Mark, Dave e James estavam caminhando pelo local, se passaram algumas horas e nenhum sinal do Jarold voltar. Já estava escuro, a fogueira e a lanterna de Mark iluminava um pouco o lugar, caso contrário as trevas seria predominante. Dave se sentou no chão perto da fogueira e começou a comer um pouco do suprimento que Stefan tinha deixado para os três, James parou um pouco afastado da fogueira com sua arma na mão direita, e Mark continuava andando de um lado para o outro.

– Ei Jimmy, sente-se aqui, cara! – Disse Dave, levantando a mão e chamando seu companheiro.

– Jimmy? – Perguntou Mark, parando de andar e olhando para Dave.

– É, o James. Jimmy... James... entendeu? – Dave gesticulava enquanto explicava – Senta aqui perto da fogueira, cara. Está frio – Disse para James que tinha se aproximado dos dois.

– Jimmy? – James repetiu a pergunta de Mark.

– Não gostou? – Perguntou Dave – Eu tinha um tio que se chamava James, nós o chamavámos de Jimmy ou Jim – Completou.

– Fazia um bom tempo que não ouvia alguém me chamando desse jeito – Disse James, sentando-se perto da fogueira e pegando alguma coisa para comer.

Mark sorriu de canto e riu nasalmente, e então voltou a caminhar de um lado para o outro, apontando a sua lanterna pra tentar ver alguma coisa ou alguém com a luz da mesma. Ele andava lentamente pelo local, dando voltas enquanto esperava e procurava por Jarold, quando ouviu um barulho há alguns metros de distância.

[...]

Stefan estava dirigindo o furgão quando Thomas apontou para um lado, pedindo para que virasse o veículo, e foi o que Stefan fez. Eles percorreram alguns metros em uma estradinha estreita de barro e então pararam o furgão. Thomas disse que eles haviam chegado e então todos desceram do veículo.

Benjamin ficou de olho em Thomas e Jones, com sua mão apoiada na arma que estava guardada no coldre, para caso se um dos dois fizessem algum movimento suspeito ou brusto, ele iria sacar a arma. Porém nenhum dos dois fizeram esses movimentos, eles apenas apontaram para uma casa que era iluminada por tochas.

– É ali onde vivemos – Disse Thomas, de forma gentil – Temos mais duas pessoas com nós, elas estão lá dentro nos esperando.

Stefan foi na frente, junto com Thomas e Jones, logo o restante do grupo seguiu eles, menos Harry e Benjamin que ficaram em pé ao lado do furgão. Ben pediu para Harry entrar e disse que ele iria ver se tinha algo suspeito naquele lugar, Harry entrou na casa e Ben sacou sua arma para andar em volta da casa.

– Essa aqui é a Serena, e esse é o John.

Serena é uma jovem de vinte e dois anos de idade, seus cabelos são pintados no tom de vermelho, sua pele é branca e os olhos são claros, possui cerca de um metro e sessenta e seu corpo não é magro e nem gordo, está no meio termo. Ela veste um moletom verde escuro com uma calça jeans azul marinho.

John é um homem adulto de trinta e um anos, tem apenas um metro e sessenta e cinco de altura, sua pele também é branca e seus olhos negros, assim como os cabelos longos, tem um corte no rosto que atravessa sua sobrancelha direita. Ele veste um casaco preto e calça da mesma cor.

– Quem são essas pessoas? – Perguntou Serena, olhando para cada um deles.

– Eles nos salvaram – Disse Thomas – Eu e Jones estavámos presos em uma sala com vários infectados na porta tentando entrar, e eles nos ajudaram a sair.

– O que aconteceu com você, Jones? – Perguntou John, olhando para seu amigo.

– Tive um mal entendido com um cara do grupo deles – Respondeu Jones.

A casa em que Jones, Thomas, Serena e John viviam era simples, mas com um bom tamanho que com certeza teria espaço para todos que acabaram de chegar ali. Nela tinha cinco quartos, uma cozinha com sala de jantar, uma sala de estar grande e dois banheiros, além do imenso quintal. O acabamento dela estava bom e não era algo para se reclamar e se preocupar, não tinha nenhuma chance da casa cair em algum momento.

Todos eles ficaram na sala por algumas horas conversando e se conhecendo um pouco melhor, quando chegou a madrugada foram dormir dividindo os quartos, e ainda assim algumas pessoas tiveram que dormir na sala. Stefan e Ben ficaram acordados para fazer a vigia da casa, e também para garantir a segurança dos seus amigos. Eles ainda não conhecia os quatro para confiar totalmente neles.

[...]

– Merda! – Exclamou Mark, ao ver a luz de outra lanterna.

Logo em seguida ele ouviu barulho de tiro, e sentiu sua perna esquerda queimar, ele foi atingido de raspão na coxa. Ele andou para o lado mancando e com dificuldades e se escondeu atrás da picape de Dave, com sua coxa sangrando e queimando. James e Dave se posicionaram atrás da picape também e ficaram em silêncio. Mais um tiro foi ouvido, seguido de uma risada maléfica.

– Vou caçar vocês!

James fez um sinal com sua mão, mostrando dois dedos e em seguida apontou para o chão, em seguida ele apontou para ele mesmo e depois para a sua direita, e por fim ele colocou seu dedo indicador em seus lábios. Os sinais era um pedido para que Mark e Dave ficassem ali em silêncio, enquanto ele iria para outro lugar.

O plano de James era tentar pegar o homem de surpresa e matá-lo sem que ele o visse. James correu silenciosamente para outro lugar, a escuridão ajudou ele para que o caçador não visse ele se locomovendo. O ex-lenhador verificou o pente da sua arma e viu que tinha apenas três balas na sua pistola, e isso fazia uma pressão pra cima dele, que não podia desperdiçar munição e errar os tiros, caso isso acontecesse seus companheiros iriam morrer.

Sua mão tremia por causa da pressão e também por causa do frio, ele respirou fundo e tentou se acalmar. James caminhava furtivamente nas sombras e tentava achar o homem que estava querendo matá-los, quando ele o avistou, andou mais rápido em direção dele para chegar mais perto do mesmo. James se agachou atrás de um carro abandonado e se preparou para atirar nas costas do caçador, mas quando ia movimentar o seu corpo para sair de trás do carro e atirar, algo gelado toca em uma nuca. Era o cano de uma arma.

– Boa tentativa – Disse uma voz diferente do outro homem.

James largou a sua arma no chão se rendendo ao homem que tinha uma arma apontada na sua cabeça. Ele percebeu o que o homem também tremia de frio e por causa disso não segurava a arma de forma firme. James se afastou um pouco da arma do homem e começou a se levantar, ele olhou de canto e viu com sua visão periférica que a mão do homem continuava tremendo, e com isso James se aproveitou da situação, dando uma cotovelada rápida no pulso do homem o desarmando.

Ele rapidamente chutou a arma do homem para de baixo do carro e pegou a sua, mirando na cabeça do mesmo, pensou em matá-lo e depois matar o outro homem, mas deixou isso de lado e pensou em um plano melhor. James deu um soco no rosto do homem, o deixando grogue, e em seguida o segurou pelo pescoço. Caso o homem tentasse fugir, James iria apertar o pescoço dele e esforcá-lo para acalmá-lo e para fazer ele desistir de fugir.

James caminhava em direção do caçador carregando o seu companheiro na sua frente o fazendo de escudo humano. O caçador estava chegando perto da picape e então James deu um tiro nas costas do homem, que se curvou todo e caiu ajoelhado no chão, ele virou seu rosto e deu risada, James estranhou aquilo e apontou sua arma na cabeça do homem que usava de escudo humano. O caçador continuava rindo, ele olhava para James e para o carro atrás dele.

Mas na verdade ele não estava olhando para o carro, ele estava olhando para um outro amigo que se aproximava de James com um facão nas mãos. James se virou para olhar o que o caçador estava olhando e viu o homem com o facão a menos de dois metros dele, rapidamente James soltou o homem que usava de escudo humano e deu um passo para trás, se esquivando do golpe. Porém, James não conseguiu desviar completamente do golpe, o facão cortou a sua bochecha esquerda. Por sorte o outro homem, que ele usava de escudo humano não se levantou, ele ainda estava grogue e por isso continuou caído no chão.

James mirou sua pistola no homem com o facão, mas antes de atirar ele caiu no chão, morto. O ex-lenhador se virou e viu que Dave estava com seu rifle apontado em sua direção, e também viu que Mark estava de pé ao lado do caçador e o matou com um tiro no rosto. James olhou mais uma vez pro homem com o facão, que agora estava caído no chão e morto, em seguida ele virou para o outro homem, que ele estava usando de escudo humano, viu que ele estava se recuperando do golpe, e então James atirou nele, o matando.

[...]

Jarold estava deitado na mesma sala escura, com o chão cheio de sangue e com um cheiro desagradável. Ele tentou se sentar sobre o chão e não conseguiu, Jarold pousou sua única mão sobre o rosto e começou a chorar. Ele não acreditava que aquilo estava acontecendo.

O ex-médico cirurgião ouviu um barulho do outro lado da sala e controlou o seu choro para se concentrar e ouvir o que estava acontecendo. Jarold ouviu passos e vozes, parecia ser mais de uma pessoa.

– O Frank está demorando, acha que ele volta antes do amanhecer? – Perguntou uma voz feminina.

– Não tenho certeza, mas provavelmente sim – Respondeu outra voz feminina – Ele levou o Steve e Brian junto, não é? Eles são bons no que fazem, eles não devem demorar pra voltar.

– Espero que você esteja certa, Rebecca – Disse uma voz masculina.

– Relaxa, eles voltarão logo – Disse Rebecca.

Jarold continuava ouvindo a conversa dessas pessoas, e também ouviu mais algumas vozes, diferentes dessas que ele acabou de ouvir, falarem. Uma delas disse que estava com fome e não aguentava esperar mais para comer, outra voz disse que o tal Frank tinha visto um homem com uma mulher e criança perto de um furgão, e essa pessoa descreveu a aparência de Harry, Wendy e Emily respectivamente. Ficou claro para Jarold, essas pessoas estavam caçando seus amigos e eles eram canibais, o que explicava o motivo deles terem cortado as suas duas pernas e um braço.

Ele colocou sua única mão sobre o pescoço e tentou se matar para se livrar daquele sofrimento, mas antes que ele se enforcasse, uma pessoa entrou na sala e o impediu de se matar. Era uma mulher ou garota que estava com Jarold, ela ria e debochava dele. Ela segurou a camiseta de Jarold e o levantou do chão, levando ele pra fora daquela sala escura.

Jarold viu que essas pessoas estavam morando numa espécie de fábrica, pois tinham vários aparelhos e máquinas na sala que a mulher o levou. Quando as outras pessoas viram a situação de Jarold, começaram a rir e debochar dele também. Jarold pôde ver que havia sete pessoas ali. Naquele momento ele queria morrer e acabar com o seu sofrimento, não queria viver mais nenhum segundo, porque ele sabia que suas chances de fugir daquele lugar e encontrar seus amigos era zero. Mesmo se encontrasse seus amigos, ele não poderia andar e só ficaria sentado ou deitado, e isso iria atrasar seu grupo.

– Frank vai trazer seus amigos pra cá, logo você irá vê-los ficar igual a você, cotoco – Disse a mulher que carregava Jarold. Ela o deixou sentado em um balcão cheio de ferramentas.

A mulher que colocou Jarold no balcão, pegou uma fita silver tape e prendeu a única mão de Jarold sobre o balcão, para que ele não pegasse nenhuma ferramenta para tentar fazer alguma coisa contra os canibais. Ela também passou a fita na boca dele e o deixou ali, preso sobre o balcão e sem a possibilidade de falar.

[...]

O dia amanheceu e Stefan e Benjamin voltaram para onde Mark, Dave e James estavam. Os dois viram que Mark e James estavam feridos e perguntaram o que aconteceu. Os três contaram que eles foram atacados e como isso aconteceu. O rosto de James e a coxa de Mark não estavam mais sangrando, mas ambos sentiam dor e o vento gélido fazia a dor ser ainda maior.

– Temos que ir, vocês precisam cuidar desses ferimentos – Disse Stefan, olhando para o machucado de Mark e James.

– Mas e o Jarold? Ele ainda não voltou, vamos partir sem ele? – Perguntou Dave.

– Infelizmente, sim – Respondeu Mark – Dave, ele deve ter sido capturado por esses caras que nos atacaram, e ele deve estar morto nesse momento.

– E se tiverem mais desses caras? – Perguntou James, passando sua mão protegida por uma luva em sua barba ensanguentada.

– Nós mataremos todos eles! – Voltou a responder Mark.