Ela disse, Ele disse escrita por Beandrader


Capítulo 19
Suficiente


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui! Não vou falar muito, esse capitulo foi difícil de escrever, do tudo muito tenso, dramático...triste...só uma pequena observação, não reclamem da médica a chamando de grossa ok ? Ela precisou dar um choque de realidade na Bells, talvez tenha funcionado ! Boa leitura 😘



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Minha cabeça doía. Mas que isso, latejava. Minhas pálpebras eram pesadas, e meus olhos ardiam. Mas o embrulho, misturado com as pontadas no estômago ultrapassavam tudo isso. Era como se eu tivesse levado vários socos, só que de dentro pra fora. Fiz uma força incalculável e abri os olhos me familiarizando com a claridade. O susto foi ver onde eu estava. Em uma sala completamente branca. Com uma roupa que obviamente não era minha, parecia mais um avental de....um hospital? Me sentei na cama, e senti tudo girar, foi quando notei meu braço ligado ao soro, constatando mesmo que eu estava em um quarto de hospital. Passei alguns minutos me lembrando de tudo que acontecera, e a porta abriu, revelando uma mulher com traços orientais e cabelos curtos com um sorriso amigável.

– Isabella...que bom que você acordou....eu sou a Roberta, sua médica por enquanto... - ela se aproximou e eu por um simples instinto me encolhi, querendo manter uma certa distância até entender o que realmente eu fazia ali - Tudo bem, imagino que você deva estar assustada...confusa...mas vou te explicar o que aconteceu pra que você fosse trazida até aqui...- eu assenti levemente e ela continuou - Você passou mal, desmaiou, estava muito pálida, e gelada também, e vendo a sua demora pra acordar é fácil perceber que você está um tanto quanto anêmica, quer me contar o que aconteceu ? - ela me explicou e eu engoli em seco. Sabia muito bem o que viria a seguir se eu contasse exatamente o que vinha acontecendo. Eu seria taxada de louca, problemática e um tanto quanto desorientada, mas isso não era verdade.

– Eu...devo ter tido uma queda de pressão, não tenho muita fome...e está calor não é? Talvez isso tenha me prejudicado um pouco mais...- tentei soar o mais natural possível, mas ela me observava com uma expressão indecifrável

– Entendo...farei alguns exames com você, só de rotina mesmo, e depois conversamos ok ?

– É mesmo necessário? porque eu já me sinto bem, posso ir pra casa tranquilamente...- tentei parecer simpática mas ela não parecia convencida

– Tudo bem querida, será só de rotina mesmo, logo eu te darei alta...- eu assenti tentando demonstrar uma calma que eu não conseguia sentir.

(...)

– Então doutora, agora que eu já fiz os exames, fui furada o suficiente, acho que já posso ser liberada não é? - disse um pouco ríspida. Ela estava me enrolando, eu podia sentir aquilo, mais de uma hora havia se passado desde que eu fiz os benditos exames. Odiava agulhas, odiava hospitais, nada daquilo era agradável pra mim, pelo contrário, aquilo me agoniava, muito.

– Isabella...já que você parece que não vai colaborar, é melhor eu ser clara com você - eu engoli em seco, sabia muito bem o que viria à seguir. Diriam que eu era louca, que precisava de acompanhamento psicológico, mas não, eu não era louca. Eles é que não entendiam o significado de se sacrificar por amor.

– Tudo bem Roberta, seja breve - falei tentando parecer segura

– Você não come não é mesmo? - eu arregalei meus olhos, não achei que ela seria tão direta, mas precisava me manter firme, fiz menção de me pronunciar e ela fez sinal pra que eu ficasse quieta - Acha mesmo que eu fiz exames de rotina em você? E você acha que eles não dariam resultados um tanto abaixo da média pra sua idade ? Você não é, nem a primeira, e nem vai ser a última adolescente, anoréxica que passa por aqui e eu...- eu já sentia as lagrimas escorrerem pelo meu rosto, denunciando que minha armadura havia falhado, e ao ouvir ela constatando algo que era longe de me representar eu não consegui me conter

– NÃO! EU NÃO SOU ANORÉXICA! - eu disse em um grito esganiçado entre os soluços, ela me olhou com uma expressão incrédula

– Ah não? E o que você é então? - eu sentia meu corpo tremer, os soluços devido ao choro só aumentavam, como explicar a ela, que tudo aquilo era por amor ? Por Pedro ? Meu Pedro... - porque pra mim, alguém que se priva de algo tão vital como alimento por puro capricho, só pode ser...- não a permiti continuar, aquilo não era justo !

– MENTIRA ! - eu já não tentava esconder meu rosto lavado de lagrimas e muito menos conter o soluço - ISSO NÃO É UM CAPRICHO...- eu abaixei o tom de voz, tentando controlar a respiração que agora falhava mais que nunca - Você não entende...eu fiz por amor...foi tudo por amor...- já não conseguia mais falar, o choro voltou a tona com mais força e agora eu cobria o rosto com as mãos

– Por amor ? Isabella, você sabe o que é isso ? Seus exames constam que a última vez que você ingeriu algo, foi a mais de 24 horas...você acha que ficar igual uma louca sem comer vai te ajudar a conquistar o amor da sua vida ? Você é egoísta...não pensou por um segundo nas consequências dos seus atos ?

– NÃO ! VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO ! EU NÃO SOU EGOÍSTA EU NÃO....

– Ah não? Olha pra você Isabella! Está magra, sem cor, gelada, parece mais um zumbi...acha mesmo que alguém vai te amar assim ? Seu cabelo...está cinza...seus olhos...cinzas...porque você fez isso com você? Não pensou que se algo desse errado nesse seu plano quem iria sofrer seria sua família ? - a voz dela agora soava como inconformada, mas um pouco menos fria, e eu não sei como haviam tantas lágrimas dentro de mim, e elas pareciam não cessar nunca, porque escorriam feito uma fonte. Foi ai que eu me lembrei de algo que até agora não havia me passado pela cabeça. Mãe. Pedro. Pedro. Mãe. Se eu estou aqui, alguém provavelmente havia me trazido, será que já sabiam de tudo?

– Minha...minha...mãe...ela...- eu não conseguia formular muitas frases, mas a médica pareceu me entender

– Ela está aqui, e não está sozinha, tem um homem a acompanhando e mais dois rapazes, um por sinal, desesperado a espera de noticias suas...- seu tom era cortante, talvez eu merecesse tal tratamento, mas ela nunca entenderia o significado de tudo que eu fiz, ela não sabia o que era amar, não como eu amava. - Acho melhor esperar você se recompor pra falar com eles, vai contar ou quer que eu mesma fale ? - ela perguntou e eu senti tudo desmoronar. Mamãe certamente diria que eu era uma decepção, e Pedro ? Ah ele diria que eu era uma louca desorientada e me abandonaria, tudo estava acabado. Eu a olhei em um pedido mudo, e ela pareceu entender. Nunca fui forte pra nada, e não seria agora a hora, principalmente diante do meu estado deplorável. - Está certo, vou falar com eles, tente se acalmar, basta seu rosto de cadáver, olhos vermelhos iriam fazê-los acreditar que você é um zumbi...- eu assenti e ela saiu, me deixando ali sozinha com minhas dores inexprimíveis.

(...)

– Oi filha...- a voz da minha mãe parecia amável demais, estava esperando o grande desfecho onde ela diria que eu era uma criatura ridiculamente patética e decepcionante

– Oi mãe...- ela entrou e logo atrás fechou a porta, eu me sentia tão ridícula, aquilo era humilhante

– Como você está? Quer dizer eu...a doutora falou comigo...disse que...- aquilo era humilhação demais, ouvir meu estado deplorável de minha própria mãe

– Que eu sou louca? Que preciso de ajuda psicológica? - perguntei friamente, o tom sarcástico em minha voz era palpável

– Não fala assim meu amor...- ela se aproximou e acariciou meu rosto levemente, e eu pude ver seus olhos marejados, senti uma dor intensa em saber o sofrimento pelo qual estava fazendo minha mãe passar - Você não é louca...só precisa de ajuda...isso é uma doença que...

– Preciso de ajuda porque sou louca! Não....sou doente não é mesmo? Louca, doente, uma problemática, né ? Não! Um problema! - não conseguia chorar, ao contrário dela, as lágrimas que escorriam de seu rosto me queimavam por dentro. Então ela me abraçou forte e foi impossível recusar, a abracei com força e a ouvia falar baixinho

– Porque você fez isso com você meu amor ? Onde foi que eu errei ? O que foi que eu deixei passar ? Eu não te amei o necessário? - agora sim eu chorava. Se culpar por todos os meus atos era inaceitável, eu fiz tudo pensando no meu amor, sempre por ele...

– Não mãe! A culpa não foi sua...foi minha mesmo...o erro em te fazer sofrer assim foi todo meu...- minha voz saia fraca, talvez mais baixa que a dela - Eu que fui fraca, que não aguentei firme...meu corpo...ele...ele precisava mudar mãe...estava feio, estava...grande...eu só...só queria melhorá-lo um pouco entende ? Eu queria ser bonita...ser alguém decentemente aceitável...- Ela se afastou bruscamente e segurou meus rosto com as duas mãos e me encarou seriamente

– Isabella Duarte...eu te amo, e não aceito que você faça isso com você, com seu corpo, com a sua alma...eu vou te ajudar, toda essa dor ai dentro...- ela colocou as mãos no meu peito e eu chorei mais do que achava possível - Ela vai passar meu amor...e nunca mais eu vou permitir que você se maltrate dessa forma, nunca mais! - eu a abracei com toda a força que eu tinha e ela retribui na mesma intensidade chorando junto comigo, lavando a minha alma.

(...)

– Bella? - ouvi a porta sendo aberta e Pedro entrando logo depois. Não queria que ele me visse naquele estado. Tudo que eu fiz foi pra que ele merecesse uma Isabella melhor, e agora, esse trapo era só o que restava.

– Oi Pedro...- ele se aproximou e sentou do lado da cama e me olhando...com pena.

– Como você ta ?- ele parecia medir cada palavra, como se eu fosse alguém em estado terminal

– Como você acha ? - eu respondi irônica, eu o amava, mas tudo que eu não precisava ali, era pena, não dele

– Calma bella...eu só estou querendo te ajudar...

– Eu estou calma...mas Pedro...tudo que eu não preciso sentir agora é o seu olhar de pena...melhor você ir embora, ou terminar logo comigo, acabar com essa loucura, que foi você ter insistido em namorar comigo...- as malditas lágrimas. Lá estavam elas de novo, mostrando minha fraqueza, minha inútil fragilidade.

– Claro que não Isabella! Eu não estou com pena de você! Eu estou sofrendo ! Como você acha que eu estou me sentindo de ver a garota por quem eu sou louco, aí, com um tubo gigante no braço, da cor das paredes, magra...? Seus olhos bella...estão cinzas...perderam aquele brilho que fez eu com que eu me apaixonasse...ô minha linda...- eu chorava intensamente de novo, pra variar, nas ultimas horas era só o que eu vinha fazendo - Tudo que eu queria, era tirar essa dor de você, passar pra mim se possível, tudo pra te ver sorrindo pra mim de novo...- eu chorava mais, mas ele precisava saber, que eu o amava demais, segurei suas mãos e respirei fundo

– Foi tudo por você Pê...você merecia alguém melhor que eu...alguém mais bonita...mais magra...eu não era o suficiente...nunca fui o suficiente...por isso eu decidi mudar...por você, pra não te perder...mas eu fiz tudo errado, como sempre...- eu olhava pras nossas mãos unidas, e agora com alguns respingos das minhas lágrimas incessantes

– Isabella...olha pra mim...- ele disse firme e eu levantei o olhar o encarando - Eu gosto de você, do jeito que você é...eu nunca me arrependi por ter me apaixonado, por ter te escolhido...você é tão linda....perfeita, perfeita pra mim...nada disso que você ta falando é verdade...você é o suficiente sim pra mim...porque você me completa ! - ele disse com um sorriso de canto e aproximou o rosto do meu...lentamente, encostou nossas testas, e me beijou, daquele jeito, fazendo eu me sentir preenchida, completa.


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Notas finais do capítulo

Não vou falar muita coisa...talvez o próximo capitulo tenha algo que é uma surpresa mais q eu acho q vcs vão gostar, agradeço a todo mundo que comenta favorita, acompanha enfim ! Sem vocês não teria historia ! Já sabem, criticas e opiniões, duvidas e sugestões são muito bem-vindas! Se quiserem falar comigo sabem q podem me encontrar no tt com o @vittimaginar e é isso...beijos ❤



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