– Obrigada... por nos dar uma chance – Disse Chelsea, tirando o cabelo do seu rosto.

Chelsea, Michael, Harry e Paul estavam sentados na caçamba da picape, cada um em um canto, e Seward estava dirigindo.

– Não me entendam mal, mas... Mark pode não aceitá-los, então estejam preparados se ele disser não – Michael olhava para Harry, que apenas assentiu e olhou para o lado com os olhos semicerrados por causa do vento.

– Então... aonde vocês estão, o resto do seu grupo? – Perguntou Paul, passando sua mão esquerda sobre um balde com seu coelho dentro e peixes que eles haviam pescado logo após serem aceitos por Michael e Seward.

– Em uma antiga madeireira, a tomamos faz um mês. – Respondeu Michael.

– Um mês? Então é seguro lá?

– Às vezes aparecem um ou outro mordedor, mas sim, é seguro.

– Vocês vieram aqui para pescar, certo? Não tem nenhum riacho lá perto? – Chelsea olhava para Michael. – Quero dizer, não ter água por perto pode ser um problema...

– Tem, mas não tem peixes no riacho, por isso eu e Seward viemos aqui. – Voltou a responder. – Chegamos. – Michael deu dois tapinhas na lataria da picape, e desceu da mesma carregando o balde.

– Trouxemos comida. – Disse Seward fechando a porta da picape e andando em direção ao portão de entrada da madeireira.

– E gente nova... – Disse Ariel com uma voz preocupada.

– Vou falar com o Mark sobre isso. Onde ele está? – Perguntou Michael, e assim que Ariel apontou ele caminhou até o local levando o balde consigo.

Ariel é uma mulher de vinte e dois anos, tem apenas um metro e meio de altura e sua pele é excessivamente pálida, os cabelos são loiros bastante claro, olhos castanhos claros e os lábios de tom rosados. Veste uma camisa regata azul claro, um short jeans branco e desfiado, tinha algo nas mãos que Michael não reparou o que era.

Seward passou por Ariel e a cumprimentou com um aceno com a cabeça. Logo em seguida o trio se aproximou dela, e foi Harry que tomou a iniciativa de cumprimentá-la com um aperto de mão, seguido por Paul e Chelsea.

– Olá – Disse Ariel após ter cumprimentado os três, colocando um colar, que estava em suas mãos, em seu pescoço – Acho que ouviram falar no Mark, ele está no comando por aqui.

– Quer dizer que ele é o líder do grupo? – Perguntou Harry, encostando o seu corpo em uma pilha de madeiras. Ariel apenas balançou a cabeça positivamente.

E então Mark sai do depósito e caminha lentamente até os quatro, para na frente deles e fica olhando o trio que acabara de chegar, como se estivesse os analisando. Mark possui um metro e oitenta e seis, cabelos curtos mas no meio é um pouco maior, é um moicano mas nada exagerado, seus olhos são castanhos, corpo atlético e tem uma barba média e bem feita, mesmo no meio de um apocalipse.

Após alguns segundos de silêncio absoluto, Harry que era o líder dos três se manifesta:

– O que precisamos fazer para ser parte desse grupo? – Harry falava com um tom de voz firme e até um pouco frio. Mark permaneceu mais alguns segundos quieto, agora olhando somente para Harry, talvez queria ver se ele mudasse a postura que havia tomado.

– Me entregue suas armas e sigam nossas regras – Finalmente a voz de Mark foi ouvida, e ela foi dita na mesma entonação de Harry – Se forem vistos com armas ou quebrando alguma regra, não fará mais parte desse grupo.

– Como assim? Vamos ficar sem armas? Não conhecemos vocês! – Disse Paul, olhando para Harry esperando uma atitude dele.

– Também não conhecemos vocês – Mark estendia as mãos para pegar as armas deles.

– Faz sentido, vamos confiar em vocês – Harry tirou sua arma do coldre e entregou para Mark, olhou para Paul e fez sinal pra ele fazer o mesmo.

– E a garota? – Perguntou Ariel, que havia sido completamente ignorada esse tempo todo.

– Ela não tem arma – Respondeu Harry.

Mark olhou surpreso para Ariel, não esperava que ela tomasse essa atitude. Então ele se virou e voltou para dentro do depósito sem dizer mais nada.

– Nem um "bem-vindos"? – Questiona Chelsea.

– É o jeito dele... Bom, sejam bem-vindos! – Disse Ariel, abrindo um belo sorriso – Vamos entrar.

Ariel caminhou com os três a acompanhando até a entrada do depósito, ao lado da entrada tinha um furgão comercial preto. Já dentro do depósito a primeira coisa que foi vista pelo trio era uma cozinha improvisada, o local não era muito grande mas tinha um bom espaço para todos do grupo, tinha uma pequena mesa com apenas quatro cadeiras, um fogão, alguns armários bem simples que provavelmente foram feitos com madeira do próprio depósito, algumas panelas penduradas em ganchos e uma pia grande.

Em frente ao fogão está um mulher, ela se vira para cumprimentar os novos integrantes do grupo. Seu nome é Nadin Al Kolayb Laada, suas características indicam que ela é uma pessoa islâmica, tem um metro e setenta, trinta e cinco anos aparentes, seus cabelos escondidos por um véu são negros e lisos, a pele é morena clara, seu corpo é magro com os quadris e seios pequenos. Apesar de ser islâmica ela não usa uma burca, mas sim uma calça jeans e camiseta de manga comprida.

Ariel continua o "tour" após apresentar Nadin para o trio, eles seguem por um corredor que tem três portas, a primeira é o que seria um escritório antigamente, mas hoje é apenas uma salinha pequena que possui poltronas e uma prateleira com revistas antigas e livros com páginas rasgadas, a segunda porta é um banheiro simples, e por fim, o maior espaço do depósito que é um quarto com doze camas. Como a madeireira é ao lado da floresta, alguns trabalhadores costumavam dormir ali mesmo para não ter muita viagem de ida e volta pra casa.

Dentro do quarto estava Michael, Seward e Mark conversando mais ao fundo, e mais próximo da porta havia uma mulher sentada em uma das camas, lendo um livro antigo que parecia ser uma bíblia, quando ela viu Ariel na porta, parou de ler e se levantou para cumprimentá-los. O nome dessa mulher é Abigail, quarenta e dois anos, um metro e sessenta de altura, olhos castanhos escuros e cabelos da mesma cor. Ela veste um vestido longo todo sujo e encardido.

– É isso, somos poucos mas agora crescemos com vocês três – Disse Ariel com um sorriso no rosto.

– Isso é ótimo, melhor do que imaginei. Ficaremos bem aqui – Disse Harry, empolgado.

Realmente era muito melhor do que Harry havia imaginado. Para ele, depois de tanta dificuldade que tinha passado lá fora, pela primeira vez em semanas Harry se sente feliz, e um recomeço começa a se moldar em sua mente.