Voltei a casa. Estava novamente em formato felino. As roupas, juntamente como livro, estavam dentro da "mini-bolsa" que estava escondida no quintal da casa. Entrei.
Comecei a andar pela sala, o local estava silencioso, indo em direção ao quarto do casal. A porta estava entreaberta e eu pude ouvir um choro eminente, Christine.
Ela estava deitada na cama do quarto, sozinha, chorando abraçada ao travesseiro. Aquilo era de partir o coração, eu não tinha nada contra a Christine e não queria fazê-la sofrer... mas eu precisava do Peter, ela ia ter que sofrer por um tempo. Voltei ao pequeno corredor e andei em direção ao quarto cheio de livros empoeirados, Peter estava lá, mas ele não estava lendo. Ele estava sentado em sua poltrona, como sempre, mas aparentava estar divagando sobre algo. Me aproximei e pulei em suas pernas, as usando novamente como um colchão, Peter acariciou os meus pelos novamente e fez uma coisa que ele só fazia quando estava realmente preocupado: Começou a conversar comigo.
— Felina... eu... eu... eu queria tê-la beijado... — Ele respirou fundo. do que ele estava falando? — Mas é errado... é realmente errado... eu não posso fazer isso com Christine...
Acariciar. Pensar. Ele... queria ter me beijado? é isso que ele quer dizer?
Agradeço por ser um gato agora e ele não esperar um resposta de mim... eu não saberia o que dizer... mas fiquei feliz em saber.
Ele me segurou em seus braços, levantou, me colocou em seu lugar na poltrona e começou a andar de um lado ao outro da sala. Eu o acompanhava com o olhar.
Ele parou, respirou, colocou a mão no bolso da camisa (como se procurasse alguma coisa), mas não tinha nada la. Ele começou a dizer:
— O que eu estou pensando? — Ele bateu a mão na testa antes de continuar — Eu tenho uma garota, mas não uma simples garota... uma garota especial! eu vivo com ela a dois anos e ela jamais me desapontou! Esteve comigo em todos os momentos bons e ruins que passei e eu estou aqui pensando em uma moça que eu tomei um simples café?!! — Ele pegou um dos livros empoeirados de uma pequena prateleira, um livro grosso, e o jogou no chão, aquilo me assustou — Eu devo ser a pessoa mais idiota do mundo... tenho certeza que concorda comigo Felina — Ele disse acariciando a minha cabeça enquanto sorria.
Não, eu não concordava.
Ele se virou para a escrivaninha e a olhou por um tempo, abriu a gaveta e tirou de lá aquela caixinha preta que eu sabia exatamente o que havia dentro dela.
A aliança.
Ele tinha achado a coragem que precisava, ele ia pedi-la em casamento.
Ele andou em direção ao quarto onde ela estava, e eu pensei uns instantes se eu realmente queria ver o que aconteceria a seguir. Pulei da poltrona e fui atrás dele.
— Christine... — Peter sentou na beirada da cama.
— Vá embora — Ela disse em meio aos soluços.
Ele se calou por uns segundos antes de prosseguir:
— Como eu vou te pedir em casamento se eu for embora?
Ela se sentou na cama e olhou pra ele. Seus olhos estavam vermelho pelo choro.
— O que disse? — Ela sussurrou.
— Eu disse... — Ele levantou da cama e se aproximou dela, se ajoelhou, e sorrindo falou — Christine Millman você me daria a honra de ser minha esposa?
Primeiro ela se calou, depois ela chorou, depois abraçou ele enquanto chorava para finalmente dizer:
— Sim!! Eu me caso com você!
Peter estava feliz,
Christine estava feliz,
Eu não estava.
Eu sai do quarto e voltei a poltrona do Peter... e eu chorei... chorei de um jeito que eu jamais havia chorado antes.
A batalha estava perdida...
Christine havia ganhado.
Mas eu ainda tentaria lutar... eu não desistiria tão fácil... eu venceria a guerra.