Take Me Under escrita por Holly


Capítulo 2
No More


Notas iniciais do capítulo

Ei, honey!
Queria agradecer anonymous writer, Lux e Catherine Black por terem comentado o capítulo anterior. Fez a minha pessoa feliz!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/603561/chapter/2

Eu não posso parar a chuva, mas posso parar as lágrimas. Oh, eu não posso lutar contra o fogo, mas posso lutar contra o medo. — Three Days Grace

  

— Não queremos nada de vocês, estamos somente procurando suprimentos. — meu irmão se pronunciou exasperado enquanto parecia hesitante. — Deixe irmos embora e ninguém sairá machucado.

Ele me olhou, como se esperasse assumir a situação. Mas, não havia como eram eles contra dois, ainda por cima com uma criança indefesa. Fitei Savannah que estava encolhida, abraçada as minhas pernas. Suspirei fundo, negando com a cabeça. Estávamos em desvantagem.

— Deveríamos ajuda-los. — a mulher negra sugeriu, trocando olhares com os outros dois que estavam nas laterais. — É a regra, certo?

— Acho que essa regra não aplicaria de forma certa nessa ocasião, são mais três bocas para alimentarmos. — O homem da besta falou, direcionando o olhar frio na nossa direção.

Houve um minuto de silêncio enquanto ambos trocavam olhares, parecendo numa discussão silenciosa. Envolvi meus braços entrono nos ombros da menina, sentindo a tensão aumentar completamente. Qualquer erro e estaríamos mortos no momento seguinte.

— Muito bem. — A mulher morena de olhos azuis, respirou fundo, antes de continuar prosseguindo. — Eu sou Maggie. Esses são Daryl, Tyreese, Michonne e Glenn. — nomeou cada um, apontando conforme dizia. — Temos um lugar, é uma prisão com muros, não é o mais seguro, mas temos segurança garantida por hora.

— Uma prisão? — Ian indagou atônito, pude perceber seus olhos se iluminando de esperança. Ele não poderia ser tolo aquele ponto, nós iríamos aceitar de forma alguma, um segundo antes eles estavam apontando armas para nossas cabeças, nos ameaçando.

— Exatamente. — confirmou, Ian abriu a boca para responder, mas foi interrompido.

— Como sabemos se eles estão falando a verdade? — debochei no momento de coragem inexistente enquanto rolava os olhos.

— É muito simples, docinho, se quiséssemos ter feito mal a vocês, com certeza já teria acontecido. — Michonne rebateu da forma mais sarcástica possível, me encarando intimidadora. — Qual é a resposta? Sim ou não?

— Nós aceitamos. — meu irmão aceitou desafiador, me fitando de novo, sabendo sobre meu despontamento. Eu não concordava em apenas arriscarmos nossas vidas por uma promessa da qual parecia boa demais no meio do mundo apocalíptico.

— Quem são vocês? — O homem de traços asiáticos, qual se achava se chamar Glenn, perguntou.

— Eu sou Kendall, meu irmão Ian e a menina se chama Savannah. — respondi acuada, ainda reparando nas armas apontadas na nossa direção. Michonne fez um sinal com as mãos, fazendo que todos as abaixassem os armamentos, menos a crossbow.

Foquei minha atenção no arqueiro, suas orbitas azuis me fitavam de uma maneira fria, sua voz arrastada e o jeito completamente seguro de si, me causava uma irritação estranha. Eu o conhecia apenas há dez minutos e sentia todos aqueles sentimentos intrigantes. Não era normal. 

— Ainda temos algumas perguntas. — Daryl disse, mantendo o olhar sobre mim, apenas balancei a cabeça concordando. — Quantos errantes já mataram?

— Foram muitos, nunca contamos. — respondi, cruzando meus braços, mas não deixando me intimidar ainda incomodada pela situação.

— Quantas pessoas já mataram? — perguntou diretamente. Senti meu estômago gelar enquanto engolia em seco, desviando meu olhar do seu. Era um assunto delicado demais, mesmo que tivesse virado rotina matar pessoais, eu nunca me orgulharia daquilo.

— Eu mantei três. — falei sincera. — E ele uma. — apontei na direção do mesmo.

— Motivos?

— Eles estavam nos ameaçando de alguma maneira. — suspirei profundamente, buscando aliviar a tensão espalhada no meu corpo.

— Tudo bem. — decretou parecendo satisfeito com as minhas respostas. — É algo provisório, vocês ficarão por um tempo e ajudarão nas atividades, assim veremos o que irá acontecer. — avisou, apenas concordamos não tendo outra escolha. — Maggie e Glenn irão ao seu carro porque iremos usa-lo para carregar os suprimentos que encontramos.

Mordi minha língua enquanto contava mentalmente até dez querendo continuar controlada e não mandar o caipira para o inferno de uma vez. Ele com certeza era o chefe naquele momento, por dar tantas ordens. Todos os outros integrantes aceitaram, se afastando. Girei meus calcanhares, caminhando para perto de Ian não muito feliz.

— Nós não poderíamos perder essa oportunidade, Kendall. Ontem você mesma disse que estava esgotada, agora a nossa chance chegou, não deixaria escapar por sua paranoia. — ele se defendeu, me deixando sem palavras pela primeira vez em muito tempo.

— Os dois. — O arqueiro irritante chamou de longe, nos observando. — Mais trabalho e menos conversa, queremos chegar à prisão antes do anoitecer.

Quando terminamos de arrumar as coisas nos dois veículos. Michonne, Tyreese e Daryl entraram na caminhonete e como o combinado, Maggie assumiu a direção do meu carro junto de Glenn. Por fim, Ian Savannah e eu ficamos na parte de traz, dando partida, segundos depois.

— É a sua filha? — Maggie perguntou sorrindo fraco, nos olhando através do retrovisor.

— Não. — neguei, retribuindo o sorriso. — Ela era filha de um dos integrantes do nosso antigo acampamento.

— O que aconteceu com seu acampamento? — Glenn perguntou, puxando assunto, tentando descobrir algo a mais.

— Estávamos em uma clareira quando tudo começou. Os primeiros foram tranquilos, mas por um descuido nosso os errantes destruíram tudo. — Ian desta vez respondeu, corrigindo sua postura, incomodado pelo rumo do assunto.

O percurso de quase quarenta minutos foi completamente silencioso. Aos poucos o sol desaparecia no horizonte, deixando uma bela paisagem para admirar da natureza. Pelo menos algo permanecia bonito no mundo apocalíptico. Adentramos uma estrada pequena de terra, isolada pelo restante da floresta e então a grande estrutura da prisão começou a aparecer. Deixando todos abobalhados. Era um dos maiores lugares com abrigo ao qual tinha visto.

— Não deve ter sido fácil conseguir este lugar. — meu irmão deixou escapar, ainda admirado pela prisão.

— Realmente não, mas conseguimos. —  Maggie sorriu orgulhosa, trocando olhares com o namorado.

Conforme o carro se aproximou mais, os portões principais foram abertos rapidamente, passando por uma espécie de barreiras com armadilhas envolta das cercas principais, quem havia bolado aquilo deveria pensar em tudo. Os dois veículos atravessaram o pátio e em menos de segundos foram estacionados nas laterais do lugar. Maggie e Glenn desceram, assim como os outros, fiz o mesmo encontrando dificuldade por causa de Savannah ainda no meu colo.

— Tudo bem? — uma mulher negra, com os cabelos presos no coque, se aproximou de maneira ágil, parecendo surpresa pela presença estranha. — Quem são eles?

— Encontramos todos em Turin no mercado. — Tyreese respondeu, aproximando da mulher, depositando um beijo em sua testa. — Essa é minha irmã, Sasha.

— Prazer, Kendall. — estendi minha mão em sinal de cumprimento, a mulher apertou educadamente. Percebi seus olhos castanhos se iluminando quando fitou a menina em meus braços, era incrível como uma criança poderia representar tanto. — O nome dela é Savannah.

Ela sorriu fraco, assentindo com a cabeça. Daryl se aproximou de novo carregando a postura arrogante, sendo acompanhada por outro homem alto de cabelos castanhos, barba por fazer e olhos azuis frios. Ao seu lado o garoto de aproximadamente parecia no inicio da adolescência com doze ou treze anos.

— Rick Grimes. — o sotaque forte preencheu meus ouvidos. Ele também estendeu a mão no cumprimento breve.

— Kendall. Crawford.

— Daryl me contou sobre como os encontrou, vocês poderão ficar, mas terão de seguir algumas regras. — Rick começou passivamente, senti meu corpo inteiro ficar atento enquanto olhava para Ian, apreensiva. — Terão de entregar as armas, porém podem ficar com as facas.

— Não irei entregar minha arma. — contrapus nervosa. Nunca abriria meu único meio de proteção para estranhos, sobretudo depois do que havíamos enfrentado lá fora.

— Sim, nós entregaremos. — Ian interrompeu, olhando-me enfezado, tirando a clok do coldre e estendeu para que Rick pegasse. Sem querer causar ainda mais, repeti seu ato também.

Mesmo achando completamente insanidade entregar nossas únicas armas para pessoas desconhecidas – por mais que parecessem serem pessoas descentes –; a aparência poderia enganar a qualquer um. Principalmente depois do apocalipse, quase nunca poderíamos confiar no outro, porque na sua primeira fraqueza, eles não pensavam duas vezes antes de acabar de te matar sem nenhuma compaixão.

— Leve-os para dentro. — Rick falou, olhando para cima do meu ombro, virei um pouco meu rosto o a garota que parecia uma boneca de porcelana frágil. Ela tinha cabelos loiros, presos em rabo de cavalo desleixado, a pele alva e pálida e os olhos azuis.

Acompanhamos a garota pelos corredores largos e sombrios do local, chegando ao bloco B, localizando as celas individuais cobertas com lençóis nas portas para terem privacidade de quem habitava. Subimos um pequeno lance de escadas parando na primeira cela. Era um quadrado minúsculo, com um beliche e um quadrado parecendo ser a “janela”.

— Por enquanto vocês duas podem ficar aqui e seu irmão ficará na cela do outro lado. — Beth disse tranquila, sorrindo tímida, indicando o local. .

— Seria muito incomodo se me mostrasse onde fica? — Ian perguntou um pouco constrangido e a loira concordou ainda mais vermelha.

Após deixarem a cela, coloquei Savannah sentada no colchão do beliche, ela parecia desconfiada. Normalmente era assim que reagia quando se sentia acuada ou com medo de alguma coisa. Suspirei, me abaixando e ficando de modo do qual conseguisse fitar seus olhos ao mesmo tempo segurando suas pequenas mãozinhas tentando demonstrar segurança.

— Não precisa ter mais medo, pequena. — reassegurei, sorrindo de verdade, mesmo que não tivesse certeza total.

Ela precisava se sentir segura pelo menos por enquanto, como qualquer outra criança. Mesmo sabendo do mundo perigoso e a situação caótica qual vivíamos constantemente, eu continuava querendo manter sua essência de criança quase perdida. Era errado da minha parte, mas o iria fazê-lo até o momento correto para saber da realidade cruel.

— Nós estamos seguros aqui?

— Claro. — balancei a cabeça, deixando um beijo na sua testa. — Agora que temos um lugar seguro, você pode dormir sem medo. Eu prometo que não vou sair do seu lado por nada.

A menina sorriu pela primeira vez, se deitando na cama, peguei o cobertor fino, cumprindo-a inteiro. Savannah fechou os olhos ainda segurando uma de minhas mãos, então me permiti sentar no chão mesmo, cumprindo minha promessa.

Encostei a cabeça na parede, fechando meus olhos e respirando pesadamente, pensando na imagem daqueles olhos azuis frios como um inferno severo e a maneira prepotente, isso causava reações estranham em mim. Havia muito tempo qual não sentia nada disto. Esquecendo-me do resto dos problemas durante minutos, acabei adormecendo, sentada ali mesmo, querendo que tudo desse certo, pela primeira vez alimentando uma chama de esperança no meu peito.

XXX

Estava delineando entre a realidade e o meu sonho. Quando senti o toque firme da mão áspera contra a pele do meu braço. No ato involuntário, abri os olhos, puxando minha adaga presa no cinto da calça, buscando acertar o individuo sem parar. Porém, minha mão foi imobilizada e o meu corpo imprensado contra a parede brutalmente, fazendo que o rosto, fazendo que sua respiração se misturasse com a minha, ficando centímetros longe de mim.

— Acorda. — a voz masculina mandou de novo.

Mesmo tentando raciocinar direito, ainda continuava sobre o comando do sono. Mais uma vez o ataquei, fincando minha mão livre contra a região do seu pescoço, arranhando em seguida. Meu corpo foi chacoalhado de novo, me fazendo retornar a realidade rapidamente. Foquei meu olhar no rosto do homem, ofegante, ele se afastou levando as mãos até o rosto. Através do filete de luz, consegui perceber a silhueta familiar.

Era Dixon.

Permaneci imóvel, ficando em alerta, contudo sentido, o alivio percorrendo minhas veias, me lembrando de estar dentro da prisão.  Era apenas mais uma merda de pesadelo. Eu ficava esgotada de tal forma desesperadora. Eram apenas lembranças.

— O que está fazendo aqui? — indaguei direta, me lembrando da sua presença, me encolhendo mais contra a parede inconscientemente.

Ele não responde, tendo a única reação de continuar com a mão sobre a região do seu rosto que escorria o caminho de sangue por sua pele pálida. Seu maxilar travou pela raiva contida e sues olhos voltaram contra mim, demonstrando não estar contente. Engoli em seco, temendo alguma reação involuntária.

— Responda a minha pergunta: O que esta fazendo aqui? — repeti mais uma vez ocultando a hesitação.

— Você é louca. — ele resmungou, caminhando a saída da cela, mas parou ainda de costas. — Rick pediu para que se vocês estavam bem, quando cheguei aqui, você estava dormindo no chão e parecia cansada e tentei coloca-la na cama.

— Sinto muito, não queria machucar você. — lamentei sendo sincera, ficando mais aliviada e relaxando meus ombros. Não era fácil acordar no meio das noites em claro com medo de ser surpreendida por estranhos. — Foram muitos problemas antes de chegar aqui.

O arqueiro virou um pouco seu rosto, fitando a parede, como se parecesse me entender de alguma maneira. Ele murmurou algo inaudível, passando pela última vez a mão sobre seu rosto, antes de continuar rumando para fora do cômodo. Molhei meus lábios com a língua, colocando os fios de cabelos para trás da orelha, me sentindo um pouco desnorteada e olhando Savannah que continuava adormecida. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então gostaram?
Se encontrarem algum erro ortográfico, por favor avisem na MP ou por review mesmo. ;)
Até a próxima, mores! Bjs