O sinal toca informando o fim da aula de genética e o fim do primeiro dia de aula. Talvez eu esteja um pouquinho nervosa. Ou talvez muito. Liam não deu muitos detalhes de onde eu deveria encontrá-lo, e o campus é enorme. Não quero parecer desesperada, então vou sentar em um banco e esperar ele me achar. Isso, ótima ideia, Elena.

Desço as escadas e passo reto por Caroline e Bonnie, que lançam um sorriso malicioso para mim. Contei pra elas sobre meu "encontro" no refeitório hoje mais cedo, por isso não me dou o trabalho de parar e só reviro os olhos, mas não consigo evitar o sorriso que se forma em meus lábios.

O dia está maravilhoso, com uma nuvem aqui ou ali enfeitando o céu. Sigo pelo gramado até encontrar um banco vazio. Sento e coloco minha bolsa ao meu lado.

Não sei se passou-se apenas 5 minutos ou 30, mas parece uma eternidade. Pego o pequeno livro azul de veludo - meu diário - e uma caneta de dentro da minha bolsa, talvez escrever me acalme. Escrevo sobre o dia em que chegamos aqui, o convite pra festa, o que me lembro da festa, Liam e sobre as aulas de hoje. Estou chegando na parte que estou sentada em um banco escrevendo em um diário estúpido que mantenho desde criança quando uma sombra entra em minha frente.

– Posso me sentar aqui? - Diz Liam, apontando para onde minha bolsa está.

Fecho o livro bruscamente, pegando minha bolsa e o colocando de qualquer jeito lá dentro.

– Claro. - Pelo jeito que sinto meu rosto quente, devo estar vermelha.

– O que era aquele caderno? - O jeito que ele fala é tão doce que sinto vontade de dizer mesmo o que era.

– Uma coisa boba que faço desde criança. - Respondo sorrindo, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Há horas estamos conversando. O sol já começou a se esconder no horizonte distante, mas estou me sentindo tão confortável que não quero encerrar nossa conversa. Ele consegue me fazer rir com tanta facilidade que creio que estou mais rindo do que falando. Não estou prestando atenção no que ele diz, pois estou reparando em suas covinhas enquanto fala, e espero que não esteja perguntando alguma coisa. Me perco nas ruguinhas que se formam em seus olhos quando sorri e, em seu sorriso, dentes brancos alinhados perfeitamente.

Não percebo uma moça chegar até ela falar, tirando-me de meus pensamentos.

– Com licença. Vocês devem seguir para seus dormitórios agora, não podem ficar aqui fora até tarde sem nenhuma supervisão. - Ela coloca a mão em nossas costas, nos incentivando a levantar. É quando reparo que o sol já desapareceu e o céu já está escuro, pontilhado de estrelas.

Ela me deixa em meu dormitório primeiro, só aceno e sussurro um tchau para Liam antes de entrar e fechar a porta atrás de mim. Estou encostada na porta com os olhos fechados, repassando as últimas horas em um flash pela minha cabeça. Me assusto ao abrir os olhos e ver 3 par de olhos cravados em mim.

Uma onda de perguntas invade meus ouvidos. Elas levantaram e estão correndo em minha direção. Sou conduzida até minha cama, sem folga das perguntas um só segundo. Nem me dou o trabalho de tentar entender alguma coisa, só me deito e tampo meus olhos com as mãos, sorrindo.

– Ele me faz sentir uma garotinha. - Desembucho. Os gritinhos delas provam que elas também são garotinhas.

Elas finalmente entram em acordo e só uma pergunta.

– Como foi? - Reconheço a voz de Bonnie.

– Ele é maravilhoso. Vem de uma família de médicos, é inteligente, engraçado e o melhor: é lindo. Aquele sorriso me hipnotizava. Perdi metade do que ele falava, só prestando atenção em seu rosto. - Falo tudo muito rápido, como se precisasse contar aquilo com urgência pra alguém.

Sento e respiro fundo.

– Ele beija bem? - Essa pergunta é a cara da Caroline, que apresenta olhos arregalados, esperando a resposta.

– Não nos beijamos. Uma mulher apareceu do nada nos pedindo pra subir. Mas não sei se ele teria me beijado. - Confesso, imaginando como seria. - Vou tomar um banho e me deitar. - Reparo em Caroline abrindo a boca, provavelmente para fazer mais uma pergunta desconfortável. - Sem mais perguntas.

Me tranco no banheiro e permito me entregar à alegria.

*

Eu e Caroline estamos na frente de nossos armários, guardando nossas coisas pra encerrar nosso dia de aula.

– Me conte mais sobre seu encontro. - Insiste Caroline.

– Não foi um encontro e não tenho mais o que contar, não aconteceu nada que você considere interessante. - Lanço um olhar de reprovação para ela enquanto jogo meus livros dentro do armário.

Sinto uma mão segurar meu braço e estou pronta para dar uma bronca em Caroline quando Liam me vira.

– Não consegui me despedir direito ontem. Então... - Sinto suas mãos em minha cintura e percebo o que ele vai fazer antes mesmo de fazer. Mesmo assim, fico sem reação ao sentir seus lábios nos meus. Depois do que pareceu um longo tempo, fecho meus olhos e correspondo o beijo. Um beijo suave e doce. Ele se separa de mim e está com aquele sorriso perfeito nos lábios. - Até mais tarde.

Fico parada no corredor tentando processar o que aconteceu. Caroline entra na minha frente, tão espantada quanto eu.

– Pode me explicar o que aconteceu?

– Quando eu souber, você vai ser a primeira a saber.

– Esse é nosso novo começo.

– Não poderia concordar mais. - Me viro e sigo meu caminho pelo corredor, sei que Caroline está logo atrás de mim. Sinto uma onda revigorante percorrer meu corpo.

– Espera. - Caroline para e segura meu braço, me obrigando a parar também.

– Vocês estão meio que namorando agora?

– Car, estou tão confusa quanto você. Mas acho que não, só saímos uma vez. - Dou de ombros, mas a pergunta mexe comigo. Não seria uma má ideia ser namorada de Liam, mas é muito cedo. Acho que quero aproveitar um pouco mais.

– Vamos deixar esse assunto de lado. - Decide Caroline, balançando suas mãos. - Vai na festa do lago no próximo fim de semana?

– Eu não estava sabendo. - Digo, confusa. - Mas se vocês forem, eu vou.

Saímos do prédio, procurando Bonnie ou Rebekah no campus. Vejo Liam em uma rodinha com seus amigos e cutuco Caroline freneticamente, sem tirar os olhos de um Liam levantando a camisa, mostrando a barriga definida.

– Eu amo a faculdade. - As palavras saem naturalmente da minha boca, como se dissesse que respiro. Olho para Caroline, que revira os olhos.

Damos risada e vamos à procura de Bonnie.