Rose não aguentou, ela sabia que deveria desculpar Scorpius, seu coração lhe dizia isso, mas sua mente e seu lado racional lhe lembravam da gravidade do que ele havia dito. Ela deveria se lembrar dos conselhos de sua mãe, e por um lado ele tinha razão, todos mereciam uma segunda chance.

–Rose? – ela não ouviu a voz a chamando, mas sentiu uma mão puxando seu braço e temeu que fosse Scorpius, porém ela logo sentiu que não era, tanto porque era uma mão menor e delicada como porque ela não se arrepiou ao senti-la.

Ela se virou e viu a garota de cabelo rosa a encarando, seus olhos azuis cheios de preocupação. Rose abraçou Alice e viu Scorpius vindo apressado atrás dela.

–Ei, o que aconteceu? – ela mexeu em uma mexa do cabelo de Rose e a olhou nos olhos. – Vem, vamos pra outro lugar.

–Eu tenho aula agora e...

–Rose! Por favor, me escute – era Scorpius, ela não sabia o que fazer, se ia com ele ou com ela, se o escutava, se o perdoava ou não.

–Tudo bem Scorpius – ela respirou fundo. – Eu te do uma segunda chance, mas só mais uma, pra me explicar tudo. Tudo bem Alice.

Ela tinha pegado a mão de Rose, que a soltou para ir com Scorpius.

–Obrigada – ela agradeceu sinceramente, Alice fez um gesto com a cabeça e perguntou:

–Tem certeza que vai ficar bem?

Rose assentiu e olhou para Scorpius, dizendo:

–No mesmo lugar onde tudo isso começou, no fim das aulas ok?

***

Ela estava andando para a saída do castelo, as aulas haviam terminado há uns dez minutos e a maioria dos alunos haviam já se dirigido para suas respectivas salas comunais. Rose ouviu um barulho vindo da sua direita e se virou para dar de cara com um dos amigos de Scorpius, um dos mesmos que estavam conversando com ele e ajudaram a começar toda essa briga entre os dois.

–Ora, ora, Rose Weasley – ele disse, os olhos castanhos arregalados pareciam os de um maníaco. – A vadiazinha da escola. Ouvi dizer que você é sapatona agora, virou mais puta ainda, sua safada.

O sangue subiu de tal forma em Rose que ela não podia controlar, foi pra cima do garoto do qual ela nem ao menos o nome sabia, mas que estava a insultando assim, de graça.

–Quem é você, seu idiota, pra falar alguma coisa de mim? Eu acho bom você calar a sua boca, porque só sabe falar merda.

–Ou o que, vadia? – ele riu de uma forma tão macabra que deu a Rose medo, medo de verdade, e foi então que ela sentiu outra mão a agarrando por trás.

Tentou chutar, tentou lutar, mas não conseguiu, então tentou gritar, mas o garoto dos olhos arregalados lhe lançou um feitiço antes que começasse.

Eles a levaram para o banheiro masculino e trancaram a porta, Rose estava tremendo e tudo o que ela queria agora era que alguém magicamente aparecesse ali para a salvar, ela já temia o que eles fariam com ela.

–Quietinha garota, cala essa boca, porque você vai gostar disso, entendeu? – o segundo garoto era baixo, nem gordo nem magro, mas tinha os cabelos pretos e encaracolados, Rose queria vomitar.

Eles a estupraram sem dó, de todas as formas imagináveis, a humilharam de todas as formas que você puder pensar que humilhem alguém, a violaram e nem gritar ela podia, a única coisa que Rose fazia era chorar, as lagrimas caindo de seus olhos aos montes.

–E lembre-se: você estava pedindo por isso – eles riram, desfizeram o feitiço de silencio dela e destrancaram a porta, saindo dali sem pressa alguma.

Rose continuou ali, deitada no chão frio e sujo do banheiro, chorando e sem saber o que fazer. Aquilo que havia acontecido com ela nunca sairia de sua mente, e ela se perguntava, por quê? Havia ela realmente merecido? Talvez sim, ela não deveria ter ficado com tanta gente, deveria ter se dado mais ao respeito, assim aquilo não aconteceria.

Nenhum menino entrou no banheiro depois daquilo, e Rose teve que se levantar e se recompor sozinha para voltar a sala comunal da Grifinória, a dignidade espalhada ao chão e as roupas todas rasgadas, o corpo todo abusado, eles a bateram e não se preocuparam em não deixar marcas.

Mais nenhuma só lagrima havia brotado de seus olhos, e quando ela chegou todos olharam para ela, sem nem disfarçar, e foi Lily quem foi acudi-la, ela a segurou pelos braços, Rose estava prestes a vomitar e sentia o mundo girando a sua volta, sua prima estava perguntando algo a ela, mas ela não estava entendendo nada e acabou por desmaiar ali mesmo, em seus braços.

Teve um sonho perturbador, de como dois garotos a jogaram como um nada no banheiro masculino da escola e a estupraram ali mesmo, fazendo coisas que a enojavam, e ela não podia gritar, não podia fazer nada...

E então lembrou que aquilo não fora apenas um sonho, ela se lembrou de que tudo havia acontecido de verdade e teve ânsia quando se sentou de uma vez na cama.

–Rose, você deveria se deitar – era Alvo, sentado na cama ao lado, que estava vazia, com Hugo e Lily ao seu lado. – Com está se sentindo?

–Estou... – ela pensou um pouco, deveria mesmo contar sobre aquilo a eles? Não a julgariam como eles ou a chamariam de vadia, dizer que ela mereceu? – Melhor... Não sei o que aconteceu.

–Pois eu sei, a sua pressão caiu querida, e você desmaiou – era a enfermeira, Rose ficou se perguntando se ela por algum exame já havia descoberto o que acontecera a ela, porém o fato de ela não ter dito nada confirmou suas suspeitas de que nada fora revelado.

–Ah – Rose disse, olhou para a porta e viu alguém entrando, era Alice, ela foi direto até a sua cama e sentou-se aos seus pés. – Oi minha linda.

–Fiquei preocupada – ela falou, tomando a mão de Rose na dela. – O que aconteceu, flor?

–Eu... Estou bem agora – de todas as pessoas, Alice era a que talvez menos julgaria Rose, e ela queria contar a ela sobre o que havia acontecido sem sentir que estava traindo os seus amigos e parentes mais próximos.

–Pois eu não acho que esteja, mas se você diz – ela respirou fundo. – Ainda posso te beijar ou você está tendo um caso com o idiota do Malfoy?

Rose deu um sorrisinho, mas disse:

–Não sei se aguentaria ser tocada por outro garoto por um bom tempo – mas ninguém entendeu, e todos a olharam com a expressão confusa, ela simplesmente puxou Alice para um selinho, depois viu que seus primos e seu irmão haviam virado o rosto.

–Sério Rose, o que aconteceu? – era Lily. – Por que disse isso?

Ela realmente cogitou contar por um momento, mas depois lembrou das cenas e lembrou das coisas que lhe foram ditas, perdeu toda a coragem, então deu um sorriso falso e disse:

–Não foi nada, eu estou bem, já disse, pare de se preocupar a toa.

Eles pareceram acreditar, mas Rose ainda se sentia podre por dentro.