“- Então nós somos amigos, tipo, de verdade, não é? – Rose perguntou à Scorpius, os dois dando uma volta pelo castelo.

–Mas é claro, Rose, você acha que eu ligo pro que meu pai fala? Ou pior ainda, pra sobrenomes? Eu amo você, de coração, é minha melhor amiga, de verdade.

Ela sorriu, eles se abraçaram, tão jovens, tão inocentes...”

–Ei, Rose – Alvo a chamou, tocando em seu braço. – Está pensando nele novamente, não é?

Depois de uma semana, Rose já não tinha mais lágrimas no rosto, já não pensava mais tanto em Scorpius, mas as lembranças em alguns momentos do dia eram inevitáveis.

Ela e Alvo estavam sentados na mesma árvore em que Rose adorava ficar, a mesma árvore onde eles se beijaram... Ela se sentia vazia, todo e qualquer tipo de sentimento havia se esvaído dela, era como se sua alma tivesse saído de seu corpo.

–Estou bem, Al – ela respirou fundo e forçou um sorriso.

–Não, não está – ele pegou a mão dela, foi quando ela fechou os olhos e se lembrou da ultima vez que alguém havia feito aquilo.

–Al, eu não consigo sentir mais nada, entende? Nem felicidade, nem tristeza ou angustia, e estou começando a ficar preocupada.

–Bem, pelo menos você sente preocupação... Rose, acredito que isso seja normal para o que você passou, talvez seja um ato de proteção.

Rose se virou para ele e desesperada para sentir algo, o beijou. Alvo se assustou e foi tentando se afastar, até que de uma vez se separou dela, a olhou estupefato.

Ela se sentiu culpada, e tentou desesperadamente se desculpar pelo ato, mas Alvo colocou os dedos delicadamente em seus lábios. Ele a beijou novamente, carinhosamente, o toque dele nos lábios dela era doce, e Rose finalmente conseguiu sentir alguma coisa novamente.

Ela sentia prazer o beijando, se sentia bem e queria mais, mesmo sabendo que usa-lo para diminuir seu desespero era errado. Alvo a puxou pela cintura e aprofundou o beijo, Rose não entendeu porque ele continuara, mas tudo o que ela queria naquele momento era estar nos braços de alguém, se sentir desejada, talvez.

***

–Porra Scorpius, você tem problema na cabeça, cara? Sinceramente, como é que você pôde dizer isso, mesmo que não fosse verdade, a respeito da garota que você ama? Puta que pariu, dá vontade de esfregar a tua cara no asfalto garoto!

Scorpius nunca vira Emma tão exaltada quanto uma semana depois do acontecimento com Rose, ele não tinha a quem recorrer e então um tempo depois acabou conversando com ela. Que é claro, estava namorando Lily – o que não fora ela propriamente quem o havia dito isso, mas ele supôs pelos olhares e os passeios pelo castelo, sempre juntas – então por lógica, iria defender a prima e melhor amiga da namorada até o fim.

Ela percebeu o olhar exaltado do garoto quando a ouviu dizer aquelas palavras, respirou fundo, os olhos fechados e continuou:

–Depois ainda me perguntam porque eu fico com meninas, e sim, Scorpius, eu fico com meninas – ela acrescentou. – Mas falando sério, cara, por que tu foi fazer isso, pra agradar seus amigos idiotas? Achei que a Rose fosse mais importante do que isso. E o pior, já faz uma semana, por que não a procurou?

–Simplesmente porque ela não vai sequer querer ouvir as minhas desculpas depois do que eu disse, Emma! E pelo amor de Merlin, eu tenho consciência da gravidade do que fiz, da pra você parar de ficar jogando isso na minha cara?

Emma encarou Scorpius, face a face, a expressão indignada, disse nitidamente com raiva na voz:

–Ah coitadinho, pobrezinho, se não quer ouvir a verdade não peça minha ajuda de novo, Malfoy, pra mim já deu, seu babaca orgulhoso! – ela saiu do salão comunal, os cabelos compridos, lisos e castanhos caindo em suas costas. Emma era de grande ajuda quando se precisava, mas também adorava ser grossa quando queria.

Scorpius respirou fundo, não tinha outra saída, não havia mais ninguém com quem ele pudesse conversar. Alvo o ignorava constantemente desde o acontecido, assim como Lily e os outros, o que só aumentava a certeza que ele tinha da gravidade da situação.

Ele foi até o dormitório dos meninos, vazio naquele horário, e encontrou a garrafa de uísque em sua mala. Scorpius sabia que aquilo não era permitido, mas virou a garrafa de uma vez só e o álcool subiu em sua cabeça, ele só queria esquecer.

–Então, Scorpius Malfoy, não está afim de alguém para compartilhar essa garrafa de uísque hoje?

Ele olhou para a porta do dormitório e viu uma garota de cabelos loiros e olhos azuis profundos ali recostada, era Caroline, o seu relacionamento aberto de muito tempo.

–Não deveria estar aqui – ele disse.

–E você não deveria estar bebendo, então, vai dividir comigo ou eu vou ter que ir à diretoria denuncia-lo?

Caroline era e sabia ser provocante quando queria e quando não queria também, Scorpius não tinha nenhum problema em dividir a garrafa com ela.

O seu silencio foi interpretado como um sim, a garota se sentou ao seu lado na cama, imediatamente tomando a garrafa das mãos dele e bebendo um gole.

–Soube da Weasley, você não perdeu nada...

–Cala a boca Caroline, se você quer o uísque fique quieta e beba.

Ela arqueou as sobrancelhas e bebeu outro gole da bebida. Olhou-o sedutoramente e falou ao ouvido de Scorpius:

–Alguma diversão hoje, Scorp?

Ele sentiu arrepios pelo corpo, ela tinha uma das mãos em sua perna, e realmente, uma garota irresistível daquelas o fazia perder a cabeça, ainda mais em seu estado atual. Ele virou-se e a beijou profundamente.

Os dois se envolveram em um amasso com um cheiro forte de uísque e arrependimento, Caroline tirou a camisa dele e depois daquilo Scorpius apenas deixou fluir, tirando a cabeça de Rose e se entregando ao prazer.