Nurarihyon no Mago: After Story escrita por kagomechan


Capítulo 9
Apenas deles


Notas iniciais do capítulo

olha mais um capítulo saindo. espero que gostem! XD
desculpe qualquer demora



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Uma mesa baixa estava no centro da sala de estilo tradicional japonês. Ao redor da mesa, Rikuo, Tsurara, Yura e o avô de Yura. Sobre a mesa estava o motivo daquela reunião e também daquela viagem até Kyoto. Um mapa se estendia sobre a mesa marcando o território do clã Nura e o território dos Keikain. O território do clã Nura era visivelmente maior cobrindo toda Tokyo e algumas outras províncias vizinhas se estendendo bem mais além do que a delimitação da região de Kanto. O do Keikain, no entanto, ocupava só Kyoto e um pouco das redondezas cobrindo a província de Shiga.

O pequeno grupo já tinha gastado alguns vários minutos discutindo as ideias de Rikuo. E agora, o avô de Yura pensava em quão ousado o Terceiro Líder do clã Nura se mostrava ser. Rikuo tinha explicado sua ideia o mais detalhadamente possível e estava curioso para ouvir o posicionamento do atual líder dos Keikain.

— Sua oferta é interessante… - disse o avô de Yura para Rikuo - Mas não acha que está almejando um sonho grande demais? Conquistar os territórios que estão entre meus domínios e os seus?

— Eu não diria “conquistar” - disse Rikuo - Esse termo é muito pesado.

— Do que chamaria então? - perguntou Yura.

— “Unificar”? - tentou Rikuo dando de ombros - Com exceção da área da cidade de Nagoya, nem youkai nem qualquer família de sacerdotes ou grupos de templos detêm o controle da região. É uma área muito diversificada mas que também tem seus problemas porque um fica tentando se sobrepor ao outro. Meu objetivo é tornar essa faixa entre o território Keikain com base em Kyoto e o território Nura com base em Tokyo uma zona neutra.

— Qual seria a diferença de como ela é agora? - perguntou Yura.

— Agora uns matam os outros querendo mostrar o controle. Quero criar uma área onde ambos possam viver em conjunto - disse Rikuo - Ninguém mandando em ninguém e nós dois mantendo as coisas sob controle.

— Não acha que é um objetivo muito sonhador, garoto? - perguntou o avô de Rikuo mexendo na barba.

Um barulho leve vindo da porta de correr atraiu a atenção dos que estavam dentro daquela sala. Sabiam que os amigos de Rikuo e Yura estavam escondidos atrás da porta escutando a conversa. Rikuo abriu um sorriso sem graça para o avô da amiga pois sabia que ele também entendia que aquela conversa não era tão particular quanto queriam. Yura se perguntava se talvez algumas pessoas do templo, tipo seu irmão mais velho, também estavam escutando aquela conversa em escondido.

— Sei que é um objetivo sonhador e no final das contas não se diferencia tanto assim do que tento fazer no meu território. Mas não custa nada tentar - disse Rikuo dando de ombros.

— Não acha que deveria se preocupar mais com o próprio território para não o perder? - perguntou o avô de Yura.

— O território do clã Nura está muito bem protegido. - enfatizou Tsurara.

— Eu me preocupo com meu território também. Por isso disse que essa ideia seria para ser realizada através dos anos vindouros.. sei que sofreram muito com os ataques de Hagoromo Gitsune…

— Mais do que seu clã - disse o avô de Yura bufando levemente - Seu clã pode ter ganhado a fama que fez com que outros youkais se juntassem à vocês, mas o fato é que ainda estamos tentando organizar as coisas por aqui.

— Certeza que não quer ajuda para controlar as coisas? - perguntou Rikuo.

— De que adiantaria organizar as coisas por aqui com ajuda de youkais? - perguntou o avô de Yura - Sem ofensa, mas somos inimigos naturais. Concordo com a ideia de criar zonas neutras para tentar uma convivência equilibrada, mas primeiro deixe-me ocupar de minha própria área e restaurar sua ordem com minhas próprias mãos. Quando conseguir isso, entrarei em contato com você para decidir o que fazer quanto à essa sua tal “zona de neutra convivência”.

Rikuo acenou com a cabeça entendendo o posicionamento do idoso. O descaso seguinte do líder dos Keikain fez Rikuo entender que aquela reunião estava terminada. O garoto se perguntou se aquilo era mais do que qualquer líder do clã Nura ou de qualquer clã youkai já conseguiu com a família de sacerdotes, sacerdotisas e exorcistas.

Talvez notando o silêncio dentro da sala e o barulho dos passos dele, de Tsurara e de Yura se levantando, quem quer que estivesse escutando atrás da porta logo tratou de rapidamente disfarçar a missão de espionagem. Yura soltou uma leve risada ao ouvir os passos apressados dos amigos do outro lado mas Rikuo e Tsurara já estavam acostumados com isso. Os youkais de patente mais baixa do clã Nura tinham mania de fazer o mesmo. Só que eles costumavam ser mais criativos.

Quando o trio saiu de dentro da sala, puderam ver o longo cabelo de Maki quando ela virou no final do corredor junto com o resto do grupo. Eles seguiram para onde se reuniam e notaram que todos estavam apressadamente fingindo que faziam algo. Shima encostava-se na parede com o celular em mãos fingindo mexer nele, Kiyotsugu sentava no chão lendo um mangá de cabeça pra baixo e ao seu lado sentavam Maki, Torii e Kana. A última estava vermelha sem coragem de olhar para Rikuo, Tsurara e Yura enquanto Torii enrolava uma mecha de cabelo no dedo e olhava para o teto despreocupadamente. Já Maki, fingia ler com Kiyotsugu o mangá notando desesperada que ele estava de cabeça para baixo mas nada fazendo com medo de Rikuo, Tsurara e Yura notarem.

— Demoramos muito? - perguntou Yura.

— Não… que isso… imagina… - disse Kana dando uma risada sem graça.

— Agora que terminaram a reunião, podemos passear pela cidade? - perguntou Kiyotsugu ansioso fechando o mangá.

— Antes que anoiteça… - disse Maki

— Não vai dar pra fazer muito antes que anoiteça - disse Tsurara cruzando os braços pensando um pouco - Podemos sair para comer alguma coisa.

— Takoyaki! - disse Torii já empolgada.

— Gostei! - comemorou Shima.

No instante seguinte o grupo já se arrumava para deixar a casa. Yura conhecia bem a cidade em que nasceu e foi criada. Assim, foi fácil para ela levar até a parte da cidade que os amigos queriam ver. Uma coisa era comer Takoyaki num restaurante qualquer, outra era comer takoyaki num restaurante com decoração de época numa rua de época.

O grupo achou um restaurante de aparência simpática na rua cheia de turistas estrangeiros que tiravam foto de qualquer coisa japonesa demais e também de gueixas com seus elegantes e caros kimonos. Apesar do objetivo ser o takoyaki, o bolinho redondo recheado com lula, o grupo também pediu taiyaki, um bolinho recheado em formato de peixe. Eles dividiram entre si o que haviam pedido mas cada um pediu um sabor de chá para si.

A conversa ficou centrada em temas normais. Escola, filmes, mangá, música, novidades. Rikuo não pode deixar de abrir um sorriso ao notar aquilo. Quando seus amigos tinham descoberto seu segredo, ficou com medo de que acabaria perdendo aquela parte normal de sua vida. Mas ali estava ela se mostrando mais uma vez.

— Aí eles anunciaram o filme novo do anime para o próximo ano - dizia Torii.

— Não sei não… - disse Kiyotsugu - Não é bem meu tipo de anime. É de romance.

— Podemos escolher outro para vermos todos juntos então… - sugeriu Maki - Algum do Studios Ghibli… ou… ou… ah! Porque não mudamos o foco? Podemos ver alguma coisa na casa de alguém ao invés de ir para o cinema. Algum filme que já lançou ou algo do tipo.

— Ao invés de ficar falando de planos tão longe assim… me respondam uma coisa, vamos mesmo dar um pulinho em Osaka amanhã? - perguntou Shima.

— Não acha que é um dinheirão esse plano de Osaka? - perguntou Yura.

— Waka… está feliz? - disse Tsurara baixinho só para Rikuo ouvir já que eles tinham ficado um pouco para trás.

— Tsurara, já falei que você pode parar de me chamar assim - disse Rikuo.

— Como chamarei então? - perguntou Tsurara vermelha como um tomate desesperada com a ideia.

— Rikuo - disse ele dando de ombros - Parece mais do que justo. Nos conhecemos desde quando eu era um bebê. Não tem porque tanta formalidade.

— Claro que tem! É o terceiro líder… - disse ela sem graça.

— Mas ainda assim, somos amigos né? - disse ele e ela afirmou com a cabeça.

— Vou tentar, W-.... R-Rikuo-kun.

As maçãs do rosto de Tsurara coraram fortemente e também as do rosto de Rikuo. Mesmo assim, os dois continuaram andando acompanhando o grupo animado que tentava decidir o que fazer quanto ao dia seguinte. Era bem sabido que Yura sempre teve as suas dificuldades financeiras quando morou em Tokyo por um tempo, mas elas eram mais por evitar a ajuda da família do que realmente por problemas financeiros. No entanto, aparentemente as manias persistiram. Foi só quando Rikuo e Kiyotsugu, os claramente ricos do grupo, se ofereceram para pagar o ticket do trem bala e do parque da Universal Studios Osaka que a garota concordou em ir também. Quer dizer, ela primeiramente ficou morrendo de vergonha de aceitar a oferta pois sabia bem o preço deles. Ela só aceitou quando Kiyotsugu ofereceu como presente de aniversário atrasado e Rikuo como agradecimento por tudo e pagamento pela espada que a família dela tinha feito para ele.

Na manhã do dia seguinte, o grupo já estava na estação de Kyoto para pegar o trem bala em direção à Osaka. A viagem foi curta, se não teriam aproveitado para tirar uma soneca no trem. Chegando na segunda maior cidade do Japão, eles foram direto para o parque que ficava na baía de Osaka. Eles andaram o parque de cima à baixo indo em todas as atrações possíveis e os corajosos ousando encarar a montanha russa.

— Ainda não acredito que meu irmão deixou eu vir até aqui com vocês - disse Yura quando o grupo se sentou em um dos bancos espalhados pelo parque exaustos depois de tanto andar.

— Vai ver até ele concorda que você merece um descanso - disse Rikuo - Deve estar bem estressada e atarefada com essas coisas de herdeiro. Sei bem como é.

— Estou mesmo… - disse ela suspirando - Não sei como você aguentou e ainda por cima já está com o posto de líder.

— Sorte ou azar meu que meu avô já está bem velho. E também por causa de toda a confusão com a Hagoromo Gitsune e o Abe no Seimei - disse Rikuo - Não daria para liderar todo mundo com o mero título de herdeiro do clã.

— Sem falar que o Nurarihyon-sama não é mais o mesmo para lutar por conta própria - disse Tsurara.

— Como ele era quando jovem? - perguntou Kiyotsugu curioso.

— Ah eu não sei bem… mas queria ter visto - disse Tsurara enquanto Rikuo concordava com a cabeça.

— Aposto que era fenomenal - disse Rikuo - Se eu já apanhei com ele velho assim. – Nossa! Sério!? - exclamou Maki surpresa.

— Ah, mas isso foi antes de você ir treinar. Não conta tanto assim - disse Tsurara.

— Ele se virou bastante bem quando fomos atacados um dia… - disse Yura.

— Como será que eu me sairia agora lutando com ele? - perguntou Rikuo curioso - Não sei o quanto ele ainda aguenta. Parece que deu uns sustos durante a batalha contra o Abe no Seimei.

— Nada! Ele ainda vai durar mais umas boas centenas de anos! Certeza! - disse Yura animada.

— Wah!!! - exclamou Tsurara de repente.

— O que foi? - perguntou Kana estranhando a reação da garota.

— ALI VENDE KAKIGOORI! - disse Tsurara se levantando da cadeira.

O grupo olhou para onde o vendedor dava as raspadinhas com sabores diversos para uma criança de aproximadamente seis anos e então começaram à pensar se queriam uma ou não. Impaciente pela decisão do resto do grupo, Tsurara respirou fundo, tomou toda a coragem que tinha dentro de si, agarrou Rikuo pelo pulso e puxou ele para a loja das raspadinhas.

— E-Ei… - disse Rikuo sem entender o que estava acontecendo.

— V-Vem comigo… R-Rikuo-kun… - disse Tsurara.

— O-Ok… - respondeu Rikuo.

Ainda meio perdido em porque tinha sido carregado até ali, Rikuo acompanhou ela de toda forma. Depois de negar a oferta dela por uma, ele ficou simplesmente observando enquanto ela comprava a raspadinha e pensando em como era irônico pensar em que ela tinha poder de gelo o suficiente para fazer sua própria raspadinha.

— W… Rikuo-kun… - disse Tsurara - Você acabou sem me responder a pergunta que fiz ontem.

— Ah! Desculpa. Nem lembrei. Qual foi mesmo?

— Se está feliz - disse ela - Quer dizer… está passando um tempo com todo mundo né?

— Acho que sim, estou feliz - disse ele soltando um suspiro relaxado - Sempre tive medo de que eles descobrissem meu segredo. E, depois que descobriram, fiquei com medo de o que ia acontecer em seguida. Mas é bom ver que tudo voltou ao normal.

— Ou ao mais normal possível - disse ela dando uma leve risada.

— Sim - disse ele concordando com uma leve risada - Me pergunto se eu pouparia muita dor de cabeça se tivesse contato para eles desde do começo.

— E… sobre aquilo.. da expectativa de vida… Desculpe, não queria tocar nesse assunto mas…

— Não, tudo bem. Eu entendo. Está preocupada comigo - disse ele abrindo um doce sorriso para ela - Estou bem melhor. A ideia já se encaixou melhor na minha cabeça. Claro, ainda não sei como contar para eles isso mas…

— Mas uma hora pretende contar? - perguntou ela levemente surpresa enquanto pegava a raspadinha que o funcionário do parque lhe entregava.

— Sim. Não quero manter tantos segredos que no final das contas não são perigosos deles. Levaram bem a notícia de que eu era parte youkai e líder de um clã. Claro que o fanatismo por youkais e os diversos encontros com eles talvez tenham facilitado isso…

— Não acho que eles teriam levado muito bem se tivesse contado naquela época em que eram crianças - disse ela rindo.

— Também acho que não… - disse Rikuo.

A conversa deles foi interrompida pelo anúncio do parque quanto ao início da parada noturna. Imediatamente a multidão de pessoas e turistas que visitava o parque começou à guardar lugares nas áreas delimitadas. O resto do grupo acenou de longe tentando mostrar para Rikuo e Tsurara onde estavam. Como Kiyotsugu era mais alto, conseguiram ver ele muito bem. Demorou um pouco porque tiveram que desviar das pessoas, mas logo o grupo estava todo reunido mais uma vez.

Empolgados para ver o desfile noturno, o grupo encontrou um lugar com alguma visibilidade no parque que escurecia com a chegada da noite. As pessoas se amontoavam na lateral da rua principal do parque temático ansiosa para o início das apresentações. Felizmente, elas não demoraram. Logo a música estava enchendo o silêncio da noite e carros alegóricos com dezenas de luzes, dançarinos e personagens desfilavam pela rua principal do grande parque. As crianças riam e sorriam dando tchau para seus personagens favoritos, os adolescentes tiravam os celulares do bolso querendo registrar o momento e os adultos seguravam os filhos pequenos nos ombros para ajudar eles à ver ou se juntam aos adolescentes no registro das memórias.

No começo, Rikuo também ficou acompanhando com o olhar o desfile mas o jeito que a luz colorida dos carros alegóricos batia no rosto de Tsurara atraiu seu olhar. Ali, sob a luz da lua e das luzes multicoloridas, ele tomou uns segundos para si para realmente ver Tsurara. Vê-la como a amiga que estava ao lado dele desde sempre, a amiga que sempre se preocupou com ele. Vê-la como a guerreira que lutou ao seu lado. Vê-la como a garota doce, inteligente e forte que ela era. Rikuo só foi notar os pensamentos que estava tendo quando Tsurara notou o olhar dele sobre ela e olhou para ele. Os dois coraram com a troca de olhar mas não desviaram os olhos.

O desfile ainda acontecia, as pessoas faziam barulho ao seu redor e a música tocava alto, mas era como se o mundo todo tivesse silenciado e só existissem os dois. Não seguiram os comandos do cérebro, seguiram apenas os comandos do coração que involuntariamente fez com que os dois se aproximarem. Quando os fogos rasgavam o céu e pintavam-no com suas cores, os lábios de Rikuo e Tsurara se tocaram levemente num tímido mas doce primeiro beijo. Eles estavam de olhos fechados, uma mão de Rikuo lentamente ía até a bochecha dela enquanto a outra segurava na mão de Tsurara. A mão livre de Tsurara estava sobre seu próprio peito sentindo as batidas aceleradas e desesperadas de seu próprio coração.

Tão silenciosamente quanto se aproximaram eles se afastaram ainda conectados com o olhar e ignorantes de tudo que acontecia ao seu redor pois, aquele momento era só deles e de mais ninguém.


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Notas finais do capítulo

estou seriamente pensando se n libero o prox cap hoje ou amanhã tbm. depende de quanto eu levaria pra escrever kk tô inspirada agora. tem q aproveitar. e acho injusto deixar esperando quando o capítulo já está pronto.

maaas.. e aí? o que acharam? XD
consegui fazer alguém dar gritinho fangirl?



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