Hexe escrita por Anne


Capítulo 2
1. Adoção e o Senhor Grisalho


Notas iniciais do capítulo

Capítulo curtinho, mas essencial pra continuação da história.
ESPERO QUE GOSTEM ^-^



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Eu disse que era uma andarilha, mas isso não durou pra sempre como eu achei que duraria. Algumas vezes eu fui "salva" por pessoas que queriam me alimentar, me banhar e tudo o que eles queriam era o meu amor em troca. Não consegui recompensá-los nem um vez. E em todas essas indas e vindas, eu sendo salva e fugindo um tempo depois, eu acabei chegando na América. Um idoso que me adotou (eu não lembro o ano) tinha condições de viajar pra lá e pra cá sempre me levando junto. Em uma dessas viagens (Inglaterra/E.U.A) eu decidi fugir, queria conhecer a América enquanto o meu "dono" queria me trancar em sua casa, fugi.
Voltei as ruas, mas eram ruas desconhecidas pra mim, e as pessoas tinham um sotaque estranho, mas consegui me adaptar bem. Fiquei por bons anos caçando ratos e procurando comida do lixo, fui para abrigos as vezes, mas quando me adotavam eu fugia, não aquentava ficar presa, mesmo sentindo fome e sede quando fugia eu preferia arrumar alimento por mim mesma, sem caridade.
Eu havia passado tanto tempo naquela forma que eu me esquecia as vezes que eu já havia sido humana, meus instintos falavam por mim agora, e você pode não acreditar, mas era uma boa sensação: liberdade sem responsabilidade.
Tudo mudou em 2015 quando eu voltei a um abrigo novamente, os protetores de animais não me davam sossego e acabei voltando a ficar presa. Fiquei algumas semanas por lá até acontecer, até alguém decidir me adotar.
— E é aqui onde os gatos ficam — Disse aquela veterinária gorda que mesmo parecendo ser velha ainda tinha uma espinha no queixo.
— Eu tenho alergia a gatos — Uma voz masculina, um tanto rouca, respondeu.
— Eu sei, eu também tenho, mas tem uma gata aqui que é impressionante! eu não espirrei nenhuma vez estando perto dela, é como se fosse...
— Antialérgica? — A voz completou.
— É, como se fosse antialérgica — Ela andou até a minha jaula e eu pude ver aquele rostinho gordo novamente — Bom ai está.
E pela a primeira vez eu vi o dono da voz masculina, ele parecia ter uns 30 anos, o cabelo dele era meio grisalho (talvez ele fosse mais velho) e tinha um maço de cigarros no bolso da camisa (talvez por isso a voz fosse rouca), ele era bonito (sempre achei caras mais velhos elegantes, mesmo que nenhum homem conseguiria ser mais velho que eu). Ele se aproximou da grade ficando bem próximo a mim. O jeito que ele me olhava parecia o jeito que a Amanda me olhou um dia, um jeito intimo, me deixou desconfortável.
— Os olhos dela — Ele disse, é claro ele iria reparar, todos reparam.
— São lindos não acha? — A veterinária perguntou.
— Diferentes — Ele fez uma pausa, me encarando mais uma vez — Eu sempre gostei de gatos por eles serem independentes, nunca pude tê-los pela alergia, mas essa ai — Ele apontou pra mim, sorrindo — Eu não sinto nada, nenhuma vontade de espirrar, nenhuma coceira — Ele se calou por alguns segundos até concluir — Já sei o que eu quero, eu quero adotá-la.
A veterinária sorriu, uma jaula vazia, um novo animal de rua poderia ocupá-la enquanto o outro (no caso eu) ganhava uma nova família.
E eu gostei do senhor grisalho,
Queria ver quanto tempo eu ficaria com ele até fugir novamente.


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam?
Sigam o exemplo da Whatever: Comentem! Me digam o que acham!



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