Os carros de polícia chegavam tão rápido em um borrão de luzes vermelhas e azuis. As pessoas que estavam ali corriam e algumas outras choravam. Em pleno funeral de Karina Henriques, a garota mais popular da cidade, aconteceu um assassinato.

Lilian Felipo, uma ex-amiga de Karina havia sido jogada de cima da torre dos sinos na igreja de Vera Santa Klaus. Tudo aquilo por que alguém que estava querendo alguma coisa com os amigos da popular da cidade.

Camille e seus amigos estavam do outro lado da rua sentados ao meio fio. Thomas estava com as pernas cruzadas e não parava de olhar para a torre e para Felipe, o primo de Karina.

Aquele garoto havia acabado de chegar e logo no final do funeral, uma nova menina foi morta. Com Lilian era duas mortes. Apesar de sentir um forte sentimento pelo primo da falecida amiga, o menino ainda tinha uma grande suspeita se foi ele ou não.

— Ah meu deus! — Laura falou devagar olhando para umas pessoas que saiam de um carro preto.

A menina se levantou limpando a parte de trás do vestido e continuou olhando para o carro. Seus outros amigos ficaram ao seu lado.

— O que foi? — Keke perguntou.

— Marlene e Paula! — a menina resmungou e olhou para os outros. — elas voltaram.

Na mesma hora em que ela voltou a olhar para as meninas loiras vestidas de preto à frente, seus amigos fizeram a mesma coisa e se chocaram.
Marlene e Paula. As duas irmãs as quais Karina atormentou sua vida toda. Elas estavam diferentes, Marlene usava um óculos preto e um cabelo loiro cheio. Já Paula não estava mais gorda, e sim, muito magra.

Camille reparou que o cabelo da menina estava igual o de uma personagem que ela viu em um filme na estreia do mesmo com Thomas, onde eles gritaram o filme todo.

— O que elas fazem aqui? — Jennet chegou por trás deles. — já faz o que? Um ano? Talvez dois?

— Não faço ideia. — Mille respondeu.

Então, as imagens daquele dia voltaram à cabeça dos cinco que estavam ali. Era uma tarde chuvosa de julho. Eles estavam em um antigo parque velho da cidade onde ficava bem afastado das estradas.

Todos eles estavam lá, exceto Keke já na época havia se viajado. Eles ficaram sentados nos balanços, pistas de skates e nos outros brinquedos. Até que em uma hora, quando estava perto de escurecer, as duas irmãs loiras apareceram.

— Lá vêm as irmãs idi e ota. — Karina riu e depois deu uma tragada em seu cigarro.

Lilian riu e pegou o seu terceiro cigarro do maço. Enquanto Thomas e Laura caminhavam pelo campo de futebol. As loiras pararam a poucos metros delas.

— Vão ficar olhando, suas idiotas? — Karina gritou e sorriu maliciosamente. — vamos pegar essas vagabundas.

Ela sussurrou baixo para a outra menina que fumava e riu. As duas se levantaram e andaram em direção as duas garotas.

— Não fizemos nada a vocês! _ Marlene disse ajeitando o óculos que caia do seu rosto.

Lilian empurrou a garota e pegou seu óculos e Karina rasgou a jaqueta de Paula.

— Não estamos ligando se fizeram ou não. — as duas falaram ao mesmo tempo.

Os outros quatros vieram correndo na direção das duas para parar aqueles ataques.

— Estão loucas? — Jennet gritou indignada. — elas não fizeram nada.
— Por isso mesmo, Jen! — K retrucou sem paciência. — você vai continuar na minha frente?

A menina levantou o olhar e a outra saiu de sua frente. Sempre que ela levantava os olhos todos faziam o que a mesma queria, não importava o que era.
K puxou as garotas junto com Lilian e as levaram para um barranco que no final tinha um lago gosmento e provavelmente cheio de doenças.

— Para aprenderem que quando eu estiver em um local, a plebe não deve ficar. — a garota falou no ouvido das duas segurando os cabelos delas.

Depois que as duas irmãs pediram para que ela não fizesse aquilo. Karina riu e as empurrou. E em poucos minutos, as duas garotas loiras estavam se chocando contra um lago gosmento e sujo. E com a noite caindo, eles correram para longe do local, onde as duas foram vistas pela última vez antes que desaparecessem da cidade.

E agora, depois de quase dois anos, elas estavam de volta. Mais bonitas, com um olhar que dava medo em qualquer um que as enfrentasse. Se Karina estivesse ali, talvez ela não ousaria em fazer algo com elas agora. Ou talvez, ela tentaria. Afinal, a popular tinha que manter sua fama de má, ou então ela perderia sua coroa, coisa que mesmo depois de morta, não aconteceu.

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Paula e Marlene finalmente tinham voltado para o lugar que sempre quiseram esquecer. As duas saíram do carro preto de seus pais e olharam pela linda catedral que existia há muitos anos.

Elas ainda não sabiam se poderiam realmente viver ali. Talvez sim, agora que Karina havia finalmente tido sua punição.

Talvez exista um deus, afinal. Elas pensaram.

Olhando para o outro lado da calçada, Marlene viu alguns rostos que ela queria dizer que não conhecia. Mas não podia, ela os conhecia muito bem. Exceto por uma garota, que ela já ouviu muito a respeito.

Ela andou em direção ao grupo que estava parado olhando para ela e sua irmã. As duas andaram e finalmente conseguiram encará-los nos olhos.

— Vocês voltaram. — Jennet sorriu. Um sorriso que na verdade era falso.

— Não queremos boas vindas. — Marlene colocou as mãos nas cinturas. — espero que saibam que queremos um recomeço. O que aconteceu no passado fica no passado!

— Como você quiser. — Camille respondeu e apertou a mão das meninas.

— Olá, Keke. — A garota de óculos olhou para a outra. — ouvi muito a seu respeito! Nós sabemos quem era Karina Henriques, e sabemos o que ela fez a nós duas. Foi um prazer.

As duas se viraram e andaram de volta para o carro parado do outro lado da rua. Keke ficou olhando atordoada para as irmãs que já se afastavam. Como ela poderia saber sobre o que aconteceu no passado entre ela e Karina?

Era tecnicamente impossível que ela soubesse. Por que K jamais falaria com ela e jamais contaria aquilo. Ela nunca havia visto aquelas duas na vida. Isso só significava uma coisa. Uma coisa que ela sempre quis esquecer.

Mas ela sabia que era impossível. Segredos do passado sempre vêm à tona. Nunca são esquecidos.

— O que ela quis dizer com aquilo? — Laura perguntou sem entender muita coisa.

— Nada. — a menina saiu correndo, mas antes se virou acenando. — depois vejo vocês, tchau.

E a garota correu indo embora e com o coração batendo tão forte que ela achou que iria explodir e sair do seu corpo.

As duas irmãs viram a menina sair correndo e sorriram uma para outra. Elas estavam felizes, pois os seus planos iriam começar a funcionar.

— O que você quis dizer com aquilo tudo? — Paula perguntou à irmã. — é sobre aquela pessoa, não é?

— Sim. — Marlene sorriu. — alguém do passado das duas. Da morta e da viva. Alguém que ambas achavam que haviam morrido. — elas andaram pelo gramado que tinha do lado da igreja. — alguém que eu sei muito bem que estava disposto a fazer qualquer coisa para acabar com Karina.