bem, esse é realmente um babado forte. Mas eu quero ver isso de novo.

“Filho das trevas... ela parece legal, tinha de ter um tradutor tão chato?” pensou ele, antes de fazer de novo. Dessa vez a flecha quase o atingiu. Ele desviou por pouco e Sissyneyde segurou o papel com dois dedos, deixando a flecha passar parar em uma parede atrás deles. Depois de ler e gritar um “neeeey” alto o suficiente para ser escutado pelas 12 casas, Neyde passou (com as mãos tremendo) o papel para o tradutor.

– Leona é a responsável pelo rombo na conta de energia... Ela que estava gastando demais só pra manter a pose?? Bem a cara dela! Que bom que você descobriu, Neyde! A grande bicha vai te recompensar, heim! Você investigou mas não achou nada...

Neyde estendeu as mãos, pedindo a besta.

– Mas não vai dar problema não? Nem podemos ter armas aqui... – argumentou Ney.

“Puta que... respira, vamo lá!”

– Bem, as outras não podem. Mas a constelação de sagitário, protetora da casa das vai e volta é um centauro, não? Centauros usavam arcos. Tem até um na própria constelação, né? Animais e aquários e virgens não. Um sagitário sim. Então ela poooodje, meu amor. Ela po-de!. Se só a constelação dela tem uma arma na própria constelação, não seria uma prova de que ela é especial e teria esse privilégio de ter uma arma própria?

– Ney... – disse Neyde, concordando com a cabeça e adorando a ideia de ter uma vantagem em relação às outras.

– Mas então porque uma besta em vez de um arco?

“Porra Ródney, coopera, né...”

– Porque uma besta é quase um arco, e essa tem uma vantagem: - disse Sensei, dobrando a arma em forma de toco novamente – Você pode guardar onde você quiser. Cabe em qualquer buraco, sabe...

– Hmm... ney...

– Mas como você disse que nada é de graça, temos um preço, claro.

– Ney?

– Você precisa deixar eu passar.

– Ney, ney! – disse a dourada, pegando a besta e empurrando Sensei pra fora.

“Eita bicha besta, num é que a besta deu certinho com ela?”, pensou Sensei, e se afastou o mais rápido possível dali.

– Você sabe que é mentira, né? Você é muito boazinha. Argh.

– Ney... – disse Neyde, com uma expressão sábia e fazendo mais sinais de LIBS.

– Como assim “ele é divertido”? Então vai deixar uma trupe de palhaço passar?

Sensei, já longe, sentiu uma aura ameaçadora vinda da casa das vai e volta, e logo depois ouviu uma explosão. Quando se virou para ver o que estava acontecendo, uma flecha quase acertou seu rosto novamente, parando fincada em um muro.

No papel colado à flecha, estava escrito: “Deixo a deusa Ookama em suas mãos grandes e fortes, em seus braços musculosos. Ahaza, kirido.”.


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Notas finais do capítulo

- Sissyneyde é inspirada em Sisyphus de Sagitário (SS Lost Canvas) e "Neyde", paródia da Britney da página do face "plante uma neyde".
— Neyde é sagitariana, considerando que o signo seja igual ao da Britney.
— Sim, eu acertei uma vez na vida a pessoa e o signo.
— Não foi de propósito.
— Ney (Ródney) é uma homemagem ao mitoso Ney Matogrosso.
— Ney Matogrosso é Leonino.


Bem, esse capítulo saiu super corrido e atrasado, ontem foi um dia tenso, mas acredito que tá tudo em paz agora. Acho que é um dos mais difíceis e engraçados de todos, por causa da condição da Neyde. Ela é uma bicha muda, parodiando os infinitos playbacks da Britney. Mas não só isso: ela fala uma língua de sinais próprias: a LIBS. E é essa a ideia genial e ao mesmo tempo muito complicada de lidar que tive. Espero que eu tenha tido algum sucesso na execução da ideia e vocês tenham aproveitado.

Semana que vem, nas divassas...

A espada que deixa qualquer divassa louquinha ninguém escapar vai entrar em ação.

Não perca "As Divassas do Zodíaco", capítulo 16: José Shurio (...) de la Silva!

Até a próxima!



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