POV-Kevin

Estou deitado em meu quarto. Pensativo. Eu acabei de terminar com a Rachel, por mensagem. Sei que isso não se faz, mas toda às vezes que tentei terminar com ela cara a cara, algo sempre acontecia e eu não conseguia. Então por mensagem é mais fácil e mais doloroso também, mas fazer o quê.

Ouço batidas na porta do meu quarto, sei que não é meus avós pois eles saíram, então deve ser a Amy. Levantei da cama e abri a porta.

–Senhor Kevin, desculpe incomodar, mas tem um homem lá embaixo e ele quer falar com o senhor!-disse ela com a maior educação.

–Qual o nome dele?-perguntei.

–Ian.

–Está bem, diga que já estou descendo.

–Sim senhor!-ela se retirou e eu fechei a porta.

Me sentei na cama e fiquei pensando. Ian? Quem é Ian? Eu não conheço nenhum Ian ou será que conheço? Coloquei minha cachola pra funcionar e tentei lembrar da onde esse nome me é familiar, e de repente algum tipo de flash back veio e eu lembrei.

~Flash back on~

Eu e Sam estávamos saindo da escola quando um homem se aproximou de nós.

–Samantha?-disse o estranho homem.

–Eu me chamo Ian, podemos conversar?

Depois ela saiu junto com ele e só algumas horas depois ela estava sentada na árvore lá de casa, chorando e foi quando ela disse:

–Aquele homem que apareceu no colégio, é meu pai!

~Flash back off~

Ai meu Deus! O pai da Sam está aqui. Como? Por quê? Resolvi descer e ver o que ele queria. Desci as escadas, quase caindo, estava tão nervoso e ansioso. Ian estava me esperando na sala, eu desejei que Sam estivesse junto com ele, mas não. Ele está sozinho!

–Kevin?-perguntou ele.

–Sim sou eu!-me aproximei dele e nos cumprimentamos.

–Eu não sei se você deve se lembrar de mim, mas eu sou...

–Pai da Sam!-o interrompi.

Ele sorriu e continuou.

–É, pelo visto você não se esqueceu dela!

Eu devia achar isso como deboche ou sei lá, mas pelo tom de voz dele parecia quase um alívio.

–É impossível esquecê-la!-respondi.

Ele concordou com a cabeça. Um silêncio pairou no ar por um tempo até que Ian disse:

–Kevin você deve estar se perguntando o porque de eu ter vindo até aqui, não é mesmo?

–É estou! Aconteceu algo com a Sam?-perguntei mais desesperado do que eu queria parecer.

–Bom, várias coisas aconteceram com ela e por isso estou aqui.

–O que aconteceu?

Percebi que agora sua expressão ficou séria, eu senti uma dor no peito só de imaginar o que possa ter acontecido com a minha Sam!

–Ian não faça suspense e diga o que aconteceu com ela!-digo voltando a ficar nervoso.

Ele abaixou a cabeça, depois olhou para mim e disse:

–Bom ela tinha conhecido um rapaz...-isso me encheu de ódio misturado com ciúmes, tristeza e medo.-E durante algumas semanas eles passaram a se encontrar.

–Por favor me diz que ela não está namorando com ele!- eu achei que isso tinha ficado apenas em minha mente, mas sem querer escapou.

–Não, foi bem pior!

Meu coração parou, meu sangue começou a ferver e minha mão já estava se fechando. Só de pensar o que possa ser pior do que ver a Sam com outro já me deixa com uma raiva que eu não sei da onde vem.

–Como assim pior?-digo com uma voz de desespero.

–Esse rapaz que a Samantha conheceu é filho de um homem que trabalhou comigo enquanto ainda éramos policiais, houve uma certa desavença entre nós dois e ele criou ódio por mim. Para conseguir ter a sua vingança, ele fez com que o filho dele se aproximasse dela, numa noite Samantha foi em um ''baile'' com esse rapaz, só que não tinha nada de baile. Eles a levaram para um local isolado da cidade e bom...-ele parou de falar.

Parecia que ele queria me torturar com isso, o silêncio cortava a minha alma desesperada.

–Ian o que eles fizeram com a minha Sam?

–Ele a estrupou!

Eu me levantei num movimento tão rápido, peguei um vaso que estava em cima da mesa e o taquei na parede com toda força.

–COMO ELES PODEM TER FEITO ISSO COM A MINHA SAM? EU VOU CAÇAR ELES ATÉ O FIM DO MUNDO E VOU FAZÊ-LOS SOFREREM POR TEREM ENCOSTADO NELA!-eu gritava enquanto taquei um vaso que estava na minha frente.

Eu espumava raiva, ódio, ciúmes, tudo. Já fazia meses que eu não tinha noticias da Sam e agora eu descubro isso. Por que Senhor? Por que maltratar a minha garota desse jeito? Ela não fez mal a ninguém...

–Ei Kevin, se acalme!-disse Ian me segurando.-Antes de você quebrar a sua casa, me deixe terminar de falar.

–Se você parar de ficar fazendo suspense.-digo e depois me arrependo.-Me desculpe, é que...

–Tudo bem, você está nervoso, se acalme primeiro!

Respirei fundo, Amy me trouxe um copo de água. Bebi e tentei me acalmar.

–Pode continuar.-olhei para Ian sério.

–Eu e a polícia de Greenville conseguimos salvá-la e prendemos os sequestradores.-senti um certo alívio por saberem que os canalhas estavam presos, mas algo dentro de mim sabia que algo a mais estava por vir.

–Mas por causa disso tudo que Samantha passou, ela...

–Ela o quê?!-eu tremia só de pensar.-Ian me fala pelo amor de Deus!

–Ela tentou se matar em um lago...

Eu senti pontadas em meu peito, como se várias facas estivessem o atravessando, eu tremia mais que vara verde. Minha cabeça girava, eu não sei o que fazer e nem o que falar, minha expressão é apenas de pânico.

–Mas um anjo a ajudou!-ele disse com um certo sorriso em seus lábios.

–Quem?-perguntei com a voz meio fraca.

–Annie a salvou!

Devo admitir fiquei mais feliz em saber que ela foi salva pela Annie, mas eu ainda quero saber como ela está, eu sei que ela deve estar precisando de apoio neste momento.

–Graças à Deus!-digo aliviado.

–Mas o motivo de eu estar aqui Kevin é que Annie e eu temos um plano.

–Que plano?-perguntei curioso.

Ele começou a me explicar qual era o plano, admito que fiquei feliz e ansioso para por logo em prática, mas Ian me disse que eu teria que esperar.

–Quanto tempo vou ter que esperar?-perguntei.

–Apenas dois meses...-então eles pensaram em tudo porque esse é o tempo certo.

Ian já estava indo embora, eu o acompanhei até a porta quando perguntei:

–Ian me diz, ela sente minha falta?

Ele sorriu e disse:

–Muita! Os ursinhos que você deu a ela de aniversário, ficam ao lado da comoda dela e toda noite ela os abraça.

Eu abaixei meu olhar e sorri, na mesma hora me lembrei de uma música que eu sempre escuto e penso na Sam. Ian se despediu e foi embora, eu queria ter ido com ele mas não posso, se quiser que o plano dê certo terei que esperar. Subi para o meu quarto e olhei no meu celular, duas mensagens. Rachel. Foi o que pensei e estava certo.

*Kevin me encontre na praça.*

*Agora, por favor!*

Pensei bem se deveria, poxa eu terminei com a menina por mensagem, eu seria um canalha se não a encontrasse, talvez pudesse explicar a ela tudo o que está acontecendo. Vesti uma blusa de frio e sai.

A praça estava meio que deserta, tinha uns caras jogando bola, alguns casais e umas 2 crianças brincando enquanto seus pais os vigiavam de longe. Sentada num banco afastado de todos, lá estava Rachel. Fui até lá e me sentei ao lado dela.

Ela levantou a cabeça, seus olhos estavam vermelhos e inchados, parece que ela chorou e muito!

–O que houve?-perguntei.

–Isso é por sua causa!

Ouvir isso me cortou o coração, eu não queria fazer ninguém sofrer, mas pelo visto fiz e me sinto mal com isso.

–Você terminou comigo sem motivo nenhum! O que eu fiz pra você? Me diz quem sabe a gente possa voltar.-ela segurou em minha mão e sorriu.

Eu não sorri, fiquei com um semblante sério. É hora de contar a verdade, de falar tudo o que eu devia ter falado.

–Rachel me desculpe, eu devia ter sido honesto com você desde o começo. Você não fez nada, pelo contrário, você fez de tudo pra ter minha atenção só que infelizmente já era tarde demais. Eu sou apaixonado por uma garota que está longe de mim, mas apenas fisicamente, porque emocionalmente estamos conectados! Eu não quero que você sofra por minha causa, pode ter certeza que você encontrará alguém que te ame e lhe de valor!

Me levantei, beijei sua testa e fui embora. Me sinto péssimo por deixá-la daquele jeito, mas eu não posso continuar ali dando esperanças a ela. Quando a coisa envolve amor é complicado, ainda mais quando você se ilude sem saber! Eu encontrei o amor da minha vida e estou longe dela, mas isso será por pouco tempo.

Cheguei em casa, fui até a cozinha comi algo e subi para o meu quarto. Fui para a varanda, o céu estava estrelado e uma brisa gelada invadiu meu ser, me fazendo arrepiar. Olhei para a linda lua que estava no céu e sussurrei:

–Não se preocupe Sam logo, logo estarei ao seu lado. Ficaremos juntos e eu te amarei para sempre!

Quando o frio começou a se tornar insuportável, sai da varanda e me direcionei até minha cama. Me deitei, fechei os olhos e imaginei a Sam do meu lado. E por fim, adormeci.

Ultimamente, tenho pensado
Quem ocupará meu lugar
Quando eu me for, você vai precisar de amor
Para iluminar as sombras do teu rosto
Se uma grande onda cair
E cair sobre todos nós
Então entre a areia e a pedra
Você conseguiria se virar sozinha?

Se eu pudesse, então eu iria
Eu vou aonde quer que você vá
Bem lá em cima ou lá embaixo
Eu vou aonde quer que você vá

E talvez eu descubra
Um modo de conseguir voltar algum dia
Para te vigiar, para te guiar
Para te guiar nos seus dias mais negros
Se uma grande onda cair
E cair sobre todos nós
Então eu espero que haja alguém lá
Que possa me trazer de volta para você

Se eu pudesse, então eu iria
Eu vou aonde quer que você vá
Bem lá em cima ou lá embaixo
Eu vou aonde quer que você vá

Fuja com meu coração
Fuja com a minha esperança
Fuja com meu amor

Agora eu sei exatamente como
Minha vida e o meu amor poderão continuar
Em seu coração, em sua mente
Eu ficarei pra sempre com você

Se eu pudesse, então eu iria
Eu vou aonde quer que você vá
Bem lá em cima ou lá embaixo
Eu vou aonde quer que você vá

Se eu pudesse, então eu iria
Eu vou aonde quer que você
Se eu pudesse fazer com que você fosse minha
Eu vou aonde quer que você vá
Eu vou aonde quer que você vá