Scream Bitches escrita por Son Of Victory


Capítulo 10
Chapter Special Secrets


Notas iniciais do capítulo

Oooi oi genteee
Eu sei, eu demorei! Mas finalmente, consegui terminar o tão aguardado capítulo! Espero que gostem desse especial por que nossa, eu to adorando vocês e vocês merecem tudo de bom nessa fic! Está na hora de vocês saberem a verdade sobre algumas coisas e alguns segredos, então espero que gostem e não me matem kkkk
Abraço, amo vocês



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/603618/chapter/10

Karina & Keithlyn

A manhã de uma segunda feira qualquer estava com o céu tão limpo que o azul claro era tão brilhoso quanto o oceano.
A menina de cabelos castanhos avermelhados estava começando a acordar em seu pequeno quarto cheio de bonecas. Seus olhos ainda estavam querendo se fechar, mas a garota havia se lembrado que depois de três meses de férias, suas aulas retornariam naquele dia.

Ela saiu da cama e correu para as suas bonecas dando bom dia à todas como se fossem pessoas. Ela abraçou seu coelho de pelúcia favorito e saiu do quarto correndo pelo corredor de cima e descendo as escadas.

— Karina tome cuidado, não fique correndo pela casa. — avisou sua mãe saindo da frente da menina que correu pela sala.

A garota correu até sair para o jardim onde inspirou o limpo e fresco ar daquela linda manhã. Voltaria as suas aulas e veria novamente seus melhores amigos. Voltou correndo para dentro e sentou-se na mesa da cozinha.

— Puxa! Você está animada hoje. — disse sua mãe colocando seu café na mesa. — está feliz que vai ver seus amigos hoje?

— O aniversário de Keithlyn está chegando. — disse sorrindo depois de dar uma mordida em sua torrada. — mamãe, podemos dar uma bicicleta de presente à ela?

A mulher em pé na pia olhou para a menina avaliando o pedido e não respondeu, apenas sorriu. Conversaria com o pai da menina sobre o pedido mais tarde.

— Quem está pronta para voltar às aulas? — disse um homem de terno atrás delas parado no pé da escada.

— Papai. — a garota falou e correu para os braços do homem que a pegou no colo.

— Parece que a nossa pequena garotinha está crescendo. — falou ele olhando o rosto da menina. — então, vamos indo?

Karina fez que sim e quando o pai a colocou no chão correu para o andar de cima para pegar suas coisas. O homem andou em direção à esposa e a beijou. Estavam esperando o segundo filho e a filha estava mais animada que os dois.

— Prometo não voltar tarde. — falou abraçando ela. — estamos animados.

— Nossa pequena K quer dar um presente para Keke. — falou.

— Quando chegar conversamos sobre isso. — se beijaram pela última vez e depois saiu com a filha.

Eles iam de carro para o colégio na parte leste da pequena cidade. A escola particular era bem grande e tinha muitos perigos.

— Sabe que é para ficar longe da piscina, não é? — falou olhando para a menina e depois para a estrada. Ela assentiu. — faça com que Antonio e Keithlyn fiquem longe dela também.

O carro parou na entrada com vários pais e filhos pequenos e grandes. O portão estava começando a se abrir e Karina já ia abrir a porta toda animada para entrar.

— Ah! Não está esquecendo nada? — seu pai advertiu e ela o beijou na bochecha. — te amo, princesa. Boa aula.

Assim, a garota saiu do carro fechando a porta e correndo tão rápido quanto qualquer animal veloz para entrar na sua escola.

Lá dentro, seus dois amigos a esperavam animados e sorrindo. Ela continuou correndo e deu um abraço tão apertado nos dois que eles quase não conseguirão respirar.

— Estava com saudades de vocês. — Karina disse depois de terminar de abraçá-los. — passei as férias todas querendo vê-los.

— Vamos entrar, não queremos nos atrasar. — Antonio sorriu e assim, os três entraram conversando e sorrindo como sempre fizeram.

Os três eram amigos há tanto tempo que nem se lembravam da primeira vez que se falaram. Nada importava a não ser sua longa e pura amizade.
Eles já estavam entrando na sala. Os antigos alunos também estavam estudando com os três novamente. Mas o que ninguém percebia era que havia uma menina de óculos sentada à última cadeira da primeira fileira.

Algumas crianças cochichavam coisas sobre a garota. Karina não entendeu muito bem o porquê. Talvez a menina tivesse feito algo de errado, ou talvez não. A professora havia entrado na sala e assim, a menina não prestou mais atenção à outra.

Na hora do intervalo, as três crianças estavam sentadas novamente juntas no refeitório. Havia muita gente das séries mais adiantadas, mas ninguém sedia o lugar para a garota de óculos da sala.

Karina fez sinal com a mão para a garota vir até eles. Ela sentou-se e pediu um obrigado quase inaudível.

— Meu nome é Karina, qual é o seu? — perguntou sorrindo.

— Marlene. — respondeu rápido.

— Sou Keitlyn, mas pode me chamar de Keke. — disse a outra.

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos enquanto comiam os seus lanches. O dia estava ficando cada vez mais bonito lá fora e as crianças brincavam felizes.

Apesar do dia lindo, ninguém imaginaria o que poderia acontecer com qualquer uma delas. Keke e Antonio ficavam sorrindo e brincando juntos, enquanto as outras duas meninas conversavam. Mas mesmo que tentasse se focar na conversa, a pequena menina de cabelos avermelhados ficava com os olhos fervendo.

O sinal tocou e todos iriam para as aulas até a hora da saída ao meio dia. Na saída, assim como a entrada, estava cheia de pais esperando os filhos. Os corredores já começavam a ficar vazios.

Na última sala em um dos corredores, Antonio ainda arrumava sua mochila. O garoto havia dormido à aula e agora enfiava tudo o mais depressa possível para sair dali. Sua amiga, Keithlyn, estava parada à sua frente rindo da cena.

— Você poderia ajudar, sabia? — falou ele jogando um caderno.

— Eu poderia, mas não irei. — os dois riram.

Assim como Karina, eles eram bem próximos. Sempre contavam segredos ou brincavam um com o outro. Afinal, eles tinham quase nove anos e já eram amigos há tanto tempo que nem sabiam dizer ao certo.

Mas dizem que quando você chega à uma certa idade, você começa a descobrir novos sentimentos. E as duas crianças estavam começando a descobri-los. O garoto terminou de arrumar a suas coisas e colocou a mochila nas costas.

— Agora, vamos. — ela pegou sua mão e o puxou.

— Espera. — Antonio fez força para que a amiga não continuasse a andar.

Ela o fitou esperando que o menino falasse algo. — queria te dar isso.
Tirou a mão do bolso e mostrou um pequeno anel com uma pedrinha azul clara. Keithlyn o pegou e o olhou com tamanha felicidade que não saberia dizer o que estava sentido.

— Sei que seu aniversário é no final da semana, mas queria lhe dar logo. — sorriu. A menina o abraçou com tanta força que mesmo que ele sentisse dor, estava gostando.

Depois os dois se olharam ainda abraçados e sem nem perceberem, um beijo rápido foi dado que ambos ficaram surpresos. Afastaram-se e sorriram envergonhados. Um som de algo caindo do lado de fora e alguém correndo soou.

— Será que alguém viu? — perguntou ele enquanto eles saiam.

— Não sei. Vamos. — respondeu e o puxou correndo para fora.

Karina corria para fora da escola o mais rápido que podia. Seus olhos estavam fervendo e as lágrimas tentavam cair a todo custo. Sua melhor amiga e o menino por quem ela sempre teve uma quedinha haviam dado um beijo.

O primeiro beijo dele que ela é quem iria dar a ele. Sua babá a pegou de carro. Ela disfarçou para que a mesma não percebesse que tivesse algo de errado.

— Aconteceu algo na escola, querida? — perguntou Isabel, sua babá.

— Não, é que, estava com tanta saudade que dizer tchau de novo parece ser ruim. — sorriu para disfarçar e Isabel a acariciou com um som de quem achava aquilo fofo.

O carro parou e ela esperou que a porta de sua casa fosse aberta. Sua mãe estava na cozinha fazendo alguma coisa qualquer e esperou elas entrarem para sorrir.

— Filha! Como foi seu dia? — veio à mulher de braços abertos sorrindo. Abraçou a filha. — eu e seu pai conversamos e ele disse que podemos dar a Keithlyn uma bicicleta.

— Não quero dar nada para aquela ridícula. — Karina gritou e saiu correndo subindo as escadas.

As palavras e o modo como à menina falou deixou sua mãe de boca aberta. Sua filha nunca havia falado daquele modo e nunca havia dito aquelas palavras. Subiu as escadas entrando no quarto onde a garota estava deitada.

— O que aconteceu? — perguntou sentando-se ao seu lado.

— Keke e Toni se beijaram. — respondeu chorando.

Sua mãe sorriu de lado e a abraçou. Apesar de ter visto sua mãe sorrir, ela não quis gritar ou falar mais palavras inadequadas.

— Ah, minha criança. — disse acariciando os cabelos avermelhados dela. — sabe de uma coisa, isso não vai melhorar daqui a uns anos.

— Não? — Karina olhou para a mãe com súplica.

— Minha doce e querida, K. — falou. — nessa idade começamos a descobrir de quem realmente gostamos. Keithlyn já descobriu e Toni também, mas isso não quer dizer que você não irá.

— Mas Tony.. Ele... — tentou dizer em soluços.

— Eu sei, mas não culpe nenhum dos dois. Eles não sabiam que você sentia algo por ele. — disse por fim beijando sua testa.

A mulher saiu e deixou à filha no quarto. Karina se levantou e pegou uma boneca que segundo ela, se parecia com Keke. Andou até o espelho com o brinquedo na mão e fitou seu reflexo.

Pegou uma tesoura na última gaveta do banheiro e voltou para o seu cômodo. A boneca de cabelos pretos estava em suas mãos enquanto a menina olhava para o espelho com a cara fechada.

Começou a cortar os cabelos da sua boneca e esperou até com que ela ficasse careca. Cortou a cabeça da mesma e depois olhou novamente para seu reflexo junto com o de um corpo de plástico sem face.

— Keithlyn também não irá saber se ele sente algo por ela. — disse fitando o espelho.

Desceu para almoçar e fingiu estar bem até o resto do dia quando seu pai chegou e conversou novamente com ela. Quando se deitou para dormir, não conseguiu segurar sua mente e acabou tendo pesadelos.

Na manhã seguinte, ela continuou sendo normal sem nenhuma preocupação. Fingiu que não sabia de nada. Eles se sentaram juntos no recreio para rir como sempre faziam.

— Estava pensando. — começou K. — vamos até a piscina brincar?

— É perigoso, não podemos ir lá. — respondeu Keke no mesmo instante.

— Ah não iremos entrar! — revirou os olhos. — não seja uma fracote Keithlyn!

— Vamos Ke. — Antonio empurrou com seu cotovelo, vai ser legal.

A garota suspirou e fez que sim. Embora ninguém perguntou nada a Marlene que manteve-se calada. Como o dia interior, o refeitório estava cheio, e depois do sinal, os três saíram para a parte de trás. O dia novamente lindo e quente esquentava suas peles finas de crianças.

A grande e extensa piscina se encontravam em volta de grades e uma placa dizendo entrada proibida. Karina pulou a cerca e a abriu por dentro para que os outros entrassem.

— Está bem, o que iremos fazer aqui? — perguntou à outra garota.

— Vamos brincar, mas nada de entrar na piscina. — Karina falou de um jeito doce como se fosse um anjinho. — está com vocês.

Depois disso ela começou a correr em volta da piscina. Os outros dois vinham logo atrás empurrando um ao outro e sorrindo. Eles passaram pela garota e caíram no chão fazendo cócegas um no outro.

— Essa não era a brincadeira! — K gritou enfurecida. Os outros dois olharam para ela.

— Não precisa ficar com ciúmes. — falou Antonio levantando-se e sorrindo.

— Não estou com ciúmes, idiota. — empurrou-o. Keke tentou interferir, mas caiu no chão depois que levou um empurrão. — vocês dois são dois idiotas!

O garoto empurrou Karina que se segurou em seus braços. A sua raiva aumentava e seu rosto fervia. Ela foi empurrando o menino para trás até que o mesmo caiu na piscina e afundou.

Keithlyn se levantou e gritou o nome do menino. Enquanto ela estava desesperada, à amiga ria como se tudo fosse uma piada.

— Você está maluca? — gritou Keithlyn. — ele não sabe nadar.

— Foda-se! — A garota de cabelos avermelhados gritou tão alto que fez eco no local.

Com ainda mais raiva, preparou o momento em que a outra se abaixava para tentar puxar Antonio e a empurrou. No mesmo momento, o som do portão se abrindo soou e o inspetor do colégio vinha correndo. Karina riu pela última vez e saiu correndo com sua mochila em mãos.

— Boa sorte tentando respirar, vadia! — disse ela enquanto corria para não ser pega pelo homem.

Se escondendo atrás de uma pilastra, viu o inspetor do colégio pular na piscina e tirar a menina primeiro e depois retornar com o garoto nos braços pálido e sem se mexer. Deixou os dois ali, com a garota com o menino aos braços gritando para que o mesmo acordasse e voltou com mais professores.

Todos pareciam em choque, os enfermeiros da ala de saúde da escola tentavam desesperadamente reanimar o menino enquanto os outros ligavam para ambulância.

Sem muita paciência, Karina saiu correndo passando por uma grade velha atrás da instituição de ensino e correu em direção a sua casa, para que ninguém a percebesse. Não queria saber o que tinha acontecido com os dois. Só queria que eles morressem. Principalmente Keithlyn.

A porta de casa estava cada vez mais perto, mas havia algo estranho nela. Carros de polícia e o carro de seu pai estavam parados na entrada. Escondendo-se atrás de um poste do outro lado da rua, ela esperou que eles fossem embora e correu para dentro, onde apenas sua mãe estava sentada no sofá fitando a parede. Tentou subir devagar para o seu quarto, mas falhou em deixar um pequeno jarro de vidro cair no chão.

— Tem noção do que fez? — a voz suave e doce da mulher fitando a parede soou. Com olheras e cansada ela levantou-se e olhou a menina furiosa. Gritando continuou. — tem ideia do que você fez?

— Eu.. Mamãe.. Posso explicar... — tentou falar a pequena garota.

Desviou de um tapa que doeria e subiu as escadas correndo com a mãe grávida atrás dela. Fechou a porta forte e sentou no chão ofegante. Começou a rir como se fosse uma piada. Estava dando gargalhadas enquanto sua mãe mandava ela abrir a porta.

Saiu do quarto com uma tesoura e apontou para a mulher cansada que se afastou.

— Largue isso já! — disse com medo.

— Eu sei de tudo. — Karina gritou chorando. — você não é minha mãe, não manda em mim! E eu não sou sua filha.

Empurrou a grávida que se segurou em uma mesinha ao lado da escada. Karina continuou andando até que a mulher não estava mais de pé. Rolando pela escada enquanto gritava de dor por perder o bebê. Um pequeno sorriso apareceu na face da pequena vendo a cena de uma moça de apesar estar cansada, ainda tinha uma aparência jovem, caída no chão com sangue escorrendo em suas pernas.

O telefone tocou, provavelmente seu pai estaria a caminho e tirou do gancho. Esperou que alguém falasse algo e sentiu uma respiração do outro lado da linha.

— Por favor, a senhora Mariana está? — perguntou uma moça.

— Sinto muito. — Karina olhou para o corpo da mulher e depois se virou para um espelho que tinha na mesinha da sala. — ela morreu.

*

A semana seguinte começou chuvosa. Um dos piores dias do ano já havia acabado, mas as suas marcas ainda haviam sido deixadas naquela pequena e pacata cidade. Keithlyn estava pegando sua mochila no quarto para descer. A mãe de Toni não havia dado mais nenhuma notícia. Pelo que sabia o amigo estava provavelmente morto.

Nunca o veria novamente. Nunca o abraçaria e nem sequer o beijaria de novo. Ela só queria vê-lo por uma última vez. Mais uma única vez.

Desceu as escadas enquanto olhava a casa a sua volta que agora estava silenciosa. Suas memórias ficariam ali, junto com sua antiga amiga. Depois que saísse daquela casa, aquela sua vida não iria mais existir. Seria uma nova menina e cresceria longe daquela terrível lembrança.

Tudo que viveu ali não passaria disso. Uma lembrança. Estava no último degrau da escada quando escutou um barulho vindo na porta de trás da casa. Andou devagar com o medo subindo pela sua espinha e abriu a porta que dava para um longo quintal com um lindo jardim. Entre algumas flores, ela viu uma imagem.

Uma pequena garota de cabelos castanhos avermelhados parada olhando para ela. Sabia quem era. A pequena saiu de trás do pé margaridas e veio andando silenciosamente.

— Deve ter muita coragem para vir aqui me ver. — Keke disse com um nó na garganta.

— Ke... Sinto muito.. Eu.. Eu... — Karina começou tentando dar uma desculpa esfarrapada.

— Vai embora! — gritou. — você é um monstro! Merece morrer e queimar no inferno!

— Somos amigas! — retrucou à outra.

— Éramos! — Keithlyn terminou. — vai para o inferno Karina! Me deixa em paz. Você nunca mais irá me ver. Nunca mais terá minha amizade. A pessoa que eu conheci era doce e não um monstro feito você!

Saiu quando viu que sua mãe estava vindo. Trancou a porta e voltou andando para frente da casa. Teve que fazer aquilo. Ela merecia tudo de pior no mundo. Mas enquanto as duas pequenas meninas iam embora se afastando da casa, sabiam que aquilo nunca seria esquecido. As duas sabiam que segredos nunca estão a salvos.

Agora era cada uma para um lado. Enquanto Keithlyn tentava achar um caminho de luz para o restante de sua vida, Karina, porém, estava cedendo ao mal.

++++++++++

As Escolhas de Anita.

Ela estava deitada em seu quarto em uma sexta feira a noite chuvosa. Seus pais haviam saído e estava sozinha em sua casa escura. Se remexia na cama por causa de pesadelos.

Acordou em um salto no meio da tenebrosa noite. Ouviu um estalo vindo de algum lugar da frente do móvel. Pisou descalça no chão de madeira que estava frio fazendo seus pelos da nuca se eriçar.

A porta de madeira se abriu em um ranger estridente. A jovem mordeu os lábios. Outro som soou e agora vinha da sala. Seu coração estava se acelerando. Talvez fosse sua mãe, mas se fosse, ela iria até seu quarto ver como estava. Andou devagar se encostando à parede gélida, os raios e os trovões não ajudavam muito. Colocou a mão no interruptor da sala para ligar a luz. Quando a luz se ascendeu, alguém saiu do sofá gritando lhe dando um grande susto.

— Sua vaca me assustou. — disse falando para sua amiga que agora deitava no sofá.

— Relaxa Nita. — respondeu. — não sou um serial killer.

— O que faz aqui Carly? É quase uma da manhã. — disse a jovem colocando a mão na testa e sentando-se no outro sofá.

— Jonas brigou comigo, então achei que seria divertido lhe fazer uma visita e ver um filme.

— E você achou que poderia vir me acordar? — Anita disse suspirando. — eu estou com sono.

— Ah, vamos! — Carly sentou-se sobre as pernas e disse indignada. — não deixa esta noite tediosa.

Apesar de estar morrendo de sono, Anita pensava que talvez ver um filme com sua melhor amiga seria uma boa ideia. Afinal, as duas não faziam isso a muito tempo.

— OK. — respondeu por fim e pegou o DVD colocando no aparelho. — invocação do mal? Sério?

— É meu preferido. — falou.

Ela apagou a luz e o filme começou. Já tinha visto aquele filme um milhão de vezes, mas sempre se assustava. Adorava filmes de terror apesar de ter um certo medo.

Chegando à uma certa parte do filme, na metade, um som de algo batendo soou na cozinha. Os olhos de Anita estavam sonolentos e sua amiga já estava largada no sofá dormindo. Pegou o celular e viu que já era quase duas e meia da manhã.

— Carly... Acorda. — disse pausando com os olhos se fechando.

A menina se levantou ainda grogue. Outro barulho, agora mais alto, soou novamente. As duas jovens agora arregalaram os olhos. Andavam atentas no corredor escuro.

— Nita. — disse a outra no seu ouvido. — estou com medo. Sua mãe está em casa?

Anita balançou a cabeça negativamente e continuou. Fez com que ela mantessee silêncio e foi devagar rezando a tudo que existisse para que fosse apenas o barulho causado pelo vento ou por um cachorro ou gato.

Parou ao lado da entrada da porta da cozinha. A vista para o outro corredor que dava para os quartos não facilitava ela de mandar pensamentos negativos para longe. Atrás dela, a menina ruiva sussurrava para si mesma.

— Péssima ideia, péssima ideia.

Sem mais delongas, entrou avançando no local e ascendeu a luz que iluminou o local sem ninguém. O basculante estava aberto e sua pequena cortina voava em ondas por causa do vento.

— Foi só o vento, viu? — falou para à outra.

Andou até ele e o fechou, ventou mais um relâmpago apareceu. A chuva aumentou e os raios apareceram com ainda mais intensidade. Foi até uma das gavetas e pegou uma faca. Olhou para a outra jovem parada na entrada e sorriu.

— Só para prevenir.

Quando disse aquilo, viu sua amiga se retesar. O corpo dela ficou duro e um líquido escuro e gosmento saiu da sua boca. Anita gritou. A garota caiu no chão tentando puxar ar e uma pessoa de roupa preta surgiu em meio à luz.

O chão começara a ser marcado com o sangue de Carly, a outra saiu pela outra entrada da cozinha com a pessoa de preto atrás de si. Trancou-se no banheiro enquanto alguém esmurrava a porta. Pegou o celular do bolso, que graças a deus estava ali e não na sala. Discou o número da polícia e esperou.

— Tem alguém aqui querendo me matar. — disse histérica. — Rua Santa Anna, número 37.

Assim que desligou, a porta se arrebentou e seus olhos se cruzaram com uma faca manchada de sangue. Um grito alto e estridente saiu da garganta de Anita, depois sentiu algo forte bater em sua cabeça e então, a jovem desmaiou.

Uma luz branca e forte estava indo de encontro ao seu rosto. Tentou abrir os olhos, mas a claridade era tanta que não conseguiu. Sentiu suas mãos e pernas amarradas a uma cadeira.

— Anita Moris. — uma voz grossa saiu de um alto falando na sala. — está preparada para fazer um jogo?

— Quem está ai? — gritou tentando desamarrar as mãos.

— Você foi menosprezada por Karina e sua turminha de falsos. — continuou a voz. — está na hora deles pagarem por tudo que fizeram à você!

A luz ficou fraca e agora ela conseguia enxergar melhor. Um vídeo começou a rodar na parede por uma projeção holográfica. Era a turma dos populares andando pelos corredores e mexendo com os "nerds" e outros alunos. Eles andavam atacando caderno no chão e gritando para os outros. Na verdade, apenas Karina, Lilian e Jennet faziam isso. Os outros apenas a acompanhavam.

— Eu quero lhe mostra algo lindo. — a voz soou novamente. — está vendo o que Karina mostra à todos? Ela quer ser a rainha, mas não quer ser gentil. Quer ser respeitada, mas não dá respeito.

— Eu.. — a jovem loira começou a dizer, mas sentiu um nó em sua garganta. Seus olhos encheram de lágrimas e a raiva aumentou lembrando-se de tudo que a garota havia feito a ela. — quem é você? O que está planejando?

Uma pessoa saiu do escuro e andou até a luz aparecendo. Havia três pessoas, nenhuma delas estava com o rosto amostra. O vídeo já havia acabado o som de um salto começou a fazer eco. Aparecendo na total luz branca, uma menina de cabelos longos e ondulados loiros surgiu.

— Você! — Anita disse incrédula. A outra sorriu de lado enquanto a jovem a examinava. Ela havia mudado muito. Estava Alta, jovem e bonita. — ah meu deus!

— Está na hora de Karina pagar por tudo que fez a nós, Nita. — disse a outra loira. — está na hora deles conhecerem o mal que eles criaram.

— O que irá fazer? Eles saberão quem é você? — perguntou le levantando quando os outros dois que estavam ali a desamarrou.

— Não saberão quem sou eu. — respondeu. — ninguém além de você. Me chame pelo nome que todos eles irão ouvir falar. — ela colocou o braço cruzando no da menina e andou.

— Não precisava matar minha melhor amiga. — Nita parou e falou se segurando para não chorar.

— Ela não está morta, querida. — colocou a mão em seu rosto. — ela está no hospital agora e vai passar bem. — voltou a andar junto com a loira. — está pronta para o que estar por vir? Sabe realmente o que quer? É isso mesmo? Tem certeza?

Em meio a tantas perguntas, Anita se tranquilizou em saber que Carly ficaria bem. Mas estava pensando em milhões de coisas. Não sabia se realmente estava pronta para se vingar. Queria vingança, isso era um fato. Mas será que ela deveria fazê-la?

— Não precisa dizer mais nada. — disse com confiança e com a cara fechada. — eu estou dentro.

A outra jovem sorriu maliciosamente.

— Bem vinda. — falou e abriu uma porta para uma grande sala onde havia uma mesa no centro, quadros com marcações e várias fotos do grupinho dos populares nas paredes e um grande nome entalhado de vermelho sangue na parede do fundo. — ao time de Scream Bitches.

+++++++

Pequenos Segredos do Thomas

— Vai, admite! — falou à menina que agora estava de cabelo loiro. — você gosta dele que eu sei.

Karina e Thomas estavam sentados em um banco na varanda de trás da sua casa em uma tarde de sexta feira. Era um dia sem aula e ambos haviam marcado de se divertir falando de todos os perdedores da escola.

Mas o que ambos não sabiam é que o primo da menina, Felipe, estava ali em sua casa. Thomas sempre tivera um crush por ele. A menina que agora estava loira se preparava para sua festa de quinze anos. Afinal, ela queria estar totalmente renovada e com um visual novo.

Eles irão começar o ensino médio depois daquela última semana de aula. E agora, a contagem para um novo ano só aumentava. Haviam passado muito tempo juntos, mas o maior deles foi quando a jovem havia revelado que perdera a virgindade com o primo de dezesseis.

— Eu já disse que não gosto, mas que merda K! — disse o garoto sem paciência.

— Não precisa ficar com ciúmes. — rebateu rindo. — não acredito que minha festa está chegando!

Os dois sorriram e de repente o tempo começou a mudar. Um vento frio começou a vir na direção deles e em pouco tempo, o céu já estava começando a se fechar.

— Parece que vai vir uma tempestade por ai. — Felipe chegou atrás deles falando enquanto observava o céu.

— Ah para. — a loira disse rindo. — venha, vamos.

— Aonde? — perguntou o primo franzino as sobrancelhas.

— Nos divertir, ora essa. — saiu correndo agarrando o pulso dos dois.

Eles andaram até uma casa velha que tinha no meio da floresta de Vera Santa Klaus. A casa um dia fora de Helena Vera Lancelot, uma das fundadoras da cidade. Ninguém nunca mais havia ido ali. Não era um patrimônio da cidade e de longe iria ser um dia.

Karina abriu a porta para uma sala cheia de teias e um sofá velho e empoeirado. Eles se sentaram e ela tirou algumas garrafas de bebida debaixo de uma das tábuas quase se desmaterializado. Passou uma garrafa para o primo e depois para o amigo.

— A minha festa! — disse, brindou e depois deu um longo gole em sua Black Label.

O vento só aumentou lá do lado de fora e a chuva fina começou a cair. Alguém vinha do lado de fora e os três começaram a guardar a bebida. Quando a porta se abriu, uma menina de óculos e cabelos presos e capa de chuva apareceu com aparência de cansada.

— Ah, é só essa idiota. — Karina resmungo e pegou a bebida de novo. — dê o fora.

— Está começando a chover muito, deixe-me ficar, por favor. — pediu a menina como se estivesse morrendo de tanto medo e cansaço.

— Vá embora. — a outra continuou bebendo.

— Pode ficar. — Thomas fez sinal para que a jovem sentasse ao seu lado e ela agradeceu e sentou.

Karina lançou um olhar desafiador para ele como se estivesse acabado de tirar sua autoridade. Não deu muita bola, pois eles pareciam estar em uma guerra com trocas de olhares. Por fim, a loira desistiu.

— Quer um gole? — perguntou balançando a bebida. A garota recusou balançando a cabeça. Karina deu de ombros e levantou-se ascendendo um cigarro. — bom que sobra mais para mim.

Saiu e subiu as escadas velhas e com teias deixando os outros na sala de estar sombria e escura enquanto a chuva caia ainda mais forte. Os relâmpagos que caíam na noite faziam sustos na menina ao lado de Thomas.

— Tem medo de relâmpago? — perguntou. A garota afirmou. — tudo bem, não vou contar à ela.

— Thom, posso falar com você? — se pronunciou o outro depois de se manter quieto.

Eles andaram até a parte final do corredor onde dava a uma porta para o porão. A cozinha estava do lado dos dois, não saíram do corredor para não perder a garota de vista.

— Vamos levá-la até em casa. — Felipe começou coçando a nuca. — não sei se Karina vai se comportar. Do jeito que ela está bêbada é pior ainda.

— Okay. — respondeu e deu um passo para voltar.

Seu pulso foi segurado pela mão quente e macia do outro menino. Os dois se entreolharam. Felipe não aguentou e o agarrou para si. Sabia que a menina poderia ver, mas estava com uma vontade muito grande de fazer aquilo.

Depois de alguns instantes, eles se separaram e andaram de volta à sala. Agora, a loira estava deitada no sofá de boca aberta e baba escorrendo. Thomas deu um tapinha em seu rosto o que fez a jovem acordar.

— Porra T. — falou limpando a baba e sentando-se. — que horas são?

— Quase oito. — respondeu a de óculos antes.

— Caralho. — gritou e saiu guardando tudo. — meu pai chega daqui a meia hora, temos que ir.

— Mas eu.. — se levantou a outra.

— A gente te leva em casa, anda menina. — K desesperada a puxou pelo pulso e correu junto com os outros.

Theodora corria o mais rápido possível para acompanhar os outros, mas não adiantava muito. Seu corpo era um pouco gordo e seus joelhos bem grandes o que dava certa dificuldade a ela.

— Vai indo K, amanhã a gente se fala, levamos ela. — disse Thomas parando junto com os dois. Sua amiga fez sinal de positivo e gritou o que seria um "OK" e desapareceu na floresta escura. — está bem? Podemos ir?

Theodora fez que sim e eles seguiram caminhando rápido. O céu parecia ainda mais sombrio e tudo agora estava muito mais assombroso. Parecia até filme de terror. Eles passaram por uma ponte velha de madeira que tinha tábuas pregadas e alguns lugares não havia mais como passar.

— Tomam cuidado. — avisou Felipe. — essa ponte está velha e o rio está bem forte.

A correnteza estava tão forte quanto o mar. A água batia na estrutura da ponte o que fazia ela tremer. Primeiro o garoto avançou e depois os outros dois foram devagar.

Pisando bem lentamente na madeira podre, eles prosseguiram. De repente, em um segundo tão inesperado, a madeira cedeu e os dois jovens foram levados para baixo.

Eles se seguraram na ponte velha que agora parecia que iria cair aos pedaços. A chuva ficou ainda mais forte e a correnteza do rio estava nos pés deles.

— Lipe ajude-a. — Thomas gritou para que sua voz saísse mais forte que o barulho das águas.

Assim que disse isso, sentiu algo puxar seu braço e a garota ficar pendurada. Felipe estava puxando-o para cima. A ponte rangeu mais uma vez e balançou ainda mais. A água começou a subir. Theodora gritou por ajuda, seus braços estavam doendo muito e não aguentava mais.

— Temos que sair daqui. — Felipe gritou e começou a puxar o menino.

— Não. — Thomas gritava nos braços do garoto e se debatia. — podemos pegar ela, me solta.

Ele correu para a ponte que já não estava mais presa a sua estrutura. A garota estava com os cotovelos apoiados na madeira. O garoto estava na metade do caminho quando parou. Não dava mais para avançar. Se ele continuasse a andar, os dois iriam cair na correnteza.

— Thommy vá. — Theodora gritou. — deixe-me aqui. Vá.

Um braço passou pela sua cintura e o puxou para trás. Enquanto ia sendo puxado, a menina ainda tentava se salvar. Tentando puxar toda suas últimas forças de seu corpo, mas não foi suficiente. A estrutura caiu e a correnteza passou por cima de tudo varrendo a ponte e a menina levando-os para baixo da água.

— Você.. — disse olhando ainda a cena que acabara de acontecer. — você me tornou um monstro.

— Eu só estava tentando te salvar. — Felipe falou indignado.

— Eu disse para salvá-la. — virou-se para o outro que estava com os cabelos loiros bagunçados pela chuva. — deixamos alguém morrer!

— Fiz isso por que eu amo você. — disse olhando para baixo.

— É... — hesitou. — lide com isso. — se virou para ir embora, mas antes continuou:

— Some da minha vida, e, por favor, não apareça mais.

Em meio a forte chuva e aos relâmpagos e raios, Thomas voltou caminhando pela floresta escura pensando no que a família daquela pobre menina iria pensar. Eles não iriam vê-la novamente, nunca iriam saber se ela ainda estava viva. Poderia ter salvado uma vida, mas ao invés disse, hesitou e quis salvar a si mesmo.

O culpado não era só Felipe, mas ele também. Por que se fosse ao contrário, ele salvaria a pessoa que ama ao invés de uma simples garota nerd e apagada da escola.

Ficou sozinho andando com seus pensamentos que junto com a noite, o engoliu.

+++++

Scream Bitches Revealed

A mesa central de madeira estava com os seus devidos integrantes sentados. Anita estava sentada em uma das cadeiras apenas ouvindo tudo o que eles falavam. A garota que estava sentada na cadeira na ponta da mesa, só observava. Seu rosto não tinha expressão, ela apenas ouvia tudo tranquilamente.

— Tivemos que bolar muita coisa. — disse ela. — muitos planos, mas isso tudo foi só o inicio. Temos um inimigo por ai. Essa pessoa matou Karina.

— Não foram vocês? — Anita não conseguiu se conter em perguntar. A garota apenas olhou com raiva para ela e continuou.

— Matar Karina nunca foi nossos planos, e sim fazer com que ela sofresse pelos seus atos. — andou até um quadro e olhou para foto dos populares. — a morte é algo muito melhor para ela.

— Nosso plano foi pegar alguém que machucaria cada um deles. — disse um deles sentado.

— Por isso eu o escalei. — virou-se olhando para o final da mesa onde um menino estava parado de costas. A menina então continuou olhando o garoto com os olhos tão brilhosos quanto uma estrela,

— Pode se virar, Marcos.

Ele se virou e sorriu para ela. Os dois estavam começando a gostar daquele jogo.

— Alguém que não iria falhar em nossa missão. — andou em volta da mesa e parou ao lado de Marcos. — está na hora de começar a fase dois!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem gente, espero que tenham gostado! Tentei fazer o melhor possível.
Bem, a fanfic só retornará em 16 de JULHO com os habituais capítulos, bem, espero que tenha gostado