League of Legends: As Crônicas de Valoran 2ª Temp. escrita por Christoph King


Capítulo 12
Capítulo 11: Ionia


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é extremamente curto devido ao tamanho do arco de Ionia, que é pequeno. Quero reservar o resto da história mais pra frente, pois o fim do arco de Ionia deve coincidir com o fim dos outros, mas, infelizmente, não é o que acontece.



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Capítulo 11:

Ionia

Shen passou a primeira noite no templo de Yi da pior forma possível: tendo pesadelos.

Lá estava ele, numa sala escura. Ele não podia ver nada, só pequenas luzes que os olhos fechados produziam de vez em quando. Mas mesmo não ouvindo, podia ouvir vozes sussurrando. Sussurravam como se contassem segredos. Você não chegou a tempo, Shyon..., dizia uma voz masculina e rouba. Ela está morta, mas o bebê, vivo.

Outras vozes continuavam a falar. Você é o culpado, Shyon! Como ousou ter colocado a culpa em Myron? A garota irá crescer achando que o pai é um traidor.

Como sente sendo filho de um traidor, Shen?

Sentiu sua espinha congelar e acordou imediatamente. Estava deitado no chão, sentindo frio por estar sem camisa e sem sua máscara. Se sentia desprotegido, impotente. À sua frente havia a imagem de um deus, mas aquilo não o confortava. À esquerda uma janela aberta. Podia ver a lua brilhante o iluminar. Podia sentir todo o sofrimento que ela carregava, podia ouvir até mesmo um choro e um canto vindo dela, isso na alma. Sabia que em algum lugar do mundo alguém sofria por sua devoção àquele astro.

Queria poder ajudar quem quer que fosse.

Mas você não ajudou nem mesmo ao próprio pai.

As vozes em sua mente pioravam a cada momento naquele templo de Yi. Eles haviam comido e se deitado. Deveria ser metade da noite, não podia ter certeza. A lua estava longe de deixar de brilhar. Estava em seu auge. Não pararia ali. Assim como Zed.

Shen não sentia vontade de se vingar. Isso parecia tão surreal, mas parecia sentir que seu pai mereceu. Entendia que ele havia feito muito mal e nem ao menos havia se arrependido. Ele era bom para quem lhe convinha, mas sempre foi rígido e bruto. Um homem frustrado que descontou sua raiva em um garoto órfão.

Se Zed não existisse, seria você.

E se a voz estivesse certa? E se não tivesse sido Zed a encontrar a caixa? E se não tivesse sido Zed a ser maltratado por Shyon? E se não tivesse sido Zed a ser abandonado na porta de Kinkou? Mas por quem? Quem deixaria o filho ali, sem sequer um bilhete? Não um bilhete, mas uma adaga. Uma adaga de luz.

Shen gemeu e se encolheu no chão, respirando ofegantemente. Suava em frio e se sentia mal cada vez que aquela voz lhe revelava algo.

A porta de correr do quarto se abriu e ele se assustou.

– Acalme-se – era Akali. Ela estava com os longos cabelos negros soltos e vestia-se com um longo quimono de gueixa. Ela parecia mais bonita que de costume. – Teve pesadelos? Eu te ouvi gemer do meu quarto ao lado.

Shen respirou fundo. Se sentia bem na presença de Akali. Ela era sua melhor amiga e melhor aliada. Sempre estaria ao seu lado, independente do que ocorresse. Tinha medo que ela o odiasse se soubesse que Shyon condenara seu pai ao exílio. Uma parte de Shen soube que ela sabia daquilo. E a amou por ela continuar ao seu lado.

Ela veio até ele e se ajoelhou à sua frente, preocupada.

– Você está suado e com frio. Deve cobrir-se de forma mais apropriada.

Ela ficou levemente sem graça devido ao sorriso fora de hora que ele deu.

– Por que está sorrindo? Falei algo de engraçado?

Ele riu.

– Não. É que eu... eu estava me sentindo tão mal. Algo parece sussurrar coisas em minha mente e isso me afetou de forma terrível. Mesmo assim, quando você entrou no quarto... – ele ficou sem palavras por alguns segundos. – Quando você entrou, tudo isso sumiu. Todas as lembranças das mortes, de Zed, do meu pai, das sombras... tudo.

Ela cerrou os punhos em cima das coxas, nervosa.

– Acha que eu causei isso?

Ele assentiu.

– Agora tudo parece fazer mais sentido, Akali. Vejo tudo com tanta clareza. Não sinto vontade de me vingar, mas trazer justiça. E sei que o que quer que eu faça, terei você ao meu lado.

– Sempre – ela respondeu.

Ele avançou lentamente na direção dela, se desvencilhando cada vez mais do cobertor. Segurou o rosto dela e a beijou. Por mais incrível que pareça, aquele foi seu primeiro beijo, mesmo tendo vinte anos. Sempre fora muito avoado, nunca nem sequer percebeu o que Akali sentia por ele. Dava mais atenção às lutas com Zed que à sua amiga fiel.

Ela passou as mãos pelas grandes costas dele, mantendo-se firme. Sentou-se no colo dele, de frente para seu rosto e os dois riram após o longo beijo.

– Eu pensei que esse momento nunca chegaria – ela sussurrou.

[...]

Master Yi não saía tanto de seu templo. Preferia ficar por lá e observar as coisas acontecerem com seus sete olhos. De vez em quando tirava o capacete e sentia uma pequena dor de cabeça. O usava tanto que não tinha mais como tirá-lo sem doer. Era uma sensação dolorida, mas passageira. Assim podia observar o nascer do sol em uma única perspectiva.

Como seu templo ficava no topo de uma montanha, ele podia ver toda a Ionia do topo de um penhasco. A capital não parecia tão iluminada quanto no dia anterior. Haviam nuvens escuras pairando por lá, embora no templo de Yi estivesse ensolarado.

– É uma visão horripilante – Yi se virou para ver Kelsen, a mãe de Akali, se aproximando. Ela parecia ter acabado de acordar, ainda envolta em seu quimono, os cabelos escuros bagunçados. – É culpa dele, não é?

Yi fez que sim e se levantou.

– Deveria descansar após o ocorrido, Lady Kelsen. Volte e durma enquanto pode.

– Agradeço a sua ajuda, mas não podemos ficar por mais tempo. Precisamos ir até a capital, precisamos contatar os mestres. Precisamos contatar a Anciã.

Yi respirou fundo.

– Estão livres para ir, mas saibam que ao sair desse templo, não terão a paz que desejam.

Kelsen riu rapidamente.

– Perdi meu marido, meus pupilos e meu melhor amigo ontem. Paz é a última coisa que anseio – rangeu os dentes. – Quero vingança!

Master Yi cruzou os braços.

– Saiba que esse é um caminho sem volta.

Ele olhou profundamente nos olhos amargurados daquela mulher. Ela era forte física, mas não psicologicamente. Tinha força para duelar até mesmo com ele, mas não tinha cabeça para sequer desviar de um ataque. O lugar dela não era naquela guerra. Poderia ser manipulada facilmente, pois sequer sabia o que fazia ali.

– Posso oferecer uma última refeição antes de irem.

– Não, obrigado.

– Eu não pedi e nem perguntei; afirmei. Vocês irão se alimentar antes de sair. Permita-me acordar os jovens Akali e Shen.

Kelsen riu.

– Só acorde o Ken e o Shen, pois a minha querida já acordou. O quarto dela está vazio; deve estar saltando pelas árvores.

– É muito ingênua para uma mulher da sua idade.

Master Yi e Kelsen acordaram Kennen e depois foram para o quarto de Shen, como sugerido pela mesma. Porém não encontraram só Shen dormindo, mas Akali. Os dois estavam deitados juntos, nus, em forma de “conchinha”.

Kennen abriu um grande sorriso.

– Eu sabia que esses dois combinavam, haha!!

Os dois acordaram, assustados. Não mais que Kelsen, que estava boquiaberta. Yi ria e Kennen parecia extremamente feliz, como se tivesse um desejo realizado, mesmo que tivesse demorado – e muito.

[...]

Zed ergueu-se do mesmo local donde Shyon se erguia para observar os jovens Kinkou treinarem. Quase podia vê-los treinar, fazendo movimentos marciais com precisão e determinação, crescendo a cada ano. Mais altos, mais fortes, mais inteligentes... e mortos.

Haviam muitos corpos no pátio principal. Seus homens das sombras limpavam os corpos e os ativaram em uma pilha de corpos. Sangue não escorria mais, eles estavam pálidos e frios. Fizera uma pira funerária gigante em uma área mais ao longe. O cheiro dos corpos queimados era terrível, mas necessário.

Queime-os, ordenou Nocturne. Não deixe seus corpos fedores por aí, pelo nosso pátio.

Nosso?

Sim, nosso.

Kyrie ressurgiu atrás de Zed, numa sombra. O mestre se virou para ele, a máscara na cabeça. Não conseguia saber se ele sentia raiva ou se estava calmo. Aquela máscara sempre o deixava com uma aparência desumana, quase maligna. Era impossível saber o que ele sentia por trás dela.

– Z-Zed... – gaguejou. – Eles fugiram. Fugiram com a ajuda de um homem mais rápido que um raio.

Quem?! – sua voz ribombou como um trovão, rouca e grossa.

Kyrie hesitou.

– Master Yi. Eu achava que ele não passava de um mito, mas ao que parece, ele realmente existe. E é rápido o suficiente para produzir luz e romper minhas sombras ao meio. Ele as atravessa e as destrói. Eu não tive sequer uma chance – ficou de cabeça baixa. – Me perdoe, senhor.

Zed colocou uma mão em seu ombro.

– Fiquei calmo, Kyrie. Logo iremos ter Shen morto e Ionia em nossas mãos.

Sim, murmurou Nocturne. Destrua o equilíbrio.


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Notas finais do capítulo

Programação de postagem: Ionia (este) > Freljord > Piltover > Shurima > Noxus > Demacia > Zaun > Freljord > Ionia > Monte Targon :D



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