O campo estrelado, observou Marko, era completamente diferente do que imaginara, apesar de ser um lugar de terreno pantanoso, era um espaço livre e com o céu esplêndido, não havia sequer um canto para onde você olhasse que não fosse vasto de pontos prateados encantadores, estes refletiam na água e formavam na água um reflexo tão diferente que parecia um chão onde se poderia pisar nelas. Ele olhou para todos os cantos e sentiu um sorriso se formar em seu rosto, e o viu crescer ainda mais quando seu olhar pousou em Tony. A garota por sua vez, observava o céu encantada e ao mesmo tempo triste, ela passara um natal ali, com os seus pais, assim se recordava dos momentos agradáveis que passou com eles.

– Não estão caindo – Marko comentou.

– Elas só começam a cair a meia noite – Tony explicou – É o horário em que o dia muda e começa uma nova vida para elas.

Ela se sentou na grama e ficou observando a imensidão, Seren estava dentro da mochila com medo de se molhar, Marko olhou para o relógio ainda faltava uma hora para a meia –noite, então se sentou ao lado de Tony, em poucos instantes se sobressaltou quando sentiu a cabeça dela em seu ombro, observou seu rosto, estava ainda mais triste, apesar de não parecer, eles já estavam sem notícias sobre sua família há quase uma semana, enquanto realizavam as tarefas do pergaminho o tempo passava de um jeito diferente e apesar de estarem juntos, ela já tinha começado a perder as esperanças.

Marko segurou a sua mão, e suavemente, deu-lhe um beijo entre os dedos, Tony o encarou por alguns instantes e sorriu, ele por sua vez entrelaçou seus dedos e disse:

– Não perca a esperança, ainda vamos achá-los...

A garota apenas sorriu, e voltou a olhar para o céu, sem soltar a mão dele.

Ficaram ali por um longo tempo, Tony chegou a cochilar apoiada em Marko, e Seren dormia pesadamente, quando o rapaz com os olhos já pesados, olhou para cima e viu o primeiro ponto branco a cortar o céu. Ele delicadamente sacudiu Tony que acordou um pouco assustada, quando ela perguntou o que era ele apontou a chuva brilhante que estava por começar, ela arregalou os olhos e juntos levantaram e andaram devagar por entre o campo para o lugar mais próximo possível da chuva.

– Como podemos pegá-las? – Marko perguntou.

– Do mesmo jeito que seguramos uma bola que nos é jogada – Tony respondeu bem tranquila.

– Corremos?

– Exato.

Então os dois começaram uma corrida pelo campo atrás das estrelas, que corriam para longe deles, elas pareciam sofrer, mas o medo que elas tinham deles era ainda maior, até que Tony observou alguma coisa no céu e ambos pararam, Marko se aproximou, pronto para perguntar o que acontecia, mas ela continuou olhando para cima e por isso ele seguiu seu olhar, até que pode visualizar o mesmo que ela, naquela vasta imensidão de estrelas, uma em especial caia com um caminho formado, diretamente para as suas mãos, postas como uma concha próxima ao coração dela, a fio brilhante foi descendo, quase suavemente, seguido pelos olhos dos dois até a mão da garota que a segurou esperançosa, fechando as mãos para ela não mudar de ideia, até que um brilho mais forte se formou em suas mãos e ela teve certeza que a estrela não fugiria.

Tony abriu as mãos devagar até que o brilho da estrela irradiou em seus olhos, Marko notou nesse momento que os olhos dela tinham a mesma tonalidade da cor da estrela, um azul que também era prateado e o brilho deles era tão fantástico quanto o do corpo celeste. A estrela se movimentou em suas mãos e ficou, como de frente para os dois e um brilho fortíssimo se liberou dela, abrigando-os a fechar os olhos, ficaram com eles fechados por um tempo até que pudessem sentir o brilho diminuir, quando abriram já não estavam no campo, ou pelo menos em terra, estavam além das nuvens, não na montanha como antes, mas no céu com mais estrelas dançando ao redor.

– Marko...- Tony sussurrou e se segurou firmemente no meu braço, por reflexo, passou braço pela cintura dela mantendo-a firme ao seu lado.

– Não é comum feiticeiros que procurem por nós – Uma voz se manifestou e um brilho surgiu na frente dos nossos rostos, era a estrela – O que querem?

Por um momento Tony ficou sem palavras, ela não esperava que a estrela conversasse com ela, muito menos naquele tom de desdém, mas ela colocou a mão no bolso e sentiu os objetos que recolhera, lembrando-se de seus objetivos, tirou-os de seu bolso e mostrou a estrela. Ela rodeou a mão da menina, analisando o que havia ali e novamente sua voz surgiu.

– A rosa de Ivi e o olho da sereia – Exclamou surpresa – Querem os desejos?

– Exatamente –Marko respondeu – Precisamos encontrar...

A estrela parou na frente dele e pareceu conversar com ele mentalmente, Tony apenas observou, não conseguia saber o que ela dizia, mas Marko pareceu um pouco confuso e apenas se calou.

– Um desejo não se realiza se disser alto – A estrela comentou – Bem, cada um tem direito à um desejo, entregue-me os itens.

Um pouco hesitante Tony esticou o braço em direção a estrela e deixou que ela fizesse seu trabalho, os itens começaram a subir e eles foram engolidos pela luz da estrela, ela olhou ficou na frente da garota e disse a ela que fizesse o desejo, com o coração na mão ela pediu com todas as forças que protegesse e encontrasse sua família, outro brilho, como o de quando subiram veio, mas dessa vez antes que fechasse os olhos, viu Marko fazendo seu pedido e depois apenas a escuridão.